Aula 9-10
Aula 9-10 (26 [3.ª], 27/set [1.ª,
4.ª]) Correção de texto narrativo começado por recado de Adelaide a Pessoa.
Nas pp. 52-54, vai relendo o excerto da carta de Fernando
Pessoa a Adolfo Casais Monteiro, cuja versão integral sugerira que lesses
em Gaveta de Nuvens. O questionário,
ainda assim, tratará apenas das partes da carta que vêm no manual e não te
prejudicará não conheceres o texto na íntegra. Circunda em cada item a melhor
alínea.
Como acontece
habitualmente em textos do género epistolar, a seguir à data («Lisboa, 13 de
janeiro de 1935») surge um
a) sujeito (correspondente
ao sujeito poético).
b) sujeito (equivalente a
Adolfo Casais Monteiro).
c) vocativo
(correspondente ao remetente).
d) vocativo
(correspondente ao correspondente de Pessoa).
Entre as ll. 5 e 20,
Pessoa considera que a propensão para a criação heteronímica
a) não radica em
características mentais.
b) se deve a uma tendência
para a despersonalização e o fingimento.
c) foi exclusivamente
casual.
d) foi consequência de
trauma após pisadela de cocó de cão.
Entre as ll. 20-26, Pessoa
considera que os poemas de Álvaro de Campos
a) são um alarme para a
vizinhança.
b) não são um alarme para
a vizinhança.
c) foram escritos por
1912.
d) são histéricos.
Nas ll. 27-30, Pessoa
recorda
a) a tendência que sempre
tivera para produzir matéria orgânica.
b) a propensão que nele
sempre se manifestara para criar personagens fictícias.
c) a facilidade que sempre
revelara em se cercar de amigos e conhecidos.
d) a história direta dos
seus ortónimos.
Pessoa situa em 1912 os
primeiros poemas, de «índole pagã» (ll. 31-32 e 44-45)
a) assinados por Ricardo
Reis.
b) escritos por Álvaro de
Campos.
c) ao estilo de Ricardo
Reis.
d) ao estilo de Álvaro de
Campos.
O poeta bucólico que
Pessoa resolvera criar para fazer uma partida a Mário de Sá-Carneiro (ll.
33-42) foi
a) Álvaro de Campos.
b) Bernardo Soares.
c) Alberto Caeiro.
d) Ricardo Reis.
O heterónimo que Pessoa
diz ser mestre de todos os outros e até do ortónimo é (cfr. ll. 33-42)
a) Álvaro de Campos.
b) Fernando Pessoa.
c) Ricardo Reis.
d) Alberto Caeiro.
Pessoa considera 8 de
março de 1914 como o «dia triunfal da [sua] vida» (l. 39), porque foi nesse
momento que
a) pisou um cocó de cão
com interessante consistência, muito doce e simpático.
b) criou espontaneamente
uma série de textos de um dos heterónimos.
c) escreveu, com
elaboração cuidadosa e planeada, os primeiros poemas de Caeiro.
d) desistiu, finalmente,
de inventar um poeta bucólico.
O surgimento de Álvaro de
Campos é-nos descrito (ll. 43-48) como momento
a) calmo.
b) vertiginoso.
c) demorado.
d) planeado.
A «Ode triunfal», de
Álvaro de Campos, foi escrita
a) num avião a jato.
b) em 1914.
c) em Tavira.
d) no Brasil.
À época da enunciação — a
da escrita da carta —, ainda estavam vivos (ll. 49-76)
a) Caeiro, Campos, Reis.
b) Campos e Reis.
c) Reis e Caeiro.
d) Caeiro e Campos.
Os dois heterónimos de
Pessoa que aprenderam latim foram (cfr. ll. 68-76)
a) Alberto Caeiro e
Ricardo Reis.
b) Ricardo Reis e Álvaro
de Campos.
c) Alberto Caeiro e
Bernardo Soares.
d) Álvaro de Campos e
Alberto Caeiro.
As formações de Caeiro,
Campos e Reis, eram (cfr. ll. 49-76), respetivamente,
a) CEF de pastor; pintura;
línguas clássicas.
b) ensino secundário;
engenharia naval; medicina dentária.
c) instrução primária;
engenharia; medicina.
d) estilismo;
datilografia; genealogia.
Pessoa tinha de altura (cfr.
ll. 62-68)
a) 1,75 m.
b) 1,73 m.
c) 1,77 m.
d) 1,80 m.
O «Opiário» (ll. 74-75)
a) foi escrito em latim.
b) foi inspirado por
viagem ao Oriente.
c) é um poema de férias.
d) foi inspirado por ida
ao Parque das Nações.
O estímulo para escrever
em nome de Caeiro, Campos, Reis e Soares é, respetivamente (cfr. ll. 76-90),
a) cansaço e sono;
inspiração inesperada; decisão abstrata; impulso súbito.
b) inspiração inesperada;
impulso súbito; decisão abstrata, cansaço e sono.
c) decisão abstrata;
impulso súbito; cansaço e sono; inspiração inesperada.
d) inspiração inesperada;
cansaço e sono; decisão abstrata; impulso súbito.
