Wednesday, September 08, 2021

Aula 74R-74

Aula 74R-74 (26 [1.ª], 27/jan [3.ª]) Preenchimento de respostas em torno de características de tragédia.

Na «Memória ao Conservatório Real», Garrett equaciona a questão de saber se o seu Frei Luís de Sousa deve ser classificado como tragédia ou como drama romântico. Enumera tu as caraterísticas que obedecem ao modelo da tragédia clássica:

Os acontecimentos são dirigidos pelo destino, cujo poder se revela por meio de presságios e indícios de fatalidade: a profecia do ________ de D. Sebastião; os pressentimentos e receios de ______; os sonhos e visões de Maria; as falas agoirentas de ______; os diálogos carregados de ameaças suspensas; o caráter funesto do _______ (sete anos, sexta-feira, «dia fatal», «hora fatal»).

A intriga inclui os três elementos essenciais da tragédia clássica: a peripécia (chegada dos espanhóis, que leva Manuel de Sousa a _______ o palácio e a deslocar-se para o espaço fatal); a anagnórise (reconhecimento do Romeiro como ________); a catástrofe (morte de Maria e clausura dos _______).

O coro trágico é corporizado na personagem de _______, talvez um tanto também na de Frei Jorge, bem como no grupo de frades que recita o ofício litúrgico dos mortos.

As personagens principais pertencem à/ao _______ {nobreza / povo / clero / burguesia} e gozam de boa fortuna até a ______ se abater sobre elas em consequência de um erro involuntário (provocado pelo destino) cometido no passado (o «crime» de D. Madalena).

{as palavras a negro são objeto de definição mais à frente}

Lê estes verbetes do Manual de Teatro, de Antonino Solmer (2.ª ed., Lisboa, Temas & Debates, 2003):

Tragédia Do grego «canção do bode» (animal que os Gregos sacrificavam aos deuses). Segundo a clássica definição de Aristóteles, a tragédia é uma imitação de uma ação elevada efetuada por personagens em ação no meio de um relato que, suscitando compaixão e temor, leva a cabo a purgação de emoções por parte do público (a catarse).

Drama Do grego drama (ação). Género híbrido entre a tragédia e a comédia, que começou por veicular os temas que não cabiam em nenhum dos dois grandes géneros. A partir do séc. XVIII, com Diderot, o chamado drama burguês que, sendo um género sério, não exclui elementos cómicos, realistas e patéticos, funciona de facto como um género «a meio-termo» entre os dois grandes géneros clássicos, uma vez que também os protagonistas fazem parte de uma nova classe média, entre a aristocracia trágica e a classe baixa cómica. Os sentimentos a que apela este género serão também outros: visando urna reflexão filosofante a partir de situações apresentadas de forma realista, o drama burguês não visa nem a catarse da tragédia nem o riso da comédia, mas antes o apelo à lágrima e à reflexão. Na atualidade, a palavra «drama» já não se limita a um género específico, tendo, grosso modo, passado a designar-se por drama tudo o que não é cómico. Em certas correntes, a expressão revela-se ainda mais abrangente: em inglês, por exemplo, a palavra aplica-se a todo o género teatral (uma escola de teatro é uma Drama school...). Entre os subgéneros do drama, tal como na comédia, encontram-se termos como drama histórico (cuja ação se desenrola numa época recuada em relação àquela em que foi escrita, podendo incluir reconstituições de factos historicamente acontecidos), drama lírico (a ópera, o teatro cantado), drama litúrgico (género medieval que inclui os mistérios e os milagres), etc.

