Aula 13
Aula 13 (1 [1.ª], 2 [3.ª], 3/out [4.ª]) Apreciação
crítica de Dia Triunfal (correção e exemplo):
[Exemplo de apreciação
crítica sobre a curta-metragem Dia Triunfal:]
Rita Nunes vence sem
precisar de derrotar Fernando Pessoa
Dia Triunfal desafia-nos a imaginar
tudo ao contrário mas não se esquece de nos dar as âncoras para reconhecermos o
ponto de partida, o verdadeiro dia triunfal.
«Dia triunfal» foi como
Fernando Pessoa recordaria, decerto muito fantasiosamente, o dia 8 de março de
1914, quando lhe teriam surgido, num ímpeto, os primeiros poemas assinados
pelos heterónimos Alberto Caeiro (logo uma trintena de poesias de O
Guardador de Rebanhos), Ricardo Reis e Álvaro de Campos. O relato desse
momento «epifânico» está numa carta de mais de vinte anos depois enviada ao
mais jovem poeta, e fã de Pessoa, Adolfo Casais Monteiro. O fenómeno
heteronímico é talvez o aspeto mais sedutor da figura literária de Fernando
Pessoa, dado até o caráter lúdico implicado na criação de três
personagens-autores, ou quatro — se contarmos com o semi-heterónimo Bernardo
Soares —, embora se possa dizer que bastaria a produção ortónima para que
Pessoa já fosse, como é, um dos grandes escritores do século XX.
Na curta-metragem que
intitulou precisamente Dia Triunfal, Rita Nunes vira do avesso o
episódio já mítico, propondo-nos um novo enredo para a génese dos heterónimos.
A heteronímia seria afinal uma estratégia de cinco poetas menores, um golpe de
marketing genial, sugerido pelo mais histriónico e extrovertido dentre eles,
Álvaro de Campos. E se tivesse havido cinco autores de carne e osso que
resolvessem abdicar de publicidade individual em favor da glória de um só
deles, convenientemente determinado por sorteio? E, claro, para a nova
explicação poder aderir ao que firmou a história, o escolhido à sorte tinha de
ser Fernando Pessoa.
Apesar da assumida
desconfiança relativamente à história oficial da génese dos heterónimos, o
filme não deixa de aproveitar as idiossincrasias dos quatro. Talvez Ricardo
Reis seja um tanto desaproveitado (esperaríamos vê-lo a argumentar contra
táticas tão industriosas) e Bernardo Soares tenha saído demasiado caricatural
no seu estatuto de heterónimo secundário (por culpa também da representação
estilizada do jovem ator André Teodósio?). Ao contrário, nas cenas iniciais, em
ritmo vivo que resulta de se ir alternando a presença no ecrã dos quatro
poetas, vemo-los a saírem do seu ambiente — que funciona como um primeiro
emblema —, resultando ainda melhor o que se vai ouvindo à medida que percorrem
o caminho até ao café onde os espera Fernando Pessoa. São fragmentos de alguns
dos poemas mais conhecidos de cada um dos heterónimos — versos que se
constituem como segundo elemento identificador —, a que se juntam ainda as
indumentárias (o boné de Caeiro, o chapéu convencional de Reis, a camisola azul
de Campos).
É no esforço bem sucedido
que faz para que reconheçamos o que já sabemos dos heterónimos que reside boa
parte do mérito desta curta. Se é certo que é um interessante achado a novidade
da explicação para heteronímia e a surpresa no fecho do filme, esse sucesso
assenta bastante nos momentos anteriores em que fomos chamados ao exercício de
reconhecer os quatro perfis. Ou seja, de qualquer modo é sempre a invenção de
Pessoa que triunfa.
As subordinadas adverbiais desempenham funções sintáticas de modificadores (do grupo verbal — causais, finais, temporais, comparativas — ou da frase — condicionais e concessivas).
Nos cinco períodos a seguir (de «A sua tia faleceu derivado a
complicações», série Meireles), temos frases simples e frases complexas.
Todas elas têm um modificador (que,
neste caso, exprime causa), mas, por vezes, essa função é desempenhada por uma
oração (uma subordinada adverbial causal).
