Sunday, September 08, 2024

Aula 9-10

Aula 9-10 (26 [3.ª], 27/set [1.ª, 4.ª]) Correção de texto narrativo começado por recado de Adelaide a Pessoa.

Nas pp. 52-54, vai relendo o excerto da carta de Fernando Pessoa a Adolfo Casais Monteiro, cuja versão integral sugerira que lesses em Gaveta de Nuvens. O questionário, ainda assim, tratará apenas das partes da carta que vêm no manual e não te prejudicará não conheceres o texto na íntegra. Circunda em cada item a melhor alínea.

 

Como acontece habitualmente em textos do género epistolar, a seguir à data («Lisboa, 13 de janeiro de 1935») surge um

a) sujeito (correspondente ao sujeito poético).

b) sujeito (equivalente a Adolfo Casais Monteiro).

c) vocativo (correspondente ao remetente).

d) vocativo (correspondente ao correspondente de Pessoa).

 

Entre as ll. 5 e 20, Pessoa considera que a propensão para a criação heteronímica

a) não radica em características mentais.

b) se deve a uma tendência para a despersonalização e o fingimento.

c) foi exclusivamente casual.

d) foi consequência de trauma após pisadela de cocó de cão.

 

Entre as ll. 20-26, Pessoa considera que os poemas de Álvaro de Campos

a) são um alarme para a vizinhança.

b) não são um alarme para a vizinhança.

c) foram escritos por 1912.

d) são histéricos.

 

Nas ll. 27-30, Pessoa recorda

a) a tendência que sempre tivera para produzir matéria orgânica.

b) a propensão que nele sempre se manifestara para criar personagens fictícias.

c) a facilidade que sempre revelara em se cercar de amigos e conhecidos.

d) a história direta dos seus ortónimos.

 

Pessoa situa em 1912 os primeiros poemas, de «índole pagã» (ll. 31-32 e 44-45)

a) assinados por Ricardo Reis.

b) escritos por Álvaro de Campos.

c) ao estilo de Ricardo Reis.

d) ao estilo de Álvaro de Campos.

 

O poeta bucólico que Pessoa resolvera criar para fazer uma partida a Mário de Sá-Carneiro (ll. 33-42) foi

a) Álvaro de Campos.

b) Bernardo Soares.

c) Alberto Caeiro.

d) Ricardo Reis.

 

O heterónimo que Pessoa diz ser mestre de todos os outros e até do ortónimo é (cfr. ll. 33-42)

a) Álvaro de Campos.

b) Fernando Pessoa.

c) Ricardo Reis.

d) Alberto Caeiro.

 

Pessoa considera 8 de março de 1914 como o «dia triunfal da [sua] vida» (l. 39), porque foi nesse momento que

a) pisou um cocó de cão com interessante consistência, muito doce e simpático.

b) criou espontaneamente uma série de textos de um dos heterónimos.

c) escreveu, com elaboração cuidadosa e planeada, os primeiros poemas de Caeiro.

d) desistiu, finalmente, de inventar um poeta bucólico.

 

O surgimento de Álvaro de Campos é-nos descrito (ll. 43-48) como momento

a) calmo.

b) vertiginoso.

c) demorado.

d) planeado.

 

A «Ode triunfal», de Álvaro de Campos, foi escrita

a) num avião a jato.

b) em 1914.

c) em Tavira.

d) no Brasil.

 

À época da enunciação — a da escrita da carta —, ainda estavam vivos (ll. 49-76)

a) Caeiro, Campos, Reis.

b) Campos e Reis.

c) Reis e Caeiro.

d) Caeiro e Campos.

 

Os dois heterónimos de Pessoa que aprenderam latim foram (cfr. ll. 68-76)

a) Alberto Caeiro e Ricardo Reis.

b) Ricardo Reis e Álvaro de Campos.

c) Alberto Caeiro e Bernardo Soares.

d) Álvaro de Campos e Alberto Caeiro.

 

As formações de Caeiro, Campos e Reis, eram (cfr. ll. 49-76), respetivamente,

a) CEF de pastor; pintura; línguas clássicas.

b) ensino secundário; engenharia naval; medicina dentária.

c) instrução primária; engenharia; medicina.

d) estilismo; datilografia; genealogia.

 

Pessoa tinha de altura (cfr. ll. 62-68)

a) 1,75 m.

b) 1,73 m.

c) 1,77 m.

d) 1,80 m.

 

O «Opiário» (ll. 74-75)

a) foi escrito em latim.

b) foi inspirado por viagem ao Oriente.

c) é um poema de férias.

d) foi inspirado por ida ao Parque das Nações.

 

O estímulo para escrever em nome de Caeiro, Campos, Reis e Soares é, respetivamente (cfr. ll. 76-90),

a) cansaço e sono; inspiração inesperada; decisão abstrata; impulso súbito.

b) inspiração inesperada; impulso súbito; decisão abstrata, cansaço e sono.

c) decisão abstrata; impulso súbito; cansaço e sono; inspiração inesperada.

d) inspiração inesperada; cansaço e sono; decisão abstrata; impulso súbito.

