Saturday, September 09, 2023

Aula 27-28

Aula 27-28 (6 [5.ª], 7 [1.ª, 4,ª], 8/nov [3.ª]) Correção das apreciações críticas a cartoon de Gargalo (cfr. Apresentação).



Vai lendo «Ler é maçada», de Pedro Mexia, e, em cada item, circunda a alínea com a melhor solução. Se precisares, lê também o verbete de best-seller ou bestseller, que copiei acima.

 

O título, «Ler é maçada», é

a) síntese das ideias defendidas no texto acerca dos livros muito comerciais.

b) citação de verso de Fernando Pessoa, que se torna irónico dado o contexto.

c) crítica aos grandes livros, como o Dom Quixote de La Mancha.

d) caracterização de qualquer situação de leitura.

 

Em «Ler é maçada», o sujeito é

a) «é».

b) «maçada».

c) «é maçada».

d) «Ler».

 

Segundo o que lemos no primeiro período (ll. 1-3), caracteriza as «bestas céleres» serem

a) livros maus, pequenos e que se vendem depressa.

b) livros grandes e mal escritos, que se vendem depressa e que não são complexos.

c) animais rápidos.

d) duplas enormidades.

 

A qualificação «Livros escritos para o momento e não para o futuro» (l. 6) serve para

a) contrastar o caráter transitório de um best-seller com a perenidade de uma verdadeira obra literária.

b) vincar o imediatismo dos best-sellers e o seu afastamento de temas como a ficção científica.

c) elogiar a preocupação com a atualidade que revela a maioria dos best-sellers.

d) valorizar os livros classificados como «best-sellers» por se focarem no presente.

 

A Bíblia e o Dom Quixote de La Mancha são evocados (ll. 7-10) como exemplos de

a) «bestas céleres».

b) bons livros que se venderam muito num dado momento.

c) livros que sempre tiveram e hão de ter mercado por serem «bestas céleres».

d) livros «a sério» que, no entanto, se vendem muito e sempre.

 

O sujeito «o romancista» (l. 11) tem como referente

a) os bons autores.

b) os romancistas em geral.

c) os bons romancistas.

d) os autores de best-sellers.

 

«existências» (l. 11) reporta-se a

a) ‘livros à venda’.

b) ‘vidas dos leitores’.

c) ‘perceção que os leitores têm acerca da vida das personagens dos livros’.

d) ‘seres humanos’.

 

O quarto parágrafo (ll. 12-17) serve para

a) indicar as características dos romances que se tornam grandes êxitos comerciais.

b) assumir que os livros que muito vendem são verdadeiros cocós de cão.

c) assinalar as preferências dos autores de ficção popular.

d) tentar definir os géneros e os temas que são apropriados pelas «bestas céleres».

 

Na l. 17 o período podia continuar depois de «também», mantendo o seu sentido, desde que se seguisse

a) «temas polémicos».

b) «são temas polémicos».

c) o predicado do período anterior.

d) o sujeito do período anterior.

 

O caso de Dickens (ll. 18-20) serve como exemplo dos

a) autores comerciais.

b) muitos bons autores que vendem bem e depressa.

c) escritores de mérito que, apesar disso, conseguem vender bem e depressa.

d) autores que raramente vendem muito.

 

Os autores que o cronista considera terem sido «escritores a sério que foram bestas célebres» (ll. 20-21) são referidos enquanto

a) maus escritores mas que se tornaram célebres.

b) escritores não-comerciais mas muito vendidos por motivos circunstanciais.

c) bons escritores que se tornaram maus escritores porque a isso foram obrigados.

d) maus escritores que se tornaram bons escritores dada a sua biografia.

 

«fazer sociologia de bolso ou metafísica aguada» (ll. 29-30) é observação que

a) considera benéficas certas estratégias de divulgação adotadas pelos best-sellers.

b) olha criticamente as abordagens simplificadoras das «bestas céleres».

c) descreve com neutralidade, sem juízo de valor, abordagens típicas dos livros que se vendem muito.

d) salienta o caráter popular e acessível de assuntos tratados nos best-sellers.

 

Entre as orações «Nenhuma besta é célere» e «se for difícil» (ll. 30-31),

a) deveria haver uma vírgula, porque a segunda oração é uma subordinada condicional.

b) aceita-se que se dispense a vírgula, porque a oração condicional está depois da subordinante.

c) não pode haver vírgula.

d) a falta de vírgula é um erro.

 

«Nenhuma besta é célere se for difícil» (ll. 30-31) quer dizer que

a) uma condição para um livro ser besta é ser célere.

b) uma das características de um best-seller é ser de fácil leitura.

c) se leem mais facilmente os livros que vendem muito.

d) nenhum animal rápido é difícil.

 

Na l. 31, o constituinte «difícil» é

a) predicativo do sujeito.

b) predicativo do complemento direto.

c) complemento direto.

d) difícil.

 

A crónica que leste, de Pedro Mexia, é predominantemente

a) narrativa.

b) instrucional.

c) expositiva.

d) descritiva.

