Wednesday, September 08, 2021

Aula 55-56

 

Aula 55-56 (10/dez [1.ª, 3.ª]) Correção de questionário de compreensão feito na penúltima aula (sobre apreciação crítica de Filme do Desassossego) e da tarefa sobre «A senhora do cãozinho» (ver Apresentação).

Revimos na aula passada os processos morfológicos de formação de palavras.

Começámos pela derivação com adição de constituintes morfológicos. Nesta distinguimos quatro tipos de afixação à forma de base. (Na parassíntese os dois afixos aglutinaram-se em simultâneo à forma de base, não existindo as palavras sem o sufixo ou sem o prefixo.)

derivação com adição de constituintes morfológicos

prefixação

reler, incompleto

sufixação

amável, guerrear

prefixação e sufixação

desorganização, inesperadamente

parassíntese

alindar, entristecer

Depois, considerámos os processos de derivação que não envolviam afixos (sem adição de constituintes morfológicos) No entanto, note-se que um deles, a derivação não afixal (em tempos, aka «derivação regressiva»), implica ter havido a ideia — errada — de que uma dada palavra era já uma derivada por afixação, dela se podendo deduzir, por subtração dos supostos afixos, uma, também suposta, palavra primitiva, que é afinal a palavra «derivada regressivamente» (a derivação não afixal é sobretudo produtiva na formação de nomes a partir de verbos — esses nomes assim derivados chamam-se deverbais). Já a conversão (aka «derivação imprópria») nada tem a ver com afixos: é apenas a situação em que uma palavra passa a ser usada numa nova classe.

derivação sem adição de constituintes morfológicos

conversão

burro (< burro), um porto (< Porto)

derivação não afixal

pesca (< pescar), gajo (< gajão)

Na composição, distinguimos a composição morfossintática, que implica a associação de duas ou mais palavras; e a composição morfológica, em que se associam dois radicais ou um radical e uma palavra (um radical é uma unidade não autónoma, frequentemente raiz grega ou latina).

composição

composição morfológica

apicultura, socioeconómico

composição morfossintática

conta-gotas, bomba-relógio

Distribui pelos quadros em cima as seguintes palavras, quase todas recolhidas em «Relato de engate» e «Baratas à procura de casa» (série Lopes da Silva):

papa-formigas | formicida | saprófago | [o] quente |[a] recolha [do lixo] (< recolher) | engate (< engatar) | assalto (< assaltar) | avizinhar | retrovisor | formigueiro | gordura | vizinhança | engordurar | arejar

Gentilmente cedido pela Nova Gramática didática de português (Carnaxide, Santillana, 2011):

1. Atente nas frases apresentadas abaixo e identifique a classe a que pertencem as palavras destacadas.

a) — São horas de jantar e o jantar já está na mesa!

b) As irmãs Silva têm uma silva no jardim.

c) O inverno é frio e, por vezes, o frio é difícil de suportar.

d) — Ali? O teu ali é muito confuso...

e) Ele é rápido, mas o cão corre ainda mais rápido.

f) — Porquê? Queres saber o porquê?

1.1 Perante os exemplos apresentados, defina conversão:

A conversão é um processo de formação em que as palavras mudam de __________ mas não de _________.

2. Seguindo o exemplo, crie, para cada verso dado, uma frase em que a palavra destacada pertença a uma classe diferente. Identifique a respetiva classe.

[O Porto é uma cidade lindíssima! O barco atracou num porto longínquo.]

nome próprio                                                                  nome comum

a) «Se eu fosse um dia o teu olhar» (Pedro Abrunhosa)

b) «Eu hei de te amar por esse lado escuro» (Rui Veloso/Carlos Tê)

c) «É o poder / que você sabe que tem bem» (Nelly Furtado)

d) «Estou num paraíso onde nada vai mudar» (Beto)

e) «Pede-me que roube o azul do céu» (Rita Guerra)

3. Na sopa de letras, encontrará sete pares de palavras que são exemplos de derivação não afixal. Registe-os:



1 = _____________

2 = _____________

3 = _____________

4 = _____________

5 = _____________

6 = _____________

7 = _____________

4. Forme palavras compostas utilizando radicais de origem latina ou grega.

‘Que está ao mesmo tempo em todo o lado’ — _________

‘Que tem duas dimensões’ — _______

‘Que tem forma de fuso’ — _______

‘Descrição da vida de alguém’ — _______

‘Ciência que estuda os fósseis’ — _______

‘Dor na região lombar’ — ________

‘Medo de recintos fechados’ — _________

No sketch cujos protagonistas são o talhante Lopes da Silva e a freguesa Dona Raquel (série Lopes da Silva), a característica mais saliente é o uso de diminutivos. Em geral, são nomes que aparecem assim graduados, mas há palavras de outras classes:

