Aulas (1.º período: 21-38)
Aula
21-22
(20/out [1.ª, 3.ª]) Correção de comentário comparativo dos dois «Lisbon Revisited».
Começa por relancear o texto expositivo «Alberto Caeiro, o poeta
‘bucólico’» (p. 49). Depois, lê o nono poema de «O Guardador de Rebanhos», de Alberto Caeiro, que ponho a seguir,
e completa a tabela.
IX
Sou um guardador de
rebanhos.
O rebanho é os meus
pensamentos
E os meus pensamentos são
todos sensações.
Penso com os olhos e com os
ouvidos
E com as mãos e os pés
E com o nariz e a boca.
Pensar uma flor é vê-la e
cheirá-la
E comer um fruto é
saber-lhe o sentido.
Por isso quando num dia de
calor
Me sinto triste de gozá-lo
tanto,
E me deito ao comprido na
erva,
E fecho os olhos quentes,
Sinto todo o meu corpo
deitado na realidade,
Sei a verdade e sou feliz.
Alberto Caeiro, «O
Guardador de Rebanhos», Poemas de Alberto Caeiro, Lisboa, Ática, 1946
(10.ª ed.: 1993)
Trechos |
Vv. |
Figuras |
Funcionalidade do recurso estilístico |
Sou um guardador de
rebanhos. |
1 |
____ |
O sujeito poético
aproxima-se da natureza. A afirmação é a primeira premissa do silogismo
constituído pelos três primeiros versos, cuja conclusão será «o sujeito
poético é um guardador de _____». |
Penso com os olhos e com
os ouvidos / E com as mãos e os pés, / E com o nariz e a boca. |
4-6 |
Enumeração |
Com este inventário de
órgãos sensoriais reforça-se o que se estipulara no v. 3 (a ____ do sentir
físico). |
Polissíndeto |
A articulação dos termos
através da ____ «e» ajuda a representar o eu
lírico como ingénuo, simples, infantil, ao mesmo tempo que acentua o citado
predomínio das _____. |
||
____ |
Hierarquizam-se as
sensações de acordo com o grau de conhecimento que permitem apreender: as
impressões visuais são a primeira fonte de saber, seguindo-se as auditivas,
as táteis, as olfativas e, por fim, as gustativas. |
||
E com as mãos e os pés /
E com o nariz e a boca. |
5-6 |
____ / Paralelismo |
Através da arrumação
paralelística, consegue-se estilizar, «poetizar», o segmento, que pretendia
também afirmar a simplicidade (caeiriana)
do eu. |
Pensar uma flor é vê-la e
cheirá-la / E comer um fruto é saber-lhe o sentido. |
7-8 |
Metáfora / ____ |
Exemplifica-se o que se
teorizara antes (o poeta só pensa através das sensações — no caso, visão,
olfato, gosto). No v. 7, a ação sensorial está à direita (pensar = visão e olfato); no verso 8, a ordem é
a contrária (gosto = pensar). |
Me sinto triste de gozá-lo
tanto, |
10 |
____ |
O quase paradoxo marca
talvez a aversão do eu à perceção
mental do gozo. |
E fecho os olhos quentes, |
12 |
Sinestesia |
Um pouco forçadamente,
talvez se possa considerar haver aqui uma associação do ___ («quente») à
visão («olhos»), que, de novo, tenderia a valorizar o domínio das ___. |
Sinto todo o meu corpo
deitado na realidade, |
13 |
____ |
Sugere-se a importância
do sentir (do «corpo»), que seria a única via de acesso à «realidade». |
Sei a verdade e sou
feliz. |
14 |
Paralelismo / Bipartição
do verso |
Na sequência da metáfora
anterior, confirma-se a supremacia do ____ sobre o pensar, assume-se a
sensação como a autêntica forma de ____ e única fonte de felicidade. |
Lê
agora, na p. 52, o «Poema segundo» do mesmo conjunto de poemas de Alberto
Caeiro (reunidos em «O Guardador de Rebanhos»). Sintetiza em frases com
menos de trinta letras as lições que o sujeito quer inculcar em cada uma das
três primeiras estrofes:
estrofe
dos vv. 1-12: ________.
sextilha
de 13-18: ________.
quintilha
de 19-23: ________.
Quanto
ao dístico com que o poema se conclui (vv. 24-25), resolve o item 6 do manual
(«constit[ui] um silogismo inacabado. Completa-o»):
Amar
é a eterna inocência;
A
única inocência é não pensar;
Logo, _________.
A
filosofia de Caeiro — que se diz guardador de rebanhos — tem alguma coisa que
ver com Paterson — condutor de autocarros — e os seus poemas. Desenvolve esta
ideia.
O protagonista
de Paterson . . . . . . . . . .
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TPC — Lê a solução que pus em Gaveta de Nuvens para a ficha 3 do Caderno
de atividades, sobre Álvaro de Campos.
Aula 23R-23 (19 [1.ª], 21/out [3.ª])
O que há em mim é sobretudo
cansaço —
Não disto nem daquilo,
Nem sequer de tudo ou de nada:
Cansaço assim mesmo, ele mesmo,
Cansaço.
A subtileza das sensações inúteis,
As paixões violentas por coisa nenhuma,
Os amores intensos por o suposto em alguém,
Essas coisas todas —
Essas e o que falta nelas eternamente —;
Tudo isso faz um cansaço,
Este cansaço,
Cansaço.
Há sem dúvida quem ame o infinito,
Há sem dúvida quem deseje o impossível,
Há sem dúvida quem não queira nada —
Três tipos de idealistas, e eu nenhum deles:
Porque eu amo infinitamente o finito,
Porque eu desejo impossivelmente o possível,
Porque quero tudo, ou um pouco mais, se puder ser,
Ou até se não puder ser...
E o resultado?
Para eles a vida vivida ou sonhada,
Para eles o sonho sonhado ou vivido,
Para eles a média entre tudo e nada, isto é, a
vida...
Para mim só um grande, um profundo,
E, ah com que felicidade infecundo, cansaço,
Um supremíssimo cansaço,
Íssimo, íssimo, íssimo,
Cansaço...
Fernando Pessoa, Poesia dos
Outros Eus, Lisboa, Assírio & Alvim, 2010.
Lê o poema «O que há em mim é sobretudo cansaço»,
de Álvaro
de Campos. Segue-se uma sua análise, que deves completar apenas com
transcrições do texto.
Percebe-se pela quintilha inicial que o cansaço
que domina o sujeito poético não tem uma origem definida nem um motivo concreto
(assim se reconhece no segundo e terceiros versos, bipartidos: «________»). No
final da estrofe, explicita-se mesmo o caráter, quase caprichoso, deste cansaço
permanente e, decerto, essencialmente psíquico: «________» (vv. 4-5).
Na segunda estrofe, o poeta começa uma
diferenciação relativamente aos outros, que prosseguirá até ao fim do poema.
Nos três versos que iniciam a oitava, apresentam-se as sensações, as paixões,
os amores que mobilizam os outros, resumido em «_______» (vv. 9-10), súmula
claramente depreciativa. Nos três versos que fecham a estrofe, a epífora
(«_______») assinala a reação do poeta ao que costuma embevecer os que não são
como ele.
Na terceira estrofe, três versos anafóricos servem
para representar a atitude com que o poeta se vai contrastar (______). Em
nenhum destes tipos de idealismo o poeta se reconhece, por razões que enuncia
em paradoxos: «_______».
A última estrofe
analisa as consequências, como logo anuncia a pergunta que a abre («__________»).
Como já acontecera antes, começa-se pelos «_______» (que ficam com «_______»,
«_______», «_______» — notem-se o quiasmo, o paralelismo, a antítese, todos tão
pessoanos).
Os cinco últimos versos
são muito expressivos. O verso que introduz esta parte sobre o poeta fecha a
anáfora que vinha dos três versos anteriores (com a preposição «_______») e
inicia a enumeração dos adjetivos caracterizadores do cansaço do poeta («______»,
«______», «______»), não sem pelo meio se inserir uma expressão interjetiva
(«______»). Depois, partindo
do superlativo neologístico «_______»
(«supremo» já é um superlativo relativo de superioridade, corresponde a ‘o mais
alto’), o poeta utiliza isoladamente o sufixo «______», indicador do grau, amplificando-o
através da repetição, que sugere a sua ligação ao substantivo «______». É um processo — modernista — de
desconstrução e reconstrução das palavras.
Os sketches «Carjaquim» (série Zé Carlos) e «O meu filho é uma joia de
moço» (Barbosa) servir-nos-ão para revermos os processos irregulares de formação
de palavras (cfr. p. 7 do anexo colado à capa). À esquerda, a
palavra que interessa; ao centro, a etimologia; à direita, porás o processo: extensão semântica, empréstimo, sigla, acrónimo, amálgama, truncação, onomatopeia.
palavra |
étimo |
processo de formação |
inglês carjacking |
car + hijacking |
|
carjacking |
inglês carjacking |
|
carjaquim |
carjacking + Jaquim (< Joaquim) |
|
badalhoca
(‘mulher suja’) |
badalhoca (‘bola de excremento e terra pendente
entre as pernas das ovelhas e cabras’) |
|
droga |
francês drogue |
|
mota
[ou moto] |
motorizada ou
motocicleta |
|
joia
(‘adorno de matéria preciosa’) |
francês joie (‘alegria’) |
|
joia
(‘pessoa muito estimável’) |
joia (‘adorno de matéria preciosa’) |
|
grego diabetes (‘diabetes’) |
grego diabetes (‘sifão’) |
|
Cajó |
Cá (< Carlos) + Jó (< Jorge) |
duas
______________ |
Zé |
José |
|
FPE
[pronunciado «fê-pê-é»] |
Fernando por esticão |
|
FPE
[pronunciado «fpé»] |
Fernando
por esticão |
|
Completa agora com o aspeto.
Podes ver na p. 67, mas já deves saber usar estes termos: genérico; perfetivo, imperfetivo; habitual; iterativo.
