Saturday, September 09, 2023

Aula 21-22

Aula 21-22 (24 [1.ª], 25 [3.ª], 26 [4.ª], 27/out [5.ª]) Correção de introdução e conclusão de texto de opinião sobre o Padre Vieira.

Segue-se um resumo do capítulo III do «Sermão de Santo António aos Peixes», tirado de um livro para crianças (Padre António Vieira, Sermão de Santo António aos Peixes, adaptado para os mais novos por Rui Lage; ilustrações de André Letria; Quasi, 2008) e completado por mim num dos parágrafos. Lê o resumo e completa o quadro no verso.

[p. 34, ll. 1-4] Apenas de alguns de vós, irmãos peixes, falarei agora.

[pp. 34-35, ll. 4-35] O primeiro tem lugar na Escritura, é o peixe de Tobias. Ia Tobias pela margem de um rio, quando um peixe enorme veio na sua direção para o comer. O anjo Rafael disse a Tobias que arrastasse o peixe pela barbatana e lhe retirasse as entranhas, já que o fel (a bílis) lhe seria útil, para curar a cegueira, e o coração, para vencer os demónios. Com efeito, o fel serviria para aplicar nos olhos do pai de Tobias, que, sendo cego, logo recuperou a visão. Quanto ao coração, queimada uma sua parte, fez afastar um demónio que assaltara o próprio Tobias.

[pp. 35-36, ll. 36-64] Quem haverá que não louve e admire muito a rémora, peixinho tão pequeno no corpo e tão grande na força, que, não sendo maior que um palmo, quando se pega ao leme de uma nau da Índia a prende e amarra mais que as próprias âncoras? Oh, se houvesse uma rémora na terra que tivesse tanta força como a do mar, menos perigos haveria na vida e menos naufrágios no Mundo!

[p. 36, ll. 65-89] Não menos admirável é a tremelga, ou raia elétrica, a que os latinos chamaram torpedo. Cá a conhecemos mais de fama que de vista. Mas com as grandes virtudes é assim: quanto maiores são, mais se escondem. O pescador segura a cana na mão e deixa o anzol ir ao fundo; mal a raia morde o isco, começa a tremer-lhe o braço. De maneira que passa a força da boca do peixe ao anzol, do anzol a linha, da linha à cana e da cana ao braço do pescador. Oxalá aos padres, pescadores da terra, lhes tremesse assim o braço do esforço de tanto pescarem almas! Tanto pescar e tão pouco tremer!

[p. 38, ll. 1-34] Navegando daqui para o Pará, vi correr pela tona da água, aos saltos, um cardume de peixinhos que não conhecia. Disseram-me que lhes chamavam quatro-olhos, e na verdade me pareceu que eram quatro os seus olhos, em tudo perfeitos. «Dá graças a Deus», disse a um destes peixes, pois às águias, que são os linces do ar, deu-lhes a natureza somente dois olhos, e aos linces, que são as águias da terra, também dois; e a ti, peixinho, quatro.

A razão dos quatro-olhos é a de que estes peixinhos, que andam sempre na superfície da água, não só são perseguidos por outros peixes mas também por aves marítimas que vivem na costa. Como têm inimigos no mar e inimigos no ar, dobrou-lhes a natureza as sentinelas e deu-lhes quatro olhos. Ensinou-me esse peixinho que tanto devo olhar para cima, onde há o azul do céu e nuvens que passam, cheias de sonhos, como para baixo, onde há terra, respeitando a natureza e vivendo em harmonia com bichos e homens.

[manual omite] Por fim, irmãos peixes, dou-vos graças porque ajudais os mais pobres. Elogiem-se na mesa dos ricos as aves e os animais terrestres com que se fazem esplêndidos banquetes, mas vós, peixes, continuai a alimentar os pobres, e sereis recompensados. Tomai o exemplo das irmãs sardinhas. Porque cuidais que as multiplica o Criador em tão grande número? Porque são sustento de pobres. As solhas e os salmões são raros, porque se servem à mesa dos reis e dos poderosos, mas o peixe que sustenta a fome dos pobres, a esse, Cristo o multiplica e aumenta.

Peixe

Característica boa (que deve servir de exemplo aos homens)

Peixe de Tobias

As suas entranhas deitavam um fel que _______________.

Rémora

Apesar de pequeno, fixando-se ao leme de um barco, _______________.

Torpedo (raia elétrica)

Quando toca no isco, ______________.

Quatro-olhos

Os seus quatro olhos permitem que _____________.

Sardinha

Serve de _____________.

Resolve este exercício sobre pontuação, que se centra no caso das vírgulas:

A(s) vírgula(s) pode(m) ser usada(s)

1. para assinalar a elisão (isto é, a omissão) de um elemento.

2. para separar os vocativos.

3. para separar modificadores (no início ou no meio da frase).

4. para separar elementos que desempenham a mesma função sintática.

5. para separar orações coordenadas assindéticas (as sem conjunção) e, até, as sindéticas.

6. para separar alguns conectores.

7. para separar os modificadores apositivos.

8. para separar uma oração adverbial (principalmente, quando colocada antes ou no meio da subordinante).

9. para separar orações subordinadas adjetivas relativas explicativas.

