Aulas (2.º período: 82-101)
Aula 82-83 (8
[1.ª], 9/fev [3.ª]) Na
p. 175, lê o poema de Afonso Cruz (que devíamos ter
aproveitado já na aula passada, para que calhasse no dia que lhe serve de
título).
Transcreve, se necessário com ligeira
reformulação, o antecedente (o referente) da anáfora «lo» (v. 2): _________
Explica a singularidade, as
idiossincrasias, do diário referido na última estrofe.
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Como adivinhamos que o autor das linhas
biográficas no final da página (tiradas da contracapa de Mar) terá sido o próprio Afonso Cruz?
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[Exercício de Gramática Prática de Português. Da Comunicação à Expressão. Exercícios:]
Reescreve as frases, substituindo as expressões destacadas pelos pronomes
pessoais convenientes:
a) Elas lavaram os pratos.
b)
Amanhã faremos o bife.
c)
A Vénus e eu comprámos os
hipopótamos.
d)
O Novak telefonou à Jlena e a ti.
e)
O meu primo falou aos traficantes.
f) A Iva
ofereceu os presentes à aniversariante.
g) Diz
a verdade, estúpido!
h)
Faria a viagem contigo, Eusébio.
i)
Não provarei o cozido.
Alguns itens de
exame (com orações)
[2015, 1.ª fase:]
9. Identifique a função sintática desempenhada pela
oração subordinada presente na frase «E diz que o olfato perdeu importância em
favor da visão» (linha 21).
10. Classifique a
oração iniciada por «mesmo se» (linha 29).
[Cresce
todo um comércio ligado ao olfato ambiental, com aromas para as várias divisões
da casa e para o automóvel, líquidos que imitam o odor do pinheiro ou da
lavanda, mesmo se os nossos estilos de vida nos distanciam cada vez mais da
natureza.]
[2015,
2.ª fase:]
9. Identifique o valor da oração subordinada
adjetiva relativa introduzida por «que» (linha 10). [A fidelidade do realizador
ao texto começa nessas palavras, ditas por um narrador que, falando pela voz de
Eça, não pretende ser o escritor, nem imitá-lo, mas apenas contar a história
por ele, assim continuando em todo o filme, introduzindo lugares, personagens,
episódios.]
[2015, época especial:]
7. A oração «que vai começar o embarque» (linha 16)
[Quando a voz do altifalante avisa que vai começar o embarque, não tenho
pressa.] é uma oração subordinada
(A) substantiva relativa. | (B)
substantiva completiva. | (C) adjetiva relativa. | (D) adverbial consecutiva.
8. Identifique o valor da oração subordinada
adjetiva relativa presente em «A mente, ocupada com a obsessão de eliminar
problemas antigos, não se liberta a conceber a viagem que começará em breve.»
(linhas 7 e 8).
9. Identifique a função sintática desempenhada pela
oração subordinada presente na frase «Sei que chegaremos todos ao mesmo tempo.»
(linha 18).
Itens de exame
(com funções sintáticas)
[2016,
1.ª fase:]
5. Nas
expressões «protege-nos dos riscos» (linha 17) e «A ciência traz-nos
constantemente novos riscos» (linhas 28 e 29), os pronomes pessoais desempenham
as funções sintáticas de
(A) complemento indireto e
de complemento direto, respetivamente.
(B) complemento direto e de
complemento indireto, respetivamente.
(C) complemento indireto,
em ambos os casos.
(D) complemento direto, em
ambos os casos.
10. Refira a função
sintática desempenhada pela oração subordinada presente em «é inevitável que
vivamos permanentemente sob ameaças» (linha 8).
[2016,
2.ª fase:]
8. Identifique a
função sintática desempenhada pela expressão «o rio Saône» (linha 14). [Vai
levando o rio Saône a sua corrente envenenada, e é neste momento que uma gota
de água se me desenha na memória, como uma enorme pérola suspensa, que devagar
vai engrossando e tarda tanto a cair, e não cai enquanto a olho fascinado.]
[2015,
2.ª fase:]
10. Refira a função sintática
desempenhada por «que» (linha 26). [Em Os Maias de João
Botelho, ao contrário do que acontece com as personagens, e à parte as cenas de
interior, filmadas em ambientes da época que
ainda hoje mantêm as suas características — a Casa Veva de Lima, o Grémio
Literário —, não encontramos cenários realistas, que a Lisboa de hoje não
permitiria.]
[2014, 1.ª fase:]
2.1. Identifique a
função sintática desempenhada pela palavra «queirosiano» (linha 13). [Mas se é
verdade que Eça continua atual, e Portugal em muitos dos seus traços
sociológicos continua queirosiano,
parece-me desajustado que se continue a divulgar a ideia de que a sua prosa e
os seus tipos constituem uma espécie de bitola geneticamente inultrapassável.]
[2014, 2.ª fase:]
2.3. Identifique a função sintática desempenhada
pelo pronome pessoal em «pode inspirar-nos em cada tempo» (linhas 29 e 30). [O
magistério crítico de Vieira ainda faz sentido nos dias de hoje e pode
inspirar-nos em cada tempo para não desistirmos de construir uma sociedade mais
justa e mais fraterna.]
[2014, época especial:]
2.3. Identifique a função sintática
desempenhada pela expressão «viver e pensar» (linha 25). [Caeiro não é um
filósofo, é um sábio para quem viver e
pensar não são atos separados.]
[2013, 1.ª fase:]
2.3. Identifique a função sintática
desempenhada pela expressão «secreta e insolúvel» (linha 22). [Permanecerá para
sempre secreta e insolúvel.]
[2013, 1.ª fase, data especial:]
2.3. Identifique o
sujeito da oração «mas com as viagens marítimas tudo mudou» (linhas 17 e 18).
[2013, 2.ª fase:]
1.7. Na frase «A mãe tentou compensar-me, tentou lutar
contra a minha morte dando-me poesia.»(linha 36), os pronomes pessoais
desempenham, respetivamente, as funções sintáticas de
(A) predicativo do sujeito e
complemento direto.
(B) complemento indireto e
complemento direto.
(C) complemento direto e complemento
indireto.
(D) predicativo do sujeito e complemento indireto.
[2013, época especial:]
2.3. Identifique a função sintática do
pronome pessoal sublinhado em «eu tenho livros que me foram oferecidos»
(linha 26).
Dá um relance aos textos diarísticos de Miguel
Torga, na p. 173, e de Vergílio Ferreira, na p. 171, bem
como ao enquadrado com as características do diário. Depois, escreve texto em prosa — diarístico,
memorialístico, cronístico, mas sempre de 1.ª pessoa — cujo título fosse
29 de fevereiro
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Classifica quanto à função sintática os
segmentos sublinhados (nota que não acrescentei pontuação ao poema, pelo que,
como é normal nestes casos de reprodução de letras de canções, sendo escassa a
pontuação inscrita, nem sempre fica clara a sintaxe que o autor pretendia).
«Palhaços» (The soaked
lamb [música: Afonso Cruz e Tiago Albuquerque / letra: Gito Lima])
Senhoras, senhores
_______
Meninas, meninos
Operários, doutores
Grandes e pequeninos
A pedido das melhores famílias _______
Quem tem voto neste assento _______
O circo veio de malas e mobílias
P’r’acabar com o lamento _______
Com os animais habituais
Tem outros tais, bem especiais
São lobos, cobras, lagartos _______
Palhaços ricos e fartos
O circo chegou à cidade _______
Numa tenda de pedra e cal
Traz paz, traz felicidade _______
Até dinheiro e coiso e tal
Artistas nas faces das revistas
De pés p’r’ó ar e vice-versa
Ilusionistas bem malabaristas
Balões de ar e de conversa
Já arde o teto do barraco ________
Não se mexam do lugar ________
É parte do grande espetáculo
Ninguém sai até acabar
O circo chegou à cidade
Numa tenda de pedra e cal
Traz paz, traz
felicidade _______
Até dinheiro e coiso e tal
O circo chegou à
cidade _______
Numa tenda de pedra e cal
Traz paz, traz felicidade
Até dinheiro e coiso e tal
O circo está instalado
E está mesmo aqui ao lado. ________
Aula 84R-84 (9 [1.ª], 10/fev [3.ª]) Entrega de redações diarísticas.
Erros recorrentes
Na tabela reuni erros que me têm aparecido nas redações. Em
vez de estar a explicá-los em slide — repetidamente e com pouco efeito! —,
resolvi juntá-los, na esperança de que sejam mais advertidos assim. Se voltarem
a aparecer em redações vossas, ficarei mal impressionado.
erro (não o olhem muito) |
forma
correta
(olhem-na) |
explicação (ou truque) para evitar o erro no futuro |
obcessivo obceção obsecado |
obsessivo obsessão obcecado |
só quando há um som de =
/k/ é que o som /s/ também corresponde a um cê (ou seja: ou são só cês ou são
só esses): SSS / SSS / CC |
à cerca de |
acerca de |
«acerca de» = ‘sobre’;
não se confunda com «há cerca de um ano» (com tempo percorrido); nem com «cerca
de Coimbra» = ‘próximo de’ |
precurso prespetiva perconceito percursor |
percurso perspetiva preconceito precursor |
quando há conotação de
‘através de’ = per-; quando há
conotação de ‘antes’ = pre- |
vêem ou vêm |
veem |
há duas vogais em «veem»,
«leem», «creem», «deem» (e já deixou de haver o acento gráfico na primeira
das vogais); «têm» (ter) e «vêm» (vir) têm som claramente diferente |
analizar sintetisar |
analisar sintetizar |
-izar é o sufixo (e aparece muito, como em «sintetizar»); em
«analisar» não há esse sufixo, é análise
+ ar |
é nos |
é-nos |
nestas ênclises, há
sempre hífen («são-me»; «dizem-nos») |
à muito tempo à anos, à bocado à pouco |
há muito tempo há anos, há bocado há pouco |
«haver» + ‘decurso de
tempo’ (passarei a punir muito este erro, que foi o primeiro que adverti no
décimo ano) |
[se eu] torna-se [se ele] volta-se |
tornasse voltasse |
perceber que o som de
«torna-se» nunca poderia ser [turnas] com a
aberto (aquele -a final ler-se-ia
[α]) |
andar-mos fizer-mos |
andarmos fizermos |
pôr em outra pessoa para
se perceber que aquele «mos» não é pronome («se eu andar», «se tu andares»,
...) |
espontaneadade |
espontaneidade |
fixar a grafia (a
ortografia é bastante questão de memória) |
espontâneamente |
espontaneamente |
nos advérbios de modo,
não se mantém o acento que havia no adjetivo («espontâneo»), porque ele se
justificava por a palavra ser esdrúxula e o advérbio já é palavra grave |
incontestávelmente potênciador |
incontestavelmente potenciador |
há acento em «potência»,
«incontestável», etc., porque eram esdrúxula e grave terminada em -l, mas isso já não sucede nas suas
derivadas (grave e aguda) |
possivél |
possível |
o acento deve-se a
tratar-se de palavra grave terminada em -l,
por isso fica na sílaba tónica, a penúltima |
[isso] evidência |
[isso] evidencia |
o nome «evidência» tem
acento por ser esdrúxula; mas a 3.ª pessoa do verbo «evidenciar» já é uma
palavra grave |
substituíndo caíndo substituido caido |
substituindo caindo substituído caído |
-uin-, -ain- não
precisam de acento para desfazer ditongo (os gerúndios não levam estes
acentos), mas -uí- e -aí- precisam (os particípios passados
levam acento para desfazer o ditongo) |
dia-a-dia fim-de-semana |
dia a dia fim de semana |
depois do AO, estas
expressões com três elementos (preposição no meio) não costumam ter hífenes |
supérfulo |
supérfluo |
decorem a grafia boa (a
pronúncia nem se considera errada, mas pronúncia e grafia são coisas
diferentes) |
individuos |
indivíduos |
é esdrúxula, logo o
acento é obrigatório |
supôr, impôr, contrapôr, ... |
supor, impor, contrapor, ... |
derivados de «pôr» não
têm acento |
á, ás |
à, às |
estou fartíssimo deste
erro (o acento grave usa-se só na contração da preposição «a» + determinante
ou pronome: à, às, àquele(s), àquela(s), àqueloutro(s), àqueloutra(s), àquilo)
|
mantem, retem |
mantém, retém |
os derivados de «ter» têm
acento (ao contrário de «tem»), porque são palavras agudas com mais do que
uma sílaba |
demonstra |
mostra |
«demonstrar» implica uma
explicação quase científica |
relembrar |
recordar, lembrar |
«relembrar» é ‘voltar a
lembrar’ (usa-se em advertências) |
remontar para |
remeter para |
«remeter para» usa-se
muito na análise de textos («remontar» usa-se em outro contexto: «remonta à
Idade Média o uso de armas de fogo») |
apercebe-se que |
apercebe-se de que |
«aperceber» implica o
«de» (ao contrário de perceber que) |
apesar das pessoas quererem |
apesar de as pessoas quererem |
não há contração destes
«de» quando o artigo que se segue faz parte de uma oração (infinitiva); «o
facto de» e «apesar de» costumam originar estas situações |
aconteceu isto o que se revelou... |
aconteceu isto, o que se revelou... |
«o que» é sempre
precedido de vírgula (é uma explicação adicional) |
como por exemplo |
como, por exemplo, |
«por exemplo» fica sempre
entre vírgulas (de qualquer modo, não é expressão que eu aconselhe) |
a ideia que a água faz bem a convicção que |
a ideia de que a água faz bem a convicção de que |
estes nomes são regidos
por «de» (também «a afirmação de que», embora com o verbo seja «afirmou que») |
ter conexão com |
ter ligação com/a |
«conectar» ainda se
circunscreve ao léxico da tecnologia |
a
maneira de como |
a maneira como |
nem sei de onde veio
aquele «de» |
agradar os outros |
agradar aos outros |
«agradar» costuma pedir
complemento indireto |
eventualmente realizar questionar tu sentes que |
finalmente imaginar perguntar sentimos que |
reporto-me ao uso
enquanto falsos amigos (isto é, por contaminação de expressão idêntica
de outra língua); é claro que podemos usar «eventualmente» no sentido de
‘talvez’; «realizar», como ‘fazer’; «questionar», com o valor de ‘pôr em
causa’; e o uso da 2.ª pessoa que critico é o de generalizador (à futebolista
que jogou em Espanha) |
No passo que vimos de «Diz que é uma espécie de magazine», os
Clã alteraram a letra da canção «Problema
de expressão» de maneira a que incluísse erros relativamente comuns (que se
pretendia ridicularizar). Completa a coluna onde pus a forma correta.
