Wednesday, September 08, 2021

Pessoa pelo 12.º 1.ª


Andrea (12.º 1.ª)

«Sozinho, no cais deserto, a esta manhã de Verão, [Ode Marítima]» (Álvaro de Campos); http://arquivopessoa.net/textos/135 | Andrea (Bom-) Pontos fortes Leitura em voz alta fluida, revelando boa compreensão da sintaxe do poema (ainda que, em termos de expressividade, esperássemos mais nervo, à Campos futurista). Domínio técnico e bom acabamento do vídeo (embora houvesse vantagem em que a filmagem tivesse decorrido em zona mais portuária, talvez nas imediações de Santa Apolónia ou em Santos-Alcântara, para termos menos barcos à vela e, antes, paquetes, navios comerciais, estaleiros, se é que ainda há essas áreas). Aspetos melhoráveis Não haver criação textual própria (instruções não terão sido lidas...). A corrigir: «*Ricardo Reis» (nas legendas finais) seria «Álvaro de Campos»; «como a doçura» (com a doçura); «*reciente» (recente); houve certa hesitação na leitura de «com uma recordação de uma outra pessoa». Cumprimento de normas de envio Falhou indicação do exato poeta e título do poema; no título do ficheiro faltava «do».

 

Daniel (12.º 1.ª)

«Domingo irei para as hortas na pessoa dos outros,» (Álvaro de Campos), apenas vv. 8-16; http://arquivopessoa.net/textos/257 | «O frio especial das manhãs de viagem,» (Álvaro de Campos); http://arquivopessoa.net/textos/2498 | «Na ampla sala de jantar das tias velhas» (Álvaro de Campos); http://arquivopessoa.net/textos/3234 | Daniel (Muito Bom) Pontos fortes Incorporação dos trechos de Pessoa coerentemente no texto criado (ele próprio muito bem escrito, dito e representado). Qualidade da realização fílmica e da inerente planificação. Aspetos melhoráveis A leitura de «Na ampla sala de jantar das tias velhas» talvez tenha saído demasiado histriónica (e a figuração da tia com lenço na cabeça e a beber chá só se perdoa a título de pequeno apontamento paródico). Cumprimento de normas de envio Muito bem.

 

Diana (12º 1.ª)

«Uma luz sombreia o cais [O contra-símbolo]» (Fernando Pessoa), «Em torno a mim, em maré cheia» (Fernando Pessoa), «Não é ainda a noite» (Fernando Pessoa), «Não há verdade inteiramente falsa» (Fernando Pessoa); https://imprensanacional.pt/wp-content/uploads/2020/12/Poemas_Ortonima_II.pdf, textos 123, 124, 125 e 126, pp. 91-94 | Diana (Bom (-)/Bom) Pontos fortes Estilo gráfico (incluo filmagem, cenário, representação) e acabamento técnico (muito boa realização). Leitura em voz alta clara e sem erros (no entanto, com pouca plasticidade: era preciso alternar mais entre ritmos, para conseguir mais expressividade). Aspetos melhoráveis Não ter havido criação de texto próprio (mesmo se em termos visuais há uma interpretação original), como era pedido nas instruções (é sempre importante ler com calma os enunciados). A corrigir: o título é só do primeiro poema; seguem-se outros três (que, segundo creio, não foram identificados como textos diferentes). Cumprimento de normas de envio Falhou indicação do exato poeta, títulos dos poemas, link, modelo do título do ficheiro, prazo (um dia).

 

Diogo (12.º 1.ª)

