Poemas de Fernando Pessoa cuja leitura servirá as finais de Liga Europa e de Liga dos Campeões
Para a Liga Europa:
Liberdade
(falta uma citação de
Séneca)
Ai
que prazer
Não
cumprir um dever,
Ter
um livro para ler
E
não o fazer!
Ler
é maçada,
Estudar
é nada.
O
sol doura
Sem
literatura.
O
rio corre, bem ou mal,
Sem
edição original.
E
a brisa, essa,
De
tão naturalmente matinal,
Como
tem tempo não tem pressa.
Livros
são papéis pintados com tinta.
Estudar
é uma coisa em que está indistinta
A
distinção entre nada e coisa nenhuma.
Quanto
é melhor, quando há bruma,
Esperar
por D. Sebastião,
Quer
venha ou não!
Grande
é a poesia, a bondade e as danças...
Mas
o melhor do mundo são crianças,
Flores,
música, o luar, e o sol, que peca
Só
quando, em vez de criar, seca.
O
mais do que isto
É
Jesus Cristo,
Que
não sabia nada de finanças
Nem
consta que tivesse biblioteca...
Para a Liga dos Campeões:
Saudade dada
Em
horas inda louras, lindas
Clorindas
e Belindas, brandas,
Brincam
no tempo das berlindas,
As
vindas vendo das varandas.
De
onde ouvem vir a rir as vindas
Fitam
a fio as frias bandas.
Mas
em torno à tarde se entorna
A
atordoar o ar que arde
Que
a eterna tarde já não torna!
E
em tom de atoarda todo o alarde
Do
adornado ardor transtorna
No
ar de torpor da tarda tarde.
E
há nevoentos desencantos
Dos
encantos dos pensamentos
Nos
santos lentos dos recantos
Dos
bentos cantos dos conventos...
Prantos
de intentos, lentos, tantos
Que
encantam os atentos ventos.
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