Frase |
Aspeto |
«Carjacking»
é uma palavra estrangeira |
|
alguns
bandidos começaram a praticar uma
variante |
imperfetivo,
[incoativo ou ingressivo] |
a
nossa reportagem acabou por voltar
(porque estava frio) |
perfetivo,
[cessativo ou conclusivo] |
aquilo
que faço é uma espécie de
carjacking |
|
foi uma experiência muito
traumática |
|
a
malta pergunta-me constantemente:
«tu não ...» |
|
andas metido nos diabetes |
|
morreu atropelado por uma mota |
|
estou a conversar com este gafanhoto gigante chamado Zé António |
|
Podendo
socorrer-te dos valores modais (modalidade)
apontados na p. 69, preenche a coluna à direita (de qualquer modo, os termos a
usar serão:
epistémica (valor de
certeza);
epistémica (valor de
probabilidade);
deôntica (valor de
obrigação);
deôntica (valor de
permissão);
apreciativa.
Frase de Último a sair, passo de traição de
Débora |
Modalidade (valor de ...) |
Pões-me
creme? [Débora para Bruno] |
deôntica
(valor de obrigação) |
Podes
pôr-me creme, faz favor. [Débora para Bruno] |
|
Posso.
[Bruno para Débora] |
|
Então
não posso. [Bruno para Débora] |
|
As
tuas mão são uma coisa, Bruno! [Débora
para Bruno] |
|
São
super-fortes! [Débora para Bruno] |
|
Eu
até me estou a sentir mal. [Bruno para Débora] |
|
O
Unas é que devia estar a fazer
isto... [Bruno] |
|
Não
te preocupes. [Débora para Bruno] |
|
O
quintal ainda não é aí. [Débora para Bruno] |
|
E
o vizinho não tem de saber de
nada. [Débora para Bruno] |
|
Se
calhar, posso espalhar por mais
sítios? [Bruno para Débora] |
|
Claro.
[Débora para Bruno] |
|
É
isso. [Débora para Bruno] |
|
Está
ótimo! [Débora para Bruno] |
|
Tens
uma melga aqui. [Unas para Débora] |
|
Posso matá-la? [Unas para
Débora] |
|
Granda
melga! Bem! [Bruno para Unas] |
|
[...]
quando podes ter o original [Bruno
para Débora] |
|
Se calhar, até quero o original.
[Débora para Bruno] |
|
Tipo duas melgas que voavam mais ou menos assim. [Bruno] |
|
Unas,
isso é aquela conversa que não interessa a ninguém. [Débora] |
|
Grupo I — A
Leia
o poema. Se necessário, consulte o glossário apresentado a seguir ao texto.
Na casa defronte de mim e
dos meus sonhos,
Que felicidade há sempre!
Moram ali pessoas que
desconheço, que já vi mas não vi.
São felizes, porque não são
eu.
As crianças, que brincam às
sacadas altas,
Vivem entre vasos de
flores,
Sem dúvida, eternamente.
As vozes, que sobem do
interior do doméstico,
Cantam sempre, sem dúvida.
Sim, devem cantar.
Quando há festa cá fora, há
festa lá dentro.
Assim tem que ser onde tudo
se ajusta -
O homem à Natureza, porque
a cidade é Natureza.
Que grande felicidade não
ser eu!
Mas os outros não sentirão
assim também?
Quais outros? Não há
outros.
O que os outros sentem é
uma casa com a janela fechada,
Ou, quando se abre,
É para as crianças
brincarem na varanda de grades,
Entre os vasos de flores
que nunca vi quais eram.
Os outros nunca sentem.
Quem sente somos nós,
Sim, todos nós,
Até eu, que neste momento
já não estou sentindo nada.
Nada? Não sei...
Um nada que dói...
Álvaro de Campos, Poesia, edição de Teresa Rita
Lopes, Lisboa, Assírio & Alvim, 2002
GLOSSÁRIO | sacadas (verso 5) — varandas pequenas.
Apresente,
de forma clara e bem estruturada, as suas respostas aos itens que se seguem.
1. As sensações do
sujeito poético são determinantes para a construção de uma certa ideia de
quotidiano feliz. Identifique duas sensações representadas nas quatro primeiras
estrofes, citando elementos do texto para fundamentar a sua resposta.
2. Caracterize o tempo da
infância tal como é apresentado na terceira estrofe do poema.
3. Explique a relação que o sujeito poético
estabelece com os «outros» nas seis primeiras estrofes do poema, fundamentando
a sua resposta em referências textuais pertinentes.
4. Relacione o conteúdo da última estrofe com as reflexões
apresentadas nas duas estrofes anteriores.
1. . . . . . . . . . . . .
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2. . . . . . . . . . . . .
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3. . . . . . . . . . . . .
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4. A dor e o vazio expressos na última estrofe, particularmente no verso «Um
nada que dói...» (v. 26), decorrem das reflexões desenvolvidas nas duas
estrofes anteriores. O sujeito poético questiona-se
quanto aos «outros» e
aos seus sentimentos (v. 15), concluindo que, por um lado, cada outro é um eu (v. 16) e que só é possível sentir enquanto «eu» ou «nós»
(vv. 21-24); por outro lado, não se pode saber o que «os outros» sentem (vv.
17-20), uma vez que existe uma incomunicabilidade essencial entre os seres humanos,
de que resulta a consciência separada de cada eu.
Soluções possíveis:
1. Nas quatro primeiras
estrofes do poema, encontram-se representadas sensações visuais e auditivas,
como se comprova através dos elementos seguintes: «que já vi mas não vi» (v. 3)
— sensação visual; «As crianças, que brincam às sacadas altas, / Vivem entre
vasos de flores» vv. 5-6) — sensação visual; «As vozes, que sobem do interior
do doméstico. / Cantam sempre» (vv. 8-9) — sensação auditiva.
2. Na terceira estrofe do
poema, o tempo da infância é caracterizado por um ambiente de despreocupação
feliz, sugerido pelo ato de brincar («As crianças, que brincam às sacadas
altas, / Vivem entre vasos de flores» — vv. 5-6), e pela não consciência da
passagem do tempo («Sem dúvida, eternamente.» — v. 7).
3. Nas seis primeiras
estrofes do poema, a relação que o sujeito poético estabelece com «os outros» é
marcada pela diferença, dado que estes são felizes, como se deduz dos elementos
referidos no texto: alegria aparente (v. 2 e v. 4), brincadeira (v. 5), flores
(v. 6), canto (vv. 8 a 10), festa (v. 11). O sujeito poético considera-se à parte e diferente dos «outros»: «São felizes, porque não são
eu.» (v. 4), «Que grande felicidade não ser eu!» (v. 14).
[4. A dor e o vazio expressos na última estrofe,
particularmente no verso «Um nada que dói...» (v. 26), decorrem das reflexões
desenvolvidas nas duas estrofes anteriores. O sujeito poético questiona-se quanto aos «outros» e aos seus sentimentos (v. 15), concluindo
que, por um lado, cada outro é um eu (v. 16) e que só é possível sentir enquanto «eu» ou «nós» vv.
21-24); por outro lado, não se pode saber o que «os outros» sentem vv. 17-20),
uma vez que existe uma incomunicabilidade essencial entre os seres humanos, de
que resulta a consciência separada de cada eu.]
TPC — Vê a solução da ficha 16 do Caderno de atividades (sobre ‘Processos irregulares de formação de
palavras’) que porei em Gaveta de Nuvens.
Aula 24-25 (22/out [1.ª, 3.ª]) Correção da recriação de «Dobrada à moda do Porto», de Campos.
Começa
por ler, na p. 71, «Ricardo Reis, o poeta “clássico”».
Para perceberes melhor os conceitos de epicurismo e estoicismo,
lê também o texto expositivo enquadrado na p. 74 («Epicurismo e estoicismo —
contra o medo da morte, as filosofias da aceitação»).
Lê
agora a ode de Ricardo Reis no cimo da p. 72. {Completa,
sabendo já que te vou pedir a leitura em voz alta desta resposta, muito
especificamente a ti, que nem sempre escreves estes trechos com o cuidado
devido:}
Os
primeiros quatro versos constituem uma crítica àqueles que . . . . . . . . . .
. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
Nos
restantes quatro versos (5-8), fica justificada aquela crítica. O sujeito
poético lembra que . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
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. . . . . . . . . . . . . .
Portanto,
a maneira inteligente de vivermos é . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
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. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
Eis
outra ode de Reis cuja tese é idêntica à do poema anterior («Uns, com os olhos
postos no passado»). De cada terceto se pode deduzir um conselho, uma máxima de
vida. Escreve esses conselhos que o sujeito poético parece estipular:
Cada dia sem gozo não foi
teu:
Foi só durares nele. Quanto
vivas
Sem que o gozes, não vives.
Não pesa que ames, bebas ou
sorrias:
Basta o reflexo do sol ido
na água
De um charco, se te é
grato.
Feliz o a quem, por ter em
coisas mínimas
Seu prazer posto, nenhum
dia nega
A natural ventura!
vv.
1-3: ____________.
vv. 4-6: ____________.
vv. 7-9: ____________.
Realça
o valor da antítese «vivemos, morreremos» (verso 7).
. .
. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
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. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
Antes
de vermos mais um trecho de Clube dos
Poetas Mortos, de Peter Weir, atentemos no poema de Walt Whitman
(1819-1892), «O Captain! my Captain!», que o protagonista, John Keating, citava
logo na sua apresentação aos alunos.
Logo
perceberemos como Álvaro de Campos e
os futuristas foram influenciados
pelo poeta americano — já para não falar dos poetas da geração beat, como Allen Ginsberg, referido
mesmo no final de Paterson (pelo japonês poeta que conversa com Paterson).
Ó CAPITÃO! MEU CAPITÃO!
Ó capitão! meu capitão!
terminou a nossa terrível viagem,
O navio resistiu a todas as
tormentas, o prémio que buscávamos está ganho,
O porto está próximo, oiço
os sinos, toda a gente está exultante,
Enquanto seguem com os
olhos a firme quilha, o ameaçador e temerário navio;
Mas, oh coração! coração! coração!
Oh as gotas vermelhas e
sangrentas,
Onde no
convés o meu capitão jaz,
Tombado,
frio e morto.
