Aula 136-137
Aula
136-137 (3 [1.ª], 4/mai [3.ª]) Correção de comentário
sobre Marcenda e ode de Reis.
Regressemos a O Ano da Morte de Ricardo Reis. É ainda
no terceiro capítulo que, regressado ao hotel, nessa última noite do ano de
1935, Reis recebe a visita de Pessoa (que estava morto — lembro, desde 30 de
novembro — mas dentro dos nove meses que seriam permitidos para a transição
vida-morte, simétrica da da gestação na barriga da mãe).
[A propósito,
tenho de lhes aconselhar Numa Casca de
Noz, de Ian McEwan, um livro de género híbrido, entre o policial, o drama
leve, com ironia, de autor que já conhecemos (vimos Expiação, uma adaptação a filme que respeita muito o livro de
McEwan). // Em Numa Casca de Noz
temos a preparação de um crime na perspetiva do bebé na barriga da mãe que pensa
cometer esse crime (em colaboração com o amante). O narrador é o ser em
gestação, que se vai apercebendo, inferindo, nem sempre bem, dos passos da
execução dessa tramoia (cuja vítima deverá ser o pai do bebé). Ou seja, os nove
meses, neste caso, são concedidos ao narrador, que, tal como Pessoa em OAMRR, também não é a personagem
principal (é Reis; na novela de McEwan será a mãe). Ao contrário da maior parte
da obra de McEwan, Numa Casca de Noz
ainda não foi transposto para filme.]
Lê, aliás relê,
«O reencontro com Fernando Pessoa» (pp. 264-266 do manual), o final do cap.
III, cuja primeira metade já vimos bastante (cfr. percurso).
Responde à
pergunta 4 da p. 267. (E ficam as respostas a 5.1, 5.2 e 6, que escusas de
fazer mas lerás.)
4 . . . . . . . .
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5.1 Quanto à caracterização física, o texto
refere apenas o vestuário de Fernando Pessoa. Psicologicamente, as suas
atitudes e linguagem revelam sobretudo a contenção e o gosto pela análise
racional, por exemplo nas passagens «acho que é por uma questão de equilíbrio
[...] nove meses é quanto basta para o total olvido» (ll. 37-41); «É muito
interessante o tom da comunicação [...] o Álvaro é assim» (ll. 46-49).
5.2 No primeiro diálogo entre as duas
personagens do romance, recriações de um poeta e de uma das suas personalidades
literárias, evidencia-se a simpatia mútua e a cumplicidade. É notório, no
entanto, o conhecimento que Pessoa tem de Ricardo Reis («Querer pelo desejo o
que sabe não poder querer pela vontade, Precisamente, Ainda me lembro de quem
você é, É natural», ll. 63-64; «Bem dito, com essa faria você uma daquelas odes»,
l. 75), ficando ainda implícita a sua condição de criador perante o que criou
(«e, além disso, se refletirmos bem, quem é você» — ll. 85-86).
6.
A ironia resulta da circunstância de os
votos serem formulados para um tempo que é o da morte de ambos.
Finalmente,
resolve o exercício de V/F de «Gramática
no texto» (p. 267), 1.1:
A — __________
B — __________
C — __________
D — __________
E — __________
F — __________
G — __________
H — __________
I — __________
J — __________
K — __________
Leituras em voz alta (LC)
Classifica quanto à função sintáticas os constituintes
sublinhados:
Tonto de ti
(Os Azeitonas)
Como
quando o Porto perde em casa
Ou
me deito com o grão na asa, ____________
Fico
tonto, zonzo, assim só de me lembrar,
___________
Ou
como quando andava nos carrinhos
__________
Do senhor de Matosinhos,
Perna
à banda, bamba assim só de me lembrar.
E,
agora, quem me diz onde é o norte,
__________
Se
fui tonto em tentar a sorte ___________
Com quem não tem dó de mim?
Tanto
que eu, às tantas, fico tão tonto de ti.
Como
quando me negaste um beijo _________
Na
noite do cortejo, _________
Fico
zonzo, zonzo assim só de me lembrar,
Ou
como daquela vez na escola, _________
No
recreio a cheirar cola, _________
Fico
zonzo, tonto assim só de me lembrar.
E,
agora, quem me diz onde é o norte,
Se
fui tonto em tentar a sorte ___________
Com
quem não tem dó de mim?
Tento
há tanto tempo que ando tão tonto de ti,
Tonto
de ti, tonto de ti. _________
E,
agora, quem me diz onde é o norte,
Se
fui tonto em tentar a sorte
Com
quem não tem dó de mim?
Tento
há tanto tempo que ando tão tonto de ti, __________
Tonto, tonto de ti,
Tonto, tonto de ti.
TPC — Dá vista de olhos a Menina e Moça, de Bernardim
Ribeiro, cujo PDF ficará aqui.
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