Thursday, September 09, 2021

Aula 9-10

Aula 9-10 (1/out [1.ª, 3.ª]) Correções a redação sobre Pessoa (cfr. Apresentação)

Nas pp. 25-27, vai relendo o excerto da carta de Pessoa a Adolfo Casais Monteiro, cuja versão integral sugerira que fosses lendo em Gaveta de Nuvens. O questionário, ainda assim, tratará apenas das partes da carta que vêm no manual e não te prejudicará não teres lido o texto na íntegra. Circunda em cada item a melhor alínea.

Até à linha 9, Pessoa recorda

a) a tendência que sempre tivera para mudar o tipo de música com que se encantava.

b) a propensão que nele sempre se manifestara para criar personagens fictícias.

c) a facilidade que sempre revelara em se cercar de amigos e conhecidos.

d) que, nestas coisas, como em todas, não devemos ser dogmáticos.

 

No período «E tenho saudades deles» (ll. 17-18), o autor da carta reporta-se

a) aos seus amigos.

b) aos trinta anos anteriores à carta.

c) aos seus pré-heterónimos.

d) ao que sentia, ouvia e via.

 

Pessoa situa em 1912 (ll. 18-23) os primeiros poemas

a) assinados por Ricardo Reis.

b) escritos por Álvaro de Campos.

c) ao estilo de Ricardo Reis.

d) ao estilo de Ávaro de Campos.

 

O poeta bucólico que Pessoa resolvera criar para fazer uma partida a Mário de Sá-Carneiro (ll. 24-38) foi

a) Álvaro de Campos.

b) Bernardo Soares.

c) Alberto Caeiro.

d) Ricardo Reis.

 

O heterónimo que Pessoa diz ser mestre de todos os outros e até do ortónimo é (cfr. ll. 29-44)

a) Álvaro de Campos.

b) Fernando Pessoa.

c) Ricardo Reis.

d) Alberto Caeiro.

 

Pessoa considera 8 de março de 1914 como o «dia triunfal da [sua] vida» (l. 33), porque foi nesse momento que

a) pisou um cocó de cão com interessante consistência, muito doce e simpático.

b) criou espontaneamente uma série de textos de um dos heterónimos.

c) escreveu, com elaboração cuidadosa e planeada, os primeiros poemas de Caeiro.

d) desistiu, finalmente, de inventar um poeta bucólico.

 

A ordem da criação dos heterónimos foi

a) Alberto Caeiro, Ricardo Reis, Álvaro de Campos.

b) Ricardo Reis, Álvaro de Campos, Alberto Caeiro.

c) Álvaro de Campos, Ricardo Reis, Alberto Caeiro.

d) Alberto Caeiro, Álvaro de Campos, Bernardo Soares.

 

O heterónimo Ricardo Reis foi criado por Pessoa em

a) 1914.

b) 1935.

c) 1910.

d) 1887.

 

O surgimento de Álvaro de Campos é-nos descrito (ll. 45-50) como momento

a) calmo.

b) vertiginoso.

c) demorado.

d) planeado.

 

A «Ode triunfal», de Álvaro de Campos, foi escrita

a) num avião a jato.

b) em 1914.

c) em Tavira.

d) no Brasil.

 

Cfr. sobretudo ll. 56-81 —

 

À época da enunciação — a da escrita da carta —, ainda estavam vivos

a) Caeiro, Campos, Reis.

b) Campos e Reis.

c) Reis e Caeiro.

d) Caeiro e Campos.

 

Os dois heterónimos de Pessoa que aprenderam latim foram

a) Alberto Caeiro e Ricardo Reis.

b) Ricardo Reis e Álvaro de Campos.

c) Alberto Caeiro e Bernardo Soares.

d) Álvaro de Campos e Alberto Caeiro.

 

As formações de Caeiro, Campos e Reis, eram, respetivamente,

a) CEF de pastor; pintura; línguas clássicas.

b) ensino secundário; engenharia naval; medicina dentária.

c) instrução primária; engenharia; medicina.

d) estilismo; datilografia; genealogia.

 

Pessoa tinha de altura

a) 1,75 m.

b) 1,73 m.

c) 1,77 m.

d) 1,80 m.

 

O «Opiário»

a) foi escrito em latim.

b) foi inspirado por viagem ao Oriente.

c) é um poema de férias.

d) foi inspirado por ida ao Parque das Nações.

 

O estímulo para escrever em nome de Caeiro, Campos, Reis e Soares é, respetivamente (cfr. ll. 82-90),

a) cansaço e sono; inspiração inesperada; decisão abstrata; impulso súbito.

b) inspiração inesperada; impulso súbito; decisão abstrata, cansaço e sono.

c) decisão abstrata; impulso súbito; cansaço e sono; inspiração inesperada.

d) inspiração inesperada; cansaço e sono; decisão abstrata; impulso súbito.

 

Segundo ll. 86-93, Bernardo Soares é um semi-heterónimo porque

a) é anão.

b) é um mutilado (maneta e perneta).

c) não tem personalidade completamente diferente da de Pessoa ele-mesmo.

d) é uma mutilação de Pessoa.

