Saturday, September 09, 2023

Aula 9-10

Aula 9-10 (29/set [5.ª], 2 [3.ª], 3/out [4.ª, 1.ª]) Entrega dos textos de opinião e a distinção entre argumento e exemplo.

Argumentos vs. Exemplos

Imaginando que teríamos como exemplo «Gil Vicente, no Auto da Barca do Inferno, utiliza as seguintes figuras alegóricas: o Anjo e o Diabo», qual o respetivo argumento mais pertinente (entre 1-4)? [possíveis argumentos:]

1. O recurso a figuras alegóricas provoca o riso.

2. A alegoria possibilita a reflexão crítica de uma forma indireta.

3. O recurso a figuras alegóricas é imprescindível para a moralização.

4. A alegoria é o recurso expressivo mais importante para a crítica.

Distingue argumentos (A) e exemplos (E):

1. Nos cortejos de Carnaval são utilizados carros alegóricos para criticar aspetos sociais e políticos.

2. No Auto da Feira, Roma é uma personagem alegórica.

3. A crítica veiculada de uma forma indireta é mais feliz.

4. O humor é uma manifestação de inteligência.

5. Nos seus sermões, Vieira recorre a parábolas bíblicas e explica o seu significado alegórico.

6. O recurso à alegoria contribui para cativar o auditório.

[os exercícios em cima são de Maria João Pereira & Fernanda Delindro, Palavras 11, Porto, Areal, 2016]

Repara nesta classificação de tipos de argumentos (usei sobretudo: Rui Alexandre Grácio, Vocabulário Crítico de Argumentação, Coimbra, Grácio Editor, 2013):

Argumento por analogia — Assimilação de uma relação geralmente conhecida a outra, que pode ser mais problemática. Aproximam-se dois fenómenos particulares. A refutação típica de um argumento por analogia é «não se podem comparar coisas que não são comparáveis». No campo jurídico, o precedente implica um argumento analógico.

Argumento dedutivo (dedução) Passagem de proposições, tomadas como premissas, para uma nova proposição, que é a sua consequência necessária. Trata-se de um argumento «lógico»: «Todos os homens são mortais | Arnaldo é homem | Arnaldo é mortal».

Argumento indutivo (indução) — Passagem do particular para o geral. Partindo de um facto, observação, experiência, conclui-se uma lei geral (estamos no domínio da probabilidade): «A água do Tejo, do Douro, do Mondego é doce | O Tejo, o Douro, o Mondego são rios | A água dos rios é doce».

Argumento de autoridade — Citação de alguém reconhecido como autoridade na matéria em causa.

Depois de vermos dois trechos de episódios da segunda temporada do Programa do Aleixo, completa.

episódio 1 (vê só de 1.20 a 5.10):

episódio 3 (vê só de 0.45 a 4.40):

No episódio 1 é discutida a tese «É preferível urinar-se no _________________». Nesse «Debate Tipo Prós & Contras», a referida tese é _____ por uns (Busto, Nélson) e refutada por outros (Renato, Bussaco, Bruno).

Os «argumentos» — na verdade, não se trata de argumentos bem formulados, mas podemos reconstituir as premissas em que se fundariam —, em apoio ou em prejuízo da ____, podem exemplificar a tipologia na página anterior (nota, porém, que este exercício é bastante amador — é bem provável que estes «argumentos» pudessem ser escrutinados de outro modo):

Completa com dedutivo / indutivo / por analogia / de autoridade

Faço na mata porque o chichi também é natureza (Bussaco)

{Mata integra natureza / Chichi lembra natureza / Chichi deve fazer-se na mata}

Argumento _____

Faço no duche porque uma vez saí do banho para fazer chichi e, quando voltei para o banho, já não havia água. (Nélson)

{Uma vez saí do banho e deixou de haver água / Presumo que todas as vezes que saia do banho faltará a água}

Argumento _____

Não havia água, porque puxaste o autoclismo. (Renato)

{Inválido, porque pode haver outros motivos para faltar a água}

Argumento indutivo

Se não puxasse, ficava a casa de banho a cheirar a chichi. (Nélson)

