Aula 74R-74
Aula 74R-74 (26 [1.ª], 27/jan [3.ª]) Preenchimento de
respostas em torno de características de tragédia.
Na «Memória ao Conservatório Real», Garrett
equaciona a questão de saber se o seu Frei
Luís de Sousa deve ser classificado como tragédia ou como drama romântico.
Enumera tu as caraterísticas que obedecem ao modelo da tragédia clássica:
Os
acontecimentos são dirigidos pelo destino, cujo poder se revela por meio de
presságios e indícios de fatalidade: a profecia do ________ de D. Sebastião; os
pressentimentos e receios de ______; os sonhos e visões de Maria; as falas agoirentas
de ______; os diálogos carregados de ameaças suspensas; o caráter funesto do
_______ (sete anos, sexta-feira, «dia fatal», «hora fatal»).
A
intriga inclui os três elementos essenciais da tragédia clássica: a peripécia
(chegada dos espanhóis, que leva Manuel de Sousa a _______ o palácio e a
deslocar-se para o espaço fatal); a anagnórise
(reconhecimento do Romeiro como ________); a catástrofe (morte de Maria e clausura dos _______).
O
coro trágico é corporizado na personagem de _______, talvez um tanto também na
de Frei Jorge, bem como no grupo de frades que recita o ofício litúrgico dos
mortos.
As
personagens principais pertencem à/ao _______ {nobreza / povo / clero / burguesia} e gozam de boa fortuna até a
______ se abater sobre elas em consequência de um erro involuntário (provocado
pelo destino) cometido no passado (o «crime» de D. Madalena).
{as palavras a
negro são objeto de definição mais à frente}
Lê estes verbetes do Manual de Teatro, de Antonino Solmer (2.ª ed., Lisboa, Temas &
Debates, 2003):
Tragédia
— Do
grego «canção do bode» (animal que os Gregos sacrificavam aos deuses). Segundo
a clássica definição de Aristóteles, a tragédia é uma imitação de uma ação elevada
efetuada por personagens em ação no meio de um relato que, suscitando compaixão
e temor, leva a cabo a purgação de emoções por parte do público (a catarse).
Drama
— Do
grego drama (ação). Género híbrido entre a tragédia e a comédia, que
começou por veicular os temas que não cabiam em nenhum dos dois grandes géneros.
A partir do séc. XVIII, com Diderot, o chamado drama burguês que, sendo um género
sério, não exclui elementos cómicos, realistas e patéticos, funciona de facto como
um género «a meio-termo» entre os dois grandes géneros clássicos, uma vez que
também os protagonistas fazem parte de uma nova classe média, entre a
aristocracia trágica e a classe baixa cómica. Os sentimentos a que apela este
género serão também outros: visando urna reflexão filosofante a partir de situações
apresentadas de forma realista, o drama burguês não visa nem a catarse da tragédia nem o riso da
comédia, mas antes o apelo à lágrima e à reflexão. Na atualidade, a palavra «drama»
já não se limita a um género específico, tendo, grosso modo, passado a
designar-se por drama tudo o que não é cómico. Em certas correntes, a expressão
revela-se ainda mais abrangente: em inglês, por exemplo, a palavra aplica-se a
todo o género teatral (uma escola de teatro é uma Drama school...). Entre os subgéneros do
drama, tal como na comédia, encontram-se termos como drama histórico (cuja ação se desenrola numa época recuada em
relação àquela em que foi escrita, podendo incluir reconstituições de factos
historicamente acontecidos), drama lírico
(a ópera, o teatro cantado), drama
litúrgico (género medieval que inclui os mistérios e os milagres), etc.
