Aula 24-25
Aula 24-25 (22/out [1.ª, 3.ª]) Correção
da recriação de «Dobrada à moda do Porto», de Campos.
Começa
por ler, na p. 71, «Ricardo Reis, o poeta “clássico”».
Para perceberes melhor os conceitos de epicurismo e estoicismo,
lê também o texto expositivo enquadrado na p. 74 («Epicurismo e estoicismo —
contra o medo da morte, as filosofias da aceitação»).
Lê
agora a ode de Ricardo Reis no cimo da p. 72. {Completa,
sabendo já que te vou pedir a leitura em voz alta desta resposta, muito
especificamente a ti, que nem sempre escreves estes trechos com o cuidado
devido:}
Os
primeiros quatro versos constituem uma crítica àqueles que . . . . . . . . . .
. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
Nos
restantes quatro versos (5-8), fica justificada aquela crítica. O sujeito
poético lembra que . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
. . . . . . . . . . . . . .
Portanto,
a maneira inteligente de vivermos é . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
Eis
outra ode de Reis cuja tese é idêntica à do poema anterior («Uns, com os olhos
postos no passado»). De cada terceto se pode deduzir um conselho, uma máxima de
vida. Escreve esses conselhos que o sujeito poético parece estipular:
Cada dia sem gozo não foi
teu:
Foi só durares nele. Quanto
vivas
Sem que o gozes, não vives.
Não pesa que ames, bebas ou
sorrias:
Basta o reflexo do sol ido
na água
De um charco, se te é
grato.
Feliz o a quem, por ter em
coisas mínimas
Seu prazer posto, nenhum
dia nega
A natural ventura!
vv.
1-3: ____________.
vv. 4-6: ____________.
vv. 7-9: ____________.
Realça
o valor da antítese «vivemos, morreremos» (verso 7).
. .
. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
Antes
de vermos mais um trecho de Clube dos
Poetas Mortos, de Peter Weir, atentemos no poema de Walt Whitman
(1819-1892), «O Captain! my Captain!», que o protagonista, John Keating, citava
logo na sua apresentação aos alunos.
Logo
perceberemos como Álvaro de Campos e
os futuristas foram influenciados
pelo poeta americano — já para não falar dos poetas da geração beat, como Allen Ginsberg, referido
mesmo no final de Paterson (pelo japonês poeta que conversa com Paterson).
Ó CAPITÃO! MEU CAPITÃO!
Ó capitão! meu capitão!
terminou a nossa terrível viagem,
O navio resistiu a todas as
tormentas, o prémio que buscávamos está ganho,
O porto está próximo, oiço
os sinos, toda a gente está exultante,
Enquanto seguem com os
olhos a firme quilha, o ameaçador e temerário navio;
Mas, oh coração! coração! coração!
Oh as gotas vermelhas e
sangrentas,
Onde no
convés o meu capitão jaz,
Tombado,
frio e morto.
Ó capitão! meu capitão!
ergue-te e ouve os sinos;
Ergue-te — a bandeira
agita-se por ti, o cornetim vibra por ti;
Para ti ramos de flores e
grinaldas guarnecidas com fitas — para ti as multidões nas praias,
Chamam por ti, as massas
agitam-se, os seus rostos ansiosos voltam-se;
Aqui capitão! querido pai!
Passo o braço por baixo da tua
cabeça!
Não passa
de um sonho que, no convés,
Tenhas
tombado frio e morto.
O meu capitão não responde,
os seus lábios estão pálidos e imóveis,
O meu pai não sente o meu
braço, não tem pulso nem vontade,
O navio ancorou são e
salvo, a viagem terminou e está concluída,
O navio vitorioso chega da
terrível viagem com o objetivo ganho:
Exultai, ó praias, e tocai, ó sinos!
Mas eu com um passo desolado,
Caminho no
convés onde jaz o meu capitão,
Tombado,
frio e morto.
Walt
Whitman, Folhas de Erva [Leaves of
Grass, 1855], II, trad. de Maria de Lourdes Guimarães, Lisboa, Relógio
D’Água, 2002, p. 599
Ainda antes de falar aos seus alunos em Walt Whitman, Keating
aludira a um verso do poeta romano Horácio (65 a.C.-8 a.C.), onde se
lê, em latim, carpe diem (que
podemos traduzir por ‘goza o dia’, ‘colhe o dia’, ‘desfruta do presente’). A
ode completa é esta (destaquei a negro o passo que interessa mais):
Tu não perguntes (é-nos proibido pelos deuses saber) que fim a
mim, a ti,
os deuses deram, Leucónoe,
nem ensaies cálculos babilónicos.
Como é melhor suportar o
que quer que o futuro reserve,
quer Júpiter muitos
invernos nos tenha concedido, quer um último,
este que agora o tirreno mar quebranta ante os rochedos que se
lhe opõem.
Sê sensata, decanta o
vinho, e faz de uma longa esperança
um breve momento. Enquanto
falamos, já invejoso terá fugido o tempo:
colhe cada dia,
confiando o menos possível no amanhã.
[Horácio, ode 11 do Livro
I, Odes, tradução de Pedro Braga
Falcão, Lisboa, Cotovia, 2008, p. 69]
O
sentido horaciano de «colhe o dia» (carpe
diem) é talvez mais conformista, mais passivo, do que aquele que sairá
da interpretação comum do filme. Note-se, no último verso, o ‘confiando o menos
possível no amanhã’. O sentido que lhe daria Ricardo Reis, e à filosofia
epicurista, seria, naturalmente, o antigo, o clássico.
O
filme citara antes o poema inglês — de Robert Herrick (1591-1674) — «To the
Virgins, to Make Much of Time», em que se defende, a partir do exemplo da
efemeridade das rosas, que devemos aproveitar a juventude, porque a vida é
breve. Também neste passo se tratava de uma ideia comum ao epicurismo-estoicismo de Ricardo Reis.
Lê
este poema do patrono da nossa escola, José Gomes Ferreira (1900-1985):
Vive em cada minuto
a tua eternidade
— sem luto
nem saudade.
Vive-a pleno e forte
num frenesim
de arremesso.
Para que a tua morte
seja sempre um fim
e nunca um começo.
José Gomes Ferreira, Poeta
Militante, I, 3.ª ed., Lisboa,
Moraes Editores, 1977
Num
comentário, compara-o com a ode de Reis, na p. 72, «Tão cedo passa tudo quanto
passa!», procurando distinguir e/ou aproximar a «filosofia» de cada um dos
poemas.
. .
. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
. . . . . . . . . . . . . .
TPC —
Lê em Gaveta de Nuvens soluções das fichas 2 e 4 do Caderno de atividades,
sobre Alberto Caeiro e Ricardo Reis. Estes trabalhos são para ser feitos com
mais estoicismo (neste caso, alguma abnegação) do que epicurismo (sei lá como
colhem o dia).
#
<< Home