Aula 100-101
Aula
100-101 (4/mar [1.ª, 3.ª]) Correção do
questionário de compreensão da aula anterior (cfr. Apresentação).
Mais uma tarefa que agradeço à Gramática Didática de Português
(Santillana, 2011):
1.
Identifique as figuras de estilo presentes nos excertos seguintes.
a) Tentei
uma brecha naquela impenetrável muralha de palavras, já cansada de andar
para cá e para lá no corredor, enquanto a minha mãe, da sala perguntava, pela
756.ª vez, quem era.
Alice Vieira, Chocolate
à Chuva.
b) Bastava
a ponta dos meus dedos sobre a mesa, e logo o coração da mesa respondia,
batendo pausadamente ao ritmo do meu.
Alice Vieira, Chocolate
à Chuva.
c) Na primavera
o sol
faz o ninho
no beiral da minha casa.
Francisco Duarte Mangas;
João Pedro Mêsseder, «Ave», Breviário
do Sol.
d)
São como um cristal,
as palavras.
Algumas, um punhal,
um incêndio.
Outras,
orvalho apenas.
Eugénio de Andrade, «As Palavras», Antologia Breve.
e) [...] aquela menina casadoira,
que mora junto ao largo,
vem à varanda ver a Lua.
Manuel da Fonseca, «Noite de Verão», Obra Poética.
f) Perdido num sonho:
o sol, o deserto...
Na linha dos olhos
— tão longe, tão perto —
ondula... a miragem?
Francisco Duarte Mangas;
João Pedro Mêsseder, «Ave», Breviário
do Sol.
g) Já descoberto tínhamos diante,
Lá no novo Hemisfério, nova estrela,
Luís
de Camões, Os Lusíadas.
h) Viva a Mademoiselle! Viva a minha precetora! Viva
o papá que mandou a outra ir embora! Viva! Viva!
Augusto Gil,
Gente de Palmo e Meio.
i)
Fidalgo: — Esta barca onde vai
ora, que assi está apercebida?
Diabo: — Vai pera a ilha perdida e
há de partir logo ess’ora.
Gil Vicente,
Auto da Barca do Inferno.
j) Não
há ninguém mais rico no mundo. Sou riquíssimo. Sou podre de
rico. Cheiro mal de rico.
José Gomes Ferreira, Aventuras de João sem
Medo.
k) Batizei
quase todos os poemas que escrevi. Certo dia, coloquei-os pela ordem alfabética
dos títulos e deixei-os sobre a mesa a repousar, cansados de tanto
trabalho com as palavras.
João Pedro Mêsseder, De Que Cor é o Desejo?
l)
Que medonho sítio!
Irene Lisboa,
Uma Mão Cheia de Nada e Outra de Coisa
Nenhuma.
m) —
Senhor João Sem Medo: cá o meco chama-se Zé Porco... Este meu sócio é o Chico
Calado, mudo de nascença... E aquele tem a alcunha de «Louro» porque passa a
vida a beberricar pelas tabernas, onde improvisa cada versalhada de se lhe tirar
o chapéu.
«Sim, senhor... — pensou João Sem
Medo. — Linda coleção!»
José Gomes Ferreira, Aventuras de João sem
Medo.
n) —
Não acredito — disse Gil. — Você não tem fibra para ensinar a esgadanhar um
bocado de Liszt a essas monas filhas de tubarões da finança e medíocres
cortesãs.
Agustina Bessa-Luís, Contos Impopulares.
o)
E erguendo a cabeça do bordado
explicou-se melhor:
— Quando Deus quer, até os cegos veem.
Carlos de Oliveira, Uma Abelha na Chuva.
p)
Cessem do sábio Grego e do
Troiano
As navegações grandes que fizeram;
Cale-se de Alexandre e de Trajano
A fama das vitórias que tiveram;
Que eu canto o peito ilustre Lusitano,
Luís
de Camões, Os Lusíadas.
q)
Meio-dia
O Sol tem os seus
Caprichos: não gosta
Que o olhem
Olhos nos olhos.
Francisco Duarte Mangas;
João Pedro Mêsseder, Breviário
do Sol.
r)
Que, da ocidental praia
lusitana
Luís de Camões, Os
Lusíadas.
s)
Era um céu alto, sem resposta, cor
de frio.
Sophia de Mello Breyner
Andresen, Contos
Exemplares.
t) Uma
árvore tem raízes, tem tronco, tem ramos, tem folhas, tem varas, tem flores, tem
frutos. Assim há de ser o sermão: há de ter raízes fortes e sólidas, porque
há de ser fundado no Evangelho; há de ter um tronco, porque há de ter um só
assunto e tratar uma só matéria; deste tronco hão de nascer diversos ramos, que
são diversos discursos, mas nascidos da mesma matéria e continuados nela.
Padre António Vieira, Sermão de
Santo António aos Peixes.
u)
Enquanto os vermes iam roendo esses
cadáveres amarrados pelos grilhões da morte.
Alexandre Herculano, Eurico, o Presbítero.
v)
Eu não posso senão ser
desta terra em que nasci.
Jorge de Sena, «Quem
A Tem».
w) O céu tremeu, e Apolo, de
torvado,
Um pouco de luz perdeu, como enfiado.
Luís
de Camões, Os
Lusíadas.
Lê o poema «As pequenas gavetas do amor»
(p. 210), de Ana Luísa Amaral. Propõe uma explicação para o travessão final,
comentando o seu valor expressivo.
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TPC — Relê o que vou destacar em Gaveta de Nuvens sobre figuras deestilo.
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