Ó capitão! meu capitão!
ergue-te e ouve os sinos;
Ergue-te — a bandeira
agita-se por ti, o cornetim vibra por ti;
Para ti ramos de flores e
grinaldas guarnecidas com fitas — para ti as multidões nas praias,
Chamam por ti, as massas
agitam-se, os seus rostos ansiosos voltam-se;
Aqui capitão! querido pai!
Passo o braço por baixo da tua
cabeça!
Não passa
de um sonho que, no convés,
Tenhas
tombado frio e morto.
O meu capitão não responde,
os seus lábios estão pálidos e imóveis,
O meu pai não sente o meu
braço, não tem pulso nem vontade,
O navio ancorou são e
salvo, a viagem terminou e está concluída,
O navio vitorioso chega da
terrível viagem com o objetivo ganho:
Exultai, ó praias, e tocai, ó sinos!
Mas eu com um passo desolado,
Caminho no
convés onde jaz o meu capitão,
Tombado,
frio e morto.
Walt
Whitman, Folhas de Erva [Leaves of
Grass, 1855], II, trad. de Maria de Lourdes Guimarães, Lisboa, Relógio
D’Água, 2002, p. 599
Ainda antes de falar aos seus alunos em Walt Whitman, Keating
aludira a um verso do poeta romano Horácio (65 a.C.-8 a.C.), onde se
lê, em latim, carpe diem (que
podemos traduzir por ‘goza o dia’, ‘colhe o dia’, ‘desfruta do presente’). A
ode completa é esta (destaquei a negro o passo que interessa mais):
Tu não perguntes (é-nos proibido pelos deuses saber) que fim a
mim, a ti,
os deuses deram, Leucónoe,
nem ensaies cálculos babilónicos.
Como é melhor suportar o
que quer que o futuro reserve,
quer Júpiter muitos
invernos nos tenha concedido, quer um último,
este que agora o tirreno mar quebranta ante os rochedos que se
lhe opõem.
Sê sensata, decanta o
vinho, e faz de uma longa esperança
um breve momento. Enquanto
falamos, já invejoso terá fugido o tempo:
colhe cada dia,
confiando o menos possível no amanhã.
[Horácio, ode 11 do Livro
I, Odes, tradução de Pedro Braga
Falcão, Lisboa, Cotovia, 2008, p. 69]
O
sentido horaciano de «colhe o dia» (carpe
diem) é talvez mais conformista, mais passivo, do que aquele que sairá
da interpretação comum do filme. Note-se, no último verso, o ‘confiando o menos
possível no amanhã’. O sentido que lhe daria Ricardo Reis, e à filosofia
epicurista, seria, naturalmente, o antigo, o clássico.
O
filme citara antes o poema inglês — de Robert Herrick (1591-1674) — «To the
Virgins, to Make Much of Time», em que se defende, a partir do exemplo da
efemeridade das rosas, que devemos aproveitar a juventude, porque a vida é
breve. Também neste passo se tratava de uma ideia comum ao epicurismo-estoicismo de Ricardo Reis.
Lê
este poema do patrono da nossa escola, José Gomes Ferreira (1900-1985):
Vive em cada minuto
a tua eternidade
— sem luto
nem saudade.
Vive-a pleno e forte
num frenesim
de arremesso.
Para que a tua morte
seja sempre um fim
e nunca um começo.
José Gomes Ferreira, Poeta
Militante, I, 3.ª ed., Lisboa,
Moraes Editores, 1977
Num
comentário, compara-o com a ode de Reis, na p. 72, «Tão cedo passa tudo quanto
passa!», procurando distinguir e/ou aproximar a «filosofia» de cada um dos
poemas.
. .
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TPC —
Lê em Gaveta de Nuvens soluções das fichas 2 e 4 do Caderno de atividades,
sobre Alberto Caeiro e Ricardo Reis. Estes trabalhos são para ser feitos com
mais estoicismo (neste caso, alguma abnegação) do que epicurismo (sei lá como
colhem o dia).
Aula 26-27 (26 [1.ª], 27/out [3.ª]) Lê este excerto de uma crónica de Miguel Esteves Cardoso:
Vou fazer 55 anos e só esta semana provei
arroz doce quente, acabado de fazer. Avisaram-me que fazia virar a tripa, mas que
valia a pena. E fez, mas valeu.
Faltam-me a marmelada quente e os doces de
ginja e tomate recém-fervidos e arrefecidos só o bastante para não arrancar o
céu da boca. [...]
Adiar prazeres é uma boa estratégia. Convém
que sejam prazeres que não requeiram energia física. Tenho autores guardados,
como Joseph Roth. Ou cidades, como Barcelona. De resto, fui ganancioso e
esbanjei, na estupidez e cobardia do carpe diem, o
pouco conhecimento que tinha na imensidão das coisas que conheci. Antes de
aprender a dar-lhes valor, à parte serem diferentes umas das outras. Só se vai
uma vez a Paris pela primeira vez. Desperdicei-a aos treze anos. A pressa é uma
paixão destrutiva. [...]
Fiz bem com o arroz-doce quente. As alegrias
também se poupam e adiam. Devem guardar-se. Faz mal quem se antecipa tanto que
lhe escapa a felicidade de saber o que lhe está a acontecer. Antes de ser
tarde.
Miguel Esteves Cardoso, «O
arroz-doce quente», Público, 18 de julho
de 2010 [transcrito de Expressões. 12.º
ano, Porto, Porto Editora, 2012, de que adapto também duas perguntas]
Explica por que motivo considera o cronista
que «[a]diar prazeres é uma boa estratégia».
. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
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Ouçamos agora uma boa declamação, de Sinde
Filipe, do poema de Ricardo Reis cujo primeiro verso é
«Vem sentar-te comigo, Lídia, à beira do rio» (p. 75).
A
opção pelo adiamento de prazeres defendida no poema de Reis prende-se com os
mesmas razões que moviam o cronista de «O arroz-doce quente»?
Enquanto
em «O arroz-doce quente» se defende . .
. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . , no poema de Ricardo Reis
. . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
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. . . . . . . . .
Para
resolveres a pergunta 1 do manual (p. 75), completa o que já vai muito resolvido,
indicando as estrofes que correspondem aos três momentos:
1.ª parte |
estrofes ___ e ___ |
Desejo epicurista de
usufruir o momento. |
2.ª parte |
estrofes ___ a ___ |
Renúncia voluntária ao prazer
e ao arrebatamento. |
3.ª parte |
estrofes ___ e ___ |
Justificação da renúncia. |
Também
seria possível dividir o poema em quatro partes, cujo assunto se resumiria nas
etiquetas a seguir (que não estão por ordem). Põe a seu lado as estrofes que lhes
correspondem:
A ausência de perturbação
face à morte. |
estrofes ___ e ___ |
A inutilidade dos
compromissos. |
estrofes ___ e ___ |
A efemeridade da vida. |
estrofes ___ e ___ |
A busca da tranquilidade. |
estrofes ___ e ___ |
Circundando-a, seleciona nos
pares a negro a palavra pertinente:
No início do poema, o
sujeito lírico, situado num espaço bucólico/urbano, apela, através da perífrase/apóstrofe presente no primeiro
verso, à presença de Lídia, a quem exorta/desencoraja a observar o rio e a sua corrente como antíteses/metáforas da vida e da sua transitoriedade.
A constatação da brevidade da vida é aceite de modo sereno/perturbado e conduz ao desejo de
fruir os momentos e assumir compromissos, mesmo físicos/psicológicos, como a hipótese (marcada pelo
recurso aos parênteses) de enlaçar as mãos.
Resolvendo agora o ponto 3 (já na p. 76),
completa esta resposta:
O poema é vincadamente neoclássico, de
influência horaciana, e esse cariz manifesta-se sobretudo nas características a
seguir enunciadas: papel do Destino
(Fado) — é o destino que rege o curso do tempo que o rio simboliza e no termo
do qual está a ________; referências
mitológicas — deuses, «barqueiro sombrio» que recebe o ________ (Caronte); presença do epicurismo-estoico — se a
vida passa e não se pode evitar a morte, é preciso, por um lado, aproveitar o
________ (epicurismo), e, por outro, vivê-lo com serena e altiva aceitação do
destino (_______); recurso à ode, na
tradição de _______ (até o nome «Lídia» foi buscado nas Odes
do poeta romano).
Lê o poema de Sophia de Mello Breyner Andresen
na p. 76. Tem algumas semelhanças óbvias com odes de Ricardo Reis — a que alude até no título — e, particularmente, com
«Vem sentar-te comigo, Lídia, à beira do rio» (p. 75).
Descartando as semelhanças formais
(quartetos com um/dois versos mais curtos; vocativo «Lídia», uso da 1.ª pessoa
do plural), ocupa-te apenas com o contraste em termos de ideologia.
Embora ambos os textos reconheçam a fugacidade
da vida, o poema de Sophia, ao contrário do de Ricardo Reis, . . . . . . . . .
. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
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Se houver tempo, completa a análise do
poema de Ricardo
Reis na p. 73, preenchendo as lacunas com as seguintes palavras:
compromisso — egoisticamente — paralelismos
— natural — quietismo — desvalorizar — apóstrofe — sofrimento — renovação —
interrogação — indiferença — distante — vida — confidente — classicizante —
flores — epicurista — imperturbável — preocupações — fluir
O poeta revela-se inclinado
à ________, ao apagamento, ao ________, à ausência de _________ com
o que quer que seja, à rejeição do não _________. Ele exercita-se na arte de
ser «aquele a quem já nada importa».
«As outras coisas que os humanos / Acrescentam à vida» (vv. 13-14) opõem-se aqui
ao que é natural, representado pelas ________ de gosto clássico — as rosas (que
o poeta prefere — v. 1) e as magnólias (que o poeta ama — v. 2) —, pelo passar
da ________ sem deixar marcas nem comprometer (notar os ________ de construção
ao gosto clássico — «Logo que a vida» / «Que a vida»
/ «Logo que»,
vv. 4 a 6), pelo raiar da aurora (v. 9), pelo aparecer das flores, cada ano,
com a primavera (símbolo da _________ — vv. 10-11) e pelo seu desaparecer com o
outono (símbolo da negatividade e do _________ do tempo — v. 12).
