Aula 21-22
Aula 21-22 (24 [1.ª], 25 [3.ª], 26 [4.ª], 27/out [5.ª]) Correção
de introdução e conclusão de texto de opinião sobre o Padre Vieira.
Segue-se um resumo do capítulo III do «Sermão de Santo António
aos Peixes», tirado de um livro para crianças (Padre António Vieira, Sermão de Santo António aos Peixes, adaptado
para os mais novos por Rui Lage; ilustrações de André Letria; Quasi, 2008) e completado
por mim num dos parágrafos. Lê o resumo e completa o quadro no verso.
[p. 34, ll. 1-4] Apenas de alguns de vós,
irmãos peixes, falarei agora.
[pp.
34-35, ll. 4-35] O primeiro tem lugar na Escritura, é o peixe de Tobias. Ia Tobias pela margem
de um rio, quando um peixe enorme veio na sua direção para o comer. O anjo Rafael
disse a Tobias que arrastasse o peixe pela barbatana e lhe retirasse as
entranhas, já que o fel (a bílis) lhe seria útil, para curar a cegueira, e o coração,
para vencer os demónios. Com efeito, o fel serviria para aplicar nos olhos do
pai de Tobias, que, sendo cego, logo recuperou a visão. Quanto ao coração,
queimada uma sua parte, fez afastar um demónio que assaltara o próprio Tobias.
[pp. 35-36, ll. 36-64] Quem haverá que não louve e admire muito a rémora,
peixinho tão pequeno no corpo e tão grande na força, que, não sendo
maior que um palmo, quando se pega ao leme de uma nau da Índia a prende e amarra
mais que as próprias âncoras? Oh, se houvesse uma rémora na terra que tivesse
tanta força como a do mar, menos perigos haveria na vida e menos naufrágios no
Mundo!
[p. 36, ll. 65-89] Não menos admirável é a
tremelga, ou raia elétrica, a que os
latinos chamaram torpedo. Cá a conhecemos mais de fama que de vista. Mas com as grandes virtudes é assim: quanto
maiores são, mais se escondem. O pescador segura a cana na mão e deixa o
anzol ir ao fundo; mal a raia morde o isco, começa a tremer-lhe o braço. De
maneira que passa a força da boca do peixe ao anzol, do anzol a linha, da linha
à cana e da cana ao braço do pescador. Oxalá
aos padres, pescadores da terra, lhes tremesse assim o braço do esforço
de tanto pescarem almas! Tanto pescar e
tão pouco tremer!
[p. 38, ll. 1-34] Navegando daqui para o Pará, vi
correr pela tona da água, aos saltos, um cardume de peixinhos que não conhecia.
Disseram-me que lhes chamavam quatro-olhos,
e na verdade me pareceu que eram quatro os seus olhos, em tudo perfeitos. «Dá graças a Deus»,
disse a um destes peixes, pois às águias, que são os linces do ar,
deu-lhes a natureza somente dois olhos, e aos linces, que são as águias da terra,
também dois; e a ti, peixinho, quatro.
A
razão dos quatro-olhos é a de que estes peixinhos, que andam sempre na superfície
da água, não só são perseguidos por outros peixes mas também por aves marítimas
que vivem na costa. Como têm inimigos no mar e inimigos no ar, dobrou-lhes a
natureza as sentinelas e deu-lhes quatro olhos. Ensinou-me esse peixinho que
tanto devo olhar para cima, onde há o azul do céu e nuvens que passam, cheias de
sonhos, como para baixo, onde há terra, respeitando a natureza e vivendo em harmonia
com bichos e homens.
[manual omite] Por fim, irmãos peixes, dou-vos graças
porque ajudais os mais pobres. Elogiem-se
na mesa dos ricos as aves e os animais terrestres com que se fazem esplêndidos
banquetes, mas vós, peixes, continuai a alimentar os pobres, e sereis
recompensados. Tomai o exemplo das
irmãs sardinhas. Porque cuidais que as multiplica o Criador em tão grande
número? Porque são sustento de pobres. As solhas e os salmões são raros,
porque se servem à mesa dos reis e dos poderosos, mas o peixe que sustenta a
fome dos pobres, a esse, Cristo o multiplica e aumenta.
Peixe |
Característica boa (que
deve servir de exemplo aos homens) |
Peixe
de Tobias |
As
suas entranhas deitavam um fel que _______________. |
Rémora |
Apesar
de pequeno, fixando-se ao leme de um barco, _______________. |
Torpedo
(raia elétrica) |
Quando
toca no isco, ______________. |
Quatro-olhos |
Os
seus quatro olhos permitem que _____________. |
Sardinha |
Serve
de _____________. |
Resolve este exercício sobre pontuação,
que se centra no caso das vírgulas:
A(s)
vírgula(s) pode(m) ser usada(s)
1.
para assinalar a elisão (isto é, a omissão) de um elemento.
2. para separar os vocativos.
3. para separar modificadores
(no início ou no meio da frase).
4. para separar elementos
que desempenham a mesma função sintática.
5. para separar orações
coordenadas assindéticas (as sem conjunção) e, até, as sindéticas.
6. para separar alguns conectores.
7. para separar os modificadores
apositivos.
8. para separar uma oração adverbial (principalmente, quando
colocada antes ou no meio da subordinante).
9. para separar orações
subordinadas adjetivas relativas explicativas.
