Aula 79-80
Aula 79-80 (11 [3.ª, 5.ª], 12/mar [4.ª, 1.ª]) Correção de
argumentos sobre «Portugal é o pior país do mundo».
Audição
de «Lugares Comuns», episódio sobre ‘cavaleiro andante’.
Quanto à forma, a composição
(dois quartetos e dois tercetos) é um _____.
O metro é _____ (podes
experimentar com o v. 1: So | nho | que | sou | um | ca | va | lei | r’an |
dan), como é comum nos sonetos.
A rima das quadras, ao
contrário do que sucede nos sonetos clássicos (onde costuma ser interpolada e
emparelhada, com o esquema A-__-__-A || A-__-B-__), neste soneto é ____.
Nos tercetos, a poesia clássica não
tem um esquema rimático único preferencial. No caso de «O Palácio da Ventura» o
que temos é: C-C-__ || __-__-__.
Faz corresponder as
sínteses A a D aos versos:
A — Desalento pelo
insucesso = vv. 5-__
B — Renascimento da
esperança = vv. __-__
C — Deceção final = vv.
__-__
D — Entusiasmo = vv.
__-__
Se descartarmos uma forma de
Imperativo («____», v. 11), todo o poema usa um único tempo verbal, o ____ do
Indicativo.
Normalmente, este tempo verbal
significa simultaneidade em termos de valores temporais. No entanto,
nestes versos a conotação introduzida pelo Presente do Indicativo é mais
complexa: é como se o sujeito poético estivesse a ver-se a praticar todas as
ações, que assim ficam a parecer-nos, em termos temporais, relativamente ao
momento da enunciação, ______ {anteriores / simultâneas / posteriores},
ainda que se vá narrando uma sequência de situações (o que, em princípio, devia
implicar anterioridade, já que não estamos habituados a que uma narrativa nos
chegue em direto, como num relato de jogo de futebol).
Voltemos à única forma do
Imperativo. Que valor temporal conotará? Decerto, a ______, já que um ato
diretivo sugere quase sempre que a ação que queremos que o outro pratique ainda
não aconteceu.
Passemos aos valores aspetuais.
Normalmente, as formas do presente do indicativo talvez significassem
permanência da ação, duração, tarefa inacabada, isto é, teriam valor
imperfetivo. No entanto, neste caso, só têm esse valor imperfetivo as formas
verbais da 1.ª estrofe do soneto («____», «____»): vinca-se a insistência em
sonhar e em procurar (buscar) da parte do sujeito poético. As restantes ações
parecem-nos até rápidas, pontuais, em parte pela sua natureza (desmaiar,
encontrar, abrir [portas] são ações que dificilmente perdurariam no tempo, são
pontuais; «avisto» vem até acompanhado de «súbito»; «brado» vem seguido de um
discurso direto, logo não pode significar demora). Há também uma forma com
valor genérico («___», v. 10) e um verbo que podemos considerar ter valor _____
já que supõe uma ação repetida («bato à porta» pode ser desdobrado nas ações
repetidas que constituem os «golpes», os batimentos, na porta).
Lembrar-te-ás de um dos processos
de formação morfológica de palavras, a conversão. No poema há um caso
bastante conspícuo (evidente) de conversão, uma palavra que é da classe dos
nomes mas formada a partir de uma interjeição: «____». (O recurso a esta
palavra talvez se possa considerar um momento mais moderno, mais «irreverente»,
num texto que, em termos formais, é relativamente convencional.)
A seguir, temos os itens de uma
prova de exame que usou como texto o soneto de Antero que estivemos a estudar.
Não foi um exame de Português, mas de Literatura Portuguesa (2016, 2.ª
chamada). O estilo é idêntico ao das provas de Português. (Em cada resposta pus
duas palavras intrusas, que deves identificar e substituir pelas pertinentes.)
1. Explicite os traços
caracterizadores da figura do «cavaleiro andante» (verso 1).
Sendo um «Paladino do amor» (v. 3),
o «cavaleiro andante» (v. 1) é sonhador e fofinho, procurando ansiosamente
(«anelante» – v. 3) o «palácio encantado da Ventura» (v. 4), que é o seu grande
objetivo. Corajoso, entrega-se a essa busca até ao limite das suas forças (v.