1. A sua tia faleceu devido a uma condição rara.
5. Como tinha um duende no
peito, a sua tia faleceu.
Distingue as frases complexas e as simples:
Têm duas orações as frases n.º __ e n.º __, que são também as
que têm dois predicados (cujas formas verbais são: ______ e _____; _____ e _____).
São, portanto, frases ________. Ao
contrário, são frases simples as n.º
__, n.º __ e n.º __, cada uma com uma única oração.
Em cada uma das duas frases complexas há uma oração subordinante e outra subordinada. Sublinha as orações
subordinantes (as que poderiam aparecer sozinhas) e circunda as subordinadas
(já fui dizendo que, neste caso, são subordinadas
adverbiais causais). As palavras que introduzem essas orações («porque» e
«____») são conjunções subordinativas
causais.
Regressemos às frases simples. Nelas, há um sujeito («_________») e um predicado, incluindo-se aí o modificador do grupo verbal
(respetivamente: «devido a uma condição rara», «________» e «______»).
Podemos reescrever as frases, substituindo os modificadores
não oracionais por orações [completa 2’ e 3’] e vice versa [completa 5’]. (Repara que já o fiz para 1 e para 4. Nas
orações há verbo, que marquei a itálico; nos modificadores não oracionais,
não.)
1. A sua tia faleceu
devido a uma condição rara.
1’. A sua tia faleceu | porque se deu uma condição rara.
2’. A sua tia faleceu | _____________________.
3’. A sua tia faleceu | visto que _______________.
4’. A sua tia faleceu por
causa da repetição da palavra «pinhal».
5. Como tinha um duende no peito, | a sua tia faleceu.
5’.
_______________________, a sua tia faleceu.
Quando a oração subordinada adverbial precede a subordinante
ou fica intercalada, deve ser isolada por vírgulas
(se estiver depois da subordinante, é aceitável que não se ponha vírgula,
embora, por mim, ainda prefira ir pondo vírgula também). A posição da subordinada causal relativamente à subordinante costuma
poder alterar-se (mas, por exemplo, no caso da frase 5 — com «como» —, a
subordinada tem de estar antes da subordinante).
Nota ainda que «A sua tia faleceu derivado a complicações» é
uma frase simples, em que «derivado a complicações» é o _________. No entanto,
a expressão «derivado a» não é correcta (o que se deve dizer é: «devido a»).
Nos três períodos que se seguem (6-8), temos exemplos de
frases com orações subordinadas
adverbiais causais não finitas
(infinitiva, gerundiva, participial). Distribui estas últimas designações por
cada uma das orações sublinhadas.
6. Por ter um duende no peito, a sua tia faleceu. —
______________
7. Tendo um duende no
peito, a sua tia faleceu. — ______________
8. Alojado o duende no
peito, a sua tia faleceu. — ______________
Transforma o modificador (do grupo verbal), que sublinhei,
numa oração subordinada adverbial causal.
Vim aqui de propósito por
causa dos carapaus à espanhola.
Vim aqui de propósito |
________________________
Transforma o modificador (do grupo verbal) sublinhado, que é
uma oração subordinada adverbial causal, num modificador não oracional.
Pedi-te para vires hoje aqui | porque eu ando aqui com um
problema.
Pedi-te para vires hoje
aqui ____________________________
Divide em orações e classifica-as (destaquei os verbos, porque
ajudam a identificar as orações):
Se quisesse bitoque, comia ao pé de casa, no
Aires.
_________________________
Abres a manteiga e os patês das
entradas com cuidado, comes tudo e, depois, enches os pacotes com
miolo de pão.
_________________________
Classifica as orações que já fui delimitando:
Aconselho-te | a não referires
o meu nome | quando andares a resolver esse assunto
_________________________
Fechas aquilo bem fechado | e,
depois, parece | que não foi encetado.
_________________________
Classifica as orações que sublinhei quanto à função sintática
que desempenham:
Olha este jogo | que eu inventei.
______________________
Olha | que são só dois douradinhos.
______________________
Fiz isso | antes de vir.
______________________
TPC
— No manual, percorre as páginas mais relacionadas com classificação de orações
(pp. 337-340); também úteis são as classificações de conjunções (pp. 323-324).
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