Saturday, September 09, 2023

Aula 93-94

Aula 93-94 (15 [3.ª], 16 [4.ª, 1.ª], 19/abr [5.ª]) Correção de «Simão enquanto herói romântico»:

Simão apresenta o temperamento característico de um herói romântico. É um jovem rebelde e marginal, instável, capaz de se revoltar contra as regras impostas pela sociedade. Segundo o irmão, que teme o seu «génio sanguinário» (p. 175, l. 147), «convive com os mais famosos perturbadores da academia, e corre de noite as ruas [de Coimbra] insultando os habitantes e provocando-os à luta» (ll. 148-150). O seu caráter excecional, de quem não receia o conflito nem se sujeita às normas, surpreende Domingos Botelho, que admira a bravura do filho (l. 150).

Não se resguarda no contexto social privilegiado a que pertence. Em Viseu é na «plebe [...] que escolhe amigos e companheiros» e, irreverente, troça dos pergaminhos dos Caldeirões (l. 164). Orientado por sentido de justiça, defende um criado e, sempre sem freios, parte «muitas cabeças», quebra «todos os cântaros» (ll. 174-175). Determinado por valores de liberdade, em Coimbra divulgará os ideais da Revolução Francesa (cap. 2).

Faltaria referir outras características românticas de Simão — o individualismo, a luta por um amor ideal (convenientemente, contrariado pela família), a honradez —, que ficarão evidentes nos capítulos seguintes.

O destemor em enfrentar os mais poderosos, com uma atitude reveladora de coragem e até de certa irracionalidade — a espontaneidade dos puros —, lembra-nos o temperamento de um herói escolhido pelo romântico Garrett, Manuel de Sousa Coutinho, que não hesita em incendiar o seu palácio para não se submeter aos que representavam o poder. Também não é indiferente que os protagonistas de Frei Luís de Sousa e de Amor de Perdição tenham a chancela dos registos documentais, sendo ambos personagens que os autores podem dizer históricas, como acontece tantas vezes nas narrativas do Romantismo.

Estávamos no cap. X de Amor de Perdição, de Camilo Castelo Branco, na p. 189, com Simão a receber o recado de Teresa, transmitido fielmente por Mariana. João da Cruz, apercebendo-se de que Simão pretende ir ver Teresa a Viseu (quando sair do convento para o Porto), tenta demovê-lo. Tem o tal discurso misógino, dizendo-lhe que não faltam mulheres.

Mas regressemos ao início do capítulo, na p. 186, para responderes a esta pergunta que está na p. 195.

1. Comenta a inclusão, no relato, dos diálogos do «padre capelão» (ll. 2-13) [Depois de leres o diálogo, completa a minha resposta:]

A caracterização, indireta, do _______ (que, através do que diz, fica retratado como, para não dizer «lúbrico», pelo menos demasiado sensível à beleza de Mariana) e a caracterização, indireta e direta, da prioresa (amante de vinho — o padre «tinha engarrafado um almude para tonizar o estômago da prelada» — e «ciumosa» dos apetites do capelão) confirmam a obra como crónica social, denunciando os _______ mundanos dos membros {escolhe} da nobreza / do povo / do clero / do Crisnaldo.

E, agora, responde à pergunta 5, também na p. 195, que nos deixa no ponto em que estávamos na última aula (pp. 189-190):

5. João da Cruz exprime a sua opinião sobre a pretensão de Simão de ver Teresa antes de regressar a Coimbra. Comprova que a sua perspetiva e a linguagem que utiliza contribuem para a sua caracterização indireta.

João da Cruz assume-se como «um rústico», com uma visão conservadora dos papéis sociais do ________ e da mulher. Contudo, ainda que considere que o amor por uma mulher não justifica os ________ que Simão deseja correr, mostra-se solidário e coloca a sua valentia ao dispor do jovem. A maneira de ser de João da Cruz é confirmada pela linguagem simples e popular, que faz uso da sabedoria ________ para fundamentar as suas opiniões.

Lê a carta que Simão escreve a Teresa (p. 190, ll. 156-178).

Na carta de Simão a Teresa, o sentimento mais importante não parece ser o do amor mas o apego ao destino, à tragédia, à honra. Comenta.

. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .

Resolve a pergunta 9, no fim da p. 195, completando a minha resposta:

9. « — Está perdido! — tornou João da Cruz. / — Já o estava.» (ll. 327-328). Explica a resposta de Simão, recordando a síntese da sua vida apresentada na Introdução da obra («Amou, perdeu-se, e morreu amando»).

