Wednesday, September 08, 2021

Aula 84R-84

Aula 84R-84 (9 [1.ª], 10/fev [3.ª]) Entrega de redações diarísticas.

Erros recorrentes

Na tabela reuni erros que me têm aparecido nas redações. Em vez de estar a explicá-los em slide — repetidamente e com pouco efeito! —, resolvi juntá-los, na esperança de que sejam mais advertidos assim. Se voltarem a aparecer em redações vossas, ficarei mal impressionado.

erro

(não o olhem muito)

forma correta (olhem-na)

explicação (ou truque) para evitar o erro no futuro

obcessivo

obceção

obsecado

obsessivo

obsessão

obcecado

só quando há um som de = /k/ é que o som /s/ também corresponde a um cê (ou seja: ou são só cês ou são só esses): SSS / SSS / CC

à cerca de

acerca de

«acerca de» = ‘sobre’; não se confunda com «há cerca de um ano» (com tempo percorrido); nem com «cerca de Coimbra» = ‘próximo de’

precurso prespetiva

perconceito

percursor

percurso perspetiva

preconceito

precursor

quando há conotação de ‘através de’ = per-; quando há conotação de ‘antes’ = pre-

vêem ou vêm

veem

há duas vogais em «veem», «leem», «creem», «deem» (e já deixou de haver o acento gráfico na primeira das vogais); «têm» (ter) e «vêm» (vir) têm som claramente diferente

analizar

sintetisar

analisar

sintetizar

-izar é o sufixo (e aparece muito, como em «sintetizar»); em «analisar» não há esse sufixo, é análise + ar

é nos

é-nos

nestas ênclises, há sempre hífen («são-me»; «dizem-nos»)

à muito tempo

à anos, à bocado

à pouco

há muito tempo

há anos, há bocado

há pouco

«haver» + ‘decurso de tempo’ (passarei a punir muito este erro, que foi o primeiro que adverti no décimo ano)

[se eu] torna-se

[se ele] volta-se

tornasse

voltasse

perceber que o som de «torna-se» nunca poderia ser [turnas] com a aberto (aquele -a final ler-se-ia [α])

andar-mos

fizer-mos

andarmos

fizermos

pôr em outra pessoa para se perceber que aquele «mos» não é pronome («se eu andar», «se tu andares», ...)

espontaneadade

espontaneidade

fixar a grafia (a ortografia é bastante questão de memória)

espontâneamente

espontaneamente

nos advérbios de modo, não se mantém o acento que havia no adjetivo («espontâneo»), porque ele se justificava por a palavra ser esdrúxula e o advérbio já é palavra grave

incontestávelmente

potênciador

incontestavelmente

potenciador

há acento em «potência», «incontestável», etc., porque eram esdrúxula e grave terminada em -l, mas isso já não sucede nas suas derivadas (grave e aguda)

possivél

possível

o acento deve-se a tratar-se de palavra grave terminada em -l, por isso fica na sílaba tónica, a penúltima

[isso] evidência

[isso] evidencia

o nome «evidência» tem acento por ser esdrúxula; mas a 3.ª pessoa do verbo «evidenciar» já é uma palavra grave

substituíndo

caíndo

substituido

caido

substituindo caindo

substituído

caído

-uin-, -ain- não precisam de acento para desfazer ditongo (os gerúndios não levam estes acentos), mas -uí- e -aí- precisam (os particípios passados levam acento para desfazer o ditongo)

dia-a-dia

fim-de-semana

dia a dia

fim de semana

depois do AO, estas expressões com três elementos (preposição no meio) não costumam ter hífenes

supérfulo

supérfluo

decorem a grafia boa (a pronúncia nem se considera errada, mas pronúncia e grafia são coisas diferentes)

individuos

indivíduos

é esdrúxula, logo o acento é obrigatório

supôr, impôr, contrapôr, ...

supor, impor, contrapor, ...

derivados de «pôr» não têm acento

á, ás

à, às

estou fartíssimo deste erro (o acento grave usa-se só na contração da preposição «a» + determinante ou pronome: à, às, àquele(s), àquela(s), àqueloutro(s), àqueloutra(s), àquilo)

mantem, retem

mantém, retém

os derivados de «ter» têm acento (ao contrário de «tem»), porque são palavras agudas com mais do que uma sílaba

demonstra

mostra

«demonstrar» implica uma explicação quase científica

relembrar

recordar,

lembrar

«relembrar» é ‘voltar a lembrar’ (usa-se em advertências)

remontar para

remeter para

«remeter para» usa-se muito na análise de textos («remontar» usa-se em outro contexto: «remonta à Idade Média o uso de armas de fogo»)

apercebe-se que

apercebe-se de que

«aperceber» implica o «de» (ao contrário de perceber que)

apesar das pessoas quererem

apesar de as pessoas quererem

não há contração destes «de» quando o artigo que se segue faz parte de uma oração (infinitiva); «o facto de» e «apesar de» costumam originar estas situações

aconteceu isto o que se revelou...

aconteceu isto, o que se revelou...

