Aula 84R-84
Aula 84R-84 (9
[1.ª], 10/fev [3.ª]) Entrega de redações diarísticas.
Erros recorrentes
Na tabela reuni erros que me têm aparecido nas redações. Em
vez de estar a explicá-los em slide — repetidamente e com pouco efeito! —,
resolvi juntá-los, na esperança de que sejam mais advertidos assim. Se voltarem
a aparecer em redações vossas, ficarei mal impressionado.
erro (não o olhem muito) |
forma
correta
(olhem-na) |
explicação (ou truque) para evitar o erro no futuro |
obcessivo obceção obsecado |
obsessivo obsessão obcecado |
só quando há um som de =
/k/ é que o som /s/ também corresponde a um cê (ou seja: ou são só cês ou são
só esses): SSS / SSS / CC |
à cerca de |
acerca de |
«acerca de» = ‘sobre’;
não se confunda com «há cerca de um ano» (com tempo percorrido); nem com «cerca
de Coimbra» = ‘próximo de’ |
precurso prespetiva perconceito percursor |
percurso perspetiva preconceito precursor |
quando há conotação de
‘através de’ = per-; quando há
conotação de ‘antes’ = pre- |
vêem ou vêm |
veem |
há duas vogais em «veem»,
«leem», «creem», «deem» (e já deixou de haver o acento gráfico na primeira
das vogais); «têm» (ter) e «vêm» (vir) têm som claramente diferente |
analizar sintetisar |
analisar sintetizar |
-izar é o sufixo (e aparece muito, como em «sintetizar»); em
«analisar» não há esse sufixo, é análise
+ ar |
é nos |
é-nos |
nestas ênclises, há
sempre hífen («são-me»; «dizem-nos») |
à muito tempo à anos, à bocado à pouco |
há muito tempo há anos, há bocado há pouco |
«haver» + ‘decurso de
tempo’ (passarei a punir muito este erro, que foi o primeiro que adverti no
décimo ano) |
[se eu] torna-se [se ele] volta-se |
tornasse voltasse |
perceber que o som de
«torna-se» nunca poderia ser [turnas] com a
aberto (aquele -a final ler-se-ia
[α]) |
andar-mos fizer-mos |
andarmos fizermos |
pôr em outra pessoa para
se perceber que aquele «mos» não é pronome («se eu andar», «se tu andares»,
...) |
espontaneadade |
espontaneidade |
fixar a grafia (a
ortografia é bastante questão de memória) |
espontâneamente |
espontaneamente |
nos advérbios de modo,
não se mantém o acento que havia no adjetivo («espontâneo»), porque ele se
justificava por a palavra ser esdrúxula e o advérbio já é palavra grave |
incontestávelmente potênciador |
incontestavelmente potenciador |
há acento em «potência»,
«incontestável», etc., porque eram esdrúxula e grave terminada em -l, mas isso já não sucede nas suas
derivadas (grave e aguda) |
possivél |
possível |
o acento deve-se a
tratar-se de palavra grave terminada em -l,
por isso fica na sílaba tónica, a penúltima |
[isso] evidência |
[isso] evidencia |
o nome «evidência» tem
acento por ser esdrúxula; mas a 3.ª pessoa do verbo «evidenciar» já é uma
palavra grave |
substituíndo caíndo substituido caido |
substituindo caindo substituído caído |
-uin-, -ain- não
precisam de acento para desfazer ditongo (os gerúndios não levam estes
acentos), mas -uí- e -aí- precisam (os particípios passados
levam acento para desfazer o ditongo) |
dia-a-dia fim-de-semana |
dia a dia fim de semana |
depois do AO, estas
expressões com três elementos (preposição no meio) não costumam ter hífenes |
supérfulo |
supérfluo |
decorem a grafia boa (a
pronúncia nem se considera errada, mas pronúncia e grafia são coisas
diferentes) |
individuos |
indivíduos |
é esdrúxula, logo o
acento é obrigatório |
supôr, impôr, contrapôr, ... |
supor, impor, contrapor, ... |
derivados de «pôr» não
têm acento |
á, ás |
à, às |
estou fartíssimo deste
erro (o acento grave usa-se só na contração da preposição «a» + determinante
ou pronome: à, às, àquele(s), àquela(s), àqueloutro(s), àqueloutra(s), àquilo)
|
mantem, retem |
mantém, retém |
os derivados de «ter» têm
acento (ao contrário de «tem»), porque são palavras agudas com mais do que
uma sílaba |
demonstra |
mostra |
«demonstrar» implica uma
explicação quase científica |
relembrar |
recordar, lembrar |
«relembrar» é ‘voltar a
lembrar’ (usa-se em advertências) |
remontar para |
remeter para |
«remeter para» usa-se
muito na análise de textos («remontar» usa-se em outro contexto: «remonta à
Idade Média o uso de armas de fogo») |
apercebe-se que |
apercebe-se de que |
«aperceber» implica o
«de» (ao contrário de perceber que) |
apesar das pessoas quererem |
apesar de as pessoas quererem |
não há contração destes
«de» quando o artigo que se segue faz parte de uma oração (infinitiva); «o
facto de» e «apesar de» costumam originar estas situações |
aconteceu isto o que se revelou... |
aconteceu isto, o que se revelou... |
«o que» é sempre
precedido de vírgula (é uma explicação adicional) |
como por exemplo |
como, por exemplo, |
«por exemplo» fica sempre
entre vírgulas (de qualquer modo, não é expressão que eu aconselhe) |
a ideia que a água faz bem a convicção que |
a ideia de que a água faz bem a convicção de que |
estes nomes são regidos
por «de» (também «a afirmação de que», embora com o verbo seja «afirmou que») |
ter conexão com |
ter ligação com/a |
«conectar» ainda se
circunscreve ao léxico da tecnologia |
a
maneira de como |
a maneira como |
nem sei de onde veio
aquele «de» |
agradar os outros |
agradar aos outros |
«agradar» costuma pedir
complemento indireto |
eventualmente realizar questionar tu sentes que |
finalmente imaginar perguntar sentimos que |
reporto-me ao uso
enquanto falsos amigos (isto é, por contaminação de expressão idêntica
de outra língua); é claro que podemos usar «eventualmente» no sentido de
‘talvez’; «realizar», como ‘fazer’; «questionar», com o valor de ‘pôr em
causa’; e o uso da 2.ª pessoa que critico é o de generalizador (à futebolista
que jogou em Espanha) |
No passo que vimos de «Diz que é uma espécie de magazine», os
Clã alteraram a letra da canção «Problema
de expressão» de maneira a que incluísse erros relativamente comuns (que se
pretendia ridicularizar). Completa a coluna onde pus a forma correta.