A resposta de Simão sugere que o motivo da sua perdição não corresponde ao homicídio de _______, mas, como se anunciara na Introdução, ao amor contrariado pelas famílias e que determinou a sua desgraça. Por outro lado, o próprio Simão tem consciência de que não é só o amor que o move mas o seu ______, o seu sentido de honra, tão característico do herói romântico.

Resolve o ponto 10, no cimo da p. 196, escrevendo mesmo as expressões corretas:

10. No texto, evidenciam se diversas características da linguagem e do estilo de Camilo Castelo Branco.

Verifica-se o predomínio de momentos _______ (a) e o recurso ao diálogo, marcado sobretudo por _____ (b), que conferem ao discurso um ritmo _______ (c), e pela adequação do nível linguístico à _______ (d) das personagens, o que contribui para a sua verosimilhança. Destaca-se também a intervenção subjetiva do narrador, como acontece _______ (e).

Na próxima aula passaremos já à «Conclusão» de Amor de Perdição (os capítulos obrigatórios são «Introdução», «Conclusão» e dois à escolha entre I, IV, X, XIX). Fica aqui o que se vai passar entretanto (desde o cap. X, que terminou com a prisão de Simão):

Capítulo XI Domingos Botelho sabe da prisão de Simão e determina que ele seja tratado de acordo com a lei. Simão aceita com indiferença esse tratamento e dá entrada na prisão. Apresenta-se Mariana, para lhe dar apoio.

Capítulo XII O narrador transcreve parte de uma carta de Rita, recordando, cinquenta e sete anos depois, a reação da família à prisão de Simão. Depois, relata-se o julgamento de Simão, condenado a morrer na forca, «arvorada no local do delito». Mariana entra num estado próximo da loucura.

Capítulo XIII Depois da prisão de Simão, Teresa é conduzida ao convento de Monchique e dá sinais de fraqueza e doença. Nas cartas trocadas com Simão, expressa-se o desgosto de ambos pela separação e pela próxima morte de Teresa.

Capítulo XIV — Tadeu de Albuquerque chega ao convento e pretende levar Teresa para Viseu, que, todavia, recusa ir. A madre apoia Teresa; Tadeu, apesar das diligências que faz, não consegue o que deseja.

Capítulo XV — Simão continua preso, na Cadeia da Relação, e escreve as suas meditações sobre o seu destino. Visitado por João da Cruz, Simão sabe que Mariana melhorou. É o ferrador quem leva uma carta a Teresa. Entretanto, Mariana ficará a cuidar de Simão.

Capítulo XVI — Conta-se a história da fuga de Manuel Botelho, irmão de Simão, com «uma dama desleal a seu marido». Trata-se de um incidente que o narrador reconhece «não muito concertado com o seguimento da história», mas que mostra o modo de ser do pai de Manuel e Simão.

Capítulo XVII — João da Cruz está em casa e dedica-se ao trabalho de ferrador. Entretanto, chega um estranho que dispara sobre ele, matando-o, num ato de vingança. Mariana, estando na prisão com Simão, é informada. Ambos reagem com grande emoção.

Capítulo XVIII — Pena de Simão é comutada em dez anos de degredo para a Índia, também por causa de intervenção de Domingos Botelho (mais por capricho de contrariar Albuquerque do que por amor paternal). Seria até autorizado que a pena fosse cumprida na cadeia de Vila Real, mas Simão não aceita. Mariana, agora sem pai, decide acompanhar Simão no degredo. Acentuam-se as manifestações de dedicação a Simão, ao ponto de Mariana anunciar que se suicidará, quando a sua companhia já não for necessária.

Capítulo XIX — Teresa pede a Simão que aceite cumprir pena na cadeia (em Vila Real), que assim ainda haveria esperança para ambos, mas ele recusa essa solução. Teresa escreve-lhe que, assim, ela morrerá.

Capítulo XX — Simão é conduzido à nau que o levará ao degredo. Já a bordo, vê Teresa. A nau passa diante do convento, no momento em que Teresa desfalece e morre.

Leituras em voz alta (de sonetos de Antero) para Liga dos Campeões

TPC — Continua a procurar avançar na leitura da obra de Eça que tenhas escolhido (A Ilustre Casa de Ramires ou Os Maias).

 

 

#