Wednesday, September 08, 2021

Aula 87-88

Aula 87-88 (15 [1.ª], 16/fev [3.ª]) Correção de textos de opinião.

A Reprodução do discurso no discurso — ou Modos de relato do discurso — está sintetizada nas pp. 23 e 24 do anexo do manual. Para a exercitarmos, socorro-me mais uma vez da Nova Gramática Didática de Português. (Obrigado, NGDP.)

1. Identifique os modos de relato de discurso [discurso direto, discurso indireto, discurso indireto livre] presentes nos exemplos seguintes.

Texto 1

— O telefone está a tocar! — disse a mãe.

— É para mim. Não atendas. — respondeu o filho.

Texto 2

— Manos! O cofre tem três chaves... Eu quero fechar a minha fechadura e levar a minha chave!

— Também eu quero a minha, mil raios! — rugiu logo Rostabal.

Rui sorriu. Decerto, decerto! A cada dono do ouro cabia uma das chaves que o guardavam.

Eça de Queirós, «O Tesouro», Contos.

Texto 3

— «E tu, Chico Calado?» — E o Chico Calado lá explicou na sua linguagem de trejeitos que gostaria de poder impingir os seus elixires sem suportar perseguições nem pedradas.

José Gomes Ferreira, Aventuras de João Sem Medo.

Texto 4

E ele respondeu que nunca na vida fora visto por um médico, nunca tomara um remédio comprado na farmácia, e não era agora que havia de mudar.

António Mota, A Casa das Bengalas.

2. Transponha as frases seguintes para o discurso indireto, utilizando alguns dos verbos listados abaixo, de forma a não repetir o verbo dizer.

insistir / anunciar / exclamar / perguntar / explicar / concordar / prometer / admitir

a) — Vou-me casar para o ano — disse o Honório.

b) — Amanhã estou lá às 10 horas. Não faltarei — disse a Josefa à irmã.

c) — Tens mesmo de ir à minha casa — disse o Adão à Iva.

d) — Deve ligar este fio ao vermelho e carregar no botão — disse o funcionário da loja.

e) — Onde vais amanhã? — disse o Emanuel.

f) — Eu menti porque tive medo. Não volta a acontecer, mãe! — disse o António.

g) — Sim, esta nota é falsa — disse o Dinis ao Rui.

h) — Não aguento mais esta situação! — disse a Helena.

Na p. 8 do manual, o excerto de Os Maias interessa-nos por causa do discurso indireto livre, mas também para descortinarmos elementos trágicos.

Lê o texto. Depois, vê as soluções já lançadas das perguntas 1, 2 e 3 da p. 9, completando as lacunas com termos relativos à tragédia clássica (a escolher entre estes:

Hybris ou húbris (desafio das personagens à ordem instituída) || Peripécia (momento em que se verifica uma alteração no rumo dos acontecimentos) || Anagnórise (reconhecimento ou revelação de acontecimentos desconhecidos) || Clímax (momento de maior intensidade da ação) || Catástrofe (desenlace trágico) || Ágon (conflito vivido pelas personagens) || Pathos (sofrimento crescente das personagens) || Ananké (destino) || Catarse (efeito purificador nos espetadores)

1. Situa o texto na estrutura interna do romance.

R.: O texto integra um momento-chave da intriga principal, a revelação de que Carlos e Maria Eduarda são irmãos. É Guimarães, tio de Dâmaso e recentemente chegado de Paris, que revela a Ega esse parentesco, preparando-se para lhe entregar uma caixa com papéis de Maria Monforte.

Podemos dizer que este momento de Os Maias — em cuja estrutura encontramos, ao lado de uma feição de painel social, um eixo que tem características de tragédia — corresponderá ao que, nas tragédias clássicas, se designa _____, na medida em que equivale a um reconhecimento (Maria Eduarda é a filha de Maria Monforte, logo é a irmã de Carlos — como em Frei Luís de Sousa temos a identificação do Romeiro com João de Portugal, por Jorge). Esta revelação de dados desconhecidos, aliás casual, constitui também a _____, implicando a mudança do curso da ação.