Resolve aqui o item 3 da p. 43 (escreve mesmo as palavras das melhores alíneas):

Um dos objetivos da oratória é movere, ou seja, persuadir. Para o alcançar, nas linhas 15 a 21, entre outros processos, Vieira recorre às frases _______ (a) e ao modo ______ (b). Também a repetição de palavras do campo lexical de _______ (c) e a _________ (d) contribuem para convencer o auditório.

Vamos falar de antropónimos. Para já, não dos nomes de batismo (os primeiros nomes), mas dos apelidos.

Boa parte dos apelidos começaram por ser patronímicos (= ‘nomes de pai’): o primeiro Marques era filho de um Marco; o primeiro Simões, filho de um Simão; o primeiro Lopes, filho de um Lopo. (Estes apelidos terminavam em -z, porque o morfema que se afixava ao nome de batismo do pai era -ici, que evoluiu para -iz, -ez ou -z e, com a reforma ortográfica de 1911, para -s.) Atrás de muitos apelidos terminados em -s estão, portanto, primeiros nomes de homem.

Na tabela seguinte, deduz os patronímicos ou os primeiros nomes (alguns destes eram comuns na Idade Média mas caíram em desuso depois).

Nome

Patronímico

Sancho

 

Soeiro

 

Estêvão

 

Gonçalo        

 

 

Dias

 

Mendes

Nuno

 

 

Martins

Telo

 

 

Anes

 

Peres / Pires

 

Vasques

 

Álvares / Alves

Paio / Pelágio

 

 

Antunes

 

Moniz

Porém, nem todos os esses em final de apelido se devem àquele -ici. Por exemplo, os apelidos Reis e Santos celebram datas do calendário cristão: o Dia de ______ e o Dia de Todos os _______.

De qualquer modo, além de patronímicos e de nomes de invocação religiosa, há ainda mais duas origens comuns dos apelidos: topónimos (nomes de lugares) e alcunhas.

 

Na quinta parte (ou capítulo) do «Sermão de Santo António», o Padre António Vieira vai criticar alguns peixes especificamente, o que lhe serve para tipificar vícios encontráveis também nos homens. Peço-te exercício idêntico com outros animais, prosseguindo a lista que já comecei:

O que tenho contra vocês, gatos, é serem esquivos, escapulindo-se-nos sempre que tentamos aproximar-nos. Também os homens padecem dessa característica. Quando os outros precisam deles, quantas vezes não fogem às suas responsabilidades, preferindo concentrar-se nos seus interesses. Ao contrário, Santo António acudiu sempre a todos e prontamente.

O que tenho contra vocês, cães, é serem desleixados e sujos, defecando na rua sem hesitação, fazendo que escorreguemos nos vossos cocós pegajosos e nojentos. Contudo, os homens assim procedem igualmente, quando cospem para o chão ou deixam lixo por toda a parte. Já Santo António, nunca poluiu a natureza e até o seu burel e corda eram, além de limpíssimos, recicláveis.

. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .

O filme O Discurso do Rei interessa-nos a vários títulos. Sobretudo, far-nos-á reconhecer a importância da oratória, neste caso ilustrada por peripécias verídicas: as dificuldades de fala de Jorge VI, a terapia da sua expressão oral, o decisivo discurso com que anunciou a II Guerra Mundial.

Entretanto, no início do filme há várias referências ao onomástico (aos nomes próprios), mais concretamente, a antropónimos (os nomes de pessoas) e é esse o tópico que nos vai mobilizar por enquanto.

________ — nome que talvez não esteja na moda tão cedo — foi um grande orador grego. Ter seixos na boca enquanto ensaiava os discursos, episódio sempre citado, era uma das estratégias a que recorrera para vencer a gaguez de que padecia.

O apelido do original terapeuta da fala, cujo primeiro nome é Lionel, quase parece inventado propositadamente. Com efeito, «______» assemelha-se ao radical grego ‘logo’, que significa ‘discurso, palavra, razão, estudo’ (cfr. «logorreia», «logótipo», «logogrifo», «logopedia», «logograma»).

Também é interessante o apelido usado pelo futuro rei, quando pretendia passar incógnito: _____ é decerto um dos apelidos mais comuns em Inglaterra e é um patronímico (significa ‘____ de John’, sendo equivalente ao português Anes, ao russo Ivanov, ao sérvio Jovanović, ao holandês Jansen, ao dinamarquês Jensen, ao sueco Johansson, ao galês Jones, etc.). Outro apelido com origem patronímica é o da presidente da Sociedade de Terapeutas da Fala, que teria recomendado Lionel, a senhora Eillen ______ (onde adivinhamos um antepassado escocês filho de um Leod).

A certa altura alude-se aos nomes de batismo do então Duque de Iorque. Chamava-se ele «Alberto Frederico Artur Jorge», embora o tratassem familiarmente pelo hipocorístico ___ (< Albert). Mais à frente se verá o motivo de, aquando da coroação, ter preferido o nome _______, em detrimento dos outros.

Uma última menção se pode fazer. Surgem, ainda crianças, as princesas ______ e Margaret. A primeira é a recém-falecida rainha. É a responsável pela relativa popularidade deste nome em Portugal há mais de sessenta anos, já que visitou o país em 1957. É um caso curioso, porque sempre fora muito corrente um outro nome que é seu cognato: «_____». Também _____ e Jaime são divergentes de um mesmo étimo, Iacobu.

 

 

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