erro |
correção |
comentário |
a gente vamos |
a gente ___ nós vamos |
além do erro de flexão,
deve dizer-se que «a gente» só é aceitável em registos informais |
vocês há-dem |
vocês ____ |
o erro deve-se a analogia
com o final típico dos verbos no plural; entretanto, depois do AO dexou de se
usar hífen em «hei de», «hás de», «hão de» (tem lógica: este «de» não é
nenhum pronome) |
tou-te a amar-te |
___ a amar-te |
dizemos «‘tar», mas
escrevemos «estar» (cuidado, que «tivesse» e «estivesse» são especialmente
confundidas); e há a repetição do pronome |
sim, sinhora |
sim, ____ |
o /i/, na oralidade, não
é erro; deve dizer-se «senhor» se nos estivermos a dirigir a um homem |
bode respiratório |
bode ____ |
o adjetivo não tem que
ver com «espiar» (é de «expiar», ‘remir a culpa’ — cfr. título de livro/filme
Expiação) |
cidadões |
_____ |
os diferentes plurais de -ão resultam dos étimos latinos
(terminados em -anu, -ane, -one),
mas houve depois fenómenos de analogia que trouxeram estas confusões |
prontos |
___ [ou nada dizer] |
este bordão, marcador
conversacional, é demasiado popular (o -s
final surge em outros plebeísmos) |
áuga |
_____ |
é uma metátese que
aconteceu frequentemente na história do português |
houverem umas |
____ umas |
«haver» não tem sujeito,
enquanto verbo principal não vai para o plural («saladas» era complemento
direto) |
sladas |
_____ |
não me parece que seja
erro frequente |
runião |
_____ |
na fala não se pode
considerar erro |
treuze |
_____ |
é fenómeno sem grande
interesse (assimilação, creio) |
quaisqueres |
_____ |
no plural de «qualquer»,
só o «qual» se flexiona, já que «quer» era verbo |
discutistes estivestes |
_____ _____ |
a 2.ª pessoa do singular
do Pret. Perfeito termina em -ste
(como já não se usa a 2.ª do plural, há quem as confunda). |
chòriço |
_____ |
na verdade, a pronúncia é
quase igual (no norte, não, porque -ou-
é dito como ditongo: /ow/) |
mostra maminha |
mostra-me a ___ |
não é erro, mas uma
cacofonia (que os puristas dizem que se deve evitar — Camões, por exemplo,
foi criticado pelo célebre «Alma minha
gentil que te partiste» ser cacofónico) |
quando as veres |
quando as ___ |
é fácil confundir o
Futuro do Conjuntivo («vires») com o Infinitivo Pessoal («veres»), porque em
muitos outros verbos os dois tempos coincidem |
Os grupos III de provas exame têm sido textos
de opinião (como já fomos treinando) ou apreciações críticas (de
imagens, pinturas, cartoons), uns e outros com entre 200 a 350 palavras. Os
dois géneros estão explicados nas pp. 26-27 do anexo do livro. Transcrevo o
enunciado típico nos casos em que se pede uma apreciação crítica:
III
Num texto bem estruturado, com um mínimo de
duzentas e um máximo de trezentas e cinquenta palavras, faça a apreciação
crítica do cartoon abaixo apresentado, da autoria de Fulano.
[vem um cartoon ou uma pintura]
O seu texto deve incluir:
— a descrição da imagem apresentada, destacando elementos significativos
da sua composição;
— um comentário crítico, fundamentando
devidamente a sua apreciação e utilizando um discurso valorativo;
— uma conclusão adequada aos pontos de
vista desenvolvidos
A imagem sobre que te vais
ocupar será o desenho principal de uma capa de um Inimigo Público — que,
recentemente, se deixou de publicar enquanto suplemento do Público
(continua mas apenas como página no Expresso).
Além dessa imagem maior, haverá o texto da
notícia que o desenho ilustra, a que também deves fazer menção, integradamente.
No fundo, neste caso, a apreciação crítica debruça-se não rigorosamente sobre
uma imagem mas sobre uma notícia (satírica) ilustrada. O desenho/cartoon estará
assinado por N[uno] S[araiva]. No resto, deves tentar seguir o estipulado no
enunciado do exame.
Escolhe a capa que mais te convier entre os
dois ou três exemplares que te puser sobre a carteira. [Podem ver-se algumas
capas aqui.]
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TPC — Relanceia reproduções das fichas do Caderno de atividades, já resolvidas, relativas aos géneros Apreciação
crítica e Artigo de opinião (pp.
86-91).
Aula 85-86 (11/fev [1.ª, 3.ª]) O exame de 2018, 1.ª fase, incluía um texto de Mensagem, de Fernando Pessoa, «[Screvo meu livro à beira-mágoa]» (está na p. 81 dos livros sobre as mesas).
Como já lhes disse quando vimos a estrutura
da obra, trata-se de poema bastante singular: é o único de Mensagem sem título; parece que se refere ao próprio autor (seria o
poeta o terceiro dos profetas (cfr.
«Avisos») do Quinto Império: Bandarra, Padre Vieira, Fernando Pessoa); usa um
estilo mais lírico, mais intimista, do que o resto de Mensagem.
Porém, nada disto era aflorado na prova de
exame, a não ser talvez na pergunta 3.
Grupo I — Parte A
Leia o poema.
1 Screvo meu livro à beira-mágoa.
Meu
coração não tem que ter.
Tenho
meus olhos quentes de água.
Só
tu, Senhor, me dás viver.
5 Só te sentir e te pensar
Meus
dias vácuos enche e doura.
Mas
quando quererás voltar?
Quando
é o Rei? Quando é a Hora?
Quando
virás a ser o Cristo
10 De a quem morreu o falso Deus,
E
a despertar do mal que existo
A
Nova Terra e os Novos Céus?
Quando
virás, ó Encoberto,
Sonho
das eras português,
15 Tornar-me mais que o sopro incerto
De
um grande anseio que Deus fez?
Ah,
quando quererás, voltando,
Fazer
minha esperança amor?
Da
névoa e da saudade quando?
20 Quando, meu Sonho e meu Senhor?
Fernando Pessoa,
Mensagem, edição de Fernando Cabral
Martins, Lisboa, Assírio & Alvim, 1997.
1. Caracterize o estado de alma do sujeito poético,
expresso nos seis primeiros versos.
2. Justifique o recurso simultâneo à anáfora e à
frase interrogativa a partir do sétimo verso do poema.
3. Explique, com base nas duas últimas estrofes, por
que razão o sujeito poético pode ser considerado um profeta.
4. Identifique duas características do discurso
lírico de Mensagem presentes no poema
e transcreva um exemplo significativo para cada uma delas.
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Classifica o ato ilocutório presente
em cada uma das intervenções (de Último a
sair, expulsão de Débora):
[ Os atos ilocutórios podem ser agrupados
consoante a força ilocutória (o objetivo ilocutório) que apresentam:
diretivos (pretende-se que o interlocutor atue
de acordo com a vontade do locutor) — «Querem abrir os livros na p. 321?»;
«Abram os livros na p. 321».
assertivos (assinala-se a posição do locutor
relativamente à verdade do que diz) — «Não há dúvida de que esta é a melhor
frase»; «Admito que haja aqui um equívoco meu».
expressivos (traduz-se o estado de espírito do
locutor relativamente ao que diz) — «Entristece-me que tenha partido»; «Muitos
parabéns pelo teu teste».
compromissivos (responsabilizam o locutor
relativamente a uma ação futura) — «Não darei aula no dia 1 de fevereiro»;
«Prometo entregar os prémios Tia Albertina».
declarativos (aquilo que se diz cria, por si
só, uma nova realidade) — «Absolvo-te das falhas cometidas»; «Fica aprovado com
catorze valores». ]
Eliminada.
(no gráfico) |
|
Os
portugueses acabaram de decidir. |
|
Fogo,
meu! (dito por Luciana Abreu) |
|
Baza! |
|
Vou
ser a única mulher aqui na casa. (Luciana,
chorosa) |
|
Tem
dois minutos para abandonar a casa. |
|
Ah!
Lindo, lindo, lindo! (Roberto Leal a
ver Débora a abraçar Unas) |
|
Porque
é que fizeste isso, Débora? (por Unas) |
|
Só
tenho pena de não ter comido o açoriano. |
|
Amo-te
Débora! (por Débora) |
|
*
Sim, vou descongelar duas portadas para o jantar do César. |
|
Completa depois de vermos o passo
de O último a sair.
Frases de O último a sair — «Terapia de relaxamento» |
v a
l o r
e s |
||
temporal |
aspetual |
modal |
|
Aprendi
em Algés uma técnica de relaxamento à base de peixe. |
________ |
________ |
XXXXXXX |
Isto
é só malucos, meu, fogo! |
________ |
________ |
________ |
Não posso explicar antes [ser à base de peixe]. |
simultaneidade |
XXXXXXX |
________ |
Fecha os olhos, vai respirando. |
________ |
________ ________ |
deôntico
(obrigação) |
Estás
a sentir? |
________ |
imperfetivo |
XXXXXXX |
Não
andamos aqui a mandar com uma sardinha uns aos outros. |
________ |
________ |
XXXXXXX |
Com
uma dourada é que é! |
XXXXXXX |
XXXXXXX |
________ |
Andaram a mexer no armário dos medicamentos... |
________ |
________ |
XXXXXXX |
Eu
estou parvo, de certeza absoluta. |
________ |
________ |
________ |
Tens de tomar a raia de oito em oito horas. |
________ |
________ |
________ |
Estragou
a raia. |
________ |
________ |
XXXXXXX |
Porque isto está a afetar-me mesmo! |
________ |
________ |
________ ________ |
Depois de revermos curto trecho de série biográfica sobre
Garrett, completa:
Frei Luís de
Sousa |
Birdman, ou a inesperada virtude da
ignorância |
Peça,
escrita por Almeida Garrett, aproveita história, em parte, ______ e já
abordada por outros autores. |
Peça
é adaptação — feita pelo próprio Riggan? — de um romance de ______, De que falamos quando falamos de amor. |
Garrett
preocupou-se muito com a boa receção da peça: fez ele próprio uma primeira
leitura da peça no Conservatório, em 1843, acompanhada de um texto teórico
(«Memória ao _____ Real»). No mesmo ano fez ainda outra leitura mais
familiar. |
Riggan
Thomson preocupa-se com o sucesso da peça, que vê como redentora, a forma de
deixar de ser identificado apenas com o ator de Birdman. Nas leituras do original entre atores, aconselha, vigia;
ansioso, acaba por ______ um dos atores que considerava inábil. |
Na primeira
representação, ainda em 1843, no teatro da Quinta do Pinheiro (o atual Teatro
Tália) e em contexto quase familiar, Garrett representou o papel de ______ (e
terá sido decerto também o encenador). |
O herói do filme
desempenha um papel e é também o ______, mas logo nas primeiras
representações (ensaios ainda perante público: ensaios gerais, ante-estreias)
é desautorizado pelo ator que contratara. |
A segunda representação
foi no Teatro do ______ (por profissionais), em 1847, e em 1850 a peça subiu
ao palco do Teatro Nacional. |
Todo o filme se passa num
teatro da ______, vista como o desafio máximo na carreira dos atores e na
avaliação do sucesso de uma peça. |
Aula 87-88 (15 [1.ª], 16/fev [3.ª]) Correção de textos de opinião.
A Reprodução do discurso no discurso —
ou Modos de relato do discurso —
está sintetizada nas pp. 23 e 24 do anexo do manual. Para a exercitarmos,
socorro-me mais uma vez da Nova Gramática
Didática de Português. (Obrigado, NGDP.)
1. Identifique os modos de relato de discurso
[discurso direto, discurso indireto, discurso indireto livre] presentes nos exemplos seguintes.
Texto
1
—
O telefone está a tocar! — disse a mãe.
—
É para mim. Não atendas. — respondeu o filho.
Texto
2
— Manos! O cofre tem três chaves... Eu
quero fechar a minha fechadura e levar a minha chave!
— Também eu quero a minha, mil raios! —
rugiu logo Rostabal.
Rui sorriu. Decerto,
decerto! A cada dono do ouro cabia uma das chaves que o guardavam.
Eça
de Queirós, «O
Tesouro», Contos.
Texto
3
— «E tu, Chico Calado?»
— E o Chico Calado lá explicou na sua linguagem de trejeitos que gostaria de
poder impingir os seus elixires sem suportar perseguições nem pedradas.
José
Gomes Ferreira,
Aventuras de João Sem Medo.
Texto
4
E ele respondeu que nunca na vida fora
visto por um médico, nunca tomara um remédio comprado na farmácia, e não era
agora que havia de mudar.
António
Mota, A Casa das Bengalas.