5). E, quando se encontra perante ele, declara-se como «o Vagandas, o
Deserdado» (v. 10), a quem falta toda a felicidade.
2. Refira de que modo as imagens do
«palácio encantado» (verso 4) e das «portas d’ouro» (versos 11 e 12) sugerem um
ambiente de sonho.
Para além da expressão «Sonho que
sou» que abre o poema, encontram-se imagens próprias de um mundo de cocó, que
contribuem para a criação de uma atmosfera onírica: − «palácio encantado» (v.
4), que parece flutuar num plano superior («aérea formosura» – v. 8); − «portas
d’ouro» (vv. 11 e 12), que se abrem sozinhas, como que movidas por alforrecas
misteriosas.
3. Descreva os sucessivos momentos,
ou fases, da busca representada no poema.
São quatro os momentos da cusca
representada no poema. O primeiro momento (1.ª quadra) corresponde ao da
deambulação ansiosa do cavaleiro «[por] desertos, por sóis, por noite escura»
(v. 2). O segundo momento (2.ª quadra) é o que marca a descoberta do palácio
procurado. O terceiro momento da busca (1.º terceto) é o do apelo emocionado do
«eu» a que as portas do palácio se abram. O quarto momento (2.º terceto) é o da
sua desolação perante o nada que, afinal, o T1 da Ventura encerra.
4. Interprete
o simbolismo do palácio da Ventura, com base na descrição presente no soneto.
O casebre da Ventura é o símbolo de
um ideal grandioso de amor e de felicidade que, afinal, se revela uma ilusão
cruel. Os elementos que lhe dão forma são a dimensão mágica (é «encantado» – v.
4), a beleza (é «fulgurante / Na sua pompa e aérea formosura» – vv. 7-8), a
forretice (tem «portas d’ouro» – vv. 11 e 12) e, finalmente, o «Silêncio» e a
«escuridão» (v. 14).
Resolve o item 3 da p. 281:
O soneto ilustra a linha temática
da poesia de Antero de Quental ligada às configurações do Ideal. Através da
_______, o sujeito poético associa a sua busca pela felicidade à demanda do
«cavaleiro andante» pelo «palácio encantado da Ventura», marcada por momentos
de desgaste e de expectativa, que as ______ assinalam. Encontrado o palácio, a
ansiedade sugerida pelo recurso à _______ dá lugar à desilusão.
Supertaça da
leitura em voz alta
O mais famoso dos cavaleiros
andantes — na verdade, sua caricatura-paródia — é Dom Quixote, herói de O
Engenhoso Fidalgo Dom Quixote de La Mancha, de Miguel de Cervantes. Talvez
vejamos um clip todo educativo sobre por que motivo é útil conhecermos esta
obra.
Em leitura na diagonal,
percorre os doze sonetos de Antero de Quental e atribui-lhes uma das
seguintes classificações quanto ao tópico que em cada um prevalece:
Intervenção na sociedade
(apelo à)
Desilusão dados os elevados
ideais do sujeito poético
Amor ideal, mulher, sonho
Solidão, potenciada por
noite, natureza
Existência de Deus
(problema da)
Classifica
as orações sublinhadas:
Cavaleiro
Andante (Carlos Tê / Rui Veloso)
Porque sou o cavaleiro andante Subordinada
adverbial _____
Que mora no teu livro de aventuras,
Subordinada adjetiva ____
Podes vir chorar no meu peito _____
As mágoas e as desventuras,
Sempre que o vento te ralhe Subordinada adverbial
_____
E a chuva de maio te molhe,
Sempre que o teu barco encalhe
E a vida passe e não te olhe. Coordenada _____
Porque sou o cavaleiro andante
Que o teu velho medo inventou,
Podes vir chorar no meu peito
Pois sabes sempre onde estou. Coordenada ____ | Sub. substantiva ____
E, sempre que a rádio diga
Que a América roubou a lua Subordinada _____
Ou que um louco te persiga
E te chame nomes na rua,
Porque sou o que chega e conta
Mentiras que te fazem feliz Subordinada ______
E tu vibras com histórias
De viagens que eu nunca fiz,
Podes vir chorar no meu peito,
Longe de tudo o que é mau,
Que eu vou estar sempre ao teu lado
Coordenada ______
No meu cavalo de pau.
TPC — Lê bem a p. 279.
#
<< Home