Comédia Termo que provém dos antigos ritos dionisíacos gregos. Género dedicado aos procedimentos cómicos que a opõem à tragédia, e que se caracteriza por: personagens de baixo estatuto social, desenlace feliz e a finalidade de provocar o riso do espectador. Mais tarde, o termo irá manter-se, aplicado ao género que se opõe ao drama. A comédia pode ser no entanto de vários tipos, de que os principais serão a alta comédia e a baixa comédia. Esta última é caracterizada pela utilização de recursos da farsa e do gag, enquanto a primeira recorre a uma linguagem cuidada, marcada por subtilezas intelectuais e psicológicas. Outros tipos possíveis de comédia são: comédia de capa e espada (cuja intriga envolve nobres e cavaleiros); comédia de costumes (que analisa os comportamentos sociais em situação); comédia musical (que integra música e canções); comédia de situações ou de equívocos (caracterizada pela rapidez do desenvolvimento da ação, com um cómico baseado no efeito de surpresa e no quiproquó), etc.

TragicomédiaGénero que designa um híbrido de tragédia e comédia definido em função de três elementos fundamentais: as personagens (pertencem a estratos populares e aristocráticos, anulando a fronteira de exigências de cada um dos géneros); a ação (que aqui não termina em catástrofe nem na morte do herói) e estilo (entremeado de linguagem simultaneamente enfática e vulgar).

Nos períodos que se seguem faltam algumas vírgulas. Acrescenta-as. Marca também os casos em que é possível pôr vírgula ou não, dependendo da interpretação que se faça.

O Hamlet que prefiro é o dos Gato Fedorento.

Hamlet que é uma tragédia de Shakespeare terá sido escrito entre 1599 e 1601.

O Hamlet que tem comichão não é o dos Monty Python.

Gosto das tragédias de Shakespeare que nunca são enfadonhas.

Gosto das tragédias que não sejam enfadonhas.

Gosto de sketches cujos protagonistas sejam psiquiatras e Hamlet.

Vi o Frei Luís de Sousa cuja Maria é representada por Alexandra Lencastre.

Vimos o final de Uivo que é um filme sobre a liberdade de expressão.

No fundo, o que estiveste a fazer foi distinguir entre as orações relativas restritivas, as que não são isoladas por vírgulas, e orações relativas explicativas, as que têm de ficar entre vírgulas. Em cada período, sublinha a oração relativa (que começará por «que» ou por «cujo») e escreve E(xplicativa) ou R(estritiva).

Já agora, todas estas orações relativas são adjetivas (mas também há substantivas relativas). As palavras que as introduzem são pronomes e determinantes relativos (bem como quantificadores e advérbios relativos), genericamente, palavras relativas.

Eis um grupo I-B de uma prova ainda segundo um modelo antigo (em que esta parte não implicava interpretar um texto fornecido, mas escrever um pequeno comentário fundado só na sabedoria do aluno). O que, no modelo atual, corresponde a estas perguntas para responder «de cor» é o item 7 (ou seja, a parte C do grupo I). É-nos util resolver os itens a seguir para fixarmos dados acerca de Frei Luís de Sousa, de Almeida Garrett.

Grupo I-B

Tal como na tragédia clássica, também o fatalismo é uma presença constante em Frei Luís de Sousa. O destino acompanha todos os momentos da vida das personagens, apresentando-se como uma força que as arrasta de forma cega para a desgraça. É ele que não deixa que a felicidade daquela família possa durar muito.

Recordando a peça de Garrett, responda de forma completa às questões que se seguem.

1. Na tragédia clássica, a hybris (o desafio) era o ponto de partida para o conflito (o desenvolvimento).

1.1. Identifique, na peça Frei Luís de Sousa, o desafio de D. Madalena.

1.2. Indique o desafio de Manuel de Sousa e as consequências da sua atitude no final do Ato I.

2. Demonstre a importância do destino e da superstição no desenrolar dos acontecimentos.

[Sugestões de resolução]

1.1 A hybris é o desafio, o crime do excesso e do ultraje. D. Madalena não comete um crime propriamente na ação, mas sabemos que ele existiu pela confissão a Frei Jorge de que ___________, embora guardasse fidelidade ao marido. O crime estava no seu coração, na sua mente, embora não fosse explícito como entre os clássicos.

1.2. Manuel de Sousa Coutinho também comete a sua hybris ao ___________. Esta atitude obrigou-o a esconder-se durante alguns tempos e a evitar regressar ao palácio durante o dia.