Comédia
— Termo
que provém dos antigos ritos dionisíacos gregos. Género dedicado aos procedimentos
cómicos que a opõem à tragédia,
e que se caracteriza por: personagens de baixo estatuto social, desenlace feliz
e a finalidade de provocar o riso do espectador. Mais tarde, o termo irá
manter-se, aplicado ao género que se opõe ao drama. A comédia pode ser no
entanto de vários tipos, de que os principais serão a alta comédia e a baixa comédia. Esta última é caracterizada
pela utilização de recursos da farsa e
do gag, enquanto a primeira recorre a uma linguagem cuidada,
marcada por subtilezas intelectuais e psicológicas. Outros tipos possíveis de
comédia são: comédia de capa e espada
(cuja intriga envolve nobres e cavaleiros); comédia
de costumes (que analisa os comportamentos sociais em situação); comédia musical (que integra música e
canções); comédia de situações ou de
equívocos (caracterizada pela rapidez do desenvolvimento da ação, com um
cómico baseado no efeito de surpresa e no quiproquó), etc.
Tragicomédia
— Género que
designa um híbrido de tragédia e comédia definido em função de três elementos
fundamentais: as personagens (pertencem a estratos populares e aristocráticos,
anulando a fronteira de exigências de cada um dos géneros); a ação (que aqui
não termina em catástrofe nem na
morte do herói) e estilo (entremeado de linguagem simultaneamente enfática e
vulgar).
Nos períodos que se seguem faltam algumas vírgulas.
Acrescenta-as. Marca também os casos em que é possível pôr vírgula ou não, dependendo
da interpretação que se faça.
O Hamlet que prefiro é o dos Gato Fedorento.
Hamlet que é uma tragédia de Shakespeare terá
sido escrito entre 1599 e 1601.
O Hamlet que tem comichão não é o dos Monty
Python.
Gosto das tragédias de Shakespeare que nunca
são enfadonhas.
Gosto das tragédias que não sejam
enfadonhas.
Gosto de sketches cujos protagonistas sejam
psiquiatras e Hamlet.
Vi o Frei
Luís de Sousa cuja Maria é representada por Alexandra Lencastre.
Vimos o final de Uivo
que é um filme sobre a liberdade de expressão.
No fundo, o que estiveste a fazer foi
distinguir entre as orações relativas restritivas, as que não são isoladas
por vírgulas, e orações relativas explicativas, as que têm de ficar
entre vírgulas. Em cada período, sublinha a oração relativa (que começará por
«que» ou por «cujo») e escreve E(xplicativa)
ou R(estritiva).
Já agora, todas estas orações relativas são
adjetivas (mas também há
substantivas relativas). As palavras que as introduzem são pronomes e
determinantes relativos (bem como quantificadores e advérbios relativos), genericamente,
palavras relativas.
Eis um grupo I-B de uma prova ainda segundo
um modelo antigo (em que esta parte não implicava interpretar um texto fornecido,
mas escrever um pequeno comentário fundado só na sabedoria do aluno). O que, no
modelo atual, corresponde a estas perguntas para responder «de cor» é o item 7 (ou
seja, a parte C do grupo I). É-nos util resolver os itens a seguir para
fixarmos dados acerca de Frei Luís de Sousa, de Almeida Garrett.
Grupo I-B
Tal como na tragédia clássica, também o
fatalismo é uma presença constante em Frei
Luís de Sousa. O destino acompanha todos os momentos da vida das
personagens, apresentando-se como uma força que as arrasta de forma cega para a
desgraça. É ele que não deixa que a felicidade daquela família possa durar
muito.
Recordando a peça
de Garrett, responda de forma
completa às questões que se seguem.
1. Na tragédia clássica, a hybris (o desafio) era o ponto
de partida para o conflito (o desenvolvimento).
1.1. Identifique, na peça
Frei Luís de Sousa, o desafio de D. Madalena.
1.2. Indique o desafio de Manuel de Sousa e as
consequências da sua atitude no final do Ato I.
2. Demonstre a importância do destino e da
superstição no desenrolar dos acontecimentos.
[Sugestões de resolução]
1.1 A hybris é o desafio,
o crime do excesso e do ultraje. D. Madalena não comete um crime propriamente
na ação, mas sabemos que ele existiu pela confissão a Frei Jorge de que ___________,
embora guardasse fidelidade ao marido. O crime estava no seu coração, na sua mente,
embora não fosse explícito como entre os clássicos.
1.2. Manuel de Sousa Coutinho também comete a
sua hybris ao ___________. Esta atitude obrigou-o a
esconder-se durante alguns tempos e a evitar regressar ao palácio durante o
dia.