Atribui às frases uma das explicações (1-9) do uso de vírgula(s) inventariadas em cima:

___ Diogo Jota, o internacional português do Liverpool, marcou dois golos.

___ Comi uma alface, quando a conheci.

___ Stor, dê-me a fatia do bolo rançoso.

___ Bebi sangria, aguardente, bagaço, vinho tinto, chá.

___ Ela tem uma das melhores memórias; ele, uma das piores.

___ Ontem, comi uma alface de estimação.

___ Não voteis na lista Z, votai na lista de vinhos.

___ Não creio, contudo, que sejas parvo.

___ Combinava, por vezes, uns assaltos.

___ E, se tudo correr bem, encontramo-nos em Paris.

___ Porque estava frio, despi a camisola.

___ A iguana, que estava lindíssima, beijou o iguano.

 




O recorte em cima, de «banco», permite-nos ver que o trocadilho com «banco» no anúncio do Banif (Paulo Alves) ou da CGD (Scolari) aproveita duas aceções de «banco»: a segunda no verbete, ‘instituição financeira’, e a _______________, ‘móvel para as pessoas se sentarem’ (embora, num dicionário mais completo, decerto figurasse ainda o sentido específico de ‘banco de suplentes’). Estamos, portanto, no domínio do campo _____ {lexical / semântico / relvado} de uma única palavra. Estamos perante um fenómeno de polissemia.

Já «canto» (‘ângulo’) e «canto» (‘ato de cantar’) não são aceções de uma mesma palavra. São duas palavras diferentes, como se conclui do facto de estarem em verbetes próprios e confirma o terem étimos diferentes (____ e cantu-). São palavras ____ {homónimas / polissémicas / maluquinhas / homógrafas / homófonas}. São exemplos de um fenómeno de homonímia.



A propósito de «Mofo ou bafio?» e «Primeiro-ministro discursa» (série Lopes da Silva):

A relação que há entre os dois verbos «mofar» cujos verbetes (do Dicionário da Língua Portuguesa, Porto, Porto Editora, 2011) te apresento é de _____ {polissemia / homonímia}. São palavras _____ {iguais / homónimas / homógrafas / homófonas}, como se infere de terem origem diferente: o étimo de «mofar» é o germânico «____» (‘estar mal-humorado’), enquanto «mofar» virá de «mofo» + «____».

A estas palavras, que, tendo étimos diferentes, vieram a coincidir (mas apenas na aparência gráfica e fonética) chamamos também, numa perspetiva histórica, palavras _____ {divergentes / convergentes}.

Este processo nada tem que ver com o da ______: aí, temos uma mesma palavra original a ganhar vários sentidos (várias aceções), num fenómeno de enriquecimento semântico (seja por ______ do sentido inicial, seja por redução).




Quanto a «mofo» e «bafio», são palavras ______ {polissémicas / monossémicas}, mesmo se os sentidos de «bafio» não estão numerados. Aliás, têm uma aceção comum a ambas, ‘____’, e uma outra em que o significado dado remete precisamente para o outro elemento do par de aqui se trata. Há depois uma aceção popular, coloquial, de «mofo», correspondente a ‘_______’, mas já distante das outras.

Ou seja, a diferença que no sketch se queria encontrar não está dicionarizada. A diferença percecionada pelos dois amigos dever-se-ia a uma _______ {denotação / conotação / homonímia} de ordem puramente subjetiva.




Nos verbetes de «maniatar» e de «bloquear» reconhecemos a aceção em que o político usava as duas palavras; a aceção n.º __ de «maniatar» e a n.º __ de «bloquear». No entanto, as pessoas que ouvem o discurso parecem atribuir a «maniatar» ______ {conotação / denotação / polissemia} diferente da que dão a «bloquear».

Esse matiz mais ofensivo talvez esteja contemplado na aceção n.º __ do verbete, marcada com a abreviatura que assinala sentido _____: ‘tolher a liberdade’.

Porém, também pode ser que a aversão a «maniatar» se relacione com o facto de esta palavra, na aceção 2, incluir expressões do campo lexical da ‘polícia’: «______», «______». A multidão interpretaria «maniatar» nesse sentido, sinónimo de «algemar».

No sketch «Parvoíce em torno de sinónimos» (série Meireles) também se brinca com subtis ______ {conotações / denotações} atribuídas a cada palavra, confirmando-se, se acreditássemos sempre nos contrastes usados — «fez»/«efetuou»; «parece-me que»/«dá-me a sensação de que»; «permite»/«possibilita»/«torna possível»; «preciso»/«exato»; «entrevista»/«conversa amena», etc. —, que não há sinónimos perfeitos.

Prepara dois argumentos (com os respetivos exemplos) para:

Estado deve apoiar quem tenha animais de estimação.

Estado deve desincentivar (dificultar) que as pessoas tenham animais de estimação.

[Escolhe só uma das posições. A tinta.]

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TPC — Em Gaveta de Nuvens lê, ou revê, «denotação, conotação; polissemia; hiperonímia, holonímia; campo lexical, campo semântico». Entretanto, não te esqueças de resolver na Classroom a pergunta com um pedido de texto (com cinco funções sintáticas).

 

 

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