«Acordo de noite, muito de noite, no silêncio todo.» (Álvaro de Campos); http://arquivopessoa.net/textos/1004 | «Ah! Ser indiferente!» (Álvaro de Campos); http://arquivopessoa.net/textos/3152 | «Se te queres matar, porque não te queres matar?» (Álvaro de Campos); http://arquivopessoa.net/textos/4360 | Diogo (Muito Bom-) Pontos fortes Qualidade da redação do poema que preenche o espaço entre os trechos de Campos (confundindo-se com a do original). Simplicidade do filme, que não invade o campo do poema (talvez só um tanto na imagem, derradeira, do dossiê a ser escrito). Correção e adequação da leitura em voz alta (que o volume, demasiado baixo, prejudica ligeiramente). Aspetos melhoráveis Na boa escrita do poema há, ainda assim, lugares comuns evitáveis: «noite eterna», «pensamentos obsessivos», «escrever algo», «mundo interior», vazio eterno», «um simples efeito placebo» (espero que nenhum destes termos seja de Campos...). A corrigir: «à ilusão» saiu pouco claro; metátese em «*fratrenidade» (fraternidade). Cumprimento de normas de envio Falhou indicação do exato poeta e dos títulos dos poemas. Cumprimento de normas de envio Falhou indicação do exato poeta e dos títulos dos poemas.

 

Duarte (12.º 1.ª)

«Amei-te e por te amar» (Fernando Pessoa); http://arquivopessoa.net/textos/2230 | Duarte (Muito Bom) Pontos fortes Situação criada (para suscitar a leitura do poema de Pessoa) muito bem escrita (com humor e alusões, conhecedoras, à obra de Reis/Pessoa) e muito bem representada (quer por quem faz de Lídia quer por quem desempenha o papel de Pessoa) e realizada (cenários, fotografia, acabamento). Aspetos melhoráveis Na leitura em voz alta do poema há algumas normalizações (segundo o que é mais comum na língua atual) indevidas: «*Não eras a minha amante» (Não eras minha amante); «*Agora que não te tenho» (Agora que te não tenho); «*Eras a minha alma» (Eras minha alma); quanto à leitura de «Meu sentir meu anseio», defendo que a vírgula que não existe no texto não podemos nós inseri-la, porque a sintaxe de Pessoa, por vezes inesperada, pode muito aceitar que o poeta se refira ao facto de sentir o seu anseio (note-se que o original é datiloscrito e não há vírgula). Sem culpa de Duarte, há erro na leitura do verso «*De que Nós fomos de que voz» (pela leitura do datiloscrito se percebe que o poeta cancelou o De que, o que explica a maiúscula em «Nós»; deve ler-se apenas «Nós fomos de que voz»). Ainda outra reflexão à margem: no texto usado não se lê no penúltimo verso «suspiro»; está aí uma lacuna que o poeta preencheria mais tarde, o que nunca chegou a fazer («E num ... mudo / Compreenderemos tudo»), tendo sido o autor do filme a inserir essa palavra, se bem percebo; no entanto, no datiloscrito, na transversal, à direita, Pessoa pusera uma alternativa a todo esse último dístico, que ficaria «E no êxtase que somos / Saberemos quem fomos» (o que nos resolveria o problema de faltar uma palavra na primeira versão desses dois versos). Para testemunhar o que acabei de dizer, deixo reprodução de duas das páginas do autógrafo. Cumprimento de normas de envio Muito bem.

 

Francisca P. (12.º 1.ª)

«O verde do céu azul antes do sol estar para nascer» (Alberto Caeiro); https://imprensanacional.pt/wp-content/uploads/2021/04/Poemas-de-AlbertoCaeiro.pdf, poema 65 | «Às vezes tenho ideias felizes» (Álvaro de Campos); http://arquivopessoa.net/textos/272 | «Sentir tudo de todas as maneiras» (Álvaro de Campos); http://arquivopessoa.net/textos/821 | Francisca P. (Bom (+)) Pontos fortes Leitura em voz alta clara e em ritmo adequado (ainda que sem muitas ambições de ser expressiva). Ideia de pôr os versos de Pessoa em legenda, o que nos permite reconhecer também o texto da autora. Aspetos melhoráveis O texto criado, em prosa poética, socorre-se de alguns lugares comuns (de certo lirismo ou paisagismo corrente, digamos); também há exemplo de frases demasiado prosaicas: «que conduzem ao desprezo de tais pormenores». Imagens não me parecem recolhidas propositadamente mas antes serem um reaproveitamento (o que não as desvalorizaria obrigatoriamente, note-se). A corrigir: pronúncia de «impregnado» não saiu muito bem. Cumprimento de normas de envio Bem, mas só após ter corrigido um dia depois; o trabalho também foi enviado um dia depois.

