Aula 99R-99
Aula 99R-99 (3 [3.ª]; 15/mar [1.ª]) No sketch que
vamos ver ficam salientadas as três variedades (ou variantes) do português (europeia,
brasileira, africana[s]), mas também
a variação dialetal dentro do
território do português europeu; o assunto será, portanto, a variação
geográfica. Este assunto está tratado, mas incompletamente, na p. 6
do anexo do manual.
Em «Padre que não sabe fazer pronúncia» (série Meireles), o protagonista
é um seminarista que, segundo o padre seu orientador, não consegue ter a
pronúncia devida. Deves estar atento às pronúncias que o candidato a padre vai
tentando e ir completando o primeiro quadro:
Pronúncia ideal para um padre |
da Beira, da Guarda. |
pronúncia das sibilantes:
«[ch]otaque»; 2.ª pessoa do plural:
«percebeis». |
Pronúncias tentadas pelo
seminarista |
_________ |
ditongações: «t[ua]dos» (todos); bê por vê: «Co[b]ilhã»;
léxico: «carago». |
_________ |
alongamento das vogais finais:
«padriii»; nasalizações: «v[ã]mos». |
|
_________ |
supressão do –r final: «dançá» (dançar);
vogais átonas pouco reduzidas: «chap[á]» (chapa);
léxico: «meu chapa». |
|
_________ |
vogais átonas mais abertas. |
|
_________ |
paragoge e vogais menos
reduzidas: «rêzar[e]» (rezar). |
Estas pronúncias — «sotaques» — representam ora as zonas geográficas a
que pertencem falantes de língua portuguesa ora, em um caso, a influência que uma
diferente língua materna tem sobre a pronúncia do português. Dividamo-las em
três tipos:
Pronúncia
... |
Casos
no sketch |
de determinada variedade regional
(dialeto) |
beirão; ______; ______. |
de
variante do português (europeia, sul-americana, africana) |
______; _______. |
reveladora
de a língua materna do falante não ser o português |
_________. |
Completa o texto sobre a origem e evolução do português com
as palavras a seguir. (O texto, que é do Caderno de atividades, tem
ingenuidades que procurarei esclarecer quando o corrigirmos. Esta matéria está
também tratada nas pp. 2-3 do anexo do manual.)
romanização
/ línguas / árabes / século XIII / Condado Portucalense / África / substrato /
antigo / clássico / contemporâneo / bárbaros / superstrato (duas vezes)
/ latinismos / romanos / latim vulgar / Reconquista / galego-português / língua
românica / latim / línguas românicas / francês / Ibérica / latim literário
O português é uma _____, pois
deriva do ____. Outras _______ são o castelhano, o catalão, o galego, o ______,
o italiano, o romeno, o sardo.
A Península _____ foi ocupada
pelos _____ a partir de 218 a.C.. Soldados, colonos e mercadores trouxeram a
sua língua, o latim, tal como os hábitos, a cultura e as leis. Falavam um latim
popular — _______ —, distinto do latim das classes cultas — _____. O português
deriva do latim vulgar.
Antes da _____, os povos
peninsulares falavam outras línguas — sobretudo o celta — e, embora os vencidos
tenham adotado a língua dos vencedores, transportaram para o latim termos
dessas _____ autóctones. O latim foi ganhando novas palavras oriundas da língua
celta que se falava na Península — _______ celta