Sunday, September 08, 2024

Aula 18

Aula 18 (8 [1.ª], 9 [3.ª], 10/out [4.ª]) Assistência a começos de seis versões de Frei Luís de Sousa:

Começar aos 6 minutos e trinta:

Encenação de Jorge Listopad em 1967 acessível só aqui

Começar no final do primeiro minuto:

Começar aos 9 minutos:

Começar aos 3 minutos:

As representações de que vimos a parte correspondente à cena I e ao começo da cena II do Ato Primeiro de Frei Luís Sousa, de Almeida Garrett, são:

Filme/Peça

Ano

Realizador/Encenador

Atores para Madalena e Telmo

Frei Luís de Sousa

1950

António Lopes Ribeiro

Maria Sampaio, João Villaret

Frei Luís de Sousa

1967

Jorge Listopad

Carmen Dolores, Luís Santos

Frei Luís de Sousa

1986

Jorge Listopad

Carmen Dolores, Carlos Wallenstein

Quem és tu?

2001

João Botelho

Suzana Borges, José Pinto

Madalena

2013

Jorge Pinto

Emília Silvestre, ¿Jorge Pinto?

Frei Luís de Sousa

2019

Miguel Loureiro

Maria Duarte, Ângelo Torres

Agora, o texto de Garrett (descarto só título, género — «Drama» — e «Pessoas»):

Ato Primeiro

Câmara antiga, ornada com todo o luxo e caprichosa elegância portuguesa dos princípios do século dezassete. Porcelanas, charões , sedas, flores, etc. No fundo, duas grandes janelas rasgadas, dando para um eirado que olha sobre o Tejo e donde se vê toda Lisboa; entre as janelas o retrato, em corpo inteiro, de um cavaleiro moço, vestido de preto, com a cruz branca de noviço de S. João de Jerusalém. Defronte e para a boca da cena um bufete pequeno, coberto de rico pano de veludo verde franjado de prata; sobre o bufete alguns livros, obras de tapeçaria meias feitas e um vaso da China de colo alto, com flores. Algumas cadeiras antigas, tamboretes rasos, contadores. Da direita do espectador, porta de comunicação para o interior da casa, outra da esquerda para o exterior. É no fim da tarde.

Cena I

Madalena só, sentada junto à banca, os pés sobre uma grande almofada, um livro aberto no regaço, e as mãos cruzadas sobre ele, como quem descaiu da leitura na meditação.

Madalena (repetindo maquinalmente e devagar o que acaba de ler)

Naquele engano d’alma ledo e cego,

que a fortuna não deixa durar muito…

Com paz e alegria d’alma... um engano, um engano de poucos instantes que seja... deve de ser a felicidade suprema neste mundo. E que importa que o não deixe durar muito a fortuna? Viveu-se, pode-se morrer. Mas eu!... (Pausa). Oh! que o não saiba ele ao menos, que não suspeite o estado em que eu vivo... este medo, estes contínuos terrores, que ainda me não deixaram gozar um só momento de toda a imensa felicidade que me dava o seu amor. Oh! que amor, que felicidade... que desgraça a minha! (Torna a descair em profunda meditação; silêncio breve).

Cena II

Madalena, Telmo Pais

Telmo (chegando ao pé de Madalena, que o não sentiu entrar) – A minha senhora está a ler?…

Madalena (despertando) – Ah! sois vós, Telmo... Não, já não leio: há pouca luz de dia já; confundia-me a vista. E é um bonito livro este! o teu valido, aquele nosso livro, Telmo.

Telmo (deitando-lhe os olhos) – Oh! oh! livro para damas – e para cavaleiros... e para todos: um livro que serve para todos – como não há outro, tirante o respeito devido ao da palavra de Deus! Mas esse não tenho eu a consolação de ler, que não sei latim como meu senhor… quero dizer como o Sr. Manuel de Sousa Coutinho – que, lá isso!... acabado escolar é ele. E assim foi seu pai antes dele, que muito bem o conheci: grande homem! Muitas letras, e de muito galante prática, e não somenos as outras partes de cavaleiro: uma gravidade!… Já não há daquela gente. Mas, minha senhora, isto de a palavra de Deus estar assim noutra língua, numa língua que a gente… que toda a gente não entende… confesso-vos que aquele mercador inglês da Rua Nova, que aqui vem às vezes, tem-me dito suas cousas que me quadram… E Deus me perdoe, que eu creio que o homem é herege, desta seita nova d’Alemanha ou d’Inglaterra. Será?

Madalena – Olhai, Telmo; eu não vos quero dar conselhos: bem sabeis que desde o tempo que… que…

Telmo – Que já lá vai, que era outro tempo.

Madalena – Pois sim… (suspira). Eu era uma criança; pouco maior era que Maria.

[...]

Responde a este item (que inventei eu, ainda que procurando cumprir os moldes habituais de uma pergunta 7 de prova de exame):

Grupo I

Parte C

7. Escreva uma breve exposição na qual mostre que, desde o início da peça Frei Luís de Sousa, se vão acumulando elementos que contribuem para o clima de tragédia que logo se insinua.

A sua exposição deve incluir:

uma introdução;

um desenvolvimento no qual explicite dois aspetos que promovam o clima de tragédia;

uma conclusão adequada ao desenvolvimento do texto.

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TPC — Vê a ficha corrigida que porei em Gaveta de Nuvens (é a ficha nas pp. 34-35 do Caderno de Atividades), que trata das falas de Madalena e Telmo imediatamente a seguir ao passo que lemos hoje. (Menos importante por agora: nas pp. 398-401 do manual estão «guias» para a compreensão de Frei Luís de Sousa.)

 

 

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