Friday, September 06, 2024

Aula 124

Aula 124 (22 [1.ª], 23 [3.ª], 24/abr [4.ª]) Na p. 196, lê os poemas «Ver claro», de Eugénio de Andrade, e «Um poema», de Miguel Torga.

Prossegue, a tinta, o comentário que já comecei:

Ambos os textos apresentam a leitura da poesia como uma experiência por que vale a pena passar. Há, porém, diferenças. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .. . . . . . . . . . . . .. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .

Mais uma tarefa que agradeço à Gramática Didática de Português (Santillana, 2011):

1. Identifique as figuras de estilo presentes nos excertos seguintes.

 

a)           Tentei uma brecha naquela impenetrável muralha de palavras, já cansada de andar para cá e para lá no corredor, enquanto a minha mãe, da sala perguntava, pela 756.ª vez, quem era.

Alice Vieira, Chocolate à Chuva.

 

b)           Bastava a ponta dos meus dedos sobre a mesa, e logo o coração da mesa respondia, batendo pausadamente ao ritmo do meu.

Alice Vieira, Chocolate à Chuva.

 

c)           Na primavera

o sol

faz o ninho

no beiral da minha casa.

Francisco Duarte Mangas; João Pedro Mêsseder, «Ave», Breviário do Sol.

 

d)           São como um cristal,

as palavras.

Algumas, um punhal,

um incêndio.

Outras,

orvalho apenas.

Eugénio de Andrade, «As Palavras», Antologia Breve.

 

e)           [...] aquela menina casadoira,

que mora junto ao largo,

vem à varanda ver a Lua.

Manuel da Fonseca, «Noite de Verão», Obra Poética.

 

f)            Perdido num sonho:

o sol, o deserto...

Na linha dos olhos

tão longe, tão perto

ondula... a miragem?

Francisco Duarte Mangas; João Pedro Mêsseder, «Ave», Breviário do Sol.

 

g)           Já descoberto tínhamos diante,

Lá no novo Hemisfério, nova estrela,

Luís de Camões, Os Lusíadas.

 

h)           Viva a Mademoiselle! Viva a minha precetora! Viva o papá que mandou a outra ir embora! Viva! Viva!

Augusto Gil, Gente de Palmo e Meio.

 

i)            Fidalgo: — Esta barca onde vai ora, que assi está apercebida?

Diabo: — Vai pera a ilha perdida e há de partir logo ess’ora.

Gil Vicente, Auto da Barca do Inferno.

 

j)            Não há ninguém mais rico no mundo. Sou riquíssimo. Sou podre de rico. Cheiro mal de rico.

José Gomes Ferreira, Aventuras de João sem Medo.

 

k)           Batizei quase todos os poemas que escrevi. Certo dia, coloquei-os pela ordem alfabética dos títulos e deixei-os sobre a mesa a repousar, cansados de tanto trabalho com as palavras.

João Pedro Mêsseder, De Que Cor é o Desejo?

l)            Que medonho sítio!

Irene Lisboa, Uma Mão Cheia de Nada e Outra de Coisa Nenhuma.

 

m)                        — Senhor João Sem Medo: cá o meco chama-se Zé Porco... Este meu sócio é o Chico Calado, mudo de nascença... E aquele tem a alcunha de «Louro» porque passa a vida a beberricar pelas tabernas, onde improvisa cada versalhada de se lhe tirar o chapéu.

                              «Sim, senhor... — pensou João Sem Medo. — Linda coleção!»

José Gomes Ferreira, Aventuras de João sem Medo.

 

n)                          — Não acredito — disse Gil. — Você não tem fibra para ensinar a esgadanhar um bocado de Liszt a essas monas filhas de tubarões da finança e medíocres cortesãs.

Agustina Bessa-Luís, Contos Impopulares.

 

o)                          E erguendo a cabeça do bordado explicou-se melhor:

               — Quando Deus quer, até os cegos veem.

Carlos de Oliveira, Uma Abelha na Chuva.

 

p)           Cessem do sábio Grego e do Troiano

As navegações grandes que fizeram;

Cale-se de Alexandre e de Trajano

A fama das vitórias que tiveram;

Que eu canto o peito ilustre Lusitano,

Luís de Camões, Os Lusíadas.

 

q)           Meio-dia

O Sol tem os seus

Caprichos: não gosta

Que o olhem

Olhos nos olhos.

Francisco Duarte Mangas; João Pedro Mêsseder, Breviário do Sol.

 

r)            Que, da ocidental praia lusitana

Luís de Camões, Os Lusíadas.

 

s)            Era um céu alto, sem resposta, cor de frio.

Sophia de Mello Breyner Andresen, Contos Exemplares.

 

t)            Uma árvore tem raízes, tem tronco, tem ramos, tem folhas, tem varas, tem flores, tem frutos. Assim há de ser o sermão: há de ter raízes fortes e sólidas, porque há de ser fundado no Evangelho; há de ter um tronco, porque há de ter um só assunto e tratar uma só matéria; deste tronco hão de nascer diversos ramos, que são diversos discursos, mas nascidos da mesma matéria e continuados nela.

Padre António Vieira, Sermão de Santo António aos Peixes.

 

u)           Enquanto os vermes iam roendo esses cadáveres amarrados pelos grilhões da morte.

Alexandre Herculano, Eurico, o Presbítero.

 

v)           Eu não posso senão ser

desta terra em que nasci.

Jorge de Sena, «Quem A Tem».

 

w)          O céu tremeu, e Apolo, de torvado,

Um pouco de luz perdeu, como enfiado.

Luís de Camões, Os Lusíadas.

 

Classifica as orações sublinhadas.

Eu Não Sei Quem Te Perdeu

(Pedro Abrunhosa)

 

Quando veio, | ___________________

Mostrou-me as mãos vazias, | Subordinante

As mãos como os meus dias,

Tão leves e banais.

 

E pediu-me

Que lhe levasse o medo, | ___________________

Eu disse-lhe um segredo:

Não partas nunca mais.

 

E dançou,

Rodou no chão molhado,

Num beijo apertado

De barco contra o cais.

 

E uma asa voa

A cada beijo teu.

Esta noite sou dono do céu

E eu não sei quem te perdeu. | ___________________

 

Abraçou-me, | _____________________

Como se abraça o tempo, |  ___________________

A vida num momento,

Em gestos nunca iguais.

 

E parou,

Cantou contra o meu peito |  ___________________

Num beijo imperfeito

Roubado nos umbrais.

 

E partiu

Sem me dizer o nome,

Levando-me o perfume

De tantas noites mais.

 

E uma asa voa

A cada beijo teu.

Esta noite sou dono do céu               | ___________________

E eu não sei quem te perdeu. |  ___________________

 

Esta música é dedicada a todos os que amam, | ___________________

porque quem ama tem medo de perder. |  ___________________

           Subordinada substantiva relativa | ___________________

 

E eu gostava | ___________________

que vocês hoje fossem a minha voz | Subordinada substantiva completiva

 

E uma asa voa

A cada beijo teu.

Esta noite sou dono do céu

E eu não sei quem te perdeu.

 

TPC — (i) Relê o que vou destacar em Gaveta de Nuvens sobre figuras de estilo. (ii) Na próxima semana, terás de trazer já o livro, de José Saramago, O ano da morte de Ricardo Reis, embora não deixando de trazer também o manual.

 

 

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