Aula 9-10
Aula 9-10 (1/out [1.ª, 3.ª]) Correções a redação
sobre Pessoa (cfr. Apresentação)
Nas
pp. 25-27, vai relendo o excerto da carta de Pessoa a Adolfo Casais Monteiro,
cuja versão integral sugerira que fosses lendo em Gaveta de Nuvens. O questionário, ainda assim, tratará apenas das
partes da carta que vêm no manual e não te prejudicará não teres lido o texto
na íntegra. Circunda em cada item a melhor alínea.
Até à linha 9, Pessoa recorda
a) a tendência que sempre tivera para mudar
o tipo de música com que se encantava.
b) a propensão que nele sempre se
manifestara para criar personagens fictícias.
c) a facilidade que sempre revelara em se
cercar de amigos e conhecidos.
d) que, nestas coisas, como em todas, não
devemos ser dogmáticos.
No período «E tenho saudades deles» (ll. 17-18),
o autor da carta reporta-se
a) aos seus amigos.
b) aos trinta anos anteriores à carta.
c) aos seus pré-heterónimos.
d) ao que sentia, ouvia e via.
Pessoa situa em 1912 (ll. 18-23) os primeiros
poemas
a) assinados por Ricardo Reis.
b) escritos por Álvaro de Campos.
c) ao estilo de Ricardo Reis.
d) ao estilo de Ávaro de Campos.
O poeta bucólico que Pessoa resolvera criar
para fazer uma partida a Mário de Sá-Carneiro (ll. 24-38) foi
a) Álvaro de Campos.
b) Bernardo Soares.
c) Alberto Caeiro.
d) Ricardo Reis.
O heterónimo que Pessoa diz ser mestre de
todos os outros e até do ortónimo é (cfr.
ll. 29-44)
a) Álvaro de Campos.
b) Fernando Pessoa.
c) Ricardo Reis.
d) Alberto Caeiro.
Pessoa considera 8 de março de 1914 como o
«dia triunfal da [sua] vida» (l. 33), porque foi nesse momento que
a) pisou um cocó de cão com interessante
consistência, muito doce e simpático.
b) criou espontaneamente uma série de
textos de um dos heterónimos.
c) escreveu, com elaboração cuidadosa e
planeada, os primeiros poemas de Caeiro.
d) desistiu, finalmente, de inventar um poeta
bucólico.
A ordem da criação dos heterónimos foi
a) Alberto Caeiro, Ricardo Reis, Álvaro de Campos.
b) Ricardo Reis, Álvaro de Campos, Alberto
Caeiro.
c) Álvaro de Campos, Ricardo Reis, Alberto
Caeiro.
d) Alberto Caeiro, Álvaro de Campos,
Bernardo Soares.
O heterónimo Ricardo Reis foi criado por
Pessoa em
a) 1914.
b) 1935.
c) 1910.
d) 1887.
O surgimento de Álvaro de Campos é-nos
descrito (ll. 45-50) como momento
a) calmo.
b) vertiginoso.
c) demorado.
d) planeado.
A «Ode triunfal», de Álvaro de Campos, foi
escrita
a) num avião a jato.
b) em 1914.
c) em Tavira.
d) no Brasil.
— Cfr.
sobretudo ll. 56-81 —
À época da enunciação — a da escrita da
carta —, ainda estavam vivos
a) Caeiro, Campos, Reis.
b) Campos e Reis.
c) Reis e Caeiro.
d) Caeiro e Campos.
Os dois heterónimos de Pessoa que
aprenderam latim foram
a) Alberto Caeiro e Ricardo Reis.
b) Ricardo Reis e Álvaro de Campos.
c) Alberto Caeiro e Bernardo Soares.
d) Álvaro de Campos e Alberto Caeiro.
As formações de Caeiro, Campos e Reis,
eram, respetivamente,
a) CEF de pastor; pintura; línguas
clássicas.
b) ensino secundário; engenharia naval;
medicina dentária.
c) instrução primária; engenharia; medicina.
d) estilismo; datilografia; genealogia.
Pessoa tinha de altura
a) 1,75 m.
b) 1,73 m.
c) 1,77 m.
d) 1,80 m.
O «Opiário»
a) foi escrito em latim.
b) foi inspirado por viagem ao Oriente.
c) é um poema de férias.
d) foi inspirado por ida ao Parque das
Nações.
O estímulo para escrever em nome de Caeiro,
Campos, Reis e Soares é, respetivamente (cfr.
ll. 82-90),
a) cansaço e sono; inspiração inesperada;
decisão abstrata; impulso súbito.
b) inspiração inesperada; impulso súbito;
decisão abstrata, cansaço e sono.
c) decisão abstrata; impulso súbito; cansaço
e sono; inspiração inesperada.
d) inspiração inesperada; cansaço e sono; decisão
abstrata; impulso súbito.
Segundo ll. 86-93, Bernardo Soares é um
semi-heterónimo porque
a) é anão.
b) é um mutilado (maneta e perneta).
c) não tem personalidade completamente
diferente da de Pessoa ele-mesmo.
d) é uma mutilação de Pessoa.
Em termos de qualidade do português (entenda-se
correção linguística), os cinco escreventes, podem apresentar-se assim (por
ordem descendente (cfr. ll. 94-97):
a) Reis, Pessoa e Soares, Campos, Caeiro.
b) Caeiro, Campos, Pessoa e Soares, Reis.
c) Pessoa e Soares, Campos, Caeiro, Reis.
d) Reis, Pessoa e Soares, Caeiro, Campos.