 

Francisca S.-L. (12.º 1.ª)

«Para onde vai a minha vida, e quem a leva?» (Fernando Pessoa); https://imprensanacional.pt/wp-content/uploads/2020/12/Poemas_Ortonima_I.pdf, texto 154, p. 110 | Francisca S.-L. (Muito Bom-) Pontos fortes Criação de texto bem escrito e que consegue prevalecer sobre o de Pessoa sem dele destoar. Planificação de todo o vídeo (tudo bem pensado como implica fazer um filme). Estilização gráfica conseguida com sinais de pontuação (e também com legendas, de fonte elegante). Aspetos melhoráveis Leitura em voz alta sem erros, mas, a certa altura, dadas as interrogações muito marcadas, a correr o risco de ficar muito «Teatro Nacional Dona Maria II», perdendo-se a abordagem intimista, monologal, talvez mais apropriada. A corrigir: «destes» soa quase «desteis»; «*sou atravessada por um obstáculo» (o nosso percurso é que é atravessado; nós somos «impedidos», «prejudicados»); «questiono» (pergunto); em «Não me compreendo nem no que, compreendendo, [...]», a oração gerundiva causal «compreendendo» ganhava em ser dita com maiores pausas a delimitá-la. Cumprimento de normas de envio Muito bem.

 

Francisco (12.º 1.ª)

«[Hora Morta] Lenta e lenta a hora» (Fernando Pessoa); http://arquivopessoa.net/textos/2883 | Francisco (Muito Bom) Pontos fortes Ficção criada (com protagonista que é patrão de Pessoa num dos escritórios em que o poeta trataria da correspondência) serve para referir aspetos biográficos, sendo, portanto, moldura de enquadramento histórico e pretexto para comentário a poema de Fernando Pessoa. Realização segura, bem planeada, pensada para que nela coubesse tudo o que se queria incluir. Aspetos melhoráveis Talvez faltem mais pausas na leitura, para que a representação se tornasse ainda mais realista. A corrigir: «pequena pontada de inveja» (creio que é «ponta» apenas); Pessoa tinha apetência para os negócios, não tinha era competência. [Junto cópia do manuscrito do texto em causa, para se ver que o Francisco até adivinhou bem que o texto podia ter sido esboçado num dos escritórios e trazido no bolso (o texto foi escrito num verso de impresso de um desses escritórios, com efeito; e está dobrado em quatro, um pouco menos do que no filme).] Cumprimento de normas de envio Muito bem.

 

Inês (12.º 1.ª)

«Li hoje quase duas páginas (Alberto Caeiro)»; http://arquivopessoa.net/textos/1188 | Inês (Bom (-)) Pontos fortes Boa representação (só oral, é claro) das falas do diálogo criado e do estilo conversacional genericamente. Redação do texto, nos interstícios do de Caeiro, competente (mas, note-se, sem grande risco; não tendo havido grande investimento nos aspetos visuais, esperava-se um texto que implicasse mais dificuldade, maior inovação). Aspetos melhoráveis Houve desperdício da parte visual do trabalho (economia de esforços). Há algumas infidelidades ao texto de Caeiro: «êxtase do luar» («êxtases ao luar» no original); «para falar dos sentimentos» («para falar dos pensamentos»); e omitiu-se o penúltimo verso, «Porque a Natureza não tem "dentro"». Cumprimento de normas de envio Falhou ligeiramente o prazo (por oito horas) e faltou o «do» no título do ficheiro.

