Filmes apresentados há uns anos (2018-2019) nas Olimpíadas da Cultura Clássica
Juntei aqui alguns trabalhos de colegas vossos das turmas de 2018-2019 concorrentes às Olimpíadas da Cultura Clássica. As notas e os comentários foram os que então deixei para cada tarefa, mas as classificações acabaram por ser corroboradas pelos resultados no concurso (o trabalho de Marta venceu e, logo a seguir, ficaram os outros filmes também por mim mais pontuados). Os temas desse ano vão entre parênteses retos. (Note-se ainda que, na altura, os filmes podiam ser um pouco maiores do que agora. Atualmente, a duração máxima de cada vídeo é de três minutos.)
[Dido e Eneias]
B. Entrezede, Guilherme, Mafalda, Natacha (11.º 5.ª/2018-19) — «Dido e Eneias, o Musical»
(Muito Bom)
Já o
tenho dito outras vezes. O vídeo, o cinema, implica planificar, coordenar,
obriga a que nada seja feito sobre o joelho (texto, música, espaços). Também é
uma arte de composição a partir de outras artes. Ora, neste trabalho, entrou a
literatura — escrita de poemas e de texto —, a literatura-história — o
conhecimento da Eneida e da
mitologia —, a música — criação das composições —, a dança/ginástica —
coreografia e execução —, a própria história do cinema, na medida em há uma
óbvia intertextualidade com filmes musicais. O grande mérito deste grupo foi
saber planear tudo de modo a que, em relativamente pouco tempo de filme, tenhamos
imensas coisas e tão diversificadas. Todas as peripécias do mito em causa —
que, como sempre nas narrativas da antiguidade e na mitologia, não são poucas —
são percorridas por alusões em composições musicais, na história de adormecer
ou na representação. Só não gosto, no genérico final, de «lyrics» (preferia, em
português, «letra da canção»). Aí, no genérico, anotei que um dos «câmaras» foi
o Tiago.
[Perseu e Andrómeda]
Marta (11.º 2.ª/2018-19) — «Perseu e Andrómeda: a magia das armas que sangram amor» (Muito Bom)
Tal
como em outros vídeos de Marta fugiu-se à abordagem informativa ou de simples
relato do tópico de que se trata e preferiu-se adotar formato de criação mais
poética que, ainda assim, tem como pano de fundo o mito de Perseu e Andrómeda.
O resultado é requintado, metafórico, difícil (permite muitas leituras),
constituindo um objeto com bom gosto (destaco também o tratamento da imagem e
do som), que vale por si próprio, mesmo fora do contexto escolar ou de concurso
sobre cultura clássica.
Ana, Beatriz Pi, Leonor, Rita (11.º 5.ª/2018-19) — «A História de Perseu e Andrómeda» (Bom+)
Começo pelo que me
parece ter falhado, e aliás um pouco desnecessariamente, que corresponde sobretudo
à fase de acabamento ou edição (a leitura em off — Beatriz conseguiria fazer
muito melhor, se tivesse tido tempo para ensaiar; de resto, havia no grupo quem
também conseguisse fazer muito boas leituras, mas percebe-se que, nessa fase
final, foi tudo já terminado pela responsável pela edição, em esforço para
cumprir prazo, decerto apressadamente —; o fundo musical escolhido, quanto a
mim, não resulta bem). Que faltou mais tempo é percetível também no texto, que
me pareceu pouco elaborado. Com a mesma base informativa, mais ou menos
wikipédica, era fácil escrever texto criativo, com ironia ou com observações
mais subjetivas, embora aproveitando os mesmos dados. Quanto ao resto, só tenho
a dizer bem. As imagens recolhidas mostram boa planificação (incluindo
representação, adereços, escolha de cenário, diversidade das imagens),
constituem uma boa ilustração das complicadas peripécias mitológicas e devem
ter dado muito trabalho a planear e executar (e algum gozo a serem recolhidas).
Há ritmo na forma de apresentar a intriga, há o poder de síntese e a velocidade
que o cinema exige. Houve igualmente competência técnica, criatividade, não
pouca informação.
[Maravilhas da
antiguidade]
Eduardo, Júlia, Margarida, Rodrigo (11.º 4.ª/2018-19) — «As sete maravilhas do
mundo antigo [proponho eu este outro título: ‘Os deuses é decidem as maravilhas
dos homens’]» (Muito Bom)
Receava
que o tratamento de um assunto destes tivesse demasiado de wikipédico e pouco
de literário, criativo, expressivo. Ora o grupo teve uma ideia engenhosa, a de
pôr deuses a eleger as maravilhas dos humanos: com isso, alargou o assunto
clássico à mitologia e conseguiu pretexto para situação paródica, que levou a
um texto bem escrito, engraçado, inteligente, sem humor falhado (não é fácil!)
e a bons exercícios de representação (destaco Eduardo, num papel com mais risco).
Fizeram-no sem erros (e não é fácil citar tantos nomes antigos sem cair em
algum lapso). A ideia foi além disso bem acabada, não ficou a meio (veja-se a
solução para a maravilha egípcia e para as outras que ficavam a faltar ainda).
Assumira-se entretanto que a parte informativa era momento secundário, sem que
se deixasse de ir debitando os dados que o assunto do concurso exigia, mas não
investindo demasiado nesses assumidos trechos de leitura de cábulas.
Francisco B. (11.º 2.ª/2018-19) — «[As maravilhas das
capacidades do ser humano]» (Bom(-))
A ideia
de passar das maravilhas monumentais da antiguidade para feitos de superação desportiva
é bem achada. A concretização da ideia é prejudicada por se ter centrado na
figura de um surfista em particular, o que exigiu o uso extensivo de imagens
não originais (teria sido preferível fazer abordagem mais genérica, por
exemplo, sobre o surf enquanto maravilha, recorrendo a imagens de surf mas da
responsabilidade do autor; e calculo que não fosse difícil, se pensado com mais
tempo de antecedência). Quanto ao texto lido em off, como se detém muito em
dados sobre o desportista em causa, acaba por não poder ser muito criativo, mas
está correto, sem nenhuma falha de sintaxe ou qualquer outro lapso. Também foi
bem lido e com o cuidado de procurar ser expressivo (talvez no limite do
natural uma vez ou duas).
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