Monday, September 06, 2021

Quatro Sonetos a Afrodite Anadiómena (por Jorge de Sena)

Quatro Sonetos a Afrodite Anadiómena

(Jorge de Sena)

 

I — PANDEMOS

 

Dentífona apriuna a veste iguana

de que se escalca auroma e tentavela.

Como superta e buritânea amela

se palquitonará transcêndia inana!

 

Que vúlcios defuratos, que inumana

sussúrica donstália penicela,

às trícotas relesta demiquela,

fissivirão bolíneos, ó primana!

 

Dentívolos palpículos, baissai!

Lingâmicos dolins, refucarai!

Por mamivornas contumai a veste!

 

E, quando prolifarem as sangrárias,

lambidonai tutílicos anárias,

tão placitantes como o pedipeste.

 

 

II — ANÓSIA

 

Que marinais sob tão pora luva

de esbranforida pela retinada

não dão volpúcia de imajar anteada

a que moltínea se adamenta ocuva?

 

Bocam dedetos calcurando a fuva

que arfala e dúpia de antegor tutada,

e que tessalta de nigrors nevada.

Vitrai, vitrai, que estamineta cuva!

 

Labiliperta-se infanal a esvebe,

agluta, acedirasma, sucamina,

e maniter suavira o termidodo.

 

Que marinais dulcífima contebe,

ejacicasto, ejacifasto, arina!...

Que marinais, tão pora luva, todo...

 

 

III — URÂNIA

 

Purília amancivalva emergidanto,

imarculado e rósea, alviridente,

na azúrea juventil conquinomente

transcurva de aste o fido corpo tanto...

 

Tenras nadáguas que oculvivam quanto

palidiscuro, retradito e olente

é mínimo desfincta, repente,

rasga e sedente ao duro latipranto.

 

Adónica se esvolve na ambolia

de terso antena avante palpinado.

Fímbril, filível, viridorna, gia

 

em túlida mancia, vaivinado.

Transcorre uníflo e suspentreme o dia

noturno ao lia e luçardente ao cado.

 

 

IV — AMÁTIA

 

Timbórica, morfia, ó persefessa,

meláina, andrófona, repitimbídia,

ó basilissa, ó scótia, masturlídia,

amata cíprea, calipígea, tressa

 

de jardinatas nigras, pasifessa,

luni-rosácea lambidando erídia,

erínea, erítia, erótia, erânia, egídia,

eurínoma, ambológera, donlessa.

 

Ares, Hefáistos, Adonísio, tutos

alipigmaios, atilícios, futos

de lívia damitada, organissanta,

 

agonimais se esgorem morituros,

necrotentavos de escancárias duros,

tantisqua abradimembra a teia canta.

 

Jorge de Sena, «Quatro Sonetos a Afrodite Anadiómena», Metamorfoses, Lisboa, Moraes, 1963