2. [Completa só com nomes de personagens.] O destino pode definir-se como força superior que tudo domina e a quem nem os deuses podem fugir; apresenta-se como uma obrigação imperiosa, uma força que arrasta «de forma cega para a desgraça». Madalena e Maria são vítimas do destino que afeta também as restantes personagens.

Um presságio da desgraça percorre toda a obra: a atmosfera de superstição, as apreensões e pressentimentos de ________ adquirem sentido; também _______ pressente a hipótese de ser filha ilegítima e vem a ser a vítima sacrificada; _______ alimenta a crença no Sebastianismo; o incêndio e a necessidade de viver no palácio que fora de ________ aumentam a tensão dramática; o terror apodera-se de ________...

O destino acompanha todos os momentos da vida das personagens e arrasta-as de forma cega para a desgraça; o sofrimento não acontece apenas nas personagens, mas age sobre os espectadores, através dos sentimentos de terror e de piedade, para purificar as paixões (catarse); dentro da lógica do teatro clássico, a intriga desenvolve-se, de forma a culminar num desfecho dramático, cheio de intensidade: a morte física de ______ e a morte para a vida secular de _______ e _______. É, pois, evidente que, tal como na tragédia clássica, também em Frei Luís de Sousa o fatalismo é uma presença constante, dado que o destino acompanha todos os momentos da vida das personagens, apresentando-se como uma força que as arrasta de forma cega para a desgraça.

Elementos da tragédia clássica (segundo Projetos, 11.º ano, Santillana)

Hybris (ou húbris) — desafio feito pelas personagens à ordem instituída.

Peripécia — de acordo com a Poética de Aristóteles (c. 334-330 a. C.), corresponde à «mutação dos sucessos no contrário», isto é, ao momento em que se verifica uma alteração no rumo dos acontecimentos.

Anagnórise — «reconhecimento»; segundo a Poética de Aristóteles, «é a passagem do ignorar ao conhecer», podendo consistir na revelação de acontecimentos desconhecidos ou na identificação de determinada personagem.

[Em FLS, a anagnórise sucede em simultâneo com a peripécia: é com a chegada do Romeiro e o reconhecimento da sua identidade (anagnórise) que se dá uma inversão brusca nos acontecimentos (peripécia): o casamento é invalidado, Madalena torna-se uma mulher adúltera e a filha, ilegítima.]

Clímax — momento culminante (de maior intensidade) da ação.

[Em FLS, o clímax corresponde à cena final do ato II, pois é neste momento que a tensão dramática atinge o seu auge: D. João de Portugal dá a conhecer a sua identidade de forma inequívoca, demonstrando, ao mesmo tempo, deforma paradoxal, que o esquecimento a que foi votado anulou a sua existência.]

Catástrofe — desenlace trágico.

[Em FLS, a família é totalmente exterminada: Madalena e Manuel morrem para o mundo, ingressando na vida religiosa, e Maria morre, efetivamente.]

Ágon — conflito vivido pelas personagens; pode designar o conflito com outras personagens ou o conflito interior.

[Em FLS, o de Madalena, por exemplo; ou de Telmo, quando se apercebe de que o amor a Maria é já superior à fidelidade ao amo.]

Pathos — sofrimento crescente das personagens.

Ananké — o destino; preside à existência das personagens e é implacável.

Catarse — efeito purificador que a tragédia deve ter nos espectadores: ao desencadear o terror e a piedade, permitir-lhes-ia purificar as suas emoções.

Os dois itens seguintes — sobre pontuação — copiei-os de Desafios. Português. 11.º ano. Caderno de Atividades (de Alexandre Dias Pinto, Carlota Miranda, Patrícia Nunes; Carnaxide, Santillana, 2011), alterando apenas alguns nomes próprios.

Associa cada frase de A à única hipótese da coluna B que permite obter uma afirmação correta.