 

João F. (12.º 1.ª)

«Há doenças piores que as doenças» (Fernando Pessoa); https://imprensanacional.pt/wp-content/uploads/2021/01/Poemas_Ortonima_IV.pdf , p. 247, texto 336 | João F. (Muito Bom (-)) Pontos fortes Episódio criado com cuidado e imaginação, com o autor a desdobrar-se na representação de dois papéis. Estilização do filme, que, sem grandes meios cenográficos, consegue levar-nos verosimilmente ao ambiente de um bar. Expressividade da declamação da parte do texto de Pessoa. Também o final («com vinho, meu caro») é um bom achado, embora o próprio último verso do original tivesse igualmente resultado bem: «Dá-me mais vinho, porque a vida é nada». Já agora, aproveito para assinalar que este é o último poema ortónimo de Pessoa (tem a data de 19-11-1935; Pessoa morreu onze dias depois; ou seja, o último verso de Pessoa foi «Dá-me mais vinho, porque a vida é nada», também um bom achado). Aspetos melhoráveis A corrigir: na redação própria, «*já rapidamente desvaneceu» (já rapidamente se desvaneceu); «*uma fome que nunca saciará» (uma fome que nunca se saciará); «*e, em conjunto com o guarda-chuva, pendurou-os» (como o segmento precedente está entre vírgulas, não se pode assumir o plural em «pendurou-os»); na pronúncia: «que as que a vida nos traz» soou «*que a que...»; «antipático» não saiu bem (aliás, as nasais tendem a mostrar-se um pouco inseguras). Cumprimento de normas de envio Falhou modelo do título do ficheiro.

 

João M. (12.º 1.ª)

«Não tenho pressa: não a têm o sol e a lua» (Alberto Caeiro), «Não tenho pressa. Pressa de quê?» (Alberto Caeiro), «Sim: existo dentro do meu corpo» (Alberto Caeiro), «A espantosa realidade das coisas» (Alberto Caeiro); https://imprensanacional.pt/wp-content/uploads/2021/04/Poemas-de-AlbertoCaeiro.pdf, «Poemas Inconjuntos», 50, 51, 52, 18 | João M. (Suficiente) Pontos fortes Leitura é clara e em ritmo que pode ser o adequado a Caeiro (porém, à medida que se avança nos textos, vai-se percebendo que a interpretação não foi muito trabalhada; o pouco ensaio e a falta de verdadeira compreensão detalhada ficam disfarçados pela fluência que o autor consegue mesmo sem ter decerto treinado muitas vezes estas leituras). Aspetos melhoráveis Ler as instruções (evitar-se-iam os slides googlados; ter-se-ia percebido que tinha de haver alguma criação textual própria, não bastava ler os poemas de Pessoa). A corrigir: «*na realidade não lhe falta» (o «lhe» não está no original). Cumprimento de normas de envio Falhou indicação do exato poeta, título do poema, link do Arquivo Pessoa, modelo do título do ficheiro; trabalho foi entregue ainda em projeto.

 

João N. (12.º 1.ª)

«Tenho uma grande constipação,» (Álvaro de Campos); http://arquivopessoa.net/textos/2563 | João N. (Bom +) Pontos fortes Ideia, ligada à própria escolha do poema (que, no entanto, poderia ter sido mais desenvolvida, como direi a seguir). Leitura do poema sem erros e com expressividade e força. Ritmo narrativo (conseguido por representação, efeitos visuais, montagem). Aspetos melhoráveis Haver relativamente pouca parte discursiva (porque há bastantes momentos sem texto). A corrigir: «*até a metafísica» (até à metafísica). Cumprimento de normas de envio Falhou indicação do exato poeta, título do poema, modelo do título do ficheiro.

 

Maria (12.º 1.ª)

«Gosto do céu porque não creio que ele seja infinito.» (Alberto Caeiro); https://imprensanacional.pt/wp-content/uploads/2022/03/Poemas-de-AlbertoCaeiro.pdf, «Poemas Inconjuntos», 63 | Maria (Muito Bom) Pontos fortes Criação de letra (segundo música de canção conhecida, dos Azeitonas, «Anda comigo ver os aviões») que alude a vários aspetos caracterizadores dos heterónimos, revelando, por um lado, conhecimento seguro desta matéria, e, por outro, tratamento inventivo, inteligente, sempre com novidade. Planeamento de tudo (há uma série de áreas convocadas, o que exigiu decerto muito trabalho de coordenação); acabamento muito perfeito. Aspetos melhoráveis Métrica de alguns dos versos parece excessiva (por exemplo: em vez de «Se um dia eu não aceito sereno» caberia melhor no troço em causa da melodia «Se eu não ficar sereno»; o verso «com hipérboles de sentimentos» também ganharia em perder sílabas), mas é verdade que esse hipermetria é depois resolvida pelo canto, e até admito que o malabarismo de fazer caber muitas sílabas num trecho exíguo constitua um recurso da própria canção (já agora, faltam-me capacidades para avaliar as qualidades de interpretação musical, mas soa-me tudo muito bem). Cumprimento de normas de envio Falhou modelo do título do ficheiro; link chegou depois de assinalada por mim a sua falta.

