Aula 16-17
Aula 16-17 (7 [3.ª], 11/out [1.ª, 4.ª]) Correção de odes
futuristas. Assistência a vídeo sobre exposição sobre Futurismo (cfr. p.
85).
Na coluna da direita, identifica o responsável por esse matiz aspetual:
o verbo auxiliar (AUX); o significado
do verbo principal (V); o tempo em que
o verbo está usado (T); alguma expressão
temporal presente na frase.
Frase |
Aspeto |
Através de... |
A competição é inevitável |
genérico |
|
As carmelitas
descalças estão a comercializar doçaria conventual |
|
Aux («estar a») |
As freiras
vicentinas andam a vender rendas de bilro |
|
|
As carmelitas sabem perfeitamente
que os doces conventuais são o nosso negócio |
situação estativa |
|
Deus é grande [mas parece ser pequeno para o amor destas religiosas] |
|
V («ser») |
Tudo estava bem [até que as carmelitas quiseram mais] |
imperfetivo |
|
Lá vem ela |
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T (presente) |
Nós sempre dominámos o mundo
dos bordados |
imperfetivo |
|
Às vezes, dá-me vontade de
rir |
|
«às vezes», T (presente) |
Já recordei todos os trocadilhos
com freiras |
|
T (perfeito), «já» |
O Maior costuma observar o
vosso Bingo |
|
Aux («costumar») |
O Maior vê sempre os vossos
cartões |
habitual |
|
Quem ama o Senhor são as vicentinas |
situação estativa |
|
As carmelitas têm ido a Santiago
todos os meses |
iterativo |
|
As vicentinas tropeçaram nas
escadas |
|
T (perfeito) |
Nestes dois passos a seguir, mais do que o aspeto interessam os
valores temporais: anterioridade, simultaneidade, posterioridade.
Frase |
Localização temporal |
Através de... |
Vai dizer à tua abadessa [que quem
ama o Senhor são as vicentinas] |
posterioridade |
|
Na procissão de maio vamos
rezar menos uma novena por elas |
|
«Na procissão de maio», Aux
(«ir») |
«Lisbon
Revisited (1923)» — na p.
93 — foi publicado, na Contemporânea,
em 1923. Três anos mais tarde, no mesmo periódico e também assinado por Álvaro de Campos, saiu o poema em baixo,
com título idêntico mas datado, entre parênteses, de 1926.
Compara o tom e o tema dos dois textos. Inclui pelo
menos uma citação de cada um dos poemas. (Aproveita para procurar explicar também
o uso do inglês no título.)
Lisbon Revisited (1926)
Nada me prende a nada.
Quero cinquenta coisas ao mesmo
tempo.
Anseio com uma angústia de fome
de carne
O que não sei que seja —
Definidamente pelo indefinido…
Durmo irrequieto, e vivo num
sonhar irrequieto
De quem dorme irrequieto, metade
a sonhar.
Fecharam-me todas as portas
abstratas e necessárias.
Correram cortinas de todas as
hipóteses que eu poderia ver da rua.
Não há na travessa achada o
número de porta que me deram.
Acordei para a mesma vida para
que tinha adormecido.
Até os meus exércitos sonhados
sofreram derrota.
Até os meus sonhos se sentiram
falsos ao serem sonhados.
Até a vida só desejada me farta
— até essa vida…
Compreendo a intervalos desconexos;
Escrevo por lapsos de cansaço;
E um tédio que é até do tédio
arroja-me à praia.
Não sei que destino ou futuro
compete à minha angústia sem leme;
Não sei que ilhas do Sul impossível
aguardam-me náufrago;
Ou que palmares de literatura
me darão ao menos um verso.
Não, não sei isto, nem outra
cousa, nem cousa nenhuma…
E, no fundo do meu espírito,
onde sonho o que sonhei,
Nos campos últimos da alma,
onde memoro sem causa
(E o passado é uma névoa natural
de lágrimas falsas),
Nas estradas e atalhos das florestas
longínquas
Onde supus o meu ser,
Fogem desmantelados, últimos
restos
Da ilusão final,
Os meus exércitos sonhados,
derrotados sem ter sido,
As minhas coortes por existir,
esfaceladas em Deus.
Outra vez te revejo,
Cidade da minha infância pavorosamente
perdida…
Cidade triste e alegre, outra
vez sonho aqui…
Eu? Mas sou eu o mesmo que aqui
vivi, e aqui voltei,
E aqui tornei a voltar, e a
voltar,
E aqui de novo tornei a voltar?
Ou somos todos os Eu que estive
aqui ou estiveram,
Uma série de contas-entes ligadas
por um fio-memória,
Uma série de sonhos de mim de
alguém de fora de mim?
Outra vez te revejo,
Com o coração mais longínquo,
a alma menos minha.
Outra vez te revejo — Lisboa
e Tejo e tudo —,
Transeunte inútil de ti e de
mim,
Estrangeiro aqui como em toda
a parte,
Casual na vida como na alma,
Fantasma a errar em salas de
recordações,
Ao ruído dos ratos e das tábuas
que rangem
No castelo maldito de ter que
viver…
Outra vez te revejo,
Sombra que passa através de
sombras, e brilha
Um momento a uma luz fúnebre
desconhecida,
E entra na noite como um rastro
de barco se perde
Na água que deixa de se ouvir…
Outra vez te revejo,
Mas, ai, a mim não me revejo!
Partiu-se o espelho mágico em
que me revia idêntico,
E em cada fragmento fatídico
vejo só um bocado de mim —
Um bocado de ti e de mim!…
Álvaro de Campos
(Fernando
Pessoa, Poesia dos Outros Eus, edição
de Richard Zenith, Lisboa, Assírio & Alvim, 2007)
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Classifica quanto à classe
de palavras os ques da canção:
Olá, Solidão
(Os Quatro e Meia)
Eu já fui assim,
Tão focado em mim,
Sem querer conselhos de ninguém.
Fiz das nuvens lar,
Saltei sem olhar,
Crendo que no fim sairia tudo bem. ________
(o.
subordinada substantiva completiva)
Fiz bandeira de um velho ditado,
«Melhor só que mal acompanhado»,
Nem pensava em apoiar os pés no chão.
Olá, solidão;
Olá, solidão.
Eu tinha um lugar com vista
para o mar
Que ninguém chegou a conhecer. ________
(o. subordinada adj. relativa
restritiva)
Voei rente ao céu,
Tudo era só meu
E o que ainda não era iria ser. ________
Olho em volta, agora estou
sozinho.
Não liguei às placas do caminho
Nem parei p’ra perguntar a direção.
Olá, solidão;
Olá, solidão;
Olá, solidão;
Olá, solidão.
Fiz bandeira de um velho ditado,
«Melhor só que mal acompanhado», ________
(o. sub. adv. comparativa)
Nem pensava em apoiar os pés
no chão.
Olho em volta, agora estou
sozinho.
Não liguei às placas no caminho,
Nem parei p’ra perguntar a direção.
Olá, solidão
Olá, solidão
Olá, solidão
Olá, solidão.
Eu já fui assim,
Tão focado em mim,
Sem querer conselhos de ninguém.
TPC — Lê na p. 321 do manual o que aí se diz sobre funções sintáticas
dos pronomes pessoais e dos pronomes relativos; e, sobretudo, a p. 324 toda (sobre
conjunções subordinativas e «que»).
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