A

a) Na frase «O Irondino, o Sancho e o Gualter foram a Braga.», usa-se a vírgula para...

b) Na frase «O Mário nunca, nunca chega a horas.», usa-se a vírgula para...

c) Na frase «Camões, príncipe dos poetas, viveu no século XVI.», usa-se a vírgula para...

d) Na frase «O Gustavo anda a ler Fernando Pessoa e eu, um romance de Saramago.», usa-se a vírgula para...

e) Na frase «Tu, Jorge, vais ao Porto esta semana.», usa-se a vírgula para...

f) Na frase «Ele era, dizia-se, um bom jardineiro.», usa-se a vírgula para...

g) Na frase «Se fores a Londres, visita o Museu Britânico.», usa-se a vírgula para...

h) Na frase «Os alunos, que faltaram à aula, ficaram a estudar para o teste.», usa-se a vírgula para...

B

1. isolar as orações subordinadas relativas explicativas.

2. isolar o modificador apositivo.

3. separar elementos com a mesma função sintática.

4. indicar a supressão de uma palavra, geralmente o verbo.

5. separar a oração subordinada adverbial que ocorre antes da oração principal.

6. isolar o vocativo.

7. separar uma oração intercalada.

8. separar os elementos repetidos.

Assinala e corrige os erros de pontuação presentes nas frases seguintes e explica a razão das incorreções.

a) O Saul comprou, uma casa junto ao mar.

b) — Ó Mateus que horas são?

c) — Quem é aquela senhora.

d) A Agostinha disse. Vou para a escola.

e) Se voltas a ter esse tipo de comportamento.

f) Socorro. Estou preso aqui dentro.

g) O Hélio o Alberto e o Zuzarte compraram tostas queijo e fiambre.

Escreve parágrafo com argumento e exemplo (a partir de três temas dos grupos III de exames de 2019 e 2918: cfr. slide).

. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .

Classifica as orações sublinhadas.

Carta (Toranja)

Não falei contigo com medo que os montes

e vales que me achas caíssem a teus pés...

Acredito e entendo que a estabilidade lógica _______

de quem não quer explodir faça bem ao escudo que és...    subordinada ______

 

Saudade é o ar que vou sugando e aceitando

como fruto de verão nos jardins do teu beijo...

Mas sinto que sabes que sentes também    subordinada ______

que num dia maior serás trapézio sem rede

a pairar sobre o mundo e tudo o que vejo...

 

É que hoje acordei e lembrei-me

Que sou mago feiticeiro   subordinada ________

Que a minha bola de cristal é folha de papel

Nela te pinto nua numa chama minha e tua.

 

Desconfio que ainda não reparaste    subordinada ________

que o teu destino foi inventado

por gira-discos estragados aos quais te vais moldando...

E todo o teu planeamento estratégico de sincronização do coração

são leis como paredes e tetos cujos vidros vais pisando...    subordinada _______

 

Anseio o dia em que acordares por cima de todos os teus números

raízes quadradas de somas subtraídas sempre com a mesma solução...

 

Podias deixar de fazer da vida um ciclo vicioso

harmonioso ao teu gesto mimado e à palma da tua mão...

 

É que hoje acordei e lembrei-me

Que sou mago feiticeiro

Que a minha bola de cristal é folha de papel

E nela te pinto nua

Numa chama minha e tua.

 

Desculpa, se te fiz fogo e noite sem pedir autorização por escrito

ao sindicato dos deuses, mas não fui eu que te escolhi.    coordenada _______

 

Desculpa, se te usei como refúgio dos meus sentidos    subordinada ______

pedaço de silêncios perdidos, que voltei a encontrar em ti...    subordinada ______

 

É que hoje acordei e lembrei-me     coordenada _______

Que sou mago feiticeiro...

 

... nela te pinto nua

Numa chama minha e tua.

 

Ainda magoas alguém

O tiro passou-me ao lado

Ainda magoas alguém

Se não te deste a ninguém,

magoaste alguém,

A mim... passou-me ao lado.

TPC — Relanceia mais uma ficha corrigida do Caderno de atividades (sobre coesão lexical e referencial), que porei em Gaveta de Nuvens.

 

 

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