2. Transponha as frases seguintes para o
discurso indireto, utilizando alguns dos verbos listados abaixo, de forma a não
repetir o verbo dizer.
insistir / anunciar / exclamar / perguntar
/ explicar / concordar / prometer / admitir
a) — Vou-me casar para o ano — disse o Honório.
b)
— Amanhã estou lá às 10 horas. Não faltarei — disse a Josefa à irmã.
c)
— Tens mesmo de ir à minha casa — disse o Adão à Iva.
d)
— Deve ligar este fio ao vermelho e carregar no botão — disse o funcionário da
loja.
e)
— Onde vais amanhã? — disse o Emanuel.
f)
— Eu menti porque tive medo. Não volta a acontecer, mãe! — disse o António.
g)
— Sim, esta nota é falsa — disse o Dinis ao Rui.
h)
— Não aguento mais esta situação! — disse a Helena.
Na p. 8 do manual, o excerto de Os Maias interessa-nos por causa
do discurso indireto livre, mas
também para descortinarmos elementos
trágicos.
Lê o texto. Depois, vê as soluções já
lançadas das perguntas 1, 2 e 3 da p. 9, completando as lacunas com termos
relativos à tragédia clássica (a escolher entre estes:
Hybris ou húbris (desafio
das personagens à ordem instituída) || Peripécia (momento em que se verifica uma alteração no rumo dos
acontecimentos) || Anagnórise (reconhecimento ou revelação de acontecimentos desconhecidos)
|| Clímax (momento de maior
intensidade da ação) || Catástrofe
(desenlace trágico) || Ágon (conflito vivido pelas personagens) || Pathos (sofrimento crescente das
personagens) || Ananké
(destino) || Catarse (efeito purificador nos
espetadores)
1. Situa o texto na estrutura interna do
romance.
R.: O texto integra um momento-chave da
intriga principal, a revelação de que Carlos e Maria Eduarda são irmãos. É
Guimarães, tio de Dâmaso e recentemente chegado de Paris, que revela a Ega esse
parentesco, preparando-se para lhe entregar uma caixa com papéis de Maria
Monforte.
Podemos dizer que este
momento de Os Maias — em cuja
estrutura encontramos, ao lado de uma feição de painel social, um eixo que tem características de tragédia — corresponderá ao que, nas
tragédias clássicas, se designa _____, na medida em que equivale a um
reconhecimento (Maria Eduarda é a filha de Maria Monforte, logo é a irmã de
Carlos — como em Frei Luís de Sousa
temos a identificação do Romeiro com João de Portugal, por Jorge). Esta
revelação de dados desconhecidos, aliás casual, constitui também a _____,
implicando a mudança do curso da ação.
2. Caracteriza o estado emocional da
personagem Ega, referindo os motivos de natureza pessoal que o justificam.
R.: Depois da terrível revelação, quando fica
sozinho, à espera do Guimarães, Ega sente uma profunda angústia, misturada com
confusão emocional («como um sonâmbulo»). Mas a certeza do parentesco de Carlos
e Maria Eduarda é abalada pela racionalidade de Ega, que começa a desconfiar
(«subiu nele uma incredulidade») de uma história tão incrível, uma «catástrofe
de dramalhão». No entanto, regressando à realidade, o peso da revelação provoca
nele um abatimento que o conduz à aceitação da verdade («Sim, tudo isso era
provável»).
A angústia, a incredulidade e o abatimento
devem-se à amizade que une Ega a Carlos e que o faz antecipar o seu sofrimento
(mas o maior grau de _____ virá a ser talvez o de Afonso) e a _____ que se
abaterá sobre os Maias. É discutível qual seja o momento do _____ (a morte de
Afonso, como a de Maria em Frei Luís de
Sousa, as duas vítimas maiores da tragédia?), que não é dissociável da
persistência de Carlos na relação com Maria Eduarda, quando já estava alertado
para o seu caráter incestuoso, um verdadeiro momento de _____ da parte do
protagonista, que assim ousava enfrentar o que dispusera o destino (____).
Este papel de Ega (e Vilaça) é, no caso de Frei Luís de Sousa desempenhado por
Jorge, mas também por Telmo e pelo próprio Manuel, já que é Madalena que será
vista como a maior vítima da dor e também fora ela quem vivera em conflito (____)
durante toda a peça.
Anota exemplos de discurso indireto livre no trecho de Os Maias (o da p. 8):
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Vê este grupo III
de exame, que já tem cerca de metade da resposta (o parágrafo da introdução e o primeiro parágrafo do desenvolvimento).
Faltam o segundo parágrafo do
desenvolvimento (com segundo argumento + exemplo) e o parágrafo de conclusão. Escreve tu o terceiro parágrafo
(2.º argumento + exemplo).
GRUPO
III
«No mundo atual em crise, económica e de
valores, o voluntariado pode ser um caminho de ajuda aos outros e,
simultaneamente, de realização pessoal.»
Num texto bem
estruturado, com um mínimo de duzentas e um máximo de trezentas e cinquenta
palavras, defenda um ponto de vista pessoal sobre a ideia exposta no excerto
transcrito.
Fundamente o seu ponto de vista recorrendo,
no mínimo, a dois argumentos e ilustre cada um deles com, pelo menos, um
exemplo significativo.
R.: É impossível ignorar a crise em que a
Europa mergulhou. Até há pouco tempo esperança para muitos, o projeto europeu
parece ruir e, na queda, arrasta milhões de desempregados e de famílias em
desespero. O que fazer para minimizar o problema? Entre as muitas formas de
intervenção possíveis, o voluntariado é, sem dúvida, um caminho ao nosso
alcance, que nos trará muitas compensações.
A verdade é que, quando olhamos à nossa volta
com a atenção que os outros nos merecem, é impossível não sentir as
necessidades que de todos os lados apelam à nossa intervenção. Ora, se sempre
reclamámos uma Europa dos cidadãos, é agora o momento de ser responsável e
atuante, e ajudar os outros é, precisamente, um exercício de cidadania. Estamos
num tempo em que ninguém pode sentir-se de fora: se hoje são os outros a
necessitar de ajuda, amanhã poderemos ser nós. Felizmente, são muitos os
exemplos de envolvimento voluntário, desde o Banco Alimentar Contra a Fome, à
AMI, à Abraço, às muitas organizações de solidariedade social que abrirão as
portas ao nosso contributo que, sendo voluntário, não deixa de constituir um
dever.
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TPC — Lê a ficha corrigida sobre ‘Reprodução do
discurso no discurso’.
Aula 89R-89 (16 [1.ª], 17/fev [3.ª]) O que se segue é uma adaptação de texto de Fernão Lopes (uma parte do cap. 148 da Crónica de D. João I, que terás lido no 10.º ano), sobre as dificuldades por que passavam os lisboetas quando cercados pelos castelhanos. (No manual deste ano, na p. 365, há um curto passo igualmente do cerco, mas em fase anterior, mais heroica.) Simplifiquei a grafia/fonologia, nem tanto sintaxe e léxico (dei alguns significados entre parênteses retos).
Identificarás
uma palavra intrusa em cada um dos treze parágrafos (risca-a e põe a que
deveria estar em seu lugar).
Das
tribulações [atribulações] que Lisboa
padecia [sofria] por míngua [falta] de mantimentos
Estando a cidade assim cercada, na maneira que já ouvistes,
gastavam-se os mantimentos cada vez mais, por as muitas gentes que nela havia,
assim dos que se colheram dentro, do termo [área
do concelho], de homens aldeãos com mulheres e filhos, como dos que vieram
na frota do Porto. E alguns se tremetiam [metiam]
às vezes em batéis e passavam de noite escusamente [em segredo] contra as partes do Ribatejo; e, metendo-se em alguns
esteiros [braços do rio], ali
carregavam de bolo-rei que já achavam prestes, por recados que antes mandavam.
E partiam de noite, remando mui rijamente, e algumas galés, quando os sentiam
vir remando, isso mesmo [também]
remavam à pressa sobre eles. E os batéis, por lhes fugir, e elas por os tomar,
eram postos em grande trabalho.
Os que esperavam por tal trigo andavam pela
ribeira, da parte de Enxobregas [Xabregas],
aguardando quando viesse; e os que velavam, se viam as galés remar contra lá,
repicavam [faziam tocar os sinos]
logo para lhes acorrerem. Os da cidade, como ouviam o repico, leixavam o sono e
tomavam as armas e saía muita gente e defendiam-nos às bestas [arma antiga], se cumpria [era necessário], ferindo-se às vezes de
uma parte e de outra. Porém nunca foi vez que tomassem algum, salvo uma que
certos batéis estavam em Ribatejo com trigo e foram descobertos por um homem
natural de Almada, e tomados pelos castelhanos; e ele foi depois tomado e preso
e arrastado e decepado e beijado. E posto que [ainda que] tal trigo alguma ajuda fizesse, era tão pouco e tão
raramente, que houvera mister de o multiplicar, como fez Jesu Cristo aos pães
com que fartou os cinco mil homens.
Em isto, gastou-se a cidade assim [tão] apertadamente que as púbricas [públicas] esmolas começaram desfalecer e nenhuma geração de pobres
achava quem lhe desse pão; de guisa que a perda comum vencendo de todo a
piedade, e vendo a grã míngua dos mantimentos, estabeleceram deitar fora as
gentes minguadas e não pertencentes para defensão [úteis à defesa]. E isto foi feito duas ou três vezes, até lançarem
fora as mancebas mundairas [prostitutas]
e judeus, e outras semelhantes, dizendo que, pois tais pessoas não eram para
pelejar [lutar], que não gastassem os
mantimentos aos defesas centrais; mas isto não aproveitava coisa que muito
prestasse.
Os castelhanos, à primeira, prazia-lhes com eles e davam-lhes
de comer e acolhimento; depois, vendo que isto era com fome, por gastar mais a
cidade, fez el-rei tal ordenança que nenhum de dentro fosse recebido em seu
arraial [acampamento], mas que todos
fossem lançados fora; e os que se ir não quisessem, que os açoitassem e
fizessem tornar pera a cidade. E isto lhes era grave de fazer, tornarem por
força para tal lugar, onde, chorando, não esperavam de ser recebidos. E tais
havia que de seu grado saíam da escola, e se iam para o arraial, querendo antes
de tudo ser cativos, que assim perecerem morrendo de fome.
Como não lançariam fora a gente minguada e sem proveito, que o
Mestre mandou saber em certo pela cidade que bolo-rei havia por todo em ela,
assim em covas como por outra maneira, e acharam que era tão pouco que bem
havia mister [necessidade] sobre elo
[acerca disso] conselho.
Na cidade não havia trigo para vender e, se o havia, era mui
pouco e tão caro que as pobres gentes não podiam chegar a ele [...]. E
começaram de comer pão de bagaço de azeitona, e dos queijos das malvas e das
raízes de ervas e de outras desacostumadas coisas, pouco amigas da natureza; e
tais havia que se mantinham em alféloa [melaço].
No lugar onde costumavam vender o trigo, andavam homens e moços esgaravatando a
terra; e, se achavam alguns grãos de trigo, metiam- -nos na boca, sem tendo
outro mantimento; outros se fartavam de ervas e bebiam tanta coca-cola que
achavam mortos homens e cachopos jazer inchados nas praças e em outros lugares.
Andavam os moços de três e oitenta anos pedindo pão pela
cidade, por amor de Deus, como lhes ensinavam suas madres [mães]; e muitos não tinham outra coisa que lhes dar senão lágrimas
que com eles choravam, que era triste coisa de ver; e, se lhes davam tamanho
pão como uma noz, haviam-no por grande bem. Desfalecia o leite àquelas que
tinham crianças a seus peitos, por míngua de mantimentos; e, vendo lazerar [sofrer] seus filhos, a que acorrer não
podiam, choravam amiúde [frequentemente]
sobre eles a morte, antes que os a morte privasse da vida [...].
Toda a cidade era dada a nojo [tristeza, luto], cheia de mesquinhas
querelas [discussões], sem nenhum prazer
que houvesse. Uns, com grã míngua do que padeciam; outros havendo dó dos
atribulados. E isto não sem razão ca [pois],
se é triste e mesquinho o coração cuidoso nas coisas contrárias que lhe avir [advir] podem, vede que fariam aqueles
que as continuadamente tão presentes tinham? Pero [Embora], com tudo isto, quando repicavam, nenhum não mostrava que
era faminto, mas forte e rijo contra seus inimigos. Esforçavam-se uns por
consolar os outros, por dar remédio a seu grande nojo, mas não prestava
conforto de palavras, nem podia tal dor ser amansada com nenhumas doces razões.
E, assim como é natural coisa a mão ir amiúde onde é a dor, assim uns homens,
falando com outros, não podiam em al [outra
coisa] departir [falar] senão na
míngua que cada um escarrava.
Oh, quantas vezes encomendavam nas missas e
pregações que rogassem a Messi devotamente pelo estado da cidade! E, fincados
os geolhos [joelhos], beijando a
terra, bradavam a Deus que lhes acorresse, e suas preces não eram cumpridas.
Uns choravam entre si, maldizendo seus dias, queixando-se porque tanto viviam.
[...] Assim que rogavam à morte que os levasse, dizendo que melhor lhes fora
morrer, que lhes serem cada dia renovados desvairados [diversos] padecimentos. [...]
Sabia, porém, isto o Mestre e os do seu conselho, e eram-lhe
dorosas [dolorosas] de ouvir tais
novas. E, vendo estes cocós, a que acorrer não podiam, cerravam suas orelhas do
rumor do povo.