erro |
correção |
comentário |
a gente vamos |
a gente ___ nós vamos |
além do erro de flexão,
deve dizer-se que «a gente» só é aceitável em registos informais |
vocês há-dem |
vocês ____ |
o erro deve-se a analogia
com o final típico dos verbos no plural; entretanto, depois do AO dexou de se
usar hífen em «hei de», «hás de», «hão de» (tem lógica: este «de» não é
nenhum pronome) |
tou-te a amar-te |
___ a amar-te |
dizemos «‘tar», mas
escrevemos «estar» (cuidado, que «tivesse» e «estivesse» são especialmente
confundidas); e há a repetição do pronome |
sim, sinhora |
sim, ____ |
o /i/, na oralidade, não
é erro; deve dizer-se «senhor» se nos estivermos a dirigir a um homem |
bode respiratório |
bode ____ |
o adjetivo não tem que
ver com «espiar» (é de «expiar», ‘remir a culpa’ — cfr. título de livro/filme
Expiação) |
cidadões |
_____ |
os diferentes plurais de -ão resultam dos étimos latinos
(terminados em -anu, -ane, -one),
mas houve depois fenómenos de analogia que trouxeram estas confusões |
prontos |
___ [ou nada dizer] |
este bordão, marcador
conversacional, é demasiado popular (o -s
final surge em outros plebeísmos) |
áuga |
_____ |
é uma metátese que
aconteceu frequentemente na história do português |
houverem umas |
____ umas |
«haver» não tem sujeito,
enquanto verbo principal não vai para o plural («saladas» era complemento
direto) |
sladas |
_____ |
não me parece que seja
erro frequente |
runião |
_____ |
na fala não se pode
considerar erro |
treuze |
_____ |
é fenómeno sem grande
interesse (assimilação, creio) |
quaisqueres |
_____ |
no plural de «qualquer»,
só o «qual» se flexiona, já que «quer» era verbo |
discutistes estivestes |
_____ _____ |
a 2.ª pessoa do singular
do Pret. Perfeito termina em -ste
(como já não se usa a 2.ª do plural, há quem as confunda). |
chòriço |
_____ |
na verdade, a pronúncia é
quase igual (no norte, não, porque -ou-
é dito como ditongo: /ow/) |
mostra maminha |
mostra-me a ___ |
não é erro, mas uma
cacofonia (que os puristas dizem que se deve evitar — Camões, por exemplo,
foi criticado pelo célebre «Alma minha
gentil que te partiste» ser cacofónico) |
quando as veres |
quando as ___ |
é fácil confundir o
Futuro do Conjuntivo («vires») com o Infinitivo Pessoal («veres»), porque em
muitos outros verbos os dois tempos coincidem |
Os grupos III de provas exame têm sido textos
de opinião (como já fomos treinando) ou apreciações críticas (de
imagens, pinturas, cartoons), uns e outros com entre 200 a 350 palavras. Os
dois géneros estão explicados nas pp. 26-27 do anexo do livro. Transcrevo o
enunciado típico nos casos em que se pede uma apreciação crítica:
III
Num texto bem estruturado, com um mínimo de
duzentas e um máximo de trezentas e cinquenta palavras, faça a apreciação
crítica do cartoon abaixo apresentado, da autoria de Fulano.
[vem um cartoon ou uma pintura]
O seu texto deve incluir:
— a descrição da imagem apresentada, destacando elementos significativos
da sua composição;
— um comentário crítico, fundamentando
devidamente a sua apreciação e utilizando um discurso valorativo;
— uma conclusão adequada aos pontos de
vista desenvolvidos
A imagem sobre que te vais
ocupar será o desenho principal de uma capa de um Inimigo Público — que,
recentemente, se deixou de publicar enquanto suplemento do Público
(continua mas apenas como página no Expresso).
Além dessa imagem maior, haverá o texto da
notícia que o desenho ilustra, a que também deves fazer menção, integradamente.
No fundo, neste caso, a apreciação crítica debruça-se não rigorosamente sobre
uma imagem mas sobre uma notícia (satírica) ilustrada. O desenho/cartoon estará
assinado por N[uno] S[araiva]. No resto, deves tentar seguir o estipulado no
enunciado do exame.
Escolhe a capa que mais te convier entre os
dois ou três exemplares que te puser sobre a carteira. [Podem ver-se algumas
capas aqui.]
. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . ..
. . . . . . .. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .. . . . . . . . . . .
. . . . . .. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
. . . . . . . . . . . . . . . . . . .
TPC — Relanceia reproduções das fichas do Caderno de atividades, já resolvidas, relativas aos géneros Apreciação
crítica e Artigo de opinião (pp.
86-91).
#
<< Home