«o que» é sempre precedido de vírgula (é uma explicação adicional)

como por exemplo

como, por exemplo,

«por exemplo» fica sempre entre vírgulas (de qualquer modo, não é expressão que eu aconselhe)

a ideia que a água faz bem

a convicção que

a ideia de que a água faz bem

a convicção de que

estes nomes são regidos por «de» (também «a afirmação de que», embora com o verbo seja «afirmou que»)

ter conexão com

ter ligação com/a

«conectar» ainda se circunscreve ao léxico da tecnologia

a maneira de como

a maneira como

nem sei de onde veio aquele «de»

agradar os outros

agradar aos outros

«agradar» costuma pedir complemento indireto

eventualmente

realizar

questionar

tu sentes que

finalmente

imaginar

perguntar

sentimos que

reporto-me ao uso enquanto falsos amigos (isto é, por contaminação de expressão idêntica de outra língua); é claro que podemos usar «eventualmente» no sentido de ‘talvez’; «realizar», como ‘fazer’; «questionar», com o valor de ‘pôr em causa’; e o uso da 2.ª pessoa que critico é o de generalizador (à futebolista que jogou em Espanha)

No passo que vimos de «Diz que é uma espécie de magazine», os Clã alteraram a letra da canção «Problema de expressão» de maneira a que incluísse erros relativamente comuns (que se pretendia ridicularizar). Completa a coluna onde pus a forma correta.

erro

correção

comentário

a gente vamos

a gente ___

nós vamos

além do erro de flexão, deve dizer-se que «a gente» só é aceitável em registos informais

vocês há-dem

vocês ____

o erro deve-se a analogia com o final típico dos verbos no plural; entretanto, depois do AO dexou de se usar hífen em «hei de», «hás de», «hão de» (tem lógica: este «de» não é nenhum pronome)

tou-te a amar-te

___ a amar-te

dizemos «‘tar», mas escrevemos «estar» (cuidado, que «tivesse» e «estivesse» são especialmente confundidas); e há a repetição do pronome

sim, sinhora

sim, ____

o /i/, na oralidade, não é erro; deve dizer-se «senhor» se nos estivermos a dirigir a um homem

bode respiratório

bode ____

o adjetivo não tem que ver com «espiar» (é de «expiar», ‘remir a culpa’ — cfr. título de livro/filme Expiação)

cidadões

_____

os diferentes plurais de -ão resultam dos étimos latinos (terminados em -anu, -ane, -one), mas houve depois fenómenos de analogia que trouxeram estas confusões

prontos

___ [ou nada dizer]

este bordão, marcador conversacional, é demasiado popular (o -s final surge em outros plebeísmos)

áuga

_____

é uma metátese que aconteceu frequentemente na história do português

houverem umas

____ umas

«haver» não tem sujeito, enquanto verbo principal não vai para o plural («saladas» era complemento direto)

sladas

_____

não me parece que seja erro frequente

runião

_____

na fala não se pode considerar erro

treuze

_____

é fenómeno sem grande interesse (assimilação, creio)

quaisqueres

_____

no plural de «qualquer», só o «qual» se flexiona, já que «quer» era verbo

discutistes

estivestes

_____

_____

a 2.ª pessoa do singular do Pret. Perfeito termina em -ste (como já não se usa a 2.ª do plural, há quem as confunda).

chòriço

_____

na verdade, a pronúncia é quase igual (no norte, não, porque -ou- é dito como ditongo: /ow/)

mostra maminha

mostra-me a ___

não é erro, mas uma cacofonia (que os puristas dizem que se deve evitar — Camões, por exemplo, foi criticado pelo célebre «Alma minha gentil que te partiste» ser cacofónico)

quando as veres

quando as ___

é fácil confundir o Futuro do Conjuntivo («vires») com o Infinitivo Pessoal («veres»), porque em muitos outros verbos os dois tempos coincidem

Os grupos III de provas exame têm sido textos de opinião (como já fomos treinando) ou apreciações críticas (de imagens, pinturas, cartoons), uns e outros com entre 200 a 350 palavras. Os dois géneros estão explicados nas pp. 26-27 do anexo do livro. Transcrevo o enunciado típico nos casos em que se pede uma apreciação crítica:

III

Num texto bem estruturado, com um mínimo de duzentas e um máximo de trezentas e cinquenta palavras, faça a apreciação crítica do cartoon abaixo apresentado, da autoria de Fulano.

[vem um cartoon ou uma pintura]

O seu texto deve incluir:

a descrição da imagem apresentada, destacando elementos significativos da sua composição;

— um comentário crítico, fundamentando devidamente a sua apreciação e utilizando um discurso valorativo;

— uma conclusão adequada aos pontos de vista desenvolvidos

A imagem sobre que te vais ocupar será o desenho principal de uma capa de um Inimigo Público — que, recentemente, se deixou de publicar enquanto suplemento do Público (continua mas apenas como página no Expresso).

Além dessa imagem maior, haverá o texto da notícia que o desenho ilustra, a que também deves fazer menção, integradamente. No fundo, neste caso, a apreciação crítica debruça-se não rigorosamente sobre uma imagem mas sobre uma notícia (satírica) ilustrada. O desenho/cartoon estará assinado por N[uno] S[araiva]. No resto, deves tentar seguir o estipulado no enunciado do exame.

Escolhe a capa que mais te convier entre os dois ou três exemplares que te puser sobre a carteira. [Podem ver-se algumas capas aqui.]

. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .. . . . . . . .. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .. . . . . . . . . . . . . . . . .. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .

TPC — Relanceia reproduções das fichas do Caderno de atividades, já resolvidas, relativas aos géneros Apreciação crítica e Artigo de opinião (pp. 86-91).

 

 

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