 

Mariana C. (12.º 1.ª) & Pedro (12.º 3.ª)

«Começo a conhecer-me. Não existo.» (Álvaro de Campos); http://arquivopessoa.net/textos/2438 | «Flores que colho, ou deixo» (Ricardo Reis); http://arquivopessoa.net/textos/2140 | «Leve» (Alberto Caeiro); https://www.pensador.com/frase/MTgwMDM1MA/ | «Uns governam o Mundo, outros são o Mundo» (Bernardo Soares); https://www.pensador.com/frase/MTYwNzQ2/ | «Tenho sono em pleno dia» (Fernando Pessoa); http://arquivopessoa.net/textos/1116 | Pedro & Mariana (Muito Bom) Pontos fortes Agregação, sem que o filme pareça demasiado cheio, de todos os Pessoas, a partir de um pretexto depois muito bem ideado, redigido, representado, filmado: o aniversário de Fernando, com convite aos outros todos. Texto próprio, apesar de sofisticado, elaborado, não apresenta fragilidades. Conclusão com desenlace surpreendente: afinal era tudo divagação de um aburguesado Fernando que segue para o arraial (13 de junho é dia de Santo António), assim que alertado pela esposa, Ofélia, toda dona de casa. Aspetos melhoráveis A corrigir: na legenda inicial falta vírgula depois de «Pessoa», porque «aniversário de Fernando Pessoa» é modificador apositivo do nome. (E creio que é paródia propositada a alusão a uma revista Morfeu. Bem pensado aliás o título, dado o que acontece a este sonhador Pessoa.) Cumprimento de normas de envio Faltou a indicação do exato poeta; recurso a dois links do site pensador.com era de evitar.


 

Mariana D. (12.º 1.ª)


«Ai, Margarida,» (Álvaro de Campos); http://arquivopessoa.net/textos/3537 | Mariana D. (Muito Bom) Pontos fortes Sensibilidade, diríamos de sociolinguista, a tiques de linguagem e ao léxico de jornalistas e entrevistados (o lado de paródia do vídeo assenta neste conhecimento e nas características de imagem, ritmo e montagem dos programas em causa, também impecavelmente replicadas). Assunção de papéis de várias personagens, de estilos variados, todos muito bem representados. Aspetos melhoráveis Reconheçamos que a presença do bêbado (que propicia depois a declamação do poema) é quase forçada. A corrigir: «*Que diria a tua mãe?» (no original está «Que diria tua mãe?»). Cumprimento de normas de envio Bem (no título do ficheiro foi esquecido o «do»).

 

Martim (12.º 1.ª)

«Do alto da cidade» (Fernando Pessoa); https://imprensanacional.pt/wp-content/uploads/2022/03/Poemas_Ortonima_I.pdf, p. 25, texto 20 | Martim (Bom (-) ou mesmo Bom(-)/Bom) Pontos fortes Coerência (ou lógica, se assim posso dizer) entre as várias partes do trabalho (imagens, ainda que minimalista, poema e reflexão/comentário). Leitura em voz alta sem erros, tentando ser interpretativa (ainda que me pareça que essa interpretação não foi a mais pertinente). Também na expressão oral do texto próprio se adotou o estilo de quem está a refletir, talvez para dar a ideia de quem está no momento a escrever. Aspetos melhoráveis A leitura em voz alta, pausada, tem a desvantagem de esconder a rima (que aconselha a que o poema seja dito com mais ligeireza). A corrigir: «*é provável que voltaremos a ser» (é provável que voltemos); «*tornamo-nos nas pessoas em que estamos realmente destinados a ser» (tornamo-nos nas pessoas em que estamos realmente destinados a ser). Cumprimento de normas de envio Falhou indicação do exato poeta, título do poema, link do Arquivo Pessoa, prazo (um dia depois).