 

Em termos de qualidade do português (entenda-se correção linguística), os cinco escreventes, podem apresentar-se assim (por ordem descendente (cfr. ll. 94-97):

a) Reis, Pessoa e Soares, Campos, Caeiro.

b) Caeiro, Campos, Pessoa e Soares, Reis.

c) Pessoa e Soares, Campos, Caeiro, Reis.

d) Reis, Pessoa e Soares, Caeiro, Campos.

 

Os protótipos textuais mais presentes neste excerto de carta são

a) descritivo, expositivo, instrucional.

b) conversacional, argumentativo, instrucional.

c) descritivo, narrativo, preditivo.

d) expositivo, argumentativo, narrativo.

 

Se tiveres sido dos mais rápidos, na p. 55 vai relanceando o «perfil literário» «Álvaro de Campos — o poeta da modernidade».

Lê depois também este excerto de «Opiário» (de um Campos jovem):

Opiário

Ao senhor Mário de Sá-Carneiro

É antes do ópio que a minh’alma é doente.

Sentir a vida convalesce e estiola

E eu vou buscar ao ópio que consola

Um Oriente ao oriente do Oriente.

 

Esta vida de bordo há de matar-me.

São dias só de febre na cabeça

E, por mais que procure até que adoeça,

Já não encontro a mola p’ra adaptar-me.

 

Em paradoxo e incompetência astral

Eu vivo a vincos de ouro a minha vida,

Onda onde o pundonor é uma descida

E os próprios gozos gânglios do meu mal.

 

É por um mecanismo de desastres,

Uma engrenagem com volantes falsos,

Que passo entre visões de cadafalsos

Num jardim onde há flores no ar, sem hastes.

 

Vou cambaleando através do lavor

Duma vida-interior de renda e laca.

Tenho a impressão de ter em casa a faca

Com que foi degolado o Precursor.

 

Ando expiando um crime numa mala,

Que um avô meu cometeu por requinte.

Tenho os nervos na forca, vinte a vinte,

E caí no ópio como numa vala.

 

Ao toque adormecido da morfina

Perco-me em transparências latejantes

E numa noite cheia de brilhantes

Ergue-se a lua como a minha Sina.

 

Eu, que fui sempre um mau estudante, agora

Não faço mais que ver o navio ir

Pelo canal de Suez a conduzir

A minha vida, cânfora na aurora.

 

Perdi os dias que já aproveitara.

Trabalhei para ter só o cansaço

Que é hoje em mim uma espécie de braço

Que ao meu pescoço me sufoca e ampara.

 

E fui criança como toda a gente.

Nasci numa província portuguesa

E tenho conhecido gente inglesa

Que diz que eu sei inglês perfeitamente.

 

Gostava de ter poemas e novelas

Publicados por Plon e no Mércure,

Mas é impossível que esta vida dure,

Se nesta viagem nem houve procelas!

 

A vida a bordo é uma coisa triste,

Embora a gente se divirta às vezes.

Falo com alemães, suecos e ingleses

E a minha mágoa de viver persiste.

 

[...]

 

Eu fingi que estudei engenharia.

Vivi na Escócia. Visitei a Irlanda.

Meu coração é uma avozinha que anda

Pedindo esmola às portas da Alegria.

 

Não chegues a Port-Said, navio de ferro!

Volta à direita, nem eu sei para onde.

Passo os dias no smoking-room com o conde —

Um escroc francês, conde de fim de enterro.

 

Volto à Europa descontente, e em sortes

De vir a ser um poeta sonambólico.

Eu sou monárquico mas não católico

E gostava de ser as coisas fortes.

 

Gostava de ter crenças e dinheiro,

Ser vária gente insípida que vi.

Hoje, afinal, não sou senão, aqui,

Num navio qualquer um passageiro.

 

[...]

[excertos de:] Álvaro de Campos, «Opiário», Fernando Pessoa, Poesia dos outros eus, edição de Richard Zenith, Lisboa, Assírio & Alvim, 2007.

Poema de amor

Temos imensos fósforos em nossa casa,

Mantemo-los sempre à mão.

Atualmente, a nossa marca favorita é a Ohio Blue Tip,

Se bem que costumávamos preferir a marca Diamond.

Isso foi antes de descobrirmos os fósforos Ohio Blue Tip.

Eles são excelentemente embalados:

Robustas caixas pequenas em azul escuro e claro e etiquetas brancas,

Com palavras impressas com o texto em forma de megafone,

Como que para dizer, ainda mais alto ao mundo,

Eis o mais belo fósforo do mundo;

O seu caule de quatro centímetros, em pinho macio coberto por uma cabeça granulosa púrpura escuro,

Tão sóbrio e furioso e teimosamente pronto a explodir numa chama,

Acendendo talvez o cigarro da mulher que amas pela primeira vez.

[tradução de «Love Poem», Paterson (de Jim Jarmusch; poemas por Ron Padgett)]

Escreve um poema em versos livres, não rimados, a ocuparem boa parte da linha, ao estilo dos de Paterson. Terás notado já que os poemas de Paterson, na observação de detalhes do quotidiano, no léxico quase de prosa, têm alguma coisa de Cesário Verde (mas, vê-lo-emos depois, também tem características soltas de Campos, Caeiro, Reis).

O título do teu poema será «Quedas de água» ou «A água cai».

Pontuação deve ser gramatical.

. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .

TPC — Se não o fizeste em aula, lê em casa a p. 55 e também já a 57, sobre Campos e Futurismo, respetivamente.

 

 

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