Essas outras coisas não naturais nada «aumentam na alma» do poeta (notar a _________ retórica do v. 15) em
termos positivos. Elas são o sentido de pátria (notar o grafismo em minúscula
para __________ a importância da «pátria» — v. 1 —, com tudo o que «pátria» significa a nível coletivo e individual), a busca da glória e
da virtude (v. 3 — que não deixam de ser mais preocupações), a ambição do poder
e do fazer prevalecer _________ os próprios caprichos («Que um perca e outro vença» — v. 8).
Tudo isto, que só traz ao
poeta «o desejo de indif’rença» (v. 16 — notar a grafia
_________ do termo) «e a confiança mole / Na hora fugitiva» (vv. 17-18), nada lhe
acrescenta. Ele só deseja manter-se sereno e _________, esperando que a passagem
do tempo (a «hora fugitiva») se processe sem ________ («mole» — v. 17).
O destinatário do poema — o «meu amor» (v. 1) — assume aqui o papel de _________, e exprime a ideia de
solidão e intimismo. O poeta dirige-se-lhe (notar a __________ do v. 1, encontrando-se
o vocativo intercalado na frase, ao gosto clássico).
Apesar de referir esse
interlocutor, Reis mostra aqui aspirar a um ideal contemplativo (marca ________)
e ser nada inclinado à comunicação direta autêntica. Ele dirige-se ao seu amor mas
não institui com ele quaisquer laços, antes se mostra ________. O que ele
pretende instituir é uma filosofia de vida que lhe permita atravessar a
existência sem ________.
Lino Moreira da Silva, Do Texto à
Leitura (Metodologia da Abordagem Textual) Com a Aplicação à Obra de Fernando
Pessoa, Porto, Porto Editora, 1989 (adaptado)
[Tarefa retirada do manual Expressões. 12.º ano, Porto, Porto
Editora, 2012]
TPC — Lê as páginas informativas sobre ‘conto’ (pp. 129-131). A ideia
é irmos entrando na técnica de redação de contos, para, mais tarde, escreverem
contos suscetíveis de serem enviados ao Concurso literário Correntes d’escritas.
Aula 28R-28 (27 [1.ª], 28/out [3.ª])
Lírica de Camões [exame de 2016, 1.ª fase]
// Grupo I — B
Leia o soneto.
Oh! como se me alonga, de ano em
ano,
a
peregrinação cansada minha!
Como
se encurta, e como ao fim caminha
este
meu breve e vão discurso humano!
Vai-se
gastando a idade e cresce o dano;
perde-se-me
um remédio, que inda tinha;
se
por experiência se adivinha,
qualquer
grande esperança é grande engano.
Corro
após este bem que não se alcança;
no
meio do caminho me falece,
mil
vezes caio, e perco a confiança.
Quando
ele foge, eu tardo; e, na tardança,
se
os olhos ergo a ver se inda parece,
da
vista se me perde e da esperança.
Luís de Camões, Rimas
4. Nas duas quadras, o sujeito poético reflete sobre
os efeitos da passagem do tempo na sua vida. Refira quatro dos aspetos que
integram essa reflexão.
[ dois dos Tópicos nos Critérios de classificação:
De acordo com as duas quadras, o sujeito poético:
– entende a vida como uma experiência longa e cada
vez mais penosa;
– toma consciência da aproximação do termo da sua
vida;
– ... {sugeriam-se
mais três outros tópicos possíveis} ]
. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
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. . . . . . . . . . . .
5. Relacione o
sentido do verso «qualquer grande esperança é grande engano» com o conteúdo dos
dois tercetos.
[acrescenta
à resposta que já pus as duas palavras em falta]
O verso «qualquer grande
esperança é grande engano» (v. 8) sugere que, para o sujeito poético, toda a
esperança acaba por se revelar _____. Esta ideia concretiza-se nos dois
tercetos. O bem desejado é representado como um objetivo que se persegue, num
caminho em que o sujeito cai e se levanta, até que o próprio bem desejado se
perde de vista e o desânimo _____.
À direita, indica a função sintática dos segmentos
sublinhados de
A cantiga é uma arma
(José Mário Branco)
A cantiga é uma arma _____________
e eu não sabia,
tudo depende da bala ___________
e da pontaria,
tudo depende da raiva
e da alegria;
a cantiga é uma arma
de pontaria. __________
Há quem cante por interesse,
há quem cante por cantar, ________
há quem faça profissão
de combater a cantar
e há quem cante de pantufas
para não perder o lugar. modificador
do grupo verbal
O faduncho choradinho
de tabernas e salões
semeia só desalento, _________
misticismo e ilusões,
canto mole em letra dura
nunca fez revoluções. ________
A cantiga é uma arma· (contra quem?)
contra a burguesia,
tudo depende da bala
e da pontaria,
tudo depende da raiva ________
e da alegria;
a cantiga é uma arma
de pontaria.
Se tu cantas a reboque, _______
não vale a pena cantar;
se vais à frente demais,
bem te podes engasgar; ______
a cantiga só é arma
quando a luta acompanhar. _______
Uma arma eficiente, _______
fabricada com cuidado, _______
deve ter um mecanismo
bem perfeito e oleado
e o canto com uma arma
deve ser bem
fabricado.
Tendo visto a primeira parte de documentário
sobre Fernando Pessoa feito para a série ‘Grandes Portugueses’, assinala, à
esquerda de cada período (a esquerda é para este lado: ←),
se a afirmação é V(erdadeira) ou F(alsa).
Pessoa viveu parte da infância e da adolescência em território
da atual África do Sul (à época, colónia inglesa).
Fernando Pessoa admirava Cesário Verde.
O poema «Tabacaria» é do heterónimo Ricardo Reis.
«Sou tudo» é o primeiro verso de «Tabacaria».
Fernando Pessoa nasceu no dia de Santo António, em
Lisboa, em 1898.
Pessoa nasceu em frente ao teatro de São Carlos,
que seu pai, crítico musical do Diário de
Notícias, frequentava.
«Eis-me aqui em Portugal» é o primeiro verso de
uma quadra que, ainda criança, dedicou à mãe.
«Deus quer, o homem sonha, a obra morre» é o
primeiro verso de «O Infante», poema de Mensagem.
Enquanto adolescente, Pessoa viveu com a madrasta,
o pai e os cinco meios-irmãos.
A língua em que mais escrevia até cerca dos vinte anos
era o francês.
Em Lisboa, durante dois anos, Fernando Pessoa foi
aluno da Faculdade de Direito.
Pessoa teve uma tipografia, comprada com herança
da avó Dionísia, mas esse negócio não teve grande sucesso.
O emprego de Pessoa implicava um rígido horário
fixo, como o de um funcionário público.
No local do emprego, Fernando Pessoa nunca
escrevia textos seus.
O poeta americano Walt Whitman influenciou Fernando
Pessoa.
Pessoa deixou mais de trinta e sete mil papéis com
escritos seus.
Em Lisboa, Pessoa viveu em cerca de dez casas diferentes.
Sendo embora Lisboa o seu habitat preferencial,
Pessoa viajava frequentemente.
A estreia de Pessoa no meio literário aconteceu em
1912, com a publicação de artigos na
Águia.
A revista Orpheu
teve como colaboradores, entre outros, Mário de Sá-Carneiro e Almada Negreiros.
Escreve
a função
sintática ao lado dos segmentos que fui sublinhando, da letra de «A
Paixão (segundo Nicolau da Viola)» (Rui Veloso, Mingos & Samurais, 1990).
A Paixão
(segundo Nicolau da Viola)
(Carlos Tê / Rui Veloso-Carlos Tê)
Tu eras aquela que eu mais queria _________
Para me dar algum conforto
e companhia ________
Era só contigo que eu sonhava
andar
Para todo o lado e até quem
sabe talvez casar
Ai o que eu passei só por te
amar
A saliva que eu gastei para
te mudar
Mas esse teu mundo
era mais forte do que eu ________
E nem com a força da música
ele se moveu
Mesmo sabendo que não
gostavas
Empenhei o meu anel de rubi
P’ra te levar ao
concerto que havia no Rivoli ________
E era só a ti que eu mais queria
Ao meu lado no concerto
nesse dia _________ _________
Juntos no escuro de mão
dada a ouvir
Aquela música maluca sempre
a subir
Mas tu não ficaste nem meia
hora
Não fizeste um esforço p’ra
gostar e foste embora
Contigo aprendi uma grande
lição
Não se ama alguém que
não ouve a mesma canção _________
Mesmo sabendo que não
gostavas _________
Empenhei o meu anel de rubi
P’ra te levar ao concerto que
havia no Rivoli _________
Foi nesse dia que percebi
Nada mais por nós havia a
fazer
A minha paixão por ti era
um lume
Que não tinha mais lenha por onde arder ________
Mesmo sabendo que não gostavas
Empenhei o meu anel de rubi
P’ra te levar ao
concerto que havia no Rivoli _________
Aula 29-30 (29/out [1.ª, 3.ª]) Valeria a pena relermos o testemunho prestado por Pessoa na carta a Adolfo Casais Monteiro, já em janeiro de 1935, acerca do dia 8 de março de 1914, o «dia triunfal» da criação dos heterónimos. Releiamos as ll. 29-50 desse texto nas pp. 25-26 do manual.
Percebemos que, depois de manuscritos
«trinta e tantos poemas a fio» de O Guardador
de Rebanhos, de Alberto Caeiro,
se deu «a reação de Fernando Pessoa contra a sua inexistência como Alberto Caeiro»,
tendo sido escrito então o longo «Chuva
Oblíqua», poema ortónimo.
Depois, o poeta tratou de descobrir discípulos de Caeiro: primeiro, escreveu em
nome de Ricardo Reis e, logo a seguir,
surgiu-lhe «impetuosamente» Álvaro de
Campos, escrevendo à máquina a «Ode triunfal».
Já conhecemos vários destes poemas, mas não
«Chuva Oblíqua», cuja parte final temos na p. 46. Este poema costuma ser dado
como exemplo do intersecionismo (cfr. p. 47, «O intersecionismo»), mas
também revela uma característica considerada típica de Fernando Pessoa ortónimo
(e de Campos aliás), a nostalgia da
infância.
