Saturday, September 09, 2023

Aula 5-6

Aula 5-6 (22 [5.ª], 25 [3.ª], 26/set [1.ª, 4.ª]) Correção de redação da última aula; e explicação da sinalética.

Preenche as lacunas da síntese sobre Deíticos com estas palavras:

momento / marcas / situação / ato / enunciado / pronomes / verbos / enunciação / deítica / determinantes/ espaço / referentes / produto / advérbios

Vamos distinguir enunciação e enunciado. Enunciado é o ____ de uma enunciação; a enunciação é o ____ de produção desse enunciado (ou seja, desse texto).

Os deíticos são ______ do processo de enunciação, porque remetem para a situação em que o ____ é produzido. São palavras que só podem ser compreendidas em função do contexto da ____.

Exemplos que dei foram os de «este», «aquele» ou «ali», cujos referentes se reportam ao ____ em que o enunciado estiver a ser produzido. Também os pronomes pessoais e possessivos podem ter função ____, porque os seus exatos _____ dependem do «eu» e do «tu» que intervenham na ____ de enunciação. Palavras como «agora», «amanhã», para serem percebidas, precisam de ser relacionadas com o ____ da enunciação.

Os deíticos podem ser arrumados em pessoais, espaciais e temporais, e são os instrumentos da referência deítica ou dêixis. (Nas pp. 364-365 do manual, apresenta-se um quadro com os deíticos mais comuns.) Entre as classes de palavras que mais concorrem para a referência deítica encontramos a dos ____, a dos _____, a dos _____. Os _____ e a sua flexão também podem funcionar como deíticos.

Nas frases que te vou dar, os elementos a negro nem sempre têm valor deítico. Verifica quais das palavras a negro remetem efetivamente para a enunciação, sendo, portanto, verdadeiros deíticos (D). À esquerda das frases em que haja deíticos escreve D (as outras — em que as palavras a negro remetem para referentes na própria frase, independentes da enunciação — ficarão sem marca nenhuma).

Encontrei ali um ornitorrinco meu amigo.

O campo estava minado, mas foi que o patrão quis fazer o piquenique.

Esses livros costumavam estar naquela banheira, aí ao lado. Ontem, porém, não os vi.

Hoje, estive em Llanfairpwllgwyngyllgogerychwyrndrobwllllantysiliogogogoch.

Neste momento, já não acredito em milagres.

Um dia antes, a Ermelinda já se tinha aperaltado para o baile da José Gomes Ferreira.

Vocês fazem tudo o que lhes apetece e eu, estúpido, nem protesto!

Antes, era capaz de até nem se importar, mas agora D. Afonso Henriques não iria deixar passar aqueles disparates: estava decidido a enfrentar tudo e todos.

Amanhã, vou comer as saborosas framboesas.

Vou entregar esta folha.

[Esta segunda parte do exercício, ainda que com as frases alteradas, foi retirada de: M. Olga Azevedo, M. Isabel Pinto, M. Carmo Lopes, Da comunicação à expressão. Exercícios.]

O ano passado usámos este discurso de Bean, um autêntico desastre para assinalar anáforas e seus antecedentes. Hoje vamos aproveitar o mesmo texto para marcar deíticos.

Como te lembrarás, Bean falava perante uma plateia de cidadãos americanos, na presença do milionário benfeitor que tinha adquirido o quadro «A mãe de Whistler» para o doar a um museu. O orador tinha a célebre pintura à vista e para ela ia apontando.

Distinguirás deíticos pessoais, espaciais, temporais. Tem em conta que certas palavras acumulam valor deítico de dois ou mesmo dos três tipos.

Bem... Olá. Eu sou o Dr. Bean (pelo que parece).

O meu trabalho consiste em sentar-me a olhar os quadros. Portanto, o que aprendi eu que possa dizer sobre este quadro?

Bem, primeiro que tudo, que ele é muito grande. O que é magnífico, pois, se ele fosse muito pequeno — microscópico, estão a ver —, ninguém conseguiria vê-lo, o que seria lastimável.

Em segundo lugar — e estou a aproximar-me do fim desta análise do quadro —, em segundo lugar, porque é que se justifica que este homem tenha gasto 50 milhões dos vossos dólares na sua compra?

E a resposta é... Bem, este quadro vale tanto dinheiro, porque é um retrato da mãe de Whistler e, como eu aprendi ao ficar em casa do meu melhor amigo, David Langley, e da sua família, as famílias são muito importantes e, apesar de o Sr. Whistler saber perfeitamente que a sua mãe era uma avantesma atroz com ar de quem se sentara num cato, ele não a abandonou e até se deu ao trabalho de pintar este extraordinário retrato dela. Não é apenas um quadro, é um retrato de uma velha taralhoca e feiosa que ele estimava acima de tudo.

E isso é maravilhoso. Pelo menos é o que eu penso.

Depois de vermos o péssimo anúncio publicitário da APAV, resolve aqui dois dos itens do exercício da p. 365.

1.1 [Dou-te já as palavras possíveis, misturadas com outras erradas; circunda as que são mesmo deítico no contexto do clip:]

a. deíticos pessoais que remetem para o enunciador: «crime», «meu», «me», «eu», «meus», «fui», «tu», «conseguimos», «colegas da ESJGF».

b. deíticos pessoais que remetem para o destinatário: «tu», «consegues», «ligue», «copinho de água».

c. deíticos temporais: «comecei a sentir», «senti», «tinha», «conseguia», «tive de voltar», «ganhei», «conseguimos», «hoje», «aviso amarelo para uma data de distritos», «Trubin».

2 [escreve duas frases integráveis no cartaz que tivessem deíticos temporais e espaciais:]

3 [esta pergunta parece-me mal pensada; a solução proposta pelo manual é:] «Estás no quarto? Traz-me os chinelos que estão» (deítico espacial); «Recordo, por vezes, o tempo da infância como se estivesse novamente» (deítico temporal)».

Lê um dos «Questionários de Proust» que o Público publicou um destes verões. Marcel Proust foi um escritor francês (1871-1922), autor de Em busca do tempo perdido, uma das mais importantes obras da literatura universal. Não foi ele que concebeu o questionário; mas respondeu a inquérito semelhante (esta versão já estará adaptada) e a sua resposta, encontrada mais tarde no espólio do escritor, fez que o questionário fosse batizado assim.

Relanceia a página do Público (com inquérito de Proust) que te tenha calhado. Responde a algumas das perguntas do Questionário de Proust. (Como se percebe, trata-se, por vezes, de procurar também ser espirituoso, nem sempre literal na resposta.) Responde na ordem do inquérito, copiando também a pergunta. Podes descartar uma ou outra questão (no total, não saltes mais de três itens).

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TPC — Completa, melhora, o que estiveste a escrever e traz-mo na próxima aula. Em Gaveta de Nuvens deixarei exemplares do Questionário (aqui), para o caso de precisares de saber as perguntas.

 

 

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