Segundo ll. 80-90,
Bernardo Soares é um semi-heterónimo porque
a) é anão.
b) é um mutilado (maneta e
perneta).
c) não tem personalidade
completamente diferente da de Pessoa ele-mesmo.
d) é uma mutilação de
Pessoa.
Os protótipos textuais
mais presentes neste excerto de carta são
a) descritivo, expositivo,
instrucional.
b) conversacional,
argumentativo, instrucional.
c) descritivo, narrativo,
preditivo.
d) expositivo,
argumentativo, narrativo.
Se tiveres sido dos mais rápidos, na p. 51 lê o texto A,
sobre o significado de «heterónimo».
Lê depois também este excerto de «Opiário» (da fase
decadentista de Álvaro de Campos):
Opiário
Ao
senhor Mário de Sá-Carneiro
É antes do ópio que a
minh’alma é doente.
Sentir a vida convalesce e
estiola
E eu vou buscar ao ópio
que consola
Um Oriente ao oriente do
Oriente.
Esta vida de bordo há-de
matar-me.
São dias só de febre na
cabeça
E, por mais que procure
até que adoeça,
Já não encontro a mola
p’ra adaptar-me.
Em paradoxo e
incompetência astral
Eu vivo a vincos de ouro a
minha vida,
Onda onde o pundonor é uma
descida
E os próprios gozos
gânglios do meu mal.
É por um mecanismo de
desastres,
Uma engrenagem com
volantes falsos,
Que passo entre visões de
cadafalsos
Num jardim onde há flores
no ar, sem hastes.
Vou cambaleando através do
lavor
Duma vida-interior de
renda e laca.
Tenho a impressão de ter
em casa a faca
Com que foi degolado o
Precursor.
Ando expiando um crime
numa mala,
Que um avô meu cometeu por
requinte.
Tenho os nervos na forca,
vinte a vinte,
E caí no ópio como numa
vala.
Ao toque adormecido da
morfina
Perco-me em transparências
latejantes
E numa noite cheia de
brilhantes
Ergue-se a lua como a
minha Sina.
Eu, que fui sempre um mau
estudante, agora
Não faço mais que ver o
navio ir
Pelo canal de Suez a
conduzir
A minha vida, cânfora na
aurora.
Perdi os dias que já
aproveitara.
Trabalhei para ter só o
cansaço
Que é hoje em mim uma
espécie de braço
Que ao meu pescoço me
sufoca e ampara.
E fui criança como toda a
gente.
Nasci numa província
portuguesa
E tenho conhecido gente
inglesa
Que diz que eu sei inglês
perfeitamente.
Gostava de ter poemas e
novelas
Publicados por Plon e no Mércure,
Mas é impossível que esta
vida dure,
Se nesta viagem nem houve
procelas!
A vida a bordo é uma coisa
triste,
Embora a gente se divirta
às vezes.
Falo com alemães, suecos e
ingleses
E a minha mágoa de viver
persiste.
[...]
Eu fingi que estudei
engenharia.
Vivi na Escócia. Visitei a
Irlanda.
Meu coração é uma avozinha
que anda
Pedindo esmola às portas
da Alegria.
Não chegues a Port-Said,
navio de ferro!
Volta à direita, nem eu
sei para onde.
Passo os dias no smoking-room
com o conde —
Um escroc francês,
conde de fim de enterro.
Volto à Europa
descontente, e em sortes
De vir a ser um poeta
sonambólico.
Eu sou monárquico mas não
católico
E gostava de ser as coisas
fortes.
Gostava de ter crenças e
dinheiro,
Ser vária gente insípida
que vi.
Hoje, afinal, não sou
senão, aqui,
Num navio qualquer um
passageiro.
[...]
[excertos de:] Álvaro de Campos, «Opiário», Fernando Pessoa, Poesia dos outros eus, edição de Richard
Zenith, Lisboa, Assírio & Alvim, 2007
A curta-metragem Dia Triunfal,
de Rita Nunes, perverte o que se tem como certo
relativamente à génese dos heterónimos. O filme adota como título a expressão
de que Pessoa se serviu para designar o dia 8 de março de 1914, quando teria
escrito, «numa espécie de êxtase», dezenas de poemas de Alberto Caeiro
(seguindo-se Reis e Campos).
Escreve uma breve apreciação crítica (cfr. pp. 354-355) que se
debruce sobre como o filme propõe uma ficção alternativa à explicação, célebre,
dada por Pessoa
a Adolfo
Casais Monteiro
acerca da criação dos heterónimos.
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TPC
— Lê em Gaveta de Nuvens duas fichas do Caderno de Atividades já
corrigidas: uma ficha com poema de Fernando Pessoa ortónimo; outra com poema de Álvaro de Campos.
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