 

Segundo ll. 80-90, Bernardo Soares é um semi-heterónimo porque

a) é anão.

b) é um mutilado (maneta e perneta).

c) não tem personalidade completamente diferente da de Pessoa ele-mesmo.

d) é uma mutilação de Pessoa.

 

Os protótipos textuais mais presentes neste excerto de carta são

a) descritivo, expositivo, instrucional.

b) conversacional, argumentativo, instrucional.

c) descritivo, narrativo, preditivo.

d) expositivo, argumentativo, narrativo.

Se tiveres sido dos mais rápidos, na p. 51 lê o texto A, sobre o significado de «heterónimo».

Lê depois também este excerto de «Opiário» (da fase decadentista de Álvaro de Campos):

Opiário

Ao senhor Mário de Sá-Carneiro

 

É antes do ópio que a minh’alma é doente.

Sentir a vida convalesce e estiola

E eu vou buscar ao ópio que consola

Um Oriente ao oriente do Oriente.

 

Esta vida de bordo há-de matar-me.

São dias só de febre na cabeça

E, por mais que procure até que adoeça,

Já não encontro a mola p’ra adaptar-me.

 

Em paradoxo e incompetência astral

Eu vivo a vincos de ouro a minha vida,

Onda onde o pundonor é uma descida

E os próprios gozos gânglios do meu mal.

 

É por um mecanismo de desastres,

Uma engrenagem com volantes falsos,

Que passo entre visões de cadafalsos

Num jardim onde há flores no ar, sem hastes.

 

Vou cambaleando através do lavor

Duma vida-interior de renda e laca.

Tenho a impressão de ter em casa a faca

Com que foi degolado o Precursor.

 

Ando expiando um crime numa mala,

Que um avô meu cometeu por requinte.

Tenho os nervos na forca, vinte a vinte,

E caí no ópio como numa vala.

 

Ao toque adormecido da morfina

Perco-me em transparências latejantes

E numa noite cheia de brilhantes

Ergue-se a lua como a minha Sina.

 

Eu, que fui sempre um mau estudante, agora

Não faço mais que ver o navio ir

Pelo canal de Suez a conduzir

A minha vida, cânfora na aurora.

 

Perdi os dias que já aproveitara.

Trabalhei para ter só o cansaço

Que é hoje em mim uma espécie de braço

Que ao meu pescoço me sufoca e ampara.

 

E fui criança como toda a gente.

Nasci numa província portuguesa

E tenho conhecido gente inglesa

Que diz que eu sei inglês perfeitamente.

 

Gostava de ter poemas e novelas

Publicados por Plon e no Mércure,

Mas é impossível que esta vida dure,

Se nesta viagem nem houve procelas!

 

A vida a bordo é uma coisa triste,

Embora a gente se divirta às vezes.

Falo com alemães, suecos e ingleses

E a minha mágoa de viver persiste.

 

[...]

 

Eu fingi que estudei engenharia.

Vivi na Escócia. Visitei a Irlanda.

Meu coração é uma avozinha que anda

Pedindo esmola às portas da Alegria.

 

Não chegues a Port-Said, navio de ferro!

Volta à direita, nem eu sei para onde.

Passo os dias no smoking-room com o conde —

Um escroc francês, conde de fim de enterro.

 

Volto à Europa descontente, e em sortes

De vir a ser um poeta sonambólico.

Eu sou monárquico mas não católico

E gostava de ser as coisas fortes.

 

Gostava de ter crenças e dinheiro,

Ser vária gente insípida que vi.

Hoje, afinal, não sou senão, aqui,

Num navio qualquer um passageiro.

 

[...]

[excertos de:] Álvaro de Campos, «Opiário», Fernando Pessoa, Poesia dos outros eus, edição de Richard Zenith, Lisboa, Assírio & Alvim, 2007

A curta-metragem Dia Triunfal, de Rita Nunes, perverte o que se tem como certo relativamente à génese dos heterónimos. O filme adota como título a expressão de que Pessoa se serviu para designar o dia 8 de março de 1914, quando teria escrito, «numa espécie de êxtase», dezenas de poemas de Alberto Caeiro (seguindo-se Reis e Campos).

Escreve uma breve apreciação crítica (cfr. pp. 354-355) que se debruce sobre como o filme propõe uma ficção alternativa à explicação, célebre, dada por Pessoa a Adolfo Casais Monteiro acerca da criação dos heterónimos.

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TPC — Lê em Gaveta de Nuvens duas fichas do Caderno de Atividades já corrigidas: uma ficha com poema de Fernando Pessoa ortónimo; outra com poema de Álvaro de Campos.

 

 

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