Depois de, na p. 46, leres «Chuva
Oblíqua» (parte VI), assinala na tabela os versos que se reportam à infância —
com Q(uintal) —, os que se reportam ao presente do sujeito poético — com
T(eatro) — e os que misturam estes dois planos — com QT.
Sétima que constitui a 1.ª estrofe |
vv. 1-2 |
T |
vv.
3-7 |
|
|
Quarteto
que constitui a 2.ª estrofe |
vv.
8-9 |
|
vv.
10-11 |
|
|
Quintilha que constitui a 3.ª estrofe |
vv. 12-16 |
|
Oitava
que constitui a 4.ª estrofe |
vv.
17-18 |
|
vv.
19-20 |
|
|
vv.
21-23 |
|
|
v.
24 |
|
|
Terceto
que constitui a 5.ª estrofe |
vv.
25-26 |
|
v.
27 |
|
|
Quintilha
que constitui a 6.ª estrofe |
vv.
28-32 |
|
Sextilha
que constitui a 7.ª estrofe |
v.
33 |
|
v.
34-38 |
|
Pensa em 3.1 (p. 47): . . . . . . . . . . .
. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
. . . . . . . . . . . . .
Vê só os minutos 25 a 30 e 32,30 a 36:
Itens de exame recentes em
torno de aspeto ou modalidade (todos
do grupo II, é claro):
[2019, 1.ª fase]
7. Indique a modalidade
e o valor modal expressos em «temos de ser capazes de reconhecer, imaginativamente,
os erros e as incongruências» (linhas 15 e 16)
__________
[2019, 2.ª fase]
7. Indique o valor
aspetual veiculado por cada uma das expressões seguintes: a) «Quando eu era pequeno
tinha a Gija» (linhas 20 e 21); b) «Desapareceu da minha vida de repente» (linhas
22 e 23).
__________
[2018, 1.ª fase]
5. As formas
verbais presentes em «A intraduzibilidade de um termo é normal.» (linha 1) e em
«Assim, o termo ganhou uma extensão invulgar» (linha 20) têm, respetivamente,
um valor aspetual
(A)
genérico e perfetivo.
(B)
iterativo e perfetivo.
(C)
genérico e imperfetivo.
(D)
iterativo e imperfetivo.
[2018, 2.ª fase]
4. No excerto
compreendido entre «Considera negativamente» (linha 22) e «de abuso» (linha 23)
[«Considera negativamente a violência em todas as suas formas. A nossa
sociedade eliminou as formas mais brutais de abuso.»], as formas verbais têm,
respetivamente, um valor aspetual
(A)
genérico e iterativo.
(B)
perfetivo e iterativo.
(C)
imperfetivo e genérico.
(D)
genérico e perfetivo.
5. As frases «E
não restam dúvidas de que, em boa medida, as suas observações têm fundamento.»
(linha 18) e «Talvez sejamos hipócritas» (linha 32) exprimem a modalidade
epistémica
(A)
com valor de probabilidade, no primeiro caso, e com valor de certeza, no segundo
caso.
(B)
com valor de probabilidade, em ambos os casos.
(C)
com valor de certeza, em ambos os casos.
(D)
com valor de certeza, no primeiro caso, e com valor de probabilidade, no segundo
caso.
Lê o poema XXI de «O Guardador de Rebanhos»,
de Alberto
Caeiro. Depois, responde aos quatro itens seguintes, que poderiam
ser os de um grupo I de exame nacional.
XXI
Se eu pudesse trincar a
terra toda
E sentir-lhe um paladar,
E se a terra fosse uma
cousa para trincar,
Seria mais feliz um
momento…
Mas eu nem sempre quero ser
feliz.
É preciso ser de vez em quando
infeliz
Para se poder ser natural…
Nem tudo é dias de sol,
E a chuva, quando falta
muito, pede-se.
Por isso tomo a
infelicidade com a felicidade
Naturalmente, como quem não
estranha
Que haja montanhas e planícies
E que haja rochedos e erva…
O que é preciso é ser-se natural
e calmo
Na felicidade ou na infelicidade,
Sentir como quem olha,
Pensar como quem anda,
E quando se vai morrer, lembrar-se
de que o dia morre,
E que o poente é belo e é
bela a noite que fica…
E que se assim é, é porque
é assim.
Fernando
Pessoa, Poesia dos Outros Eus, edição de Richard
Zenith, Lisboa, Assírio & Alvim, 2007.
1. Para o sujeito poético, a sensação é tudo,
valorizando a perceção das coisas tais como são. Transcreve do poema expressões
que provem que os sentidos estão em atividade.
Para o sujeito poético,
é vital sentir, afirmando mesmo que seria mais feliz “se . . . . . . . . . . .
. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .”
(v. 3). Neste poema, é evidente a valorização das sensações, como se pode constatar
através das expressões . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . Sendo Caeiro um poeta
do “olhar”, verifica-se que dá especial realce às . . . . . . . . . . . . . . .
2. O sujeito poético olha o mundo com
naturalidade e simplicidade. Explica a influência desta atitude no modo de
sentir a vida.
O sujeito poético aceita
as coisas tais como elas são, valorizando a diferença . . . . . . . . . . . . .
. . . . . . . . . . . (“montanhas e planícies”, “rochedos e ervas”, vv. 12-13)
e os momentos bons e maus da vida (. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
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. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .). Assim, considera
que os aspetos menos agradáveis da Natureza e da vida são uma realidade que é
necessário sentir e viver.
3. Com o verso “Sentir como quem olha” (v.
16), sintetizam-se algumas características da poesia de Alberto Caeiro. Refere-as.
Partindo do verso “Sentir
como quem olha” (v. 16), podem apontar-se algumas características da poesia de
Alberto Caeiro, nomeadamente: . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
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. . . . . . . . .
4. Relaciona o último verso com a mensagem
global do poema.
. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
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TPC — Continuando a tentar perceber a técnica
de escrita de narrativas curtas, lê um destes contos: «Sempre é uma companhia» (pp. 136-142) ou «George»
(150-155).
Aula 31-32 (2 [1.ª], 3/nov [3.ª]) Correção de comentário comparado José Gomes Ferreira/Ricardo Reis.
Os itens que
se seguem tratam de crónica de Luís Filipe Borges, «Muda de vida», do filme Clube dos Poetas Mortos e de conteúdos
dados ou revistos há pouco tempo. Não recorras ao manual nem a outras fontes.
Circunda a melhor alínea de cada item.
O rapaz choroso que é referido no primeiro
parágrafo era conduzido por um
a) professor e advogado.
b) encenador profissional.
c) economista e professor.
d) economista e advogado.
O «miúdo de quinze anos» (cfr.
primeiro parágrafo) é
a) um rapaz conhecido do autor.
b) o próprio narrador, mais novo.
c) o destinatário do texto.
d) o protagonista desta crónica.
O uso do presente do Indicativo nos
primeiros parágrafos («Estamos»; «chora»; «vai»; etc.) resulta de
a) simultaneidade entre ato de enunciação
e o que se relata (o enunciado).
b) esse tempo verbal poder adequar-se à
expressão do futuro.
c) intenção de se exprimir aspeto
imperfetivo da ação.
d) vontade de se dar um facto passado como
se fosse presenciado na atualidade.
«Não é o que está a pensar, chiça» (1.º
parágrafo, ll. 4-5) previne
a) inferência de que o aluno era
«graxista».
b) conjetura de que o professor tivesse
batido no aluno.
c) que os leitores pensem que o aluno
tinha reprovado.
d) possibilidade de se julgar estar em
causa um ato pedófilo.
Na terceira linha do segundo parágrafo,
«prof» é um exemplo de
a) sigla.
b) acrónimo.
c) truncação.
d) amálgama.
«Oh Captain, my Captain» (terceiro
parágrafo) é uma citação
a) inventada no filme Clube dos Poetas Mortos.
b) de verso de Walt Whitman.
c) de fala de peça de Shakespeare.
d) de trecho de Álvaro de Campos.
Em «o considero meu mestre»
(fim do 2.º período do quarto parágrafo), os constituintes sublinhados são,
respetivamente,
a) sujeito, complemento direto.
b) complemento indireto, complemento
direto.
c) complemento direto, predicativo do
complemento direto.
d) complemento oblíquo, complemento
direto.
«Ontem
o professor telefonou-me» (1.º período do quinto parágrafo), em termos de tempo
e de aspeto, indica
a)
simultaneidade e aspeto perfetivo.
b)
posterioridade e aspeto iterativo.
c)
anterioridade e aspeto perfetivo.
d)
anterioridade e aspeto imperfetivo.
«Continuo
a tratá-lo assim» (2.º período do quinto parágrafo) implica
a)
simultaneidade e aspeto imperfetivo.
b)
anterioridade e aspeto imperfetivo.
c)
simultaneidade e aspeto perfetivo.
d)
posterioridade e aspeto habitual.
Ainda no começo do quinto parágrafo, o 2.º
período — «Continuo a tratá-lo assim, artigo definido em destaque, embora ele
mo desaconselhe» — significa que o professor
a) lhe pedia para o tratar sem artigo.
b) lhe pedira para usar tratamento mais
informal.
c) lhe pedira que o tratasse por tu.
d) preferia o uso de «stor» ao uso, mais
académico, de «professor».
«artigo definido em destaque» (5.º
parágrafo) traduz que, para o narrador, aquele professor
a) não se confunde com os outros.
b) é o mais definido.
c) é o mais indefinido.
d) é um entre vários.
Na l. 9 da segunda coluna (portanto, no quinto parágrafo), na oração
subordinada adjetiva relativa restritiva «que publica de quando em vez», «que»
desempenha a função sintática de
a) sujeito.
b) modificador restritivo do nome.
c) complemento direto.
d) complemento oblíquo.
«apercebo-me de que o tempo é maleável»
(no final do quinto parágrafo) alude à circunstância de
a) o narrador facilmente se transportar
para o passado.
b) o protagonista ser capaz de desenvolver
diversíssimas actividades.
c) se ter esbatido a diferença etária entre as duas personagens.
d) a personagem estar disposta a mudar radicalmente vida.
Em
«Previsível o professor nunca foi, graças a Deus» (último período do sexto, e
penúltimo, parágrafo), «previsível» desempenha a função sintática de
a)
modificador de frase.
b)
predicativo do sujeito.
c)
complemento direto.
d)
predicativo do complemento direto.
