Saturday, September 09, 2023

Aula 3-4

Aula 3-4 (18 [5.ª], 20 [1.ª, 3.ª], 21/set [4.ª]) Devolução das folhas de caderneta, para melhoria ou verificação de marcações minhas.

Vai até às pp. 327-328 do manual, onde está um grupo II de uma ficha que imita o estilo das provas de exame. Lê o texto «A tua estátua», de Capicua, e vai resolvendo as perguntas que faço:

No primeiro parágrafo, logo na linha 1, «Tornei-me amiga de Cesário» — que é uma expressão conotativa, figurada — pode traduzir-se, em termos mais denotativos, mais objetivos, por «. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . de Cesário».

No resto das ll. 1-7 ficamos a perceber que «De tarde» é {risca só o que esteja errado}

a) um poema de 1887.

b) uma composição poética de quatro quartetos.

c) uma descrição de cena campestre.

d) o louvor de um belo decote.

e) um par de mamocas.

f) uma refeição empratada por Ljubomir Stanišić, com melão, pão de ló e malvasia.

g) um remate falhado por João Félix que acabou por dar golo ao Barcelona.

O segmento «perpetuar um jovem poeta na história da literatura portuguesa» (ll. 6-7) pode traduzir-se em linguagem mais denotativa, mais direta, por «fazer que Cesário Verde . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . ».

No segundo parágrafo, ficamos a saber que ___________________ morreu ainda jovem. A cronista defende que uma das razões de certas figuras ficarem na história deve ser a sua __________________ artística.

Na l. 12, «os que se distraem a ouvir o coro das musas» (= ‘os artistas’) é uma {escolhe}

(A) perífrase | (B) metonímia | (C) antítese | (D) hipérbole.

No terceiro parágrafo, dá-se-nos conta de que a cronista {escolhe a única alínea certa}

a) conheceu uma sardenta.

b) leu uma quadra de Cesário (com rima cruzada) de que gostou muito.

c) leu um quarteto pentassilábico (redondilha menor) de Cesário Verde.

d) gosta de camélias tão meladas como os beijos do coitado do Rubiales.

Resolve os itens 3, 4, 5, 7 do manual (pp. 328-329), selecionando a alínea certa:

3. = A | B | C | D

4 = A | B | C | D

5 = A | B | C | D

7 = (a): ___; (b): ___; (c): ___; (d): ___.

Põe na ordem correta os dezasseis versos do poema (em quatro estrofes: 4 + 4 + 4 + 4) de Cesário Verde dentro do sobrescrito. Desenho dos fragmentos de papel não é indicativo (versos já estavam misturados quando os recortei). Ao contrário, as rimas são úteis (a rima é cruzada).



Podes agora ver melhor o poema de Cesário Verde que estiveste a reconstituir:

De tarde

Naquele pic-nic de burguesas,

Houve uma coisa simplesmente bela,

E que, sem ter história nem grandezas,

Em todo o caso dava uma aguarela.

 

Foi quando tu, descendo do burrico,

Foste colher, sem imposturas tolas,

A um granzoal azul de grão-de-bico

Um ramalhete rubro de papoulas.

 

Pouco depois, em cima duns penhascos,

Nós acampámos, inda o sol se via;

E houve talhadas de melão, damascos,

E pão de ló molhado em malvasia.

 

Mas, todo púrpuro a sair da renda

Dos teus dois seios como duas rolas,

Era o supremo encanto da merenda

O ramalhete rubro das papoulas!

Cesário Verde, Cânticos do Realismo

Completa a minha análise de «De tarde», sabendo que as lacunas correspondem sempre a expressões a transcrever do próprio poema.

Logo o título, «_______», que é um modificador temporal, remete para um momento, uma coisa «__________», que merecia ser registado numa «________», apesar de aparentemente irrelevante.

Poderíamos dizer que o momento em causa era suscetível de ser fixado numa polaroid (se no século XX) ou numa imagem em instagram (atualmente), mas a pintura coaduna-se bem com as várias referências cromáticas: o «granzoal ____», o «ramalhete ____» ou, quando sai da renda, «_____». Quanto ao sol a pôr-se («____________»), é uma notação de ordem visual e mais um elemento que aproxima o poema das pinturas impressionistas (vem à lembrança o quadro «Déjeuner sur l’herbe», de Edouard Manet, que usei como slide da aula). Além das cores, há pormenores figurativos: o rendilhado do decote por onde saem «______» (com que se comparam os «_______»).

Nem só o sentido da visão é convocado, outros sentidos estão presentes: o olfato e o gosto, a propósito das «_________», dos «_______», do «______» embebido em vinho doce; e não será forçado vermos algo de tátil na alusão às «_______» que saem do decote da rapariga.

Muito característica do poema (e de Cesário Verde) é a sua narratividade. O poeta parece ser um observador que faz parte do grupo (vejam-se os deíticos: pronomes pessoais «__», «__»; determinantes demonstrativo «[n]____» e possessivo «___»). Relata um episódio cuja protagonista é uma rapariga (uma burguesa?) capaz de colher ramalhetes de papoulas «___________». As ações estão demarcadas em função dos espaços («a _______», «em ________») e do tempo («foi _______», «pouco _____»).

A última quadra (não, não é um soneto: são quatro quartetos) apresenta-nos o sujeito poético (o «narrador») embevecido com o supremo encanto do «_____» (e não é interessante o uso do estrangeirismo?). Esse primeiro plano da câmara termina com o verso «_______________», que quase repete o v. 8 («______________»). Os artigos definidos no último verso do poema («____», em vez do indefinido «__», que estava no v. 8; e «[d]__», em vez da preposição simples «__») mostram que a observação se foi aproximando e que o ramalhete de que se fala já é inconfundível. A outra diferença entre os versos é o v. 16 terminar com um _________.

E, se atentarmos no som, perceberemos que há nesse verso uma aliteração [cfr. p. 383], conseguida pela repetição da consoante «__». Já na segunda estrofe havia uma figura fónica idêntica, entre a assonância (‘repetição de som vocálico’) e a aliteração, no verso «________________», em que predominavam as vogais nasais e a consoante z.

Acerca da quadra final é ainda preciso referir que a alteração da ordem natural da frase, uma anástrofe ou hipérbato [cfr. p. 383], faz que o último verso seja o grupo nominal que se pretende destacar («_________________»). Por outro lado, por marcar uma oposição, uma reorientação, a conjunção adversativa «___» valoriza o que depois será o foco da quadra.

Também o tempo verbal usado nesta quarta estrofe, o imperfeito do indicativo («__»), marca a perenidade daquela visão singular, por contraste com o incidente, efémero, que era a merenda de burguesas (a que convinha o perfeito do indicativo: «houve», «foi», «____», «______», «_______»).

Escreve um texto em prosa sobre um momento que devesse ficar fixado (talvez realçado dentro de um incidente que tudo destinasse ao esquecimento). Será uma espécie de polaroid — ou imagem de instagram? — redigida.

Só as partes já lançadas seguem o modelo de «De tarde». No resto, aconselho apenas que a descrição/narração seja detalhada e se evite estilo brincalhão ou irónico.

[título:] __________________________

{que será grupo preposicional ou mais genericamente modificador do grupo verbal, como é  De tarde}

Em {ou Em contraído (como Naquele/a)} . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . houve . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .

TPC — Prepara a matéria ‘deíticos’ (ou ‘dêixis’), lendo a explicação nas pp. 364-365 do manual (não é preciso o exercício) e/ou relanceando em Gaveta de Nuvens o capítulo «Deíticos».

 

 

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