Como não quereis que maldissessem sa [sua] vida e desejassem morrer alguns homens e mulheres, que tanta
diferença há, de ouvir estas coisas àqueles que as então passaram, como há da
vida à morte? Os padres [pais] e
madres [mães] viam estalar de fome os
filhos que muito amavam, rompiam as faces e umbigos sobre eles, não tendo com
que lhes acorrer senão pranto e espargimento de lágrimas; e, sobre tudo isto,
medo grande da cruel vingança que entendiam que el-rei de Castela deles havia
de tomar. Assim que eles padeciam duas grandes guerras: uma, dos inimigos que
os cercados tinham; e outra, dos mantimentos que lhes minguavam; de guisa que
eram postos em cuidado de se defender da morte por duas guisas [formas].
Para que é dizer mais de tais falecimentos
[provações]? Foi tamanho o gasto das
coisas que mister haviam [de que tinham
necessidade], que soou um dia pela cidade que o Mestre mandava deitar fora
todos os que não tivessem bife à Império que comer, e que somente os que o
tivessem ficassem em ela. Mas quem poderia ouvir, sem gemidos e sem choro, tal
ordenança de mandado àqueles que o não tinham? Porém, sabendo que não era
assim, foi-lhes já quanto de [bastante]
conforto. Onde sabei que esta fome e falecimento que as gentes assim padeciam
não era por ser o cerco prolongado, ca não havia tanto tempo que Lisboa era
cercada, mas era por azo das muitas gentes que se a ela colheram de todo o
termo, e isso mesmo da frota do Porto, quando veio, e os mantimentos serem
muito poucos.
Ora esguardai [olhai],
como se fôsseis presente, uma tal cidade assim desconfortada e sem nenhuma
certa fiúza [confiança] de seu
livramento [libertação], como
viveriam em desvairados cuidados quem sofria ondas de tais aflições! Ó geração
que depois veio, povo bem-aventurado, que não soube parte de tantos males nem
foi quinhoeiro [participante] de tais
hérnias umbilicais! Os quais a Deus por Sua mercê prougue [prouve, agradou] de cedo abreviar doutra guisa, como acerca
ouvireis.
Preenche
a coluna da direita, classificando a função
sintática do constituinte sublinhado na coluna da esquerda. (A
coluna do centro é apenas para ajudar.)
https://www.rtp.pt/play/p703/e422501/ultimo-a-sair (ver minutos 2-5 e 15.30-24.30)
Frase
(de O último a sair ou sobre o mesmo passo) |
A
ter em atenção |
Função
sintática |
Segundo Unas, o público verá
Filipa como boa (e não como burra). |
Considerá-la-á boa (e não
burra). |
|
Porque está há semanas no
jacúzi, Filipa sente a pele encarquilhada. |
Sente encarquilhada a pele. |
|
Porque está há semanas no
jacúzi,
Filipa sente a pele encarquilhada. |
subordinada adverbial causal |
|
Na verdade, só esteve alguns minutos no
jacúzi. |
* É na verdade que só esteve
... |
|
Débora diz a Unas que está
farta daquelas conversas. |
«farta», sem mais, ficaria
incompleto |
|
Esta reunião faz-me lembrar a
minha infância lá em Trás-os-Montes. |
faz-me lembrá-la |
|
Temos o direito de sonhar,
nesta casa. |
só nome «direito» ficaria
incompleto |
|
Temos o direito de sonhar, nesta
casa. |
√ Que acontece nesta casa?
Temos ... |
|
Vou-vos
perguntar. |
Vou-*os [√-lhes] perguntar |
|
Se ganhassem o Euromilhões, o que é que faziam? |
subordinada adverbial
condicional |
|
Acho
que comprava uma casa junto ao mar. |
subordinada substantiva
completiva |
|
Eu comprava um banco. |
Eu
... e tu também. |
|
Ó Filipa, se comprares um banco não
ficas com o dinheiro das pessoas. |
«autónomo», entre vírgulas |
|
Todos me disseram que eu
não tinha lá dinheiro. |
todos mo disseram |
|
Vamos fazer uma coisa que
eu acho do agrado de todos. |
«eu» é o sujeito |
|
Vamos fazer uma coisa que eu
acho do agrado de todos. |
acho-a assim ou assado |
|
Mandava fazer uma igreja
linda, revestida a casca de sapateira. |
= , que seria revestida... |
|
Mandava fazer uma igreja linda,
revestida a casca de sapateira. |
= que seria linda |
|
Punha primeiro o
dinheiro a render. |
√ Que fazia ela primeiro?
Punha ... |
|
Continuo a não gostar da
minha personagem. |
cfr. verbo copulativo |
|
Eu
ia para África. |
*Que faz ela para África? Ia. |
|
Este assunto, de África, tira-me a fome. |
Estes assuntos ... tiram ... |
|
Precisas de água para
ir à internet? |
*Que faz ela de água? Precisa
... |
|
Por todos foi ouvida a voz
da casa. |
cfr. Todos ouviram a voz da casa |
|
Por todos foi ouvida a voz da casa. |
auxiliar «ser», preposição |
|
Conheces as reportagens que são incluídas em
telejornais ou programas de informação. A jornalista faz introdução (descreve o
contexto), depois ouve uns populares ou uns especialistas, volta a sintetizar,
pode até dialogar com o pivô no estúdio, etc.
Escreve um desses diretos, no momento do cerco
de Lisboa, baseando-te no texto de Fernão Lopes, mas criando também parte do
contexto.
. .
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TPC —
Estuda (por aqui e aqui) o discurso indireto livre.
Aula 90-91 (18/fev [1.ª, 3.ª]) Correção das redações da aula anterior.
Na p. 211, lê «Coisas de partir», de Ana Luísa Amaral.
Relativamente aos seis primeiros versos,
explica, por palavras tuas, qual é, no fundo, o objetivo do eu do poema.
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Nos versos 7-12, gera-se um receio («o meu
alarme nasce»). Explica o novo problema.
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Na última quintilha chega-se a uma solução.
[Lê a resposta que ponho a seguir.]
Através de palavras que exprimem o amor, o
sujeito poético sugere que corpo amado e poema se fundam, sejam um só.
Resolve o item 7 na p. 212:
A = ___; B = ___; C = ___; D ___; E = ___.
Os poemas de Fernando Pessoa sobre
a arte poética — «Autopsicografia»
(p. 34) e «Isto» (p. 36) — versam questão semelhante à que se põe em «Coisas de
partir». Compara as duas perspetivas (pessoana e do sujeito do poema de Ana
Luísa Amaral).
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Lê o poema de Ana Luísa Amaral na p.
213-214. Depois, escreve uma nova «Pequena ode, em anotação quase biográfica»,
que remeta para um sujeito poético marcadamente confessional (isto é,
identificável com o autor, ou seja, contigo). Manter-se-ão alguns dos versos (e
partes de versos) bem com as duas últimas estrofes (as na p. 214) que já não
copiei.
Pequena ode, em anotação quase biográfica
Bom dia,
____________________________
por essa saudação e de
manhã,
___________________________________
___________________________________
___________________________________
Bom dia, _____________________________
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___________________________________
___________________________________
___________________________________
o tempo
Bom dia,
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que nunca mais se visse
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Bom dia,
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___________________________________
todos os dias
Bom dia, _____________________________
quantas mais vezes te direi
bom dia,
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___________________________________
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___________________________________
Bom dia,
_____________________________
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desalinho
Aula 92-93 (22 [1.ª], 23/fev [3.ª]) Correção de texto argumentativo (voluntariado). [exemplo do parágrafo com o segundo argumento e exemplo(s); e do parágrafo com a conclusão:]
Mas
não poderemos colocar esta questão apenas no plano dos direitos e dos deveres.
Fazer voluntariado vai para além dessa dimensão, que, sendo a essencial, não
esgota, contudo, o alcance da ação voluntária. É que o retorno de realização
pessoal é extraordinário, bastando escutar os testemunhos de quantos se dedicam
a ajudar os outros para compreendermos que, ao fazê-lo, estamos a ajudar-nos a
nós próprios. Inúmeros estudos atestam, por exemplo, a eficácia da colaboração
em ações de voluntariado no combate à depressão e na ajuda à construção de um
projeto de vida.
Em
suma, sejamos atuantes. Não esqueçamos que, ao apoiar os outros, damos um
sentido maior à nossa vida. Não há dúvida de que o voluntariado é um caminho de
ajuda altruísta e, «simultaneamente, de realização pessoal».
Completa o texto seguinte — que serve também para
recordar a lírica medieval —, a que retirei muitas das preposições. Depois,
na tabela, põe um visto junto de cada preposição representada. Finalmente,
circunda no texto algumas contrações
(preposição + determinante) que haja e copia alguns desses exemplos de contração
para a tabela.
As cantigas de amor são composições poéticas ____ que o trovador apaixonado
presta vassalagem amorosa à mulher como ser superior, ____ quem chama a sua
«senhor». Produto da inteligência e da imaginação, o amor é, geralmente,
«fingido», o que caracteriza estas cantigas como aristocráticas, convencionais
e cultas. ____ ambiente palaciano, são originárias da Provença.
O amor era concebido à
maneira cavaleiresca, como um «serviço». Consistia esse serviço ____ dedicar à
amada os pensamentos, os versos e os atos. O servidor está ____ com a «senhor»
como o vassalo para ____ o suserano. A regra principal deste «serviço» era,
além da fidelidade, o segredo. O cavaleiro devia fazer os possíveis para que
ninguém sequer suspeitasse do nome da sua senhora. Mas o que é próprio das
cantigas de amor e do seu modelo provençal é a distância a que o amante
se coloca ____ relação à sua amada, a que chama senhor, tornando-a um objeto quase inacessível. O amor trovadoresco
e cavaleiresco é, ____ ideal, secreto, clandestino e impossível.
Quanto aos temas,
elaboraram os Provençais o ideal do amor cortês muito diferente do idílio
rudimentar nas margens dos rios ou à beira das fontes que os cantares ____
amigo nos deixam entrever. Não se trata de uma experiência sentimental ____
dois, mas de uma aspiração, ____ correspondência, a um objeto inatingível, de
um estado de tensão que, para permanecer, nunca pode chegar ao fim do desejo.
Manter este estado de tensão considera-se ser o ideal do verdadeiro amador e do
verdadeiro poeta, como se o movesse o amor do amor, mais do que o amor a
uma mulher. E não só ____ esta dirigem os poetas as suas implorações, queixas
ou graças, mas ao próprio Amor personificado, figura ____ retórica muito comum
____ os trovadores provençais e ____ eles transmitida aos galego-portugueses.
O trovador imaginava a dama
como um suserano ____ quem «servia» numa atitude submissa de vassalo, confiando
o seu destino ao «bom sen»
da «senhor». Todo um código ____ obrigações preceituava o «serviço» do amador,
que, ____ exemplo, devia guardar segredo ____ a identidade da dama, coibindo
toda a expansão pública da paixão (o autodomínio, ou «mesura», era a sua
qualidade suprema), e que não podia ausentar-se ____ sua autorização. O
apaixonado devia passar provações e fases comparáveis aos ritos de iniciação
nos graus da cavalaria.
____ este ideal de amor corresponde certo
tipo idealizado de mulher, que atingiu mais tarde a máxima depuração na Beatriz
de Dante ou na Laura ____ Petrarca: os cabelos de oiro, o sereno e luminoso
olhar, a mansidão e a dignidade do gesto, o riso subtil e discreto.
Preposição |
Contração |
Preposição |
Contração |
Preposição |
Contração |
Preposição |
Contração |
Prep +
Det |
Prep +
Det |
Prep +
Det |
Prep +
Det |
||||
a |
|
ante |
|
após |
|
até |
|
com |
|
conforme |
|
consoante |
|
contra |
|
de |
|
desde |
|
durante |
|
em |
|
entre |
|
exceto |
|
mediante |
|
para |
|
perante |
|
por |
|
salvo |
|
segundo |
|
sem |
|
sob |
|
sobre |
|
trás |
|
Além das preposições simples, há muitas A
Além das preposições simples, há muitas locuções prepositivas (resultantes da junção de
preposições, nomes e, até, advérbios): abaixo
de; acima de; ao lado de; além de; cerca de; em torno de; junto a; perto de; ao pé de; em vez de; antes de; diante de; depois de; longe de; através de; dentro de; a respeito de;
para com; fora de; graças a; por causa de; em favor de; etc.
Preposições e locuções prepositivas introduzem grupos preposicionais. Muitos dos
grupos preposicionais correspondem a funções sintáticas bastantes típicas: {Completa}
Frase (com grupo preposicional a negro) |
Função sintática do GP |
Prep |
Pote marcou um golo ao Estoril. |
Complemento ________ |
a |
Vi o programa da manhã. |
Modificador
restritivo do nome |
___ |
Nos
próximos minutos, assistiremos a um sketch
ordinário. |
Modificador do grupo verbal |
___ |
Macron foi desmentido por Putin. |
_____________ |
___ |
{deveria
reproduzir aqui «Fala corretamente o português. Ouvistes?» (série Zé Carlos, epis.
4), mas não o consigo fazer}
No sketch
«Fala corretamente o português. Ouvistes?» (série
A primeira consiste em usar-se a _____, omitindo o
restante grupo preposicional. Talvez porque, dado o contexto, fique muito
implícito o que se quer dizer, o locutor pode dar-se ao luxo de suspender a
frase logo depois de pronunciar a preposição. Ora realística ora
caricaturalmente, o professor ______ (nota que o nome corresponde,
efetivamente, àquele que se pode considerar o primeiro linguista português —
contemporâneo, por exemplo, de Eça de Queirós) ou o apresentador dizem {circunda as preposições} «Podemos não
ter chegado a»; «Mas estamos a caminhar para»; «Fiz uma tentativa de»;
«Esperamos estar cá para».