No sétimo, e último, parágrafo, em «E, quando desligo o telefone, sou
outra vez o miúdo de 15 anos [...]», a vírgula após a conjunção «e»
a) está incorreta.
b) está correta, porque isola-se depois uma oração subordinada temporal.
c) está correta, porque fazemos realmente uma pausa a seguir à conjunção.
d) está incorreta, porque não estabelecemos qualquer pausa entre as duas
conjunções («e» e «quando»).
«quando desligo o telefone» desempenha a função sintática de
a) oração.
b) modificador de frase.
c) modificador de grupo verbal.
d) complemento oblíquo.
Neste mesmo sétimo parágrafo, o narrador revela
a) saudade dos tempos de adolescente.
b) indecisão quanto à melhor forma de ajudar um amigo.
c) tristeza quanto ao que o destino trouxera ao ex-professor.
d) angústia por ter estragado uma amizade de tantos anos.
Os anseios do professor de Economia, bem como os dos alunos de Clube dos Poetas Mortos, obedecem a uma
perspetiva
a) epicurista (à Reis; ou à Caeiro).
b) estoica (à Reis).
c) inconformista.
d) futurista.
O título «Muda de vida», relativamente a «Carpe Diem», pode funcionar como
a) tradução livre.
b) decalque irónico.
c) tradução literal.
d) metáfora.
«Esta aposta pode correr mal» — frase que invento — exemplifica a
modalidade
a) apreciativa.
b) epistémica (valor de probabilidade).
c) deôntica (valor de permissão).
d) deôntica (valor de obrigação).
Que livro, ou livros, já leste, ou estás a
ler, para efeitos do pomposa e irritantemente chamado «Projeto de leitura»?
. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
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. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
Faz uma espécie de ponto da situação,
explicitando onde te encontras em termos de leitura (já li; estou a meio; li um
dos contos que integram a obra; etc.).
.
. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
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Está atento a «Matarruano
sonhador» (Lopes da Silva), para poderes coligir as características do
«filósofo matarruano» Horácio Lopes da Silva que se aproximem da filosofia de Caeiro
(bem como as que divirjam das do «Guardador de rebanhos»).
. . . .
. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
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TPC — Não deixes de ler um dos contos pedidos em tepecê recente:
«Sempre é uma companhia» (pp. 136-142) ou «George» (150-155). Logo que
possas, lê também o outro.
Aula 33R-33 (3 [1.ª], 4/out [3.ª]) No exame nacional deste ano (2.ª fase), o grupo I incluía uma parte A com Camões lírico, as três perguntas que reproduzo em baixo. (A parte B deste grupo I usava um texto de prosa, não do «programa». A parte C era a pergunta sobre a dor humana dos que trabalham em «O Sentimento dum Ocidental», de Cesário Verde, que fizemos há dias.)
Parte A
Leia o
soneto e as notas.
Correm turvas as águas
deste rio,
que as
do Céu e as do monte as enturbaram1;
os
campos florecidos se secaram,
intratável2
se fez o vale, e frio.
Passou o
verão, passou o ardente estio3,
ũas
cousas por outras se trocaram;
os
fementidos4 Fados já deixaram
do mundo
o regimento5, ou desvario6.
Tem o
tempo sua ordem já sabida;
o mundo,
não; mas anda tão confuso,
que
parece que dele Deus se esquece.
Casos,
opiniões, natura7 e uso
fazem
que nos pareça desta vida
que não
há nela mais que o que parece.
Luís de Camões, Rimas,
edição de Álvaro J. da Costa Pimpão, Coimbra, Almedina, 1994, p. 168.
NOTAS
1 enturbaram
– tornaram turvas. || 2 intratável – inacessível; intransitável. || 3 estio
– tempo quente e seco. || 4 fementidos – enganosos. || 5 regimento
– governo. || 6 desvario – loucura; inquietação; excesso. || 7 natura
– natureza humana.
1. Explique o modo como a
passagem do tempo é representada nas duas primeiras estrofes.
[ Dos critérios de
correção:
Para que a resposta seja
considerada adequada, devem ser abordados dois dos tópicos seguintes, ou outros
igualmente relevantes:
‒ a referência à sequência
das estações do ano através da caracterização de elementos da natureza (em
«Correm turvas as águas deste rio, / que as do Céu e as do monte as enturbaram»
– vv. 1-2, remete‑se para o inverno; em «os campos florecidos» – v. 3,
aponta-se para a primavera; em «os campos [...] se secaram» – v. 3, indicia-se
o verão; em «intratável se fez o vale, e frio» – v. 4, sugere-se o outono);
‒ a referência aos efeitos
que a passagem do tempo provoca na natureza/a referência às transformações
ocorridas na natureza resultantes da passagem inevitável do tempo (como o
turvar das águas do rio ou o secar dos campos florescidos);
‒ a associação entre a
passagem do tempo e a ideia de mudança, evidente no recurso aos verbos «passar»
e «trocar» (vv. 5-6). ]
[Lineariza a resposta, aproveitando os tópicos dados no cenário de
resposta (bastam dois).]
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2. «Tem o tempo sua ordem já
sabida; / o mundo, não» (versos 9 e 10). Explicite a oposição presente nestes
versos, tendo em conta a globalidade do poema.
[ Devem ser abordados
os tópicos seguintes, ou outros igualmente relevantes:
‒ a previsibilidade/a constância
natural da passagem do tempo, evidenciada pelo ritmo cíclico das estações do
ano;
‒ a imprevisibilidade da
natureza humana/dos comportamentos humanos, provocando tal desconcerto no mundo
que «parece que dele Deus se esquece» (v. 11). ]
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3. Selecione a opção de
resposta adequada para completar as afirmações abaixo apresentadas.
Neste soneto, além do tema
da mudança, também se destaca o tema ......................... . Perante a
realidade que perceciona, o sujeito poético evidencia um sentimento de
.......................... .
(A) da reflexão sobre a
vida pessoal … indiferença
(B) da
reflexão sobre a vida pessoal … descrença
(C) do
desconcerto … indiferença
(D) do
desconcerto … descrença
Finalmente, o
soneto «Mudam-se os tempos, mudam-se as vontades».
Mudam-se
os tempos, mudam-se as vontades,
muda-se o
ser, muda-se a confiança;
todo o
mundo é composto de mudança,
tomando
sempre novas qualidades.
Continuamente
vemos novidades,
diferentes
em tudo da esperança;
do mal
ficam as mágoas na lembrança,
e do bem
(se algum houve), as saudades.
O tempo
cobre o chão de verde manto,
que já
coberto foi de neve fria,
e, em
mim, converte em choro o doce canto.
E, afora
este mudar-se cada dia,
outra
mudança faz de mor espanto:
que não
se muda já como soía.
Luís de Camões
Resolve este
item (que copio do manual Mensagens, 10.º ano).
Classifica as
informações como verdadeiras (V) ou
falsas (F). Despreza as falsas,
olhando para elas com olhar altivo e arrogante.
a) A mudança opera-se no mundo, nos sentimentos,
na natureza e no eu e só na natureza é que ela se realiza de forma positiva.
b)
O sujeito poético tem uma
visão positiva da mudança.
c) A mudança regular recai sobre tudo (boa
ou má), mas a mudança excecional é mudança da própria mudança.
d) Este poema reflete a influência dos
autores medievais, tanto na temática abordada (a mudança) como na forma
(soneto).
Comenta o filme Dia triunfal,
salientando como ele reelabora o que sabemos acerca do «verdadeiro» dia
triunfal da criação dos heterónimos.
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Poemas de Último a sair
Roberto Leal
A vida é como um rio que
desagua para o mar, que é a poesia.
Pelas mãos de minha
mãezinha
Andei nos tempos então;
Hoje, como está velhinha,
É ela que anda p’la minha
E faz a minha obrigação.
Endoscopia
da alma
O meu peito é feito de luz
e brilho
E ontem encontrei um sinal
nas costas.
Ninguém sabia se era
maligno,
Começou tudo a fazer
apostas.
A minha alma estava doente
E as minhas costas, não.
Ai que feliz de mim
E qualquer coisa que rime
com ão.
Luciana Abreu
Havia uma velha na rua a
correr
Com uma lata no cu a bater.
Quanto mais a velha corria,
Mais a lata no cu lhe batia.
Feijoada
de ternura
Estava eu a apanhar sol,
Estavas tu no sol a
apanhar.
Veio chuva e veio o sol
Estavas tua na chuva a
apanhar
Se eu soubesse o que sei
hoje,
Talvez tivesse vindo mais
cedo.
Assim, não vim mais cedo,
E fiquei a fazer a feijoada
de ternura.
Bruno Nogueira
Gosto da minha mãe.
Ganso daltónico
Ai, um ganso daltónico,
Ai, um ganso pateta,
Porque és daltónico,
Meu ganso pateta?
Se Albufeira é assim um bocado nhnhrhhihn,
Matei uma criança cheia de sarampo
E enterrei-a ao lado do primo Joel.
Este bife está mal passado, sr. Antunes,
E o robalo não está fresco, seu ganso daltónico.
Neste episódio de Último a sair, os poemas escritos pelas personagens (sim, são
personagens: os atores estão a representar uma personagem que foi criada para
fingir corresponder a eles mesmos mas que é obviamente fictícia) parodiam a má
poesia. Porém, algumas das características escolhidas para construir esta
caricatura da poesia são comuns a características encontráveis quer na boa
poesia realista quer no modernismo. Num comentário breve, aproxima certas
características de poemas (ou de algum dos poemas) de Último a sair da
escrita de Álvaro de Campos.
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[Solução possível:
É sobretudo no poema de Bruno Nogueira que
vemos características que nos recordam o estilo de Álvaro de Campos.
Interjeições («Ai»), apóstrofes surpreendentes («seu ganso daltónico», «meu
ganso pateta»), a sequência onomatopaica «nhnhrhhihn» a funcionar como adjetivo
assemelham-se a recursos estilísticos encontráveis nas odes
futuristas-sensacionistas.