 


Miguel & João C. (12.º 1.ª)



«Estás Só. Ninguém o sabe. Cala e Finge.» (Ricardo Reis); http://arquivopessoa.net/textos/524 | «Agora que sinto amor» (Alberto Caeiro); http://arquivopessoa.net/textos/643 | «Sofro, Lídia, do medo do destino.» (Ricardo Reis); http://arquivopessoa.net/textos/23 | «O amor é uma companhia» (Alberto Caeiro); http://arquivopessoa.net/textos/3236 | João C. & Miguel (Muito Bom-) Pontos fortes Situação narrativa criada, com o mestre dos outros heterónimos (e do ortónimo), Alberto Caeiro, a aconselhar um Ricardo Reis com problemas de solidão (é um bom enquadramento para os textos lidos depois, aliás bem escolhidos para este efeito). Entre textos declamados, há diálogos com boa ironia. Este dispositivo, que não é muito complicado, implicou cuidados de representação, filmagem e montagem, enfim uma boa produção. Aspetos melhoráveis A corrigir: «*se viesse» (o que está no poema é «se visse»); «*que já não sei como a desejava» (que não sei como a desejava). É difícil que se pudesse considerar «Opiário» como o novo texto de Álvaro de Campos, uma vez que, segundo a ficção dos heterónimos, esse teria sido o texto de juventude de Campos. Cumprimento de normas de envio Falhou indicação do exato poeta.


 

Nuno (12.º 1.ª)



«A minha alma partiu-se como um vaso vazio. [Apontamento]» (Álvaro de Campos); http://arquivopessoa.net/textos/2374 | Nuno (Bom) Pontos fortes A convocação de citações de outros Pessoas é um bom pretexto para se introduzir depois a leitura do poema de Campos. Campos exige certa fúria na declamação, que foi bem imitada; porém, para que os momentos de expressividade mais gritada resultem, convém que estes alternem com trechos lidos mais interiorizadamente (e as interrogações têm de ser menos exclamadas). Força do final («Quem me dirá quem sou?» ao espelho). Aspetos melhoráveis Houve relativamente pouco texto criado. Não teria usado os slides aquando da leitura dos poemas (corta o estilo geral). A corrigir: «*Até no meu pensamento tem chuva nele a correr» (Até o meu pensamento tem chuva nele a correr); «*desbruçam-se» (debruçam-se). Cumprimento de normas de envio Falhou indicação do exato poeta, título do poema, modelo do título do ficheiro; e enviou link só depois de advertido.


 

Ricardo M. (12.º 1.ª)



«O sono que desce sobre mim,» (Álvaro de Campos); http://arquivopessoa.net/textos/2489 | Ricardo M. (Bom -/Bom(-)) | Pontos fortes Texto criado pelo autor para antecipar o poema de Campos está concebido coerentemente com esse propósito. A redação não tem erros e o texto revela destreza (recorrendo a quase nenhuns lugares comuns). Aspetos melhoráveis Parte visual foi bastante desaproveitada (a imagem fixa não me parece desinteressante, é certo; foi tirada pelo autor?). Leitura fluente (mas não expressiva) do texto de Campos; leitura do texto próprio nem sempre clara porque um pouco rápida. Cumprimento de normas de envio Falhou indicação do exato poeta, título do poema, modelo do título do ficheiro, prazo (uma semana).


 

Ricardo N. (12.º 1.ª)



«Cansa sentir quando se pensa» (Fernando Pessoa); http://arquivopessoa.net/textos/2371 | Ricardo N. (Bom) Pontos fortes Texto que precede o de Pessoa está bem escrito, ainda que com um ou outro lugar comum. Produção expedita (ou seja, eficiente quanto baste, ainda que, parece-me, com certa economia de esforços, sem grande investimento do tempo de lazer). Aspetos melhoráveis Som baixo, o que, com a leitura também pouco escandida, faz que seja incómodo acompanhar a parte do texto próprio. «E nisto lembra-se de um poema de Pessoa» não será demasiado explícito para ligação entre texto criado e o do poeta? (como se se confessasse certa preguiça na colagem). A corrigir: «*é uma condição que até ela não pode fugir» (é uma condição de que até ela não pode fugir); «*em que não sei em quem hei de ser» (em que não sei quem hei de ser). Cumprimento de normas de envio Bem (esqueceu apenas o «do» no título do ficheiro).