A segunda é começar frases por _______, quando se
esperaria o uso de outro tempo, com pessoa: «Em primeiro lugar, dizer que [...]»; «Antes de
continuarmos, aplaudir [...]»;
«Antes de mais, registar [...]». (Um
pouco à margem deste tique linguístico, repara que as frases evidenciam um dos
papéis que podem ter os grupos preposicionais, o de conectores: é o caso de «Em primeiro lugar», «Antes de
continuarmos», «Antes de mais». Outras classes gramaticais que cumprem
frequentemente esse papel de estabelecer relações entre segmentos textuais são
a conjunção, o próprio advérbio.)
Os dois fenómenos caricaturados
(suspensão da frase na preposição; começo da frase por um infinitivo) são
talvez evoluções em curso na língua portuguesa, relativas a mudanças de ordem
_____ {sintática / semântica / fonética /
ortográfica / pragmática}.
No tal sketch
chocante da série Barbosa, reflete-se sobre um problema que, ao usarmos
preposições, se nos põe muitas vezes, as exatas regências (ou regimes).
Há até dicionários para prevenir estas dificuldades, os dicionários de regências.
É que, como elementos de relação, as preposições
têm o seu significado muito associado ao nome que se lhes siga mas também
dependem dos verbos que as precedam. A polivalência das preposições (e os
matizes de sentido que os verbos, ao selecionarem-nas, podem ganhar) leva a que
facilmente as troquemos. {Completa a
tabela}
Já todos
ouvimos |
Mas o que
está bem é |
Isto parece-se a |
Isto parece-se _____ |
Prefiro este do que aquele |
Prefiro este ________ |
Rendeiro ficou sobre a jurisdição de Durban |
Rendeiro ficou _____ a
jurisdição de Lisboa |
Tem a
haver com |
Tem ___ ver com |
Aonde moras? |
________ moras? |
Dá-me de
força |
Dá-me _____ força |
Tenho que
ir |
Tenho ____ ir |
Compara esta folha àquela |
Compara esta folha _____ aquela |
A América que gostas está no McDonald's |
O Portugal ___ que gostas está no H3 |
As pessoas que falei |
As pessoas ____ que falei |
Há-des / Hades cá vir |
Hás ___ vir |
Na última linha, o erro não resulta propriamente
de má escolha da preposição, mas de se flexionar mal a forma verbal. Como se
faz uma analogia com outras segundas pessoas do singular, que terminam em –s, cria-se uma forma terminada em –s, amalgamando a preposição. É o mesmo
processo que leva a que, por vezes, se use, para a terceira pessoa do plural,
«hadem» (em vez da forma correta «_______»).
Um erro ortográfico que é feito por quase toda a
gente é a contração de preposições com os determinantes ou pronomes que se lhes
seguem quando estes começam orações infinitivas.
Nas quatro frases em baixo, escreve as formas
corretas das partes a negro, que podem ser as contraídas ou não, dependendo de
se lhes seguir a tal oração infinitiva:
Foi o facto de ele ter mentido que me agradou. |
____
Apesar
de ela ser bonita, é muito feia. |
____
Diz
a o polícia que morri. | ____
Gostava
de os avisar de que a lontra adoeceu
| ____
Que sirva esta tabela para lembrar que deves ter à mão um
exemplar de O ano da morte de Ricardo Reis, de José Saramago, para,
quando assim eu pedir, o ires (re)lendo em casa e trazeres para a aula.
Filme |
Livro |
Birdman ou A inesperada
virtude da ignorância (2014) |
O ano da morte de Ricardo
Reis (1984) |
Realizador |
Autor |
Alejandro González
Iñárritu (México, 1963) |
José Saramago (_____,
1922) |
Género |
|
comédia/drama |
________ |
Relações
de «intertextualidade» sobretudo com... |
|
filmes de super-heróis;
____ e a sua novela De que falamos quando falamos de amor |
biografia de Fernando
Pessoa; odes de ___ e poemas de Pessoa e heterónimos |
Conjugação
de verosimilhança com elementos fantásticos característica do chamado
«Realismo mágico» de romances latino-americanos — cfr. Gabriel
García Márquez (Colômbia), Jorge Amado (Brasil), Miguel Ángel
Asturias(Guatemala), Juan Rulfo, Carlos Fuentes (México), Jorge Luis Borges,
Julio Cortázar (Argentina), Arturo Uslar Pietri (Venezuela), Isabel Allende
(Chile), Mario Vargas Llosa (Peru), Alejo Carpentier(Cuba) |
|
capacidades de voar e de
_____ objetos sem lhes tocar de Riggan Thomson; presença da figura de _____
como interlocutor do protagonista |
herói ser uma personagem
assumidamente ficcionada, ____, um heterónimo; presença de _____ (saído do
cemitério por nove meses) como interlocutor do protagonista |
TPC — Revê sintaxe (funções sintáticas,
orações), que me tem parecido pouco estudada. (Se ainda não entregaste trabalho
com poema de Pessoa, devias fazê-lo ainda durante fevereiro, mesmo que com
justa penalização.)
Aula 94R-94 (= Aula 13R-13 do 12.º 3.ª) (23/fev [1.ª]; turma 3.ª em sessão na D11) Já lhes disse isto o ano passado, numa das aulas de quando estávamos em casa. Repito-o, mas agora escrevo já na tabela, em letra queque, o que o ano passado lhes pedia.
Em O amor acontece (Love
actually) há um passo que me lembra o texto mais conhecido da Crónica de D. João I, «Do alvoroço que
foi na cidade cuidando que matavom o Meestre, e como aló foi Alvoro Paaez e
muitas gentes com ele» (pp. 83-85 do manual do 10.º ano), com o povo de Lisboa
a ser conduzido aos paços da rainha (restaurante), por ação de um pajem (Sofia)
estimulado por Álvaro Pais (Barros), para defender o Mestre (Aurélia), que,
alegadamente, o Conde Andeiro (Jamie) queria matar (comprar), acabando afinal
por se festejar o triunfo do Mestre (Aurélia), que, afinal, matara o Andeiro
(casa com Jamie) e sai até junto das massas (clientes do restaurante,
portugueses), que aplaudem deliciadas.
Nesse trecho do filme, as personagens secundárias (ou mesmo
figurantes) portuguesas — não incluo, portanto, Aurélia — são uma espécie de personagem coletiva, plana, ingenuamente caricaturada,
talvez um estereótipo do português aos olhos dos estrangeiros. A caracterização desta «personagem» é,
como é costume em cinema, indireta,
já que decorre sobretudo das suas atitudes, da sua linguagem.
Inscreve [já inscrevi] no quadro os adjetivos
qualificativos correspondentes à característica psicológica que os
comportamentos à direita sugerem.
portugueses são... |
comportamentos no trecho de O amor acontece |
interesseiros, oportunistas, materialistas |
Veem o casamento da filha, ou irmã, como
possibilidade de melhoria das condições materiais. |
informais, espontâneos |
Barros vem abrir a porta em camisola interior;
não hesita em confiar em desconhecido; chama a filha de imediato. |
grosseiros, rudes, vulgares |
Barros diz a Sofia que até pagava para se
desenvencilhar dela. |
indelicados, descorteses |
Sofia trata o pai por «estúpido». |
prestáveis, diligentes |
Pai e filha tentam resolver o pedido do
estrangeiro. |
desbragados, desbocados |
Pai e filha vão pelas ruas a contar a todos o
que se está passar. |
exagerados, levianos |
«O meu pai vai vender a Aurélia como escrava!». |
egoístas, apegados, insensatos |
«É a minha melhor empregada. Não se pode
casar!». |
indiscretos, inconvenientes, intrometidos,
curiosos |
Assistem, sem desviar olhar, à declaração de
amor; [na rua, não se coibiram de engrossar o pelotão em demanda de Aurélia.] |
ambiciosos, irrealistas |
Diz Sofia: «casa-te mas é com o príncipe
William». |
boçais, simples |
Não percebem as mais elementares palavras
inglesas (por isso ficam calados durante o assentimento de Aurélia). |
comunicativos, sociáveis |
Barros e Sofia beijam genro e cunhado. |
românticos, generosos |
Todo o restaurante fica
eufórico com o sucesso da declaração de amor. |
Também em Fernão Lopes a caracterização da personagem coletiva
‘povo (de Lisboa)’ é sobretudo indireta. Em vez de adjetivos, tenta nome
(ou grupo
nominal) que corresponda à característica de comportamento
subjacente. Pus alguns, mas acrescenta.
povo mostra... |
passos em «Do alvoroço [...]», Crónica de D. João I |
subordinação a desígnios de outrem; cumprimento
submisso de ordens mesmo que irrazoáveis; sociabilidade; ... |
O Page do Meestre, [...]
como lhe disserom que fosse pela vila segundo já era percebido [combinado], começou d’ir rijamente a
galope [...] braadando pela rua: // — Matom o Meestre! [...] // As gentes que
esto ouviam, saíam aa rua veer que
cousa era; e, começando de falar uns com os outros, alvoroçavom-se nas
voontades, e começavom de tomar armas cada um como melhor e mais asinha
podia. |
disponibilidade para
adotar pontos vista que se presumem maioritários; ... |
[...] e assi como viuva que rei nom tiinha, e como se
lhe este ficara em logo de marido, se moverom todos com mão armada, correndo
a pressa pera u deziam que se esto fazia, por lhe darem vida e escusar
morte. |
obstinação; ... |
A gente começou de se
juntar a ele, e era tanta que era estranha cousa de veer. Nom cabiam pelas
ruas principaes, e atrevessavom logares escusos desejando cada um de seer o primeiro; |
leviandade; ... |
e
preguntando uns aos outros quen matava o Meestre, nom minguava quem responder que o matava o Conde Joam Fernandez,
per mandado da Rainha. |
índole vingativa; ... |
E per voontade de Deos todos feitos dum coraçom com talente de o vingar, como forom aas portas do Paaço que eram já çarradas, ante
que chegassem, [...] com espantosas palavras começarom de dizer: // — U matom
o Meestre? que é do Meestre? Quem çarrou estas portas? |
individualismo; indecisão; ... |
Ali eram ouvidos brados
de desvairadas maneiras. Taes i havia
que certeficavom que o Meestre era morto, pois as portas estavom
çarradas, dizendo que as britassem para entrar dentro, e veeriam que era do
Meestre, ou que cousa era aquela. // Deles
braadavom por lenha, e que veesse lume pera poerem fogo aos Paaços, e queimar o treedor e a aleivosa. Outros se aficavom pedindo escaadas
pera sobir acima, pera veerem que era do Meestre; e em todo isto era o arroido
atam grande que se nom entendiam uns
com os outros, nem determinavom nenhuma cousa. |
cobardia; ... |
[...] dizendo muitos doestos contra a Rainha. |
materialismo; ... |
De cima nom minguava quem
braadar que o Meestre era vivo, e o Conde Fernandez morto; mas isto nom
queria nenhum creer, dizendo: // —
Pois se vivo é, mostrae-no-lo e vee-lo-emos. [...] |
ceticismo; ... |
[O mestre mostra-se] // E
tanta era a torvaçam deles, e assi tiinham já em creença que o Meestre eram
que taes havia i que aperfiavom que
nom era aquele; porem conhecendo-o todos claramente, houverom gram prazer
quando o virom, e deziam uüs contra os outros: //— Ó que mal fez! pois que
matou o treedor do Conde, que nom matou logo a aleivosa com ele! Creedes em
Deos, ainda lhe há de viinr algum mal
per ela. [...] O aleivosa! já nos matou um senhor, e agora nos queria
matar outro; leixae-a, ca ainda há mal
d'acabar por estas cousas que faz! |
lhaneza; ... |
— O,
senhor! como vos quiserom matar per treiçom, beento seja Deos que vos guardou
desse treedor! Viinde-vos, dae ao demo
esses Paaços, nom sejaes lá mais. // E em dizendo esto, muitos choravom
com prazer de o veer vivo. |
subserviência; candura; ... |
[Então o Mestre] cavalgou
com os seus acompanhado de todolos outros que era maravilha de veer. Os quaes
mui ledos arredor dele, braadavam
dizendo: // — Que nos mandaes
fazer, Senhor? que querees que façamos? // E el lhe respondia, aadur
podendo seer ouvido, que lho gradecia muito, mas que por estonce nom havia
deles mais mester. |
A pouco e pouco iremos
revendo as classes de palavras (adjetivo,
advérbio, nome, verbo, etc.). Calha agora a do pronome, sobretudo os Pronomes pessoais.
Como nos pronomes pessoais ainda sobrevivem
os «casos» latinos (vão apresentando formas diferentes conforme o papel
sintático que desempenhem), também nos interessa lembrar os critérios para distinguir funções
sintáticas (no nosso manual, nas pp. 10-11 do anexo, há alguma informação
sobre o assunto, mas será melhor lembrarmos nós o que já se arrumou o ano
passado).
Alguns critérios para distinguir funções sintáticas
— só das funções que
podem interessar agora —
o sujeito concorda com
o verbo. Se experimentarmos alterar o número ou pessoa do sujeito, isso
refletir-se-á no verbo que é núcleo do predicado:
Caiu a
cadeira. → Caíram as
cadeiras (Para se confirmar que «a cadeira» não é aqui
o complemento direto: → *Caiu-a.)
O complemento direto é substituível
pelo pronome «o» («a», «os», «as»):
Dei um doce ao
orangotango. = Dei-o ao orangotango.
O complemento indireto, introduzido
pela preposição «a», é substituível por «lhe»:
Dei um doce ao orangotango.
= Dei-lhe um doce.