2. Caracteriza o estado emocional da personagem Ega, referindo os motivos de natureza pessoal que o justificam.

R.: Depois da terrível revelação, quando fica sozinho, à espera do Guimarães, Ega sente uma profunda angústia, misturada com confusão emocional («como um sonâmbulo»). Mas a certeza do parentesco de Carlos e Maria Eduarda é abalada pela racionalidade de Ega, que começa a desconfiar («subiu nele uma incredulidade») de uma história tão incrível, uma «catástrofe de dramalhão». No entanto, regressando à realidade, o peso da revelação provoca nele um abatimento que o conduz à aceitação da verdade («Sim, tudo isso era provável»).

A angústia, a incredulidade e o abatimento devem-se à amizade que une Ega a Carlos e que o faz antecipar o seu sofrimento (mas o maior grau de _____ virá a ser talvez o de Afonso) e a _____ que se abaterá sobre os Maias. É discutível qual seja o momento do _____ (a morte de Afonso, como a de Maria em Frei Luís de Sousa, as duas vítimas maiores da tragédia?), que não é dissociável da persistência de Carlos na relação com Maria Eduarda, quando já estava alertado para o seu caráter incestuoso, um verdadeiro momento de _____ da parte do protagonista, que assim ousava enfrentar o que dispusera o destino (____).

Este papel de Ega (e Vilaça) é, no caso de Frei Luís de Sousa desempenhado por Jorge, mas também por Telmo e pelo próprio Manuel, já que é Madalena que será vista como a maior vítima da dor e também fora ela quem vivera em conflito (____) durante toda a peça.

Anota exemplos de discurso indireto livre no trecho de Os Maias (o da p. 8):

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Vê este grupo III de exame, que já tem cerca de metade da resposta (o parágrafo da introdução e o primeiro parágrafo do desenvolvimento). Faltam o segundo parágrafo do desenvolvimento (com segundo argumento + exemplo) e o parágrafo de conclusão. Escreve tu o terceiro parágrafo (2.º argumento + exemplo).

GRUPO III

«No mundo atual em crise, económica e de valores, o voluntariado pode ser um caminho de ajuda aos outros e, simultaneamente, de realização pessoal.»

Num texto bem estruturado, com um mínimo de duzentas e um máximo de trezentas e cinquenta palavras, defenda um ponto de vista pessoal sobre a ideia exposta no excerto transcrito.

Fundamente o seu ponto de vista recorrendo, no mínimo, a dois argumentos e ilustre cada um deles com, pelo menos, um exemplo significativo.

R.: É impossível ignorar a crise em que a Europa mergulhou. Até há pouco tempo esperança para muitos, o projeto europeu parece ruir e, na queda, arrasta milhões de desempregados e de famílias em desespero. O que fazer para minimizar o problema? Entre as muitas formas de intervenção possíveis, o voluntariado é, sem dúvida, um caminho ao nosso alcance, que nos trará muitas compensações.

A verdade é que, quando olhamos à nossa volta com a atenção que os outros nos merecem, é impossível não sentir as necessidades que de todos os lados apelam à nossa intervenção. Ora, se sempre reclamámos uma Europa dos cidadãos, é agora o momento de ser responsável e atuante, e ajudar os outros é, precisamente, um exercício de cidadania. Estamos num tempo em que ninguém pode sentir-se de fora: se hoje são os outros a necessitar de ajuda, amanhã poderemos ser nós. Felizmente, são muitos os exemplos de envolvimento voluntário, desde o Banco Alimentar Contra a Fome, à AMI, à Abraço, às muitas organizações de solidariedade social que abrirão as portas ao nosso contributo que, sendo voluntário, não deixa de constituir um dever.

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TPC — Lê a ficha corrigida sobre ‘Reprodução do discurso no discurso’.

 

 

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