Thursday, September 09, 2021

Aula 8R-8

Aula 8R-8 (29 [1.ª], 30/set [3.ª]) Correção de questionário sobre «De Verão», de Cesário Verde. Devolução de respostas a item 7 de prova recente (2021, 2.ª fase) e poucas correções. (Cfr. Apresentação.)

Retomamos a revisão da gramática com as orações subordinadas adverbiais (cfr. p. 14 do anexo). As subordinadas adverbiais desempenham funções sintáticas de modificadores (do grupo verbal — causais, finais e temporais — ou da frase — condicionais e concessivas).

Nos cinco períodos a seguir (de «A sua tia faleceu derivado a complicações», série Meireles), temos frases simples e frases complexas. Todas elas têm um modificador (que, neste caso, exprime causa), mas, por vezes, essa função é desempenhada por uma oração (uma subordinada adverbial causal).

1. A sua tia faleceu devido a uma condição rara.

2. A sua tia faleceu por um motivo bastante prosaico.

3. A sua tia faleceu por causa de um duende no peito.

4. A sua tia faleceu porque repetia muitas vezes a palavra «pinhal».

5. Como tinha um duende no peito, a sua tia faleceu.

Distingue as frases complexas e as simples:

Têm duas orações as frases n.º ___ e n.º ___, que são também as que têm dois predicados (cujas formas verbais são: _____ e _____; _____ e ____). São, portanto, frases ______. Ao contrário, são frases simples as n.º ___, n.º ___ e n.º ___, cada uma com uma única oração.

Em cada uma das duas frases complexas há uma oração subordinante e outra subordinada. Sublinha as orações subordinantes (as que poderiam aparecer sozinhas) e circunda as subordinadas (já fui dizendo que, neste caso, são subordinadas adverbiais causais). As palavras que introduzem essas orações («porque» e «________») são conjunções subordinativas causais.

Regressemos às frases simples. Nelas, há um sujeito («_______») e um predicado, incluindo-se aí o modificador do grupo verbal (respetivamente: «devido a uma condição rara», «_______» e «_______»).

Podemos reescrever as frases, substituindo os modificadores não oracionais por orações [completa 2’ e 3’] e vice versa [completa 5’]. (Repara que já o fiz para 1 e para 4. Nas orações há verbo, que marquei a itálico; nos modificadores não oracionais, não.)

1. A sua tia faleceu devido a uma condição rara.

1’. A sua tia faleceu | porque se deu uma condição rara.

2. A sua tia faleceu por um motivo bastante prosaico.

2’. A sua tia faleceu | _____________.

3. A sua tia faleceu por causa de um duende no peito.

3’. A sua tia faleceu | visto que ___________.

4. A sua tia faleceu | porque repetia muitas vezes a palavra «pinhal».

4’. A sua tia faleceu por causa da repetição da palavra «pinhal».

5. Como tinha um duende no peito, | a sua tia faleceu.

5’. ____________, a sua tia faleceu.

Quando a oração subordinada adverbial precede a subordinante ou fica intercalada, deve ser isolada por vírgulas (se estiver depois da subordinante, é aceitável que não se ponha vírgula, embora, por mim, ainda prefira ir pondo vírgula também). A posição da subordinada causal relativamente à subordinante costuma poder alterar-se (mas, por exemplo, no caso da frase 5 — com «como» —, a subordinada tem de estar antes da subordinante).

Nota ainda que «A sua tia faleceu derivado a complicações» é uma frase simples, em que «derivado a complicações» é o ___________. No entanto, a expressão «derivado a» não é correta (o que se deve dizer é: «devido a»).

Nos três períodos que se seguem (6-8), temos exemplos de frases com orações subordinadas adverbiais causais não finitas (infinitiva, gerundiva, participial). Distribui estas últimas designações por cada uma das orações sublinhadas.

6. Por ter um duende no peito, a sua tia faleceu. / _________

7. Tendo um duende no peito, a sua tia faleceu. / _________

8. Alojado o duende no peito, a sua tia faleceu. / _________

Muitos romances, contos e filmes têm tomado a figura de Fernando Pessoa (ou dos seus heterónimos) como personagem, mais ou menos ficcionada depois. Escreve tu também um trecho narrativo — fragmento de um texto «literário» maior que não tem de ficar completo — cujo início será o apontamento que copiei do espólio de Pessoa e se percebe ser um recado deixado por uma Adelaide.

O narrador pode ser homodiegético ou heterodiegético. Aliás, todos os aspetos da estrutura narrativa ficam ao teu critério. (E não tens de te preocupar demasiado com a coerência com dados históricos da biografia de Pessoa.)

“Sr. Pessoa, // Precisei de sair. Está o jantar pronto: é só sentar à mesa, tirar do lume e comer. // Adelaide”. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .

Nos espaços à direita da letra da canção, escreve a função sintática dos constituintes que sublinhei:

«Nos desenhos animados (Nunca acaba mal)»

(Os Azeitonas)

Eu quero a sorte de um cartoon       ______

Nas manhãs da RTP1         _______

És o meu Tom Sawyer       _______

E o meu Huckleberry Finn

E vens de mascarilha e espadachim ______

Lá em cima, há planetas sem fim    ______

 

Tu és o meu super-herói    ______

Sem tirar o chapéu de cowboy

Com o teu galeão e uma garrafa de rum

Eu era tua e de mais nenhum          ______

Um por todos e todos por um

 

Nos desenhos animados

Eu já conheço o fim

O bem abre caminho         ______

A golpe de espadachim      ______

E o príncipe encantado

Volta sempre para mim     ______

 

Eu sou a Jane e tu, Tarzan ______

A Julieta do meu D’Artagnan

Se o teu cavalo falasse

Tinha tanto para contar

Ao fantasma debaixo dos meus lençóis         ______

Dos tesouros que escondemos dos espanhóis              ______

 

Nos desenhos animados

Eu já conheço o fim

O bem abre caminho

A golpe de espadachim

E o príncipe encantado

Volta sempre para mim     _____

 

Quando chegar o final        _____

Já podemos mudar de canal

Nos desenhos animados

É raro chover       _____

E nunca, quase nunca acaba mal.

TPC — Se puderes, relanceia a boa análise de «De Verão» que porei em Gaveta de Nuvens.

 

 

#