Palavra derivada (com sufixo diminutivo)

Palavra sem o diminutivo

Classe

[Está] boazinha?

boa

 

[umas] espetadinhas

 

 

franguinho

 

nomes (N)

lombinhos

 

 

campinho

 

 

guisadinhas

 

adjetivos (Adj)

linguinha

 

 

coelhinho

 

 

saborzinho

 

 

[tão] gostosinho

 

 

molhozinho

 

 

porquinho

 

 

[papilas] gustativinhas

 

 

peruzinho

 

 

suculentozinho

 

 

peixinho

 

 

talhinho

 

 

poucochinho

 

 

tempinho

 

 

parvalhãozinho

 

 

cretinazinha

 

 

talhantezinho

 

 

[sua] pegazinha

pega

 

ruinha!

 

 

Os diminutivos conferem valores variados (pequenez, estima, desprezo, etc.). Neste caso, a maioria dos diminutivos visava dar mostras de ________, sendo porém os últimos, depois de se perceber que a cliente não ia comprar carne, de _______.

Nota que a junção do sufixo inho pode fazer-se à forma de base ou à palavra inteira, requerendo por vezes uma ligação suplementar (com -z- ou com outra consoante) — _______, ________, _______ {retira da tabela exemplos com consoante anteposta a -inho} — ou não — ________ {só um exemplo}.

Em «Um quilinho de kunami» (série Meireles) há bastantes adjetivos (uns graduados em comparativo, superlativo, etc.; outros graduados através de diminutivos). Surgem ainda nomes que, pelo seu significado, pela entoação ou pelo diminutivo, também exprimem uma valorização. Marca os [A]djetivos e os [N]omes. Circunda os sufixos diminutivos.

Um quilinho de kunami.

É kunami do bom.

É fruta tropical raríssima.

Paizinho!

Isto é bom, muito raro.

Por isso o preço é upa-upa, puxadote.

Olh'ò kunami fresquinho!

Isto é só fruta podre.

É preciso ter um gosto sofisticado.

Docinho... Maravilha!

Isto faz um suminho...

Alface velha, ameixas podres, ...

Com todo o respeito, a sua mulher é uma pega.

É um bocadinho, é.

Ainda há gente simpática...

Itens de exame em torno de processos de formação de palavras

[2014, 2.ª fase]

1.5. Os processos de formação das palavras «cristãos-novos» (linha 12) e «confisco» (linha 17 [«realizar o confisco prévio dos bens dos arguidos»]) são, respetivamente,

(A) derivação e amálgama. | (B) composição e truncação. | (C) amálgama e parassíntese. | (D) composição e derivação.

[2013, prova intermédia]

1.3. Os processos de formação das palavras «plastisfera» (linha 11 [«Parece que todo esse plástico está a ser adotado por vários tipos de bactérias que o usam como uma espécie de recife. Foram encontrados pelo menos mil tipos diferentes de microrganismos. Segundo o estudo publicado na Environmental Science & Technology, é uma verdadeira «plastisfera», um imenso ecossistema.»]) e «matéria-prima» (linha 21) são, respetivamente,

(A) derivação e composição. | (B) truncação e composição. | (C) parassíntese e amálgama. | (D) amálgama e composição.

Num texto de opinião bem estruturado, defenda uma perspetiva pessoal sobre qual deveria ser a palavra do ano (entre as propostas pela Porto Editora; cfr. Apresentação).

No seu texto:

— explicite, de forma clara e pertinente, o seu ponto de vista, fundamentando-o em dois argumentos, cada um deles ilustrado com um exemplo significativo;

— utilize um discurso valorativo (juízo de valor explícito ou implícito).

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TPC — Caso queiras que o teu conto seja enviado ao Concurso Correntes d’escritas, traz-me na próxima aula fotocópia do teu Cartão de Cidadão bem como a folha que deixei sobre a mesa assinada por encarregado de educação.

 

 

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