Atribui
às frases uma das explicações (1-9) do uso de vírgula(s) inventariadas em cima:
___
Diogo Jota, o internacional português do Liverpool, marcou dois golos.
___ Comi uma alface,
quando a conheci.
___ Stor, dê-me a fatia
do bolo rançoso.
___ Bebi sangria,
aguardente, bagaço, vinho tinto, chá.
___ Ela tem uma das melhores
memórias; ele, uma das piores.
___ Ontem, comi uma alface
de estimação.
___ Não voteis na lista
Z, votai na lista de vinhos.
___ Não creio, contudo,
que sejas parvo.
___ Combinava, por
vezes, uns assaltos.
___ E, se tudo correr
bem, encontramo-nos em Paris.
___ Porque estava frio,
despi a camisola.
___ A iguana, que estava lindíssima,
beijou o iguano.
O recorte em cima, de «banco»,
permite-nos ver que o trocadilho com «banco» no anúncio do Banif (Paulo Alves)
ou da CGD (Scolari) aproveita duas aceções de «banco»: a segunda no verbete,
‘instituição financeira’, e a _______________, ‘móvel para as pessoas se
sentarem’ (embora, num dicionário mais completo, decerto figurasse ainda o sentido
específico de ‘banco de suplentes’). Estamos, portanto, no domínio do campo _____
{lexical / semântico / relvado} de
uma única palavra. Estamos perante um fenómeno de polissemia.
Já «canto» (‘ângulo’) e «canto»
(‘ato de cantar’) não são aceções de uma mesma palavra. São duas palavras
diferentes, como se conclui do facto de estarem em verbetes próprios e confirma
o terem étimos diferentes (____ e cantu-).
São palavras ____ {homónimas / polissémicas / maluquinhas / homógrafas
/ homófonas}. São exemplos de um
fenómeno de homonímia.
A propósito de «Mofo ou
bafio?» e «Primeiro-ministro discursa» (série Lopes da Silva):
A relação que há entre os
dois verbos «mofar» cujos verbetes (do Dicionário
da Língua Portuguesa, Porto, Porto Editora, 2011) te apresento é de _____ {polissemia / homonímia}. São palavras _____ {iguais
/ homónimas / homógrafas / homófonas},
como se infere de terem origem diferente: o étimo de «mofar» é o germânico
«____» (‘estar mal-humorado’), enquanto «mofar» virá de «mofo» + «____».
A estas palavras, que,
tendo étimos diferentes, vieram a coincidir (mas apenas na aparência gráfica e
fonética) chamamos também, numa perspetiva histórica, palavras _____ {divergentes / convergentes}.
Este processo nada tem que
ver com o da ______: aí, temos uma mesma palavra original a ganhar vários
sentidos (várias aceções), num fenómeno de enriquecimento semântico (seja por ______
do sentido inicial, seja por redução).
Quanto a «mofo» e «bafio»,
são palavras ______ {polissémicas / monossémicas}, mesmo se os sentidos de
«bafio» não estão numerados. Aliás, têm uma aceção comum a ambas, ‘____’, e uma
outra em que o significado dado remete precisamente para o outro elemento do
par de aqui se trata. Há depois uma aceção popular, coloquial, de «mofo»,
correspondente a ‘_______’, mas já distante das outras.
Ou seja, a diferença que
no sketch se queria encontrar não
está dicionarizada. A diferença percecionada pelos dois amigos dever-se-ia a
uma _______ {denotação / conotação / homonímia} de ordem puramente subjetiva.
Nos verbetes de «maniatar»
e de «bloquear» reconhecemos a aceção em que o político usava as duas palavras;
a aceção n.º __ de «maniatar» e a n.º __ de «bloquear». No entanto, as pessoas
que ouvem o discurso parecem atribuir a «maniatar» ______ {conotação / denotação / polissemia} diferente da que dão a
«bloquear».
Esse matiz mais ofensivo
talvez esteja contemplado na aceção n.º __ do verbete, marcada com a
abreviatura que assinala sentido _____: ‘tolher a liberdade’.
Porém, também pode ser que
a aversão a «maniatar» se relacione com o facto de esta palavra, na aceção 2,
incluir expressões do campo lexical da ‘polícia’: «______», «______». A
multidão interpretaria «maniatar» nesse sentido, sinónimo de «algemar».
No
sketch «Parvoíce em torno de
sinónimos» (série Meireles) também se brinca com subtis ______ {conotações / denotações} atribuídas a cada palavra, confirmando-se, se
acreditássemos sempre nos contrastes usados — «fez»/«efetuou»; «parece-me
que»/«dá-me a sensação de que»; «permite»/«possibilita»/«torna possível»;
«preciso»/«exato»; «entrevista»/«conversa amena», etc. —, que não há sinónimos
perfeitos.
Prepara
dois argumentos (com os respetivos exemplos) para:
Estado
deve apoiar quem tenha animais de estimação.
Estado deve
desincentivar (dificultar) que as pessoas tenham animais de estimação.
[Escolhe
só uma das posições. A
tinta.]
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TPC
— Em Gaveta de Nuvens lê, ou revê, «denotação, conotação; polissemia; hiperonímia, holonímia; campo lexical, campo semântico». Entretanto, não
te esqueças de resolver na Classroom a pergunta com um pedido de texto (com
cinco funções sintáticas).
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