Os protótipos textuais mais presentes neste
excerto de carta são
a) descritivo, expositivo, instrucional.
b) conversacional, argumentativo, instrucional.
c) descritivo, narrativo, preditivo.
d) expositivo, argumentativo, narrativo.
Se tiveres sido dos mais rápidos, na p. 55 vai relanceando
o «perfil literário» «Álvaro de Campos — o poeta da modernidade».
Lê depois também este
excerto de «Opiário» (de um Campos jovem):
Opiário
Ao senhor Mário de Sá-Carneiro
É antes do ópio que a
minh’alma é doente.
Sentir
a vida convalesce e estiola
E
eu vou buscar ao ópio que consola
Um
Oriente ao oriente do Oriente.
Esta
vida de bordo há de matar-me.
São
dias só de febre na cabeça
E,
por mais que procure até que adoeça,
Já
não encontro a mola p’ra adaptar-me.
Em
paradoxo e incompetência astral
Eu
vivo a vincos de ouro a minha vida,
Onda
onde o pundonor é uma descida
E
os próprios gozos gânglios do meu mal.
É
por um mecanismo de desastres,
Uma
engrenagem com volantes falsos,
Que
passo entre visões de cadafalsos
Num
jardim onde há flores no ar, sem hastes.
Vou
cambaleando através do lavor
Duma
vida-interior de renda e laca.
Tenho
a impressão de ter em casa a faca
Com
que foi degolado o Precursor.
Ando
expiando um crime numa mala,
Que
um avô meu cometeu por requinte.
Tenho
os nervos na forca, vinte a vinte,
E
caí no ópio como numa vala.
Ao
toque adormecido da morfina
Perco-me
em transparências latejantes
E
numa noite cheia de brilhantes
Ergue-se
a lua como a minha Sina.
Eu,
que fui sempre um mau estudante, agora
Não
faço mais que ver o navio ir
Pelo
canal de Suez a conduzir
A
minha vida, cânfora na aurora.
Perdi
os dias que já aproveitara.
Trabalhei
para ter só o cansaço
Que
é hoje em mim uma espécie de braço
Que
ao meu pescoço me sufoca e ampara.
E
fui criança como toda a gente.
Nasci
numa província portuguesa
E
tenho conhecido gente inglesa
Que
diz que eu sei inglês perfeitamente.
Gostava
de ter poemas e novelas
Publicados
por Plon e no Mércure,
Mas
é impossível que esta vida dure,
Se
nesta viagem nem houve procelas!
A
vida a bordo é uma coisa triste,
Embora
a gente se divirta às vezes.
Falo
com alemães, suecos e ingleses
E
a minha mágoa de viver persiste.
[...]
Eu
fingi que estudei engenharia.
Vivi
na Escócia. Visitei a Irlanda.
Meu
coração é uma avozinha que anda
Pedindo
esmola às portas da Alegria.
Não
chegues a Port-Said, navio de ferro!
Volta
à direita, nem eu sei para onde.
Passo os dias no smoking-room
com o conde —
Um
escroc francês, conde
de fim de enterro.
Volto
à Europa descontente, e em sortes
De
vir a ser um poeta sonambólico.
Eu
sou monárquico mas não católico
E
gostava de ser as coisas fortes.
Gostava
de ter crenças e dinheiro,
Ser
vária gente insípida que vi.
Hoje,
afinal, não sou senão, aqui,
Num
navio qualquer um passageiro.
[...]
[excertos
de:] Álvaro de Campos, «Opiário», Fernando Pessoa, Poesia dos outros eus, edição de Richard Zenith, Lisboa, Assírio
& Alvim, 2007.
Poema
de amor
Temos imensos fósforos em
nossa casa,
Mantemo-los sempre à mão.
Atualmente, a nossa marca
favorita é a Ohio Blue Tip,
Se bem que costumávamos
preferir a marca Diamond.
Isso foi antes de descobrirmos
os fósforos Ohio Blue Tip.
Eles são excelentemente
embalados:
Robustas caixas pequenas em
azul escuro e claro e etiquetas brancas,
Com palavras impressas com
o texto em forma de megafone,
Como que para dizer, ainda
mais alto ao mundo,
Eis o mais belo fósforo do
mundo;
O seu caule
de quatro centímetros, em pinho macio coberto por uma cabeça granulosa púrpura
escuro,
Tão sóbrio e furioso e
teimosamente pronto a explodir numa chama,
Acendendo talvez o cigarro
da mulher que amas pela primeira vez.
[tradução
de «Love Poem», Paterson (de Jim
Jarmusch; poemas por Ron Padgett)]
Escreve um poema em versos livres, não
rimados, a ocuparem boa parte da linha, ao estilo dos de Paterson. Terás
notado já que os poemas de Paterson, na observação de detalhes do
quotidiano, no léxico quase de prosa, têm alguma coisa de Cesário Verde (mas,
vê-lo-emos depois, também tem características soltas de Campos, Caeiro, Reis).
O título do teu poema será «Quedas de água»
ou «A água cai».
Pontuação deve ser gramatical.
. . . .
. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
TPC — Se não o fizeste em aula, lê em casa a
p. 55 e também já a 57, sobre Campos e Futurismo, respetivamente.
#
<< Home