Monday, September 06, 2021

Aula 136-137

Aula 136-137 (3 [1.ª], 4/mai [3.ª]) Correção de comentário sobre Marcenda e ode de Reis.

Regressemos a O Ano da Morte de Ricardo Reis. É ainda no terceiro capítulo que, regressado ao hotel, nessa última noite do ano de 1935, Reis recebe a visita de Pessoa (que estava morto — lembro, desde 30 de novembro — mas dentro dos nove meses que seriam permitidos para a transição vida-morte, simétrica da da gestação na barriga da mãe).

[A propósito, tenho de lhes aconselhar Numa Casca de Noz, de Ian McEwan, um livro de género híbrido, entre o policial, o drama leve, com ironia, de autor que já conhecemos (vimos Expiação, uma adaptação a filme que respeita muito o livro de McEwan). // Em Numa Casca de Noz temos a preparação de um crime na perspetiva do bebé na barriga da mãe que pensa cometer esse crime (em colaboração com o amante). O narrador é o ser em gestação, que se vai apercebendo, inferindo, nem sempre bem, dos passos da execução dessa tramoia (cuja vítima deverá ser o pai do bebé). Ou seja, os nove meses, neste caso, são concedidos ao narrador, que, tal como Pessoa em OAMRR, também não é a personagem principal (é Reis; na novela de McEwan será a mãe). Ao contrário da maior parte da obra de McEwan, Numa Casca de Noz ainda não foi transposto para filme.]

Lê, aliás relê, «O reencontro com Fernando Pessoa» (pp. 264-266 do manual), o final do cap. III, cuja primeira metade já vimos bastante (cfr. percurso).

Responde à pergunta 4 da p. 267. (E ficam as respostas a 5.1, 5.2 e 6, que escusas de fazer mas lerás.)

4 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .

5.1 Quanto à caracterização física, o texto refere apenas o vestuário de Fernando Pessoa. Psicologicamente, as suas atitudes e linguagem revelam sobretudo a contenção e o gosto pela análise racional, por exemplo nas passagens «acho que é por uma questão de equilíbrio [...] nove meses é quanto basta para o total olvido» (ll. 37-41); «É muito interessante o tom da comunicação [...] o Álvaro é assim» (ll. 46-49).

5.2 No primeiro diálogo entre as duas personagens do romance, recriações de um poeta e de uma das suas personalidades literárias, evidencia-se a simpatia mútua e a cumplicidade. É notório, no entanto, o conhecimento que Pessoa tem de Ricardo Reis («Querer pelo desejo o que sabe não poder querer pela vontade, Precisamente, Ainda me lembro de quem você é, É natural», ll. 63-64; «Bem dito, com essa faria você uma daquelas odes», l. 75), ficando ainda implícita a sua condição de criador perante o que criou («e, além disso, se refletirmos bem, quem é você» — ll. 85-86).

6. A ironia resulta da circunstância de os votos serem formulados para um tempo que é o da morte de ambos.

Finalmente, resolve o exercício de V/F de «Gramática no texto» (p. 267), 1.1:

A — __________

B — __________

C — __________

D — __________

E — __________

F — __________

G — __________

H — __________

I — __________

J — __________

K — __________

Leituras em voz alta (LC)

Classifica quanto à função sintáticas os constituintes sublinhados:

Tonto de ti

(Os Azeitonas)

 

Como quando o Porto perde em casa

Ou me deito com o grão na asa,     ____________

Fico tonto, zonzo, assim só de me lembrar,     ___________

 

Ou como quando andava nos carrinhos     __________

Do senhor de Matosinhos,

Perna à banda, bamba assim só de me lembrar.

 

E, agora, quem me diz onde é o norte,    __________

Se fui tonto em tentar a sorte     ___________

Com quem não tem dó de mim?

Tanto que eu, às tantas, fico tão tonto de ti.

 

Como quando me negaste um beijo      _________

Na noite do cortejo,     _________

Fico zonzo, zonzo assim só de me lembrar,

 

Ou como daquela vez na escola,     _________

No recreio a cheirar cola,     _________

Fico zonzo, tonto assim só de me lembrar.

 

E, agora, quem me diz onde é o norte,

Se fui tonto em tentar a sorte     ___________

Com quem não tem dó de mim?

Tento há tanto tempo que ando tão tonto de ti,

Tonto de ti, tonto de ti.     _________

 

E, agora, quem me diz onde é o norte,

Se fui tonto em tentar a sorte

Com quem não tem dó de mim?

Tento há tanto tempo que ando tão tonto de ti,     __________

Tonto, tonto de ti,

Tonto, tonto de ti.

 

TPC — Dá vista de olhos a Menina e Moça, de Bernardim Ribeiro, cujo PDF ficará aqui.

 

 

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