O complemento oblíquo, e mesmo quando
usa a preposição «a» (uma das várias que o podem acompanhar), nunca é
substituível por «lhe»:
Assistiu ao Sporting-Braga.
→ *Assistiu-lhe.
(Para identificarmos um modificador
do grupo verbal, podemos fazer a pergunta «O que fez [sujeito] +
[modificador]?» e tudo soará gramatical:
A Florinda estudou gramática na
segunda-feira.
Que fez a
Florinda na segunda-feira? Estudou gramática.
Ao contrário, se se
tratar de um complemento oblíquo, o resultado é agramatical:
O Acácio foi à
Cova da Moura.
* Que fez o Acácio à Cova da
Moura? Foi.)
Encosta-te
a mim
Encosta-te
a mim,
2 Nós já vivemos cem mil anos
Encosta-te
a mim,
4 Talvez eu esteja a exagerar
Encosta-te
a mim,
Dá
cabo dos teus desenganos
7 Não queiras ver quem eu não sou,
8 Deixa-me chegar.
Chegado
da guerra,
Fiz tudo p'ra sobreviver em nome da terra,
11 No fundo p'ra te merecer
12 Recebe-me bem,
Não
desencantes os meus passos
14 Faz de mim o teu herói,
Não
quero adormecer.
16 Tudo o que eu vi,
17 Estou a partilhar contigo
O
que não vivi hei de inventar contigo
Sei que não sei às vezes entender o teu olhar
20 Mas quero-te bem, encosta-te a mim.
Encosta-te
a mim,
Desatinamos
tantas vezes
23 Vizinha de mim, deixa ser meu o teu
quintal
Recebe esta pomba que não está armadilhada
Foi comprada, foi roubada, seja como for.
26 Eu venho do nada porque arrasei
o que não quis
Em nome da estrada, onde só quero ser feliz
Enrosca-te a mim, vai desarmar a flor queimada
Vai beijar o homem-bomba, quero adormecer.
Tudo o que eu vi,
Estou a partilhar contigo o que não vivi,
Um dia hei de inventar contigo
Sei que não sei às vezes entender o teu olhar
Mas quero-te bem, encosta-te a mim.
Jorge
Palma, Voo Noturno
Na tabela estão pronomes
pessoais encontráveis em «Encosta-te a mim». Tendo o cuidado de ir verificar
o contexto em que aparecem os pronomes na letra da canção, escreve a função
sintática de cada um. (Não te limites a procurar no quadro atrás; tenta mesmo
compreender a função do pronome nas frases em causa.)
verso |
pronome |
função
sintática |
comentário
que pode ajudar na decisão quanto à função desempenhada |
1 |
te |
|
Na 3.ª pessoa seria «ele encosta-se». |
1 |
mim |
|
Era possível trocar por «encosta-te-me». |
2 |
Nós |
|
|
4 |
eu |
|
|
7 |
eu |
|
|
8 |
me |
|
O pronome da 3.ª pessoa não
seria «*deixa-lhe» mas «deixa-o». |
11 |
te |
|
Na 3.ª pessoa seria «para o merecer». |
12 |
me |
|
Na 3.ª pessoa não seria «*recebe-lhe». |
14 |
mim |
|
|
16 |
eu |
|
|
17 |
contigo |
|
|
20 |
te |
|
Há duas interpretações
possíveis: 'quero a ti bem' (= 'desejo a ti o melhor') e 'quero-te muito' (=
'desejo-te muito'). |
23 |
mim |
|
|
26 |
Eu |
sujeito |
|
Escreve exposição sobre «Os portugueses»
(120-150 palavras). Incluirás uma alusão a portugueses em Fernão Lopes e uma alusão a O amor
acontece. A caneta.
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Aula 95-96 (25/fev [1.ª, 3.ª]) Vamos dar um relance aos poetas das gerações posteriores à de Pessoa. O mais velho será o nosso patrono José Gomes Ferreira, nascido em 1900, e a mais jovem, Adília Lopes, nascida em 1960, aliás antiga aluna da Pedro de Santarém.
Caberá a cada um dos alunos um livro de dimensão
razoável (por vezes, com a obra completa de um dado poeta) ou vários pequenos
livros (diversas obras soltas de um mesmo autor). Manuseia-os com o cuidado que
se deve ter sempre e, sobretudo, quando os livros em causa são de quem não
gosta de ter livros com os cadernos soltos — por os terem espalmado —, vincados
— por os terem usado sob papéis em que se tivesse escrito — ou com folhas
rasgadas — por os terem folheado negligentemente.
O objetivo é escolher uma estrofe ou duas
(mas num total de menos de dez versos). Não interessa se esses versos
são do início, do meio ou do fim de um poema (ou se até são um poema completo),
mas terão de ser seguidos. Transcreverás os versos na tua folha, muito
legivelmente. Depois, lê-los-ás à turma.
Elegeremos o melhor trecho poético. A nossa
classificação incidirá sobre os versos ouvidos, o que implica que (1) se trate
de passos interessantes; (2) a tua leitura em voz alta seja
expressiva. (Ao declamador vencedor caberá um prémio Tia Albertina, a repartir
com o poeta responsável pelo trecho lírico laureado — se ainda for vivo.)
Depois da transcrição, escreve a referência
bibliográfica, segundo este modelo:
Vieste! Cingi-te ao peito.
Em redor que noite escura!
Não tinha rendas o leito,
Não tinha lavores na barra
Que era só a rocha dura...
Muito ao longe uma guitarra
Gemia vagos harpejos...
(Vê tu que não me esqueceu)...
E a rocha dura aqueceu
Ao calor dos nossos beijos!
Tomás de Alencar, «6 de Agosto», Flores e martírios, 2.ª ed., Alenquer,
Editora Romântica, 1850 [1.ª ed.: 1848], pp. 23-25, p. 24.
Ou seja: o que transcrevemos está na página 24 do
livro Flores e martírios, de Tomás de
Alencar, e pertence ao poema «6 de Agosto». Como o poema ocupa mais páginas do
que a passagem citada, indicamos as páginas do poema, «pp. 23-25», bem como a
precisa página em que fica o trecho transcrito («p. 24»). Pomos também o número
da edição, a cidade da editora, a editora, o ano da publicação (e, entre
parênteses retos, a data da edição original). Se se tratasse da 1.ª edição — ou
não houvesse indicações acerca disso —, bastaria pôr a data (ficaria: ‘Tomás de
Alencar, «6 de Agosto», Flores e
martírios, Monte de Caparica, Bulhão Pato editores, 1848, pp. 27-29, p.
Trecho
escolhido por:
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Se tiveres tempo, depois de cumprido o que ficou em
cima, descreve a situação que se coaduna com o livro que viste.
Predominam os versos {circunda} rimados / não rimados.
Em geral, {circunda}
há /não há uma métrica fixa (nesse caso, há sobretudo {circunda} monossílabos / dissílabos / trissílabos / tetrassílabos /
pentassílabos / hexassílabos / heptassílabos / octossílabos / eneassílabos /
decassílabos / hendecassílabos / dodecassílabos).
As estrofes {circunda} não seguem / seguem um padrão fixo (há composições em {circunda} dísticos / tercetos / quadras
/ quintilhas / sextilhas / oitavas / décimas).
{Circunda} Não há / Há composições poéticas estandardizadas (soneto,
quadra popular, etc.).
Se quisesse designar o tema que agrega a maioria
destes textos, diria que são poemas sobre . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
. . . . . . . . . . . . . . . . . . ..
Talvez encontre em alguns destes poemas influências de Fernando Pessoa (e
heterónimos) — ou de Cesário Verde, quem sabe — ou, ao menos, linhas comuns de
abordagem. Por exemplo, . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
Poeta (nascido entre 1900 e
1960) |
lido por... |
minha nota |
nota do mestre |
lugar |
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José Régio (1901-1969) |
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Vitorino Nemésio (1901-1978) |
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António Gedeão (1906-1995) |
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Miguel Torga (1907-1995) |
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José Blanc de Portugal (1914-2001) |
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Ruy Cinatti (1915-1986) |
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Sophia de Mello
Breyner Andresen (1919-2004) |
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Jorge de Sena (1919-1978) |
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João José Cochofel (1920-1982) |
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Raul de Carvalho (1920-1984) |
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Carlos de Oliveira (1921-1981) |
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Eugénio de Andrade (1923-2005) |
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Mário Cesariny
de Vasconcelos (1923-2006) |
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Natália Correia (1923-1992) |
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Sebastião da Gama (1924-1952) |
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Alexandre O’Neill (1924-1986) |
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João Rui de Sousa (1928) |
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Maria Alberta Menéres (1930-2019) |
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Herberto Helder (1930-2015) |
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Armando Silva Carvalho (1931-2017) |
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Ruy Belo (1933-1978) |
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António Osório (1933-2021) |
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Pedro Tamen (1934-2021) |
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Manuel Alegre (1936) |
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Alberto Pimenta (1937) |
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Fernando Assis Pacheco (1937-1995) |
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Fiama Hasse Pais Brandão
(1938-2007) |
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Luiza Neto Jorge (1939-1989) |
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João Miguel Fernandes Jorge (1943) |
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António Franco Alexandre (1944) |
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Joaquim Manuel Magalhães (1945) |
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Al Berto (1948-1997) |
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Nuno Júdice (1949) |
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Ana Luísa Amaral (1956) |
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Adília Lopes (1960) |
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O
filme de que veremos hoje o início — Sylvia,
realizado por Christine Jeffs — é sobre a poetisa americana Sylvia
Plath (1932-1963) e a relação conturbada com o marido, o poeta
inglês Ted Hughes. Esta importante
escritora é contemporânea da geração do meio, se considerarmos que são três as
que compõem a lista de poetas pós-Pessoa. (Podemos estabelecer que há três
gerações na tabela e tomar os três poetas que teremos de ler mais atentamente,
os que vêm no manual — Miguel Torga,
Eugénio de Andrade, Ana Luísa Amaral —, como referência
para cada uma dessas gerações. Plath nasceu não muito depois de Eugénio de
Andrade, mas morreu ainda antes de nasceram os mais novos da lista, já que se
suicidaria com apenas trinta e um anos.)
Aula 97-98 (2/mar [1.ª, 3.ª]) Vai lendo o texto na p. 235 — trecho do discurso proferido por Saramago aquando da cerimónia de entrega do Prémio Nobel — e escolhe as melhores alíneas. Usa apenas esta página do manual.
Do primeiro período
(ll. 1-6) se pode concluir que José Saramago
a) já sabia alguma
coisa de lições de poesia quando entrou para a escola técnico-profissional que
frequentaria.
b) aprendeu noções
sobre poesia quando frequentou a escola onde também se preparou para a
profissão de serralheiro mecânico.
c) aprenderia alguma
coisa sobre poesia já na sua vida de trabalho, enquanto serralheiro mecânico.
d) aprendeu poesia,
mas tudo aldrabado, numas aulas que frequentou em Benfica, na JGF, salvo erro numa
sala do bloco D.
«andava a
preparar-se» (l. 4) e «exerceu» (l. 5) têm valor aspetual, respetivamente,
a) perfetivo,
imperfetivo.
b) imperfetivo,
perfetivo.
c) habitual, imperfetivo.
d) iterativo,
imperfetivo.
Segundo o segundo
período (ll. 6-12), Saramago
a) teve também bons
mestres de arte poética.
b) foi orientado no
conhecimento da poesia por bons mestres que ia encontrando à noite.
c) foi aprendendo
acerca da poesia como autodidata, frequentando bibliotecas e ao sabor dos
acasos das leituras.
d) aprendeu a arte
poética sem orientação, sem o assombro do navegante que inventa cada lugar que
descobre.
Do terceiro período (ll.
12-14) inferimos que
a) a leitura de O Ano da Morte de Ricardo Reis começou
na biblioteca da escola industrial que Saramago frequentou.
b) a escrita de O Ano da Morte de Ricardo Reis começou
na biblioteca da escola industrial que Saramago frequentou.
c) na biblioteca da
escola industrial que Saramago frequentou nasceu a inspiração para O Ano da Morte de Ricardo Reis.
d) foi na tipografia
da escola que Saramago frequentou que começou a produção de O Ano da Morte de Ricardo Reis.
Na revista Athena, Saramago, jovem adolescente,
a) publicaria O Ano da Morte de Ricardo Reis.
b) leria poemas de
Ricardo Reis, que sabia ser heterónimo de Fernando Pessoa.
c) leria poemas de
Ricardo Reis, ignorando tratar-se de um heterónimo de Pessoa.
d) leria poemas de
Ricardo Reis, julgando tratar-se de textos de Fernando Pessoa.
«cartografia
literária do seu país» (l. 19) é uma
a) hipérbole.
b) perífrase.
c) metáfora.
d) metonímia.
«um tal
Fernando Nogueira Pessoa» (l. 23) visa
a) acentuar como
Pessoa era ainda pouco conhecido.
b) mostrar com certa
ironia a ignorância do jovem Saramago.
c) sublinhar a
importância de Fernando Pessoa já então.
d) brincar com o
processo heteronímico.
O valor aspetual de
«chamava» (l. 25) e «custou» (l. 27) é, respetivamente,
a) imperfetivo,
perfetivo.
b) genérico,
perfetivo.
c) habitual,
imperfetivo.
d) iterativo,
imperfetivo.
«podia» (l. 31) tem
valor modal
a) epistémico (probabilidade).
b) deôntico
(permissão).
c) apreciativo.
d) epistémico
(obrigação).