 

Ricardo S.



«Ah, os primeiros minutos nos cafés de novas cidades!» (Álvaro de Campos); http://arquivopessoa.net/textos/1047 | «Ali não havia eletricidade.» (Álvaro de Campos); http://arquivopessoa.net/textos/278 | Ricardo S. (Muito Bom -) Pontos fortes Cuidado estético quer quanto a filme (e aqui também rigor técnico) quer quanto a leitura em voz alta e redação de trechos de ligação. Recorte dos poemas de Campos bem concebido, para a necessária montagem de um «novo» texto; texto criado também não destoa dos de Pessoa (o que já não é pouco). Aspetos melhoráveis Como se arrisca bastante na abordagem expressiva, sobrevêm pequenas hesitações (mas não há erros nem más interpretações da difícil sintaxe pessoana). Não me pareceria necessário ir-se ilustrando com imagens tão equivalentes o que é referenciado nos poemas (mas a boa concretização dessa estratégia revela engenho e muito trabalho). A corrigir: «Os passantes» («Os primeiros passantes» é o que está no original); pronúncia «ins[é]rto» (creio que é «ins[ê]rto», distinguível de «inc[é]rto», mas ainda tenho de confirmar). Cumprimento de normas de envio Muito bem.


 

Rita (12.º 1.ª)



«Deixo ao cego e ao surdo» (Fernando Pessoa); http://arquivopessoa.net/textos/2653 | Rita (Muito Bom (-)) Pontos fortes O texto redigido pela autora vai-se intrometendo entre o de Pessoa, fazendo que este ganhe, progressivamente, uma conotação subjetiva, ligada à enunciadora. Este processo é precedido por um enquadramento-pretexto (a sugestão do avô) e culmina no fim da viagem, conseguindo-se um todo coerente, em que nada é forçado, tudo é elegante. Fotografia e cuidado estético (incluindo o com o som) de todo o filme.  Aspetos melhoráveis A corrigir: «*Para que isso, vagueio» (teria de ser «Para isso, vagueio» ou «Para que isso [se concretize], vagueio»). Cumprimento de normas de envio Muito bem.


 

Sara (12.º 1.ª)


«Vai pelo cais fora um bulício de chegada próxima», vv. 1-7 e 10-13 (Álvaro de Campos); http://arquivopessoa.net/textos/2443 | «Ah, os primeiros minutos nos cafés de novas cidades», vv. 1-7 e 17-19 (Álvaro de Campos); http://arquivopessoa.net/textos/1047 | Sara (Bom+ ou quase Bom+/Muito Bom-) Pontos fortes Texto criado pela autora vai cerzindo bem os de Pessoa, usando-se estilo introspetivo, numa redação quase sempre bem. Preocupação em ir aos lugares pessoanos e mostrar referências a Pessoa (embora continue a achar que não é boa tática ir ilustrando tópico a tópico). Rigor técnico. Note-se que sentido que se retira do filme é mais de apaziguamento, paz, quando o Campos original sugere agitação, euforia. Aspetos melhoráveis Leitura dos textos de Campos podia ser mais expressiva (um pouco mais rápida ou, talvez melhor, com mais mudanças de ritmo, mais nervosa). A corrigir: «*transbordo para o papel» (transponho/transcrevo para o papel); «*todas as problemáticas» (todos os problemas). Cumprimento de normas de envio Falharam inicialmente vários aspetos, que foram corrigidos no dia seguinte (após advertência minha).