A inclusão de trechos de diálogos soltos
(«Este bife está mal passado, sr. Antunes») e a inserção de topónimos
(«Albufeira») e antropónimos («Joel», «Antunes») servem para explicitar
episódios do quotidiano que não se afastam muito dos incidentes, narrativos,
que vemos no Campos intimista-abúlico (cfr. «Aniversário», «Datilografia»,
«Ao volante do Chevrolet pela estrada de Sintra»).
A menção realista de alimentos (o robalo
pouco fresco, o bife mal passado) é um pormenor que nos pode remeter para
«Dobrada à moda do Porto» — a que talvez aluda a «Feijoada de ternura», de Luciana
Abreu.
Certa escatologia no dístico «Matei uma
criança cheia de sarampo / E enterrei-a ao lado primo Joel» é aproximável de
frases prosaicas e inesperadas que pontuam poemas de Campos — a mesma crueza e
aproveitamento de léxico não poético surge aliás em «Endoscopia da alma», de
Leal, ou na velha descrita por Luciana.]
Classifica quanto à função sintática os
segmentos sublinhados
Antes Dela [aliás, porque não pode haver contração: de
ela] Dizer Que Sim (Bárbara Tinoco)
Ele não sabe o nome
dela
Tem medo de perguntar
Ela é como atriz de
novela ________
Que ele gosta de ver
sonhar
Ela não sabe o nome
dele
Tem medo de perguntar
E, se as promessas
coradas ________
Foram bebida a falar,
E ele não contou
Mas ela não escondeu
Com quem a noite passou, _______
Jura ela o seu Romeu
Ele quer mais
Ela também
Talvez por isso nesse
dia
Ele foi vê-la à luz
do dia _______
Ele gosta das formas
dela _______
E ela diz que ele tem
bom ar
O mundo finge não
saber _______
Que ele não é rapaz de
fiar
Ela tem um novo sorriso
Mas medo de o
partilhar _______
Ele gosta mais do que é
preciso
De a desafiar
Ele, que sabia
de cor _______
As moças mais fáceis,
Engates mais rascas;
Ela, que ficava em
casa fechada ________
Com medo de ser
Só mais um rabo de
saias;
Ele agora diz que a
ama, ________
Dormem juntos só a
dormir
Gosta dela de pijama
E ela de o corrigir…
Ela agora diz que o ama,
Dormem juntos só a dormir,
Gosta dele desarmado,
E ele de a ver despir.
E as velhinhas, na cidade,
Sussuram no meu tempo não era
assim,
Oh onde já se viu dois enamorados,
Com cara de parvos,
Antes de ela dizer que sim.
Mas ele ainda se lembra,
De descer aquelas escadas,
Ganhar coragem, perguntar,
E como raio tu te chamas.
Ela fingiu-se de irritada,
Ofendida pela trama, _______
Reuniu coragem para o amar, _______
Perguntou e tu como raio te chamas.
Aula 34-35 (5/nov [1.ª, 3.ª]) Correção de questionário de compreensão (cfr. Apresentação). Correção de texto sobre «Matarruano sonhador».
[ Exemplo
de comentário comparativo de «matarruano sonhador» e Caeiro ]
Ainda antes de nos centrarmos nos aspetos
discursivos ou ideológicos, podemos dizer que as alegadas simplicidade e pouca
instrução de Alberto Caeiro têm réplica no perfil de Horácio Lopes da Silva,
que, ao primeiro relance, nos surge como ingénuo, de estrato popular, embora —
o que já extravasa do retrato do pastor — marcadamente boçal e com laivos de
idiotia.
A recusa do pensamento é característica
comum, mas esse traço é voluntário em Caeiro, para quem o sentir imediato é que
é pensar, e somos nós que o inferimos no caso do filósofo matarruano (que até
considera ter «inúmeros pensamentos — chego a ter dois ou três pensamentos por
mês»). A aproximação aos elementos da natureza (que ao «guardador de rebanhos»
servem como exemplos cuja espontaneidade deve ser imitada, e a Horácio, como
fontes de embevecimento) também é semelhante.
A importância dada aos sentidos por parte
de Caeiro reveste-se no matarruano sonhador de matizes sensuais ausentes no
poeta bucólico; diríamos aliás que as sensações visuais são determinantes em
ambos, só que no sketch são associadas a um objetivo diferente —
«observar as moças» —, que seria incoerente em Caeiro: o epicurismo aconselha à
fruição do que nos seja dado (cfr. «carpe diem») mas supõe uma lhaneza
incompatível com a excitação gulosa de Lopes da Silva.
Vamos ler textos de Fernando Pessoa subscritos por ele
mesmo (ou seja, ortónimos) e que, no manual, estão incluídos numa secção
que exemplifica o tema ‘nostalgia da infância’. Já víramos esta
característica em «Chuva Oblíqua» — poema intersecionista de Fernando Pessoa —
e em alguns poemas de Álvaro de Campos («Aniversário», «Na casa defronte de mim
e dos meus sonhos»).
Na p. 45, lê «A criança que fui mora na
estrada».
Transcreve
os referentes (os antecedentes) das seguintes anáforas (todas elas pronomes):
«a» (v. 2) = _______
«ali»
(v. 2) = ______
«[l]o»
(v. 5) = ______
«o»
(v. 8) = _______
«o»
(v. 11) = _______
Responde:
Qual é a função sintática desempenhada por
«Quem fui» (v. 4)? __________
E
de «Quem errou a vinda» (vv. 5/6)? _________
E
de «errada» (v. 6)? ________
E
de «me» (v. 13)? _________
«De»
(v. 8) é traduzível por uma outra preposição. Qual? __________
Na p. 48, lê «Realejo» e, logo depois,
«Quando as crianças brincam».
Comenta a expressividade do último verso de
«Realejo» (enquadrando-o também no resto do quarteto).
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Os primeiros versos dos dois poemas («Pobre
velha música!» e «Quando as crianças brincam») remetem para circunstâncias que
estimulam a nostalgia do poeta. Comenta, lembrando outros casos idênticos na
poesia de Pessoa ou de Campos.
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[Sem consultar o manual]
No tepecê da aula 29-30, pedia-lhes que
lessem um de dois contos — «Sempre é uma companhia», de Manuel da Fonseca, ou
«George», de Maria Judite de Carvalho, e, em tepecê posterior (31-32), reforcei
o pedido e sugeri que lessem também o outro conto.
Se não leste nenhum dos contos, toma nota
de que é preciso ir trabalhando regular e pontualmente (e, nas mesmas linhas,
responde antes a este item, ainda sobre os textos que estivemos a ver:
«Globalmente, caracteriza quanto à forma os três poemas de Pessoa ortónimo, por
contraste com o que já conhecemos da forma típica dos textos dos heterónimos»).
Se leste um dos contos do tepecê, completa
{espera por slide}:
Li o conto {circunda a boa opção}
«George» / «Sempre é uma companhia». Proponho para esse conto o título
alternativo «_________», que considero pertinente por o enredo do conto . . . .
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[Se não leste,
resolve o seguinte:
Globalmente,
caracteriza quanto à forma os três poemas que estivemos a ler, por contraste
com o que já conhecemos da forma típica dos textos poemas dos alguns dos dos
heterónimos.
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TPC — Se não o fizeste ainda, lê os contos que pedi que lessem.
Sugiro agora também «Famílias desavindas», nas pp. 163-165, de Mário de
Carvalho.
Aula 36-37 (9 [1.ª], 10/nov [3.ª]) Correção de respostas vindas da aula anterior. [Exemplo de resposta para cada uma das três perguntas:]
A antítese (ou
paradoxo, mesmo) «Fui-o outrora agora» sublinha que a experiência de felicidade
não foi vivida verdadeiramente, é uma construção do presente. Se acaso foi feliz,
o poeta não teria disso consciência (logo não o foi). Agora, sabe que aquele
que pode ter sido feliz também não é ele (corte característico em Pessoa), mas
parece querer infligir a si mesmo — «com que ânsia tão raiva» (v. 9) — o
castigo de se sentir saudoso do que está apenas a idealizar.
Muitas
vezes, em Pessoa e em Campos, a memória da infância é suscitada por estímulo
surgido repentinamente no quotidiano, assim interrompido por essa deslocação no
tempo, que depois vai alternando com o presente. Vimo-lo em «Chuva Oblíqua»
(teatro), «Un Soir à Lima» (música na telefonia), «Aniversário» (o fazer anos). Nestes
dois poemas são a música de um realejo ouvida e a visão de crianças a brincar
que servem ao poeta de propulsores da «nostalgia da infância».
Nestes
três textos há regularidade formal em termos de versificação, uma
característica de grande parte da poesia ortónima. Um dos poemas é um soneto,
em esperados decassílabos e cumprindo um esquema rimático convencional, embora
não o mais clássico. Nos dois outros poemas usam-se quadras, cujas rimas e
metro são também regulares, aproximando-se aliás da poesia popular (a
redondilha menor, sobretudo; a rima só cruzada uma vez em cada estrofe).
Lê «Autopsicografia» (p. 34), de Fernando
Pessoa, e responde:
1. Na 1.ª quadra é apresentada uma tese.
Identifica-a e explica-a, considerando: a dor fingida pelo poeta (no poema)/a
dor sentida pelo poeta (na vida real); o paradoxo presente nos vv. 3-4.
«______» é a tese apresentada no poema.
Significa que o poeta finge uma dor que não coincide com a dor sentida na
_____. A dor escrita é uma invenção, uma transfiguração, criada pela ______.
2. A 2.ª quadra refere-se à
sensação/sentimento que o poema provoca nos leitores. Explicita o que sentem os
leitores, considerando o jogo: «as duas (dores)
que ele (o poeta) teve» / «a
dor lida» / «a (dor) que eles não
têm».
Os leitores sentem uma dor que não é a que o
poeta sentiu, nem a que ele ______, mas que é a sua não-dor.
3. Experimenta interpretar as metáforas
contidas na última estrofe, na qual se estabelece a dicotomia
«razão»/«coração» (intelecto/emoção).
Relaciona essa dicotomia com a tese apresentada na 1.ª estrofe.
A última estrofe apresenta, metaforicamente, a
relação entre _____ e _____. O coração é um comboio de corda, regulado pelas
______. A razão é uma realidade à parte, mas estimulada (entretida) pelo
_______.
4. Interpreta agora o título do poema,
considerando os três constituintes da palavra: auto + psico + grafia.