2. [Completa só com nomes
de personagens.] O destino pode definir-se como força superior que tudo domina
e a quem nem os deuses podem fugir; apresenta-se como uma obrigação imperiosa,
uma força que arrasta «de forma cega para a desgraça». Madalena e Maria são vítimas do destino
que afeta também as restantes personagens.
Um presságio da desgraça percorre toda a
obra: a atmosfera de superstição, as apreensões e pressentimentos de ________
adquirem sentido; também _______ pressente a hipótese de ser filha ilegítima e
vem a ser a vítima sacrificada; _______ alimenta a crença no Sebastianismo; o
incêndio e a necessidade de viver no palácio que fora de ________ aumentam a
tensão dramática; o terror apodera-se de ________...
O destino acompanha todos os momentos da
vida das personagens e arrasta-as de forma cega para a desgraça; o sofrimento
não acontece apenas nas personagens, mas age sobre os espectadores, através dos
sentimentos de terror e de piedade, para purificar as paixões (catarse); dentro
da lógica do teatro clássico, a intriga desenvolve-se, de forma a culminar num
desfecho dramático, cheio de intensidade: a morte física de ______ e a morte
para a vida secular de _______ e _______. É, pois, evidente que, tal como na
tragédia clássica, também em Frei Luís de Sousa
o fatalismo é uma presença constante, dado que o destino acompanha todos os momentos
da vida das personagens, apresentando-se como uma força que as arrasta de forma
cega para a desgraça.
Elementos da tragédia clássica (segundo Projetos, 11.º ano, Santillana)
Hybris (ou húbris) —
desafio feito pelas personagens à ordem instituída.
Peripécia — de acordo com a Poética de Aristóteles (c. 334-330
a. C.), corresponde à «mutação dos sucessos no contrário», isto é, ao momento
em que se verifica uma alteração no rumo dos acontecimentos.
Anagnórise — «reconhecimento»;
segundo a Poética de Aristóteles, «é a passagem do ignorar ao conhecer», podendo
consistir na revelação de acontecimentos desconhecidos ou na identificação de
determinada personagem.
[Em FLS, a anagnórise sucede em simultâneo com a peripécia: é com a
chegada do Romeiro e o reconhecimento da sua identidade (anagnórise) que se dá
uma inversão brusca nos acontecimentos (peripécia): o casamento é invalidado,
Madalena torna-se uma mulher adúltera e a filha, ilegítima.]
Clímax — momento culminante (de
maior intensidade) da ação.
[Em FLS,
o clímax corresponde à cena final do ato II, pois é neste momento que a tensão
dramática atinge o seu auge: D. João de Portugal dá a conhecer a sua identidade
de forma inequívoca, demonstrando, ao mesmo tempo, deforma paradoxal, que o
esquecimento a que foi votado anulou a sua existência.]
Catástrofe
— desenlace trágico.
[Em
FLS,
a família é totalmente exterminada: Madalena e Manuel morrem para o mundo,
ingressando na vida religiosa, e Maria morre, efetivamente.]
Ágon — conflito vivido pelas
personagens; pode designar o conflito com outras personagens ou o conflito
interior.
[Em FLS, o de Madalena, por exemplo; ou de Telmo, quando se apercebe de
que o amor a Maria é já superior à fidelidade ao amo.]
Pathos — sofrimento crescente
das personagens.
Ananké — o destino; preside à
existência das personagens e é implacável.
Catarse — efeito purificador que
a tragédia deve ter nos espectadores: ao desencadear o terror e a piedade, permitir-lhes-ia
purificar as suas emoções.
Os dois itens seguintes — sobre pontuação
— copiei-os de Desafios. Português. 11.º
ano. Caderno de Atividades (de Alexandre Dias Pinto, Carlota Miranda,
Patrícia Nunes; Carnaxide, Santillana, 2011), alterando apenas alguns nomes próprios.
Associa cada frase de A à única hipótese da coluna B
que permite obter uma afirmação correta.
