Friday, September 06, 2024

Aula 114-115

Aula 114-115 (28 [1.ª], 31/mar [3.ª], 1/abr [4.ª]) Correção de questionário de compreensão de apreciação crítica ao filme Um filme em forma de assim.

Abre o manual na p. 226. Refere-se aí um poema que transcrevo a seguir. Trata-se do primeiro poema de Mensagem, de Fernando Pessoa, «O dos castelos»:

O dos Castelos

A Europa jaz, posta nos cotovelos:

De Oriente a Ocidente jaz, fitando,

E toldam-lhe românticos cabelos

Olhos gregos, lembrando.

 

O cotovelo esquerdo é recuado;

O direito é em ângulo disposto.

Aquele diz Itália onde é pousado;

Este diz Inglaterra onde, afastado,

A mão sustenta, em que se apoia o rosto.

 

Fita, com olhar sfíngico e fatal,

O Ocidente, futuro do passado.

 

O rosto com que fita é Portugal.

 

Resolve a pergunta, acrescentando à resposta os topónimos (nomes de lugares) ou gentílicos (designações de povos) em falta.

1. O poema constrói-se através do desenvolvimento de uma personificação. Explicita-a.

1.  A ______ é descrita no poema como se de uma figura feminina se tratasse. Assim, na descrição do continente europeu, corpo cujos braços são a ______ e a _____, sobressai a cabeça «cujo rosto é _____». Nessa cabeça, os cabelos são «românticos», sonhadores, toldam o rosto, adensando o mistério que envolve a figura. Os olhos são «_____», marca da herança clássica e civilizacional que este atributo conota, e o olhar que deles se desprende é «esfíngico», indagador do desconhecido, e «fatal», pois a procura desse desconhecido é motivada pelo destino.

Responde à pergunta 2; e lê a resposta que dou à pergunta 3.

2. «A Europa jaz» (v. 1): mostra o valor expressivo do verbo.

2. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .

3. Mostra como nos vv. 10-12 se exprime a predestinação de Portugal na Europa: alicerçado no passado, continuar, no futuro, a procura do desconhecido.

3. Portugal é o rosto da Europa que contempla o desconhecido. Ora, esse desconhecido é o Ocidente, o mar a desvendar para tornar possível o paradoxo de construir o «futuro do passado». É a Portugal que cabe, pois, a missão predestinada de construção do futuro.

Como se fez em 1, resolve a pergunta 4, acrescentando os nomes de lugares.

4. Explica o título — «O dos castelos» — na sua relação com o resto do poema.

4. «O dos castelos» é _______, definido no poema como o rosto da _______, o olhar e guia da _______, _______ cujo brasão ostenta os castelos, referenciais do passado, mas cuja missão é a construção do futuro. Lembremos que este é o primeiro poema da primeira parte de Mensagem, que remete para a fundação da nacionalidade inscrita no brasão.

Passa à leitura do poema de Ana Luísa Amaral «Europa (poema 2)», que tem com «O dos Castelos» óbvia relação de intertextualidade.

O quadro seguinte, que retirei do manual Plural, assinala algumas expressões com que o poema alude ao texto de Pessoa, desdizendo-o, de certo modo:

Fernando Pessoa

Ana Luísa Amaral

A Europa [...] Fita [...] O Ocidente, futuro do passado (vv. 10-11)

Pouco fita a Europa, a não ser mortos (v. 1); nem fita nada (v. 21)

posta nos cotovelos (v. 1); cotovelo esquerdo é recuado [...] diz Itália (vv. 5-7); O direito é em ângulo», «diz Inglaterra» (vv. 6-8)

nem cotovelos tem (v. 21)

românticos cabelos (v. 3)

que ventos lhe assomaram os cabelos? (v. 12)

A mão [...] em que se apoia o rosto (v. 9)

nem mãos (v. 20)

Fita, com olhar esfíngico e fatal (v. 10)

Não tem olhos agora de fitar (v. 17); Sem esfinge que deslumbre (v. 25)

Responde ao item 2 de ‘Ler / Analisar’ (p. 226):

. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .

Escreve uma miniapreciação crítica, conjunta, destes anúncios:

Anúncio «Há químicos de que ninguém gosta — Marca Própria Pingo Doce»:

— Adoro estes iogurtes, porque odeio químicos.

[Vê-se no final:] 5.º Congresso Mundial de Químicos.

Anúncio «É impressão tua — Marca Própria Pingo Doce»:

— É impressão minha ou estou a sentir alguma química?

Química? É impressão tua. São do Pingo Doce.

. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .

À direita da letra — que aliás é mesmo muito tosca —, identifica as figuras de estilo (os recursos expressivos) presentes nos segmentos sublinhados.

Guerra Nuclear

(António Variações; interpretada por Marisa Liz)

Já esqueceram o cantar e o sorriso | _________________
Já não são homens de boa vontade
A loucura está a vencer o juízo
O ódio, a amizade
Estão-se a despir de toda a humanidade | _______________

 

Vou protestar,
Denunciar, alertar | ________________
Querem fazer a guerra nuclear
Vou protestar
Denunciar, estou-me a alarmar
Que culpa tenho eu se eles se querem | __________________
Suicidar?

 

O tratado de paz foi rasgado | __________________
Já começam a fazer ameaças
O poder já está descontrolado
Estão-se a embriagar
De bombas
| ___________________
E os dedos já querem apertar

 

Vou protestar
Denunciar, vou alertar
Querem fazer a guerra nuclear
Vou protestar
Denunciar, estou-me a alarmar
Que culpa tenho eu se eles se querem
Suicidar? | ___________________

 

Vou protestar | __________________ (cfr. vv. ss.)
Estou-me a alarmar
Vou implorar
Ao Deus da vida p’ra os neutralizar
Vou suplicar

 

Vou-me queixar
Estou-me a alarmar
Vou suplicar
Ao Deus da vida p’ra os neutralizar

 

Vou implorar, | ___________________
Vou implorar.

Olimpíadas da Cultura Clássica (escrita) — Na manhã (ou madrugada?) de segunda-feira saber-se-á «desafio» (que, aposto, não será demasiado restritivo — provavelmente, ideias que tenham em torno das personagens em causa, com o cuidado de se mostrar também algum conhecimento dos passos de Camões já indicados, serão aproveitáveis sem grandes acomodações).

Desafio aparecerá no site das Olimpíadas mas eu tentarei divulgá-lo também (Gaveta de Nuvens). Texto tem de ser manuscrito (450 a 800 palavras). Terei de enviar os PDF dos textos ainda nesse mesmo dia. Posso vir à escola para recolher manuscritos e fazer os PDF ou posso receber os PDF por mail.

 

 

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