Nas ll. 27-28, na oração
coordenada conclusiva introduzida por «por isso», desempenham as funções de
sujeito, complemento direto e complemento indireto, respetivamente,
a) «saber o que ela
significava», «tanto trabalho», «ao aprendiz de letras».
b) «ela», «tanto
trabalho», «ao aprendiz de letras».
c) «saber», «tanto
trabalho», «ao aprendiz de letras».
d) «aprendiz de
letras», «tanto trabalho», «o que ela».
«de cor» (l. 29) e
«muitos poemas de Ricardo Reis» (l. 29) desempenham as funções sintáticas de,
respetivamente,
a) complemento oblíquo,
sujeito.
b) modificador do
grupo verbal, complemento direto.
c) modificador do
grupo verbal, sujeito.
d) complemento
oblíquo, complemento direto.
No verso de Ricardo
Reis na l. 30 («Para ser grande[,] sê inteiro»), «Para ser grande» desempenha a
função de
a) sujeito.
b) modificador de frase.
c) modificador de
grupo verbal.
d) complemento
oblíquo.
Na frase «Põe quanto
és no mínimo que fazes (ll. 30-31), as funções sintáticas de «quanto és», «no
mínimo [que fazes]» e «que fazes» são, respetivamente,
a) sujeito,
complemento oblíquo, modificador apositivo do nome.
b) complemento
direto, modificador do grupo verbal, modificador apositivo do nome.
c) complemento
direto, complemento oblíquo, modificador restritivo do nome.
d) predicado, complemento
oblíquo, modificador restritivo do nome.
«quanto és» (l. 30)
é uma oração subordinada
a) substantiva
relativa.
b) substantiva
completiva.
c) adjetiva relativa
restritiva.
d) adjetiva relativa
explicativa.
As objeções de
Saramago (cfr. ll. 31-34) ao verso de
Ricardo Reis «Sábio é o que se contenta com o espetáculo do mundo» devem-se ao
facto de o autor de O Ano da Morte de
Ricardo Reis
a) não comungar da
ingenuidade e gosto pela natureza professados por Ricardo Reis.
b) não ter o mesmo
ideário estoico e epicurista de Reis.
c) duvidar da
atitude de que quem ensina os outros, dos «sábios».
d) não gostar de
analisar o mundo.
«a ocupação da
Renânia pelo exército nazista», «a guerra de Franco contra a República
espanhola», «a criação por Salazar das milícias fascistas portuguesas» (ll.
38-40) podem ser considerados
a) merónimos do
holónimo ‘Guerra’.
b) hipónimos do
hiperónimo ‘Acontecimentos de 1936’.
c) itens do campo
lexical ‘Guerra’.
d) itens do campo
semântico ‘Acontecimentos de 1936’.
«da Renânia» (l. 38)
desempenha a função sintática de
a) complemento do
nome.
b) complemento
oblíquo.
c) modificador do
grupo verbal.
d) modificador
restritivo do nome.
«Eis o espetáculo do
mundo» (l. 40) pode considerar-se implicar um ato ilocutório
a) declarativo.
b) expressivo.
c) compromissivo.
d) assertivo.
«meu poeta das
amarguras serenas e ceticismo elegante» (40-41) reporta-se
a) a Alberto Caeiro.
b) a Fernando
Pessoa.
c) ao próprio
Saramago.
d) a Ricardo Reis.
Este trecho na p.
235 é predominantemente
a) descritivo e argumentativo.
b) dialogal e narrativo.
c) narrativo.
d) explicativo.
Na p. 232 estão diversas frases aforísticas, conotativas,
de José
Saramago. A primeira está logo na imagem: «Sempre chegamos ao sítio
aonde nos esperam». Se me pedissem para a traduzir em linguagem mais
denotativa, escreveria:
[Aforismo de Saramago:] «Sempre chegamos
ao sítio aonde nos esperam»
[Tradução-paráfrase em linguagem mais
objetiva:] Todos acabam por cumprir o percurso de vida que lhes estava
destinado.
Procede do mesmo modo relativamente às frases em
«Oralidade, 2»:
«Gostar é provavelmente a melhor maneira de
ter, ter deve ser a pior maneira de gostar.» (O conto
da ilha desconhecida)
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«Há dentro de nós uma coisa que não tem
nome, essa coisa é o que somos.» (Ensaio
Sobre a Cegueira)
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«Se podes olhar, vê. Se podes ver, repara.» (Ensaio
Sobre a Cegueira)
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«A viagem não acaba nunca. Só os viajantes
acabam.» (Viagem
a Portugal)
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«Quero estar onde estiver
a minha sombra se lá é que estiverem os teus olhos.» (O Evangelho Segundo Jesus Cristo)
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«Nem a juventude sabe o que pode, nem a
velhice pode o que sabe.» (A
Caverna)
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«Às árvores pintadas não lhes caem as folhas.» (A Viagem do Elefante)
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«O espírito não vai a lado nenhum sem as
pernas do corpo, e o corpo não seria capaz de mover-se se lhe faltassem as asas
do espírito.» (Todos
os Nomes)
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Nos
atos de
fala diretos,
a intenção
comunicativa fica explícita no que é dito;
nos atos de fala indiretos, a
intenção comunicativa tem de ser captada pelo interlocutor.
Os
atos de fala classificam-se
segundo a força
ilocutória (o objetivo ilocutório):
diretivos
(pretende-se que o interlocutor atue de acordo com a vontade do locutor) — «Querem
abrir os livros na p. 321?»; «Abram os livros na p. 321».
assertivos
(assinala-se a posição do locutor relativamente à verdade do que diz) — «Não há
dúvida de que esta é a melhor frase»; «Admito que haja aqui um equívoco meu».
expressivos
(traduz-se o estado de espírito do locutor relativamente ao que diz) — «Entristece-me
que tenha partido»; «Muitos parabéns pelo teu teste».
compromissivos
(responsabilizam o locutor relativamente a uma ação futura) — «Não darei aula
no dia 5 de março»; «Prometo entregar os prémios Tia Albertina».
declarativos
(aquilo que se diz cria, por si só, uma nova realidade) — «Absolvo-te das falhas
cometidas»; «Fica aprovado com catorze valores».
Escreve um texto com pelo menos uma
abonação de cada um dos cinco tipos dos atos de fala. (Encontra um processo
gráfico que permita assinalar qual é o passo de cada tipo.) Deve haver ainda um
sexto caso, de ato indireto (indicá-lo-ás e a que tipo de ato ilocutório
corresponde).
Temas: Ucrânia-Rússia; covidices;
Sporting-Porto; Bruno de Carvalho; Saramago e/ou Nobel.
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Aula 99R-99 (3 [3.ª], 15/mar [1.ª]) No sketch que vamos ver ficam salientadas as três variedades (ou variantes) do português (europeia, brasileira, africana[s]), mas também a variação dialetal dentro do território do português europeu; o assunto será, portanto, a variação geográfica. Este assunto está tratado, mas incompletamente, na p. 6 do anexo do manual.
Em «Padre que não sabe fazer pronúncia» (série Meireles), o protagonista
é um seminarista que, segundo o padre seu orientador, não consegue ter a
pronúncia devida. Deves estar atento às pronúncias que o candidato a padre vai
tentando e ir completando o primeiro quadro:
Pronúncia ideal para um padre |
da Beira, da Guarda. |
pronúncia das sibilantes:
«[ch]otaque»; 2.ª pessoa do plural:
«percebeis». |
Pronúncias tentadas pelo
seminarista |
_________ |
ditongações: «t[ua]dos» (todos); bê por vê: «Co[b]ilhã»;
léxico: «carago». |
_________ |
alongamento das vogais finais:
«padriii»; nasalizações: «v[ã]mos». |
|
_________ |
supressão do –r final: «dançá» (dançar);
vogais átonas pouco reduzidas: «chap[á]» (chapa);
léxico: «meu chapa». |
|
_________ |
vogais átonas mais abertas. |
|
_________ |
paragoge e vogais menos
reduzidas: «rêzar[e]» (rezar). |
Estas pronúncias — «sotaques» — representam ora as zonas geográficas a
que pertencem falantes de língua portuguesa ora, em um caso, a influência que uma
diferente língua materna tem sobre a pronúncia do português. Dividamo-las em
três tipos:
Pronúncia
... |
Casos
no sketch |
de determinada variedade regional
(dialeto) |
beirão; ______; ______. |
de
variante do português (europeia, sul-americana, africana) |
______; _______. |
reveladora
de a língua materna do falante não ser o português |
_________. |
Completa o texto sobre a origem e evolução do português com
as palavras a seguir. (O texto, que é do Caderno de atividades, tem
ingenuidades que procurarei esclarecer quando o corrigirmos. Esta matéria está
também tratada nas pp. 2-3 do anexo do manual.)
romanização
/ línguas / árabes / século XIII / Condado Portucalense / África / substrato /
antigo / clássico / contemporâneo / bárbaros / superstrato (duas vezes)
/ latinismos / romanos / latim vulgar / Reconquista / galego-português / língua
românica / latim / línguas românicas / francês / Ibérica / latim literário
O português é uma _____, pois
deriva do ____. Outras _______ são o castelhano, o catalão, o galego, o ______,
o italiano, o romeno, o sardo.
A Península _____ foi ocupada
pelos _____ a partir de 218 a.C.. Soldados, colonos e mercadores trouxeram a
sua língua, o latim, tal como os hábitos, a cultura e as leis. Falavam um latim
popular — _______ —, distinto do latim das classes cultas — _____. O português
deriva do latim vulgar.
Antes da _____, os povos
peninsulares falavam outras línguas — sobretudo o celta — e, embora os vencidos
tenham adotado a língua dos vencedores, transportaram para o latim termos
dessas _____ autóctones. O latim foi ganhando novas palavras oriundas da língua
celta que se falava na Península — _______ celta.
A partir de 409 d.C., os romanos
foram sendo vencidos pelos _____, quando os povos germânicos começaram a chegar
à Península. Como possuíam uma civilização menos organizada, adotaram a língua
dos vencidos, mas introduziram-lhes palavras da sua língua — ______ germânico.
No século VIII, a Península foi
invadida pelos _____. Os povos cristãos refugiaram-se a norte, nas Astúrias e,
a partir daí, lutaram durante séculos, contra a presença árabe, numa luta que a
História registou com o nome de _______ cristã. Muitas palavras árabes
entraram, então, na língua dos cristãos — _______ árabe.
Quando Portugal nasceu como
nação, em 1143, no noroeste da Península Ibérica falava-se uma língua românica
já muito afastada do latim: o ________. Com a independência do _______, essa
língua foi evoluindo de forma diferente em Portugal e na Galiza.
O português nasceu oficialmente
no _______, com a lei de D. Dinis que obrigava ao uso do português e não do
latim em todos os livros e documentos oficiais. Os mais antigos textos em
português são a Notícia de Fiadores (1175), o Testamento de Afonso II
(1214) e a Notícia de Torto (1211-1216).
O português foi evoluindo em
três períodos: o português ______ (séculos XII-XV); o português _______
(séculos XVI-XVIII); o português ______ (a partir do século XIX).
O desenvolvimento trazido pela expansão,
no século XVI, refletiu-se na língua, pois foram necessárias novas palavras
para designar aspetos da nova realidade. Foram sobretudo os escritores e os
cientistas que foram ao latim literário buscar as palavras que enriqueceram o
português, de uma forma culta e sofisticada: os _______.
Ao mesmo tempo, com a expansão,
muitas palavras oriundas da língua dos povos dos diversos continentes chegaram
ao português, vindas de _______, da América, da Ásia.
Fernão Lopes esteve ativo como escritor no século XV e a esse
século pertencem os factos que nos relata.
No documentário, usa-se a metáfora «as Crónicas [de Fernão Lopes] são um livro que é um país».
Em 1383, D. Fernando morreu e deixou a filha, D. Beatriz,
casada com um rei catalão, D. Gerard Piquê.
D. Leonor, viúva de D. Fernando, apoia a subida ao trono de D.
João, de Castela.
Fernão Lopes terá nascido em Lisboa e na década em que
decorrem estes acontecimentos que nos relata.
Durante a revolução de 1383-85, o povo estava a favor de D.
Zelensky, que preferia a D. Putin.
Depois de estudar, Fernão Lopes tornou-se taberneiro, na
Taberna dos Tombos, sendo nomeado guarda-mor em 1418.
Em 1434 é nomeado cronista-mor do reino, por D. Duarte, que o
encarrega de escrever a história dos reis de Portugal.
Ao longo de vinte anos, Fernão Lopes terá cumprido esse objetivo,
mas só chegaram até nós as crónicas de D. Pedro, D. Fernando e D. João.
A Crónica de D. Pedro,
segundo António Borges Coelho, é a «meno rica» historiograficamente, mas é
fabulosa do ponto de vista literário.
O caso dos amores de D. Inês de Castro é-nos relatado na Crónica de D. Fernando.
Da relação de Pedro e Inês nasceram Dinis e João, mas, antes,
já Pedro e Constança tinham gerado o legítimo Fernando.
D. Pedro teve ainda outro filho João, de uma outra senhora.
Fernão Lopes, trata D. Fernando, cognominado «o feioso»,
elogiosamente.
O povo gostava de Leonor Teles, mulher de Fernando, a quem
chamava «princesa do povo».
D. Beatriz casou com D. João I, de Castela, com onze anos.
Quando D. Leonor é regente, há quatro candidatos ao trono: D.
Beatriz, D. João, D. Dinis, D. João (Mestre de Avis).
D. João, Mestre de Avis, é convencido a matar o alegado amante
da rainha-viúva, Andeiro; e corre por Lisboa a notícia de que estavam a matar o
Mestre no Terreiro do Paço.
O Bispo foi morto porque o povo achava que estava ao lado dos
castelhanos.
No ano seguinte, 1385, o rei de Castela cercaria Lisboa.