Tendo em conta o significado de cada um dos
elementos que compõem o título, «autopsicografia» remete para . . . . . . . . .
. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
. . . . . . . . . . .
5. Analisa a estrutura formal do poema.
O poema é constituído por três _____, de versos
_______ (também designados versos de «______ maior»), com o esquema rimático
_______ (portanto, em rima ______).
6. Expõe a teoria do
«fingimento poético»
apresentada neste poema.
De acordo com o poema, a criação poética assenta no _____, na medida em que um poema
não diz o que o poeta ______, mas aquilo que imagina a partir do que
anteriormente sentiu. O poeta é um fingidor, porque escreve uma _______
fingida, fruto da razão e da imaginação, e não a emoção sentida pelo coração,
que apenas chega ao poema transfigurada, na tal emoção ______ poeticamente,
imaginada. Quanto ao ______, apenas sente a emoção que o poema lhe suscita, que
será diferente da do próprio poema. A poesia, a arte, é a intelectualização da
_____.
Lê «Isto» (p. 36), também
do ortónimo, e responde, usando as
frases já começadas:
1. Na l.ª estrofe, o poeta opõe a
«imaginação» (razão) ao «coração» (emoção). Qual deles utiliza?
Ao escrever, o poeta usa _________.
2. Na 2.ª estrofe, compara todas as suas
emoções (sonhos, vivências, ausências, perdas) a um
«terraço». Como interpretas
essa comparação?
As emoções são semelhantes a ____________.
3. Nesse terraço de emoções, o poeta procura
«outra coisa» — a emoção estética. Qual o verso que a refere?
«_________________».
4. Para encontrar essa emoção estética, como
escreve o poeta? Sobre que escreve? (Interpreta os quatro primeiros versos da
última estrofe.)
O poeta escreve distanciado daquilo que sentiu
anteriormente («________»), sem ________ («livre do meu enleio»).
5. Mostra a ironia presente neste poema.
O último verso é irónico, ___________.
6. Analisa a estrutura formal do poema.
O poema apresenta grande regularidade formal:
são três estrofes de cinco versos (isto é, três ______), de ___ sílabas
métricas, com o esquema rimático _______ (portanto, de rima ______ e ______).
7. Estabelece a relação entre os poemas
«Isto» e
«Autopsicografia».
Os poemas «Autopsicografia» e «Isto» têm como
tema comum o _________. Neles, o poeta expõe o seu conceito de poesia enquanto
intelectualização da ______.
Escreve um
pequeno conto cujo primeiro período seja «Dizem que sinto ou minto.» e cujo
final seja «Sinta quem lê!». Nota que um bom conto não tem de ter muito enredo,
muitas peripécias, muito diálogo ou muitas personagens. É mais importante
conseguir uma densidade psicológica que se resolve com certa surpresa ou fica,
um pouco enigmaticamente, em aberto.
A caneta, mas
riscando sem medo.
Cerca de uma
página A4.
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TPC — Repetindo-me:
não deixes de ler «Famílias desavindas», nas pp. 163-165, de Mário de Carvalho.
(E, se não o fizeras já, também os outros dois contos.)
Aula 38R-38 (10 [1.ª], 11/nov [3.ª]) Eis o grupo I (parte A) da prova da 2.ª fase do exame nacional de 2018. O texto, que não copio, desta parte A era a ode «Prefiro rosas, meu amor, à pátria», de Ricardo Reis, que vimos há poucas aulas e está na p. 73 do manual:
1. Compare a
atitude do sujeito poético com a dos outros «humanos» (verso 13), tendo em
conta a oposição simbólica entre «rosas» e «magnólias», por um lado, e
«pátria», «glória» e «virtude», por outro lado (versos 1 a 3).
2. Interprete o
sentido da segunda estrofe, à luz da filosofia de vida de Ricardo Reis.
3. Explicite, com
base no conteúdo dos versos 7 a 18, dois aspetos que evidenciem o modo como o
sujeito poético perceciona a passagem do tempo.
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Aspeto, Modalidade
Preguiçosamente, socorro-me destas
perguntas da Nova Gramática didática de
português (Carnaxide, Santillana, 2011, p. 233).
Identifica o valor aspetual (perfetivo, imperfetivo, iterativo, habitual, genérico).
Frase |
Aspeto |
Ele acabou de redigir a ata da reunião da
Associação de Estudantes. |
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A Ângela anda a ler muita literatura alemã. |
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Vou ao cinema todos os sábados. |
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Nem todas as bandas de rock são famosas. |
|
Ela andava tão feliz! |
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O Conhé gritou quando ouviu um estrondo. |
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O exercício faz bem à saúde. |
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Chegas sistematicamente atrasado! |
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Refere o tipo de modalidade (epistémica, deôntica, apreciativa) expresso em cada um dos enunciados
que se seguem; escreve ainda o valor modal (certeza,
probabilidade; obrigação, permissão).
Enunciado |
Modalidade |
Valor modal |
Provavelmente, a Diana
não chega a horas. |
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Que vestido maravilhoso! |
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Termina essa tarefa! |
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Podes terminar o trabalho
na próxima aula. |
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Podes ter escrito isso,
mas eu não vi a tua mensagem. |
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Eles devem chegar amanhã |
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Felizmente tenho férias
para a semana. |
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Podes ir para o teu
quarto. |
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Algumas destas afirmações sobre a modalidade
são falsas. Identifica-as e procede à sua correção.
A — A modalidade deôntica está relacionada
com o domínio da obrigação e da permissão.
B — A modalidade apreciativa está
diretamente ligada à incerteza.
C — A modalidade nunca pode estar associada
ao uso de adjetivos.
Hiperónimos, Hipónimos, Holónimos, Merónimos
Depois de vermos «Super de origem» (série
Lopes da Silva), completa, consoante o caso, com o nome em falta (entre aspas)
ou com um dos seguintes termos: hiperónimo,
hipónimo, holónimo, merónimo, co-hipónimo, co-merónimo.
«Costureirinha Maravilha», «Super de
Origem», «Clark Kent» são _____, porque têm um hiperónimo comum,
«Super-herói(s)».
«Aileron», «Aventais», «Subwoofers»,
«Jantes» podem ter como seu _____ «acessório(s) de automóvel».
«Tuning» será hipónimo de «______»
Talvez um pouco forçadamente, «Barbinha»
pode ser considerado ______ de «adepto de tuning».
«Carro» é _____ de «jante».
«_____» — tirado ao adepto de tuning — é hipónimo de «chapéu».
«fatiota», relativamente a «touca» ou
«emblema SO», é holónimo, sendo estes últimos, portanto, _____.
«tesoura», «dedal» serão ______ de
«utensílio de costura».
De novo me socorro da Nova Gramática didática de português
(Carnaxide, Santillana, 2011), pp. 218-219, para umas últimas revisões acerca
de holonímia,
meronímia,
hiperonímia,
hiponímia:
Encontra
diferentes hipónimos para os hiperónimos apresentados.
hiperónimo |
hipónimos |
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flor |
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parentesco |
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peixe |
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cor |
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No quadro que se segue,
encontras vários hipónimos que pertencem a um mesmo hiperónimo. Elimina,
barrando-o, o intruso de cada grupo e descobre o hiperónimo correspondente.
hipónimos |
hiperónimo |
gato,
golfinho, andorinha, Varandas, baleia, tubarão |
|
avião,
teatro, autocarro, bicicleta, automóvel |
|
Terra,
Vénus, Zeus, Jorge Jesus, Hades |
|
enciclopédia,
dicionário, romance, prontuário, gramática |
|
médico,
jornalista, pai, professor, pedreiro |
|
morango,
dobrada, banana, laranja, pêssego |
|
banco,
televisão, leitor de CD, micro-ondas, frigorífico |
|
Refere possíveis merónimos do holónimo
«livro».
_________________________
Descobre um holónimo para cada conjunto de
palavras apresentado.
Raiz, caule, folha, ramo, fruto — ______
Telhas,
tijolos, paredes, janelas, portas — ______
Palco,
plateia, cadeiras, balcão, cortina — ______
Capa,
contracapa, lombada, folhas, introdução — ______
Guelras,
barbatanas, escamas, espinhas, boca — ______
Teclado,
rato, monitor, leitor de CD, cabo de alimentação — ______
Cabeça,
pé, braço, perna, costas — ______
Põe ao lado das
expressões sublinhadas uma destas siglas:
Adj.
Rel. = oração subordinada adjetiva relativa
Subst. Compl.
= oração subordinada substantiva completiva
Subst. Rel.
= oração subordinada substantiva relativa
Nunca
me fui embora
(Lena
d’Água)
Eu
já nem quero outra coisa
Além
de ficar bem onde estou
A
casa onde nasci ________
O
bairro onde cresci ________
O
tempo que eu vivi ________
A
vida que eu escolhi ________
Não
trocava o que eu tenho _______
Por
quem eu não sou _______
Sinto
que já perdi muita coisa _______
Mas,
para perder, eu tive de encontrar
O
muito que eu errei ________
O
tanto (que) eu passei ________
Tudo
que eu larguei ________
E
a todos que abracei ________
Foi
uma aventura e tanto
E
eu aqui estou
Há
sempre um dia novo
À
espera de quem se põe a jeito _______
E
faz acontecer um pouco
E
se dá também
E
nem supõe que é capaz ______
Há
sempre um dia novo
À
espera de alguém
E
falta ainda tanta coisa
Ainda
tenho tanto para contar
Um
amor para ser
Um
dia para tentar
Um
amor para ter
E
mais para cantar
E
a vida não pense que me vai escapar ______
Há
sempre um dia novo
À
espera de quem se põe a jeito
E
faz acontecer um pouco
E
se dá também
E
nem supõe que é capaz
Há
sempre um dia novo
À
espera de alguém
TPC — Em Gaveta
de Nuvens, lê a ficha corrigida sobre ‘Coesão lexical’ (ficha 34 do Caderno de atividades, pp. 61-62), que
trata destas matérias (hipónimos, hiperónimos; merónimos, holónimos; antónimos;
sinónimos).
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