{Se o chichi ficar na retrete, a casa de banho cheirará mal / Se não puxar o autoclismo, o chichi fica na retrete / Se não puxar o autoclismo, a casa de banho cheirará mal}

Argumento _____

Se se fizer chichi no banho, poupam-se descargas de autoclismo. (Busto)

{Se se fizer chichi no banho, usa-se menos vezes a sanita / Se se usar menos vezes a sanita, poupam-se descargas do autoclismo / Se se fizer chichi no banho, poupam-se descargas do autoclismo}

Argumento _____

Ao contrário da água dos autoclismos, que vai para o mar, a do duche volta a ser distribuída; por isso, se se fizer chichi no duche, beberemos a nossa urina. (Bruno)

Argumento _____, assente em premissa falsa

A água com detergente das casas de banho vai para a piscina, porque a piscina tem um cheiro característico e é azul, e a água com detergente tem um cheiro característico e é azul. (Nélson)

{Inválido, porque o cheiro característico não tem de vir obrigatoriamente da água com detergente}

Argumento _____

No episódio 3, Renato alega que «uma vez, um homem morreu depois de ter bebido por latas com urina de rato», o que constitui um argumento ________ (se isso aconteceu uma vez, é de prever que aconteça assim mais vezes).

Falta-nos um exemplo de argumento de autoridade, mas podíamos inventá-lo: {sobre a tese ‘Beber diretamente da lata é perigoso’}: «. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .».

Na p. 56 tens uma nova apreciação crítica a um filme, desta vez, ao filme sul-coreano Parasitas, realizado por Bong Joon-ho. O autor do texto é Alexandre Borges. Responde aqui às perguntas da p. 57.

1. No terceiro parágrafo, as referências ao «jornal» e ao «filme sul-coreano» contribuem para realçar ({escolhe} A | B | C | D)

2. De acordo com os dois últimos parágrafos, Parasitas distingue-se de outros êxitos de bilheteira de língua não inglesa (A | B | C | D)

3. Na frase «Ponham uma cara feliz» (l. 1), o autor concretiza um ato de fala (A | B | C | D)

4. Com o uso da locução «Mesmo que» (l. 2), introduz-se um valor de (A | B | C | D)

5. Todas as orações abaixo transcritas são adjetivas relativas, exceto a oração (A | B | C | D) [repara que, em «não assumindo que são a sua família» (l. 27), o segmento sublinhado é substituível por «o», logo é complemento direto e oração subordinada substantiva completiva]

6. Identifica as funções sintáticas desempenhadas por

a. [dou-te a seguinte ajuda: «tão mais admirável» é o predicativo do sujeito] _____

b. [não é agente da passiva, nem complemento oblíquo] _____

7. Identifica o tipo de dêixis assegurado:

a. _____ | b. _____

Traduz de forma mais denotativa o que sublinhei (que está usado no texto, portanto, conotativamente, isto é, em sentido figurado):

ll. 12-17: Não admira que convidar alguém para ir ao cinema ver um filme sul-coreano se arrisque a ter por resposta a expressão de terror de quem na verdade ouviu “pós-doutoramento em culturas asiáticas e literaturas antigas comparadas, com aula prática de tortura”.

Não admira que convidar alguém para ir ao cinema ver um filme sul-coreano ____________

ll. 18-19: do filme de Bong Joon-ho, que entre nós resiste há mais quatro épicos meses em cartaz.

do filme de Bong Joon-ho, que entre nós ____________

ll. 41-42: Porque é humano, não uma banda desenhada presunçosa e moralista.

Porque é humano, não _____________

O que te peço são os dois parágrafos (com dois argumentos e respetivos exemplos — um por cada argumento) [nas turmas com menos tempo: um parágrafo (com um argumento e respetivo exemplo], em torno do tema proposto na p. 115: «Nos dias de hoje os jovens mobilizam-se por causas».

A tua posição pode ser favorável ou desfavorável a esta tese. Ambos os argumentos defenderão a mesma perspetiva.

. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .

TPC — Lê a ficha corrigida sobre Funções sintáticas em Gaveta de Nuvens.

 

 

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