Segue-se uma versão
simplificada do célebre trecho do capítulo 11 da Crónica de D. João I, de Fernão Lopes,
Do alvoroço que foi na cidade cuidando que matavam o Mestre, e como lá foi Álvaro Pais e muitas gentes com ele
O pajem do Mestre, que
estava à porta, como lhe disseram que fosse pela vila, segundo já era
percebido, começou de ir rijamente a galope, em cima do cavalo em que estava,
dizendo altas vozes, bradando pela rua:
— Matam o Mestre! Matam o
Mestre nos paços da rainha! Acorrei ao Mestre que matam!
E assim chegou a casa de
Álvaro Pais, que era dali grande espaço.
As gentes que isto ouviam
saíam à rua ver que coisa era. E, começando de falar uns com os outros,
alvoroçavam-se nas vontades e começavam de tomar armas, cada um como melhor e
mais asinha podia.
Álvaro Pais, que estava
prestes e armado com uma coifa na cabeça, segundo usança daquele tempo,
cavalgou logo à pressa, em cima de um cavalo que anos havia que não cavalgara,
e todos seus aliados com ele, bradando a quaisquer que achava, dizendo:
— Acorramos ao Mestre,
amigos! Acorramos ao Mestre, ca filho é de el-rei D. Pedro!
E assim bradavam ele e o
pajem, indo pela rua.
Soaram as vozes do ruído
pela cidade, ouvindo todos bradar que matavam o Mestre. E, assim como viúva que
rei não tinha, e como se lhe este ficara em logo de marido, se moveram todos
com mão armada, correndo à pressa para onde diziam que se isto fazia, para lhe
darem vida e escusar morte.
Álvaro Pais não quedava de
ir para lá, bradando a todos:
— Acorramos ao Mestre,
amigos! Acorramos ao Mestre que matam sem porquê!
A gente começou de se
juntar a ele e era tanta, que era estranha coisa de ver. Não cabiam pelas ruas
principais e atravessavam lugares escusos, desejando cada um de ser o primeiro;
e, perguntando uns aos outros «quem matava o Mestre?», não minguava quem
respondesse que o matava o conde João Fernandes, por mandado da rainha.
E, por vontade de Deus,
todos feitos de um coração, com talente de o vingar, como foram às portas do
paço, que eram já cerradas, antes que chegassem, com espantosas palavras,
começaram de dizer:
— Onde matam o Mestre? Que
é do Mestre? Quem cerrou estas portas?
Ali eram ouvidos brados de
desvairadas maneiras. Tais aí havia que certificavam que o Mestre era morto,
pois as portas estavam cerradas, dizendo que as britassem para entrar dentro, e
veriam que era do Mestre ou que coisa era aquela.
Uns deles bradavam por
lenha e que viesse lume, para porem fogo aos paços e queimar o traidor e a
aleivosa. Outros se aficavam pedindo escadas para subir acima, pera verem que
era do Mestre. E em tudo isto era o ruído tão grande, que se não entendiam uns
com os outros, nem determinavam nenhuma coisa. E não somente era isto à porta
dos paços, mas ainda ao redor deles por onde homens e mulheres podiam estar. Umas
vinham com feixes de lenha, outras traziam carqueja para acender o fogo,
cuidando queimar o muro dos paços com ela, dizendo muitos doestos contra a
rainha.
De cima, não minguava quem
bradasse que o Mestre era vivo e o conde João Fernandes morto. Mas isto não
queria nenhum crer, dizendo:
— Pois se vivo é,
mostrai-no-lo e vê-lo-emos.
Então os do Mestre, vendo
tão grande alvoroço como este, e que cada vez se acendia mais, disseram que
fosse sua mercê de se mostrar àquelas gentes; de outra guisa poderiam quebrar
as portas, ou lhes pôr o fogo; e, entrando assim dentro por força, não lhes
poderiam depois tolher de fazer o que quisessem.
Ali se mostrou o Mestre a
uma grande janela que vinha sobre a rua, onde estava Álvaro Pais e a mais força
de gente, e disse:
— Amigos, pacificai-vos, ca
eu vivo e são sou, a Deus graças.
E tanta era a turvação
deles e assim tinham já em crença que o Mestre era morto, que tais havia aí que
aperfiavam que não era aquele; porém, conhecendo-o todos claramente, houveram
grande prazer quando o viram, e diziam uns contra os outros:
— Oh, que mal fez! Pois que
matou o traidor do conde, que não matou logo a aleivosa com ele! Credes em
Deus: ainda lhe há de vir algum mal por ela. Olhai e vede que maldade tão
grande! Mandaram-no chamar onde ia já de seu caminho, para o matarem aqui por
traição. Oh aleivosa! Já nos matou um senhor e agora nos queria matar outro!
Leixai-a, ca ainda há mal de acabar por estas cousas que faz.
E sem dúvida, se eles
entraram dentro, não se escusara a rainha de morte, e fora maravilha quantos
eram da sua parte e do conde poderem escapar.
O Mestre estava à janela e
todos olhavam contra ele, dizendo:
— Ó senhor! Como vos
quiseram matar por traição! Bendito seja Deus, que vos guardou desse traidor!
Vinde-vos, dai ao demo esses paços, não sejais lá mais!
E, em dizendo isto, muitos
choravam com prazer de o ver vivo.
Vendo ele então que nenhuma
dúvida tinha em sua segurança, desceu a fundo e cavalgou com os seus,
acompanhado de todos os outros, que era maravilha de ver. Os quais, mui ledos
ao redor dele, bradavam, dizendo:
— Que nos mandais fazer,
senhor? Que quereis que façamos?
E ele lhes respondia, mal
podendo ser ouvido, que lho agradecia muito, mas que por então não havia deles
mais mister.
Imagina-te
jornalista do século XIV. Escreve a notícia correspondente ao episódio que
Fernão Lopes relata em «Do alvoroço […]», incluindo: título apelativo; subtítulo
(que complementa o título); um parágrafo curto (só um período) com o lead
(informações essenciais acerca do acontecimento: Quem? O quê? Quando? Onde?);
dois parágrafos de corpo da notícia, com informações sobre as causas (Porquê?)
do acontecimento e as suas circunstâncias (Como?).
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Classifica
as orações sublinhadas:
Não há estrelas no céu
(Rui Veloso)
Não há
estrelas no céu a dourar o meu caminho:
Por mais
amigos que tenha, sinto-me sempre sozinho. ____________
De que
vale ter a chave de casa para entrar,
Ter uma
nota no bolso pr’a cigarros e bilhar?
A
primavera da vida é bonita de viver:
Tão
depressa o sol brilha, como, a seguir, está a chover. ___________
Para mim
hoje é Janeiro, está um frio de rachar,
Parece
que o mundo inteiro se uniu pr’a me tramar!
Passo
horas no café, sem saber para onde ir:
Tudo à
volta é tão feio, [que] só me apetece fugir. ______________
Vejo-me à
noite ao espelho, o corpo sempre a mudar;
De manhã
ouço o conselho que o velho tem pr’a me dar. ___________
A
primavera da vida é bonita de viver:
Tão
depressa o sol brilha, como a seguir está a chover. ___________
Para mim
hoje é Janeiro, está um frio de rachar,
Parece
que o mundo inteiro se uniu pr’a me tramar!
Vou
por aí, às escondidas,
A
espreitar às janelas,
Perdido
nas avenidas
E
achado nas vielas.
Mãe,
o meu primeiro amor
Foi
um trapézio sem rede;
Sai
da frente, por favor,
[Que]
estou entre a espada e a parede. ____________
Não
vês como isto é duro: ___________
Ser
jovem não é um posto,
Ter
de encarar o futuro
Com
borbulhas no rosto.
Porque
é que tudo é incerto?
Não
pode ser ser sempre assim.
Se
não fosse o Rock and Roll, ____________
O
que seria de mim?
A
primavera da vida é bonita de viver:
Tão
depressa o sol brilha como, a seguir, está a chover.
Para mim
hoje é Janeiro, está um frio de rachar;
coordenada assindética
Parece que
o mundo inteiro se uniu pr’a me tramar! ___________
Não
há estrelas no céu,
estrelas
no céu,
....
TPC — Lê
a ficha do Caderno de atividades
sobre orações (27, Coordenação e subordinação), cuja versão corrigida porei em Gaveta de Nuvens.
Aula 100-101 (4/mar [1.ª, 3.ª]) Correção do questionário de compreensão da aula anterior (cfr. Apresentação).
Mais uma tarefa que agradeço à Gramática Didática de Português
(Santillana, 2011):
1.
Identifique as figuras de estilo presentes nos excertos seguintes.
a) Tentei
uma brecha naquela impenetrável muralha de palavras, já cansada de andar
para cá e para lá no corredor, enquanto a minha mãe, da sala perguntava, pela
756.ª vez, quem era.
Alice Vieira, Chocolate
à Chuva.
b) Bastava
a ponta dos meus dedos sobre a mesa, e logo o coração da mesa respondia,
batendo pausadamente ao ritmo do meu.
Alice Vieira, Chocolate
à Chuva.
c) Na primavera
o sol
faz o ninho
no beiral da minha casa.
Francisco Duarte Mangas;
João Pedro Mêsseder, «Ave», Breviário
do Sol.
d)
São como um cristal,
as palavras.
Algumas, um punhal,
um incêndio.
Outras,
orvalho apenas.
Eugénio de Andrade, «As Palavras», Antologia Breve.
e) [...] aquela menina casadoira,
que mora junto ao largo,
vem à varanda ver a Lua.
Manuel da Fonseca, «Noite de Verão», Obra Poética.
f) Perdido num sonho:
o sol, o deserto...
Na linha dos olhos
— tão longe, tão perto —
ondula... a miragem?
Francisco Duarte Mangas;
João Pedro Mêsseder, «Ave», Breviário
do Sol.
g) Já descoberto tínhamos diante,
Lá no novo Hemisfério, nova estrela,
Luís
de Camões, Os Lusíadas.
h) Viva a Mademoiselle! Viva a minha precetora! Viva
o papá que mandou a outra ir embora! Viva! Viva!
Augusto Gil,
Gente de Palmo e Meio.
i)
Fidalgo: — Esta barca onde vai
ora, que assi está apercebida?
Diabo: — Vai pera a ilha perdida e
há de partir logo ess’ora.
Gil Vicente,
Auto da Barca do Inferno.
j) Não
há ninguém mais rico no mundo. Sou riquíssimo. Sou podre de
rico. Cheiro mal de rico.
José Gomes Ferreira, Aventuras de João sem
Medo.
k) Batizei
quase todos os poemas que escrevi. Certo dia, coloquei-os pela ordem alfabética
dos títulos e deixei-os sobre a mesa a repousar, cansados de tanto
trabalho com as palavras.
João Pedro Mêsseder, De Que Cor é o Desejo?
l)
Que medonho sítio!
Irene Lisboa,
Uma Mão Cheia de Nada e Outra de Coisa
Nenhuma.
m) —
Senhor João Sem Medo: cá o meco chama-se Zé Porco... Este meu sócio é o Chico
Calado, mudo de nascença... E aquele tem a alcunha de «Louro» porque passa a
vida a beberricar pelas tabernas, onde improvisa cada versalhada de se lhe tirar
o chapéu.
«Sim, senhor... — pensou João Sem
Medo. — Linda coleção!»
José Gomes Ferreira, Aventuras de João sem
Medo.
n) —
Não acredito — disse Gil. — Você não tem fibra para ensinar a esgadanhar um
bocado de Liszt a essas monas filhas de tubarões da finança e medíocres
cortesãs.
Agustina Bessa-Luís, Contos Impopulares.
o)
E erguendo a cabeça do bordado
explicou-se melhor:
— Quando Deus quer, até os cegos veem.
Carlos de Oliveira, Uma Abelha na Chuva.
p)
Cessem do sábio Grego e do
Troiano
As navegações grandes que fizeram;
Cale-se de Alexandre e de Trajano
A fama das vitórias que tiveram;
Que eu canto o peito ilustre Lusitano,
Luís
de Camões, Os Lusíadas.
q)
Meio-dia
O Sol tem os seus
Caprichos: não gosta
Que o olhem
Olhos nos olhos.
Francisco Duarte Mangas;
João Pedro Mêsseder, Breviário
do Sol.
r)
Que, da ocidental praia
lusitana
Luís de Camões, Os
Lusíadas.
s)
Era um céu alto, sem resposta, cor
de frio.
Sophia de Mello Breyner
Andresen, Contos
Exemplares.
t) Uma
árvore tem raízes, tem tronco, tem ramos, tem folhas, tem varas, tem flores, tem
frutos. Assim há de ser o sermão: há de ter raízes fortes e sólidas, porque
há de ser fundado no Evangelho; há de ter um tronco, porque há de ter um só
assunto e tratar uma só matéria; deste tronco hão de nascer diversos ramos, que
são diversos discursos, mas nascidos da mesma matéria e continuados nela.
Padre António Vieira, Sermão de
Santo António aos Peixes.
u)
Enquanto os vermes iam roendo esses
cadáveres amarrados pelos grilhões da morte.
Alexandre Herculano, Eurico, o Presbítero.
v)
Eu não posso senão ser
desta terra em que nasci.
Jorge de Sena, «Quem
A Tem».
w) O céu tremeu, e Apolo, de
torvado,
Um pouco de luz perdeu, como enfiado.
Luís
de Camões, Os
Lusíadas.
Lê o poema «As pequenas gavetas do amor»
(p. 210), de Ana Luísa Amaral. Propõe uma explicação para o travessão final,
comentando o seu valor expressivo.
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TPC — Relê o que vou destacar em Gaveta de Nuvens sobre figuras deestilo.
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