A
a)
Na frase «O Irondino, o Sancho e o Gualter foram a Braga.», usa-se a vírgula
para...
b)
Na frase «O Mário nunca, nunca chega a horas.», usa-se a vírgula para...
c)
Na frase «Camões, príncipe dos poetas, viveu no século XVI.», usa-se a vírgula
para...
d)
Na frase «O Gustavo anda a ler Fernando Pessoa e eu, um romance de Saramago.»,
usa-se a vírgula para...
e)
Na frase «Tu, Jorge, vais ao Porto esta semana.», usa-se a vírgula para...
f)
Na frase «Ele era, dizia-se, um bom jardineiro.», usa-se a vírgula para...
g)
Na frase «Se fores a Londres, visita o Museu Britânico.», usa-se a vírgula para...
h)
Na frase «Os alunos, que faltaram à aula, ficaram a estudar para o teste.»,
usa-se a vírgula para...
B
1. isolar as orações subordinadas relativas
explicativas.
2. isolar o modificador apositivo.
3. separar elementos com a mesma função
sintática.
4. indicar a supressão de uma palavra, geralmente
o verbo.
5. separar a oração subordinada adverbial
que ocorre antes da oração principal.
6. isolar o vocativo.
7. separar uma oração intercalada.
8.
separar os elementos repetidos.
Assinala e corrige os erros de pontuação
presentes nas frases seguintes e explica a razão das incorreções.
a) O Saul comprou, uma casa junto ao mar.
b)
— Ó Mateus que horas são?
c)
— Quem é aquela senhora.
d)
A Agostinha disse. Vou para a escola.
e)
Se voltas a ter esse tipo de comportamento.
f)
Socorro. Estou preso aqui dentro.
g) O Hélio o Alberto e o Zuzarte compraram
tostas queijo e fiambre.
Escreve parágrafo com
argumento e exemplo (a partir de três temas dos grupos III de exames de 2019 e
2918: cfr. slide).
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Classifica as orações sublinhadas.
Carta (Toranja)
Não falei contigo com medo que
os montes
e vales que me achas
caíssem a teus pés...
Acredito e entendo que a estabilidade
lógica _______
de quem
não quer explodir faça bem ao escudo que és... subordinada ______
Saudade é o ar que vou sugando
e aceitando
como fruto de verão nos
jardins do teu beijo...
Mas sinto que sabes que
sentes também subordinada ______
que num dia maior serás
trapézio sem rede
a pairar sobre o mundo e tudo
o que vejo...
É que hoje acordei e lembrei-me
Que sou mago feiticeiro subordinada ________
Que a minha bola de cristal
é folha de papel
Nela te pinto nua numa chama
minha e tua.
Desconfio que ainda não
reparaste subordinada ________
que o teu destino foi
inventado
por
gira-discos estragados aos quais te vais moldando...
E todo o
teu planeamento estratégico de sincronização do coração
são leis
como paredes e tetos cujos vidros vais pisando... subordinada _______
Anseio o
dia em que acordares por cima de todos os teus números
raízes
quadradas de somas subtraídas sempre com a mesma solução...
Podias deixar de fazer da
vida um ciclo vicioso
harmonioso
ao teu gesto mimado e à palma da tua mão...
É que hoje acordei e
lembrei-me
Que sou mago feiticeiro
Que a minha bola de cristal
é folha de papel
E nela te pinto nua
Numa chama minha e tua.
Desculpa,
se te fiz fogo e noite sem pedir autorização por escrito
ao
sindicato dos deuses, mas não fui eu que te escolhi. coordenada _______
Desculpa, se te usei
como refúgio dos meus sentidos subordinada
______
pedaço
de silêncios perdidos, que voltei a encontrar
em ti... subordinada ______
É que hoje acordei e lembrei-me coordenada _______
Que sou mago feiticeiro...
... nela te pinto nua
Numa chama minha e tua.
Ainda magoas alguém
O tiro passou-me ao lado
Ainda magoas alguém
Se não te deste a ninguém,
magoaste alguém,
A mim... passou-me ao lado.
TPC — Relanceia mais uma ficha corrigida do Caderno de
atividades (sobre coesão lexical e referencial), que porei em Gaveta de Nuvens.
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