 


Tiago (12.º 1.ª)



«Do vale à montanha [Cavaleiro monge]» (Fernando Pessoa); https://imprensanacional.pt/wp-content/uploads/2022/03/Poemas_Ortonima_III.pdf, p. 106, texto 156, ou http://arquivopessoa.net/textos/2365 | Tiago (Bom(-)) Pontos fortes Enquadramentos inicial e final (com carro e refletindo) bem idealizados e realizados, mesmo se, na verdade, relativamente independentes do resto do filme (qualquer que fosse o texto declamado entraria ali do mesmo modo, não é?). Leitura em voz alta tem os erros advindos da má escolha da versão (cfr. o que digo a seguir), mas mostra que o autor lê bem. Aspetos melhoráveis Leitura do poema de Pessoa foi feita a partir da letra de uma canção (creio que por pura preguiça de clicar nas edições que eu sugeria); isso leva a que se adotem lapsos dessas versões manhosas: um «*caminhos» (por óbvio «caminhais»); «*por quintas» («por quinta»); «*prados [ou «pratos»?]» (plainos); além do refrão final, que não existe em Pessoa. Cumprimento de normas de envio Falhou indicação do link.


 

Tomás (12.º 1.ª)



«Supõe que morres amanhã» (Fernando Pessoa); https://imprensanacional.pt/wp-content/uploads/2022/03/Poemas_Ortonima_III.pdf, p. 110, texto 162 | Tomás (Bom+ ou quase Muito Bom-/Bom+) Pontos fortes Originalidade da abordagem. Como costuma acontecer em trabalhos do autor, exige-se ao recetor concentração para tentar perceber onde o sujeito quer que cheguemos. Por vezes, a dificuldade vem afinal de a sintaxe ultrapassar os limites da gramaticalidade ou de o léxico ser rebuscado ou mesmo incorreto. De qualquer modo, esse convite a que tentemos perceber, neste caso, foi desafio interessante, porque vem condimentado por série de mecanismos, criativos e técnicos, que estimulam essas interrogações. Destacarei portanto a inventiva, a destreza técnica, a criatividade. Aspetos melhoráveis Quadras criadas têm mérito, mas também uma sintaxe, por vezes, agramatical (dou alguns exemplos mas há muitos casos; por vezes, recorre-se a uma amálgama de palavras que não constituem frases, lembram a escrita automática dos surrealistas): «*e supliques a ele não vos salvai»; «*que da mais cega possa ser passagem»; «*é o meu fim desígnio» (é o meu final desígnio); «*que ao destino me rendirei» (que ao destino me renderei). Na leitura do texto de Pessoa há erros: «*Fera o limitado ensejo [e pronúncia de «ensejo» não saiu bem]» (Fera do limitado ensejo); «*O último momento de ver» (O momento último de ver). Cumprimento de normas de envio Bastante bem (não se pôs link para o Arquivo Pessoa porque o poema não está reproduzido aí, mas podia ter-se dado o link que pus agora).


 

Rafa (12.º 1.ª)



«Hoje de manhã saí muito cedo,» (Alberto Caeiro); http://arquivopessoa.net/textos/3230  | «Quando está frio no tempo do frio, para mim é como se estivesse agradável,» (Alberto Caeiro); http://arquivopessoa.net/textos/1041 | Rafa (Bom+ ou Bom+/Muito Bom-) Pontos fortes Situação criada incorpora muito bem os dois poemas. Leitura em voz alta dos textos de Caeiro muito perfeita (há um erro no exato texto do original, mas sem culpa da autora, porque se trata de lapso do Arquivo Pessoa: onde está «Não sabia *por caminho tomar» é «Não sabia que caminho tomar», como se pode ver aqui na edição que eu aconselhara, https://imprensanacional.pt/wp-content/uploads/2022/03/Poemas-de-AlbertoCaeiro.pdf, p. 91, texto 54; ou no autógrafo, https://purl.pt/1000/1/alberto-caeiro/obras/bn-acpc-e-e3/bn-acpc-e-e3_item238/P1.html). Vento surpreendente (sopra furiosamente mas nem faz mover as folhas do chão). Aspetos melhoráveis Pouco texto próprio, embora o pouco que há, o diálogo com o pai, resulte bem. Cumprimento de normas de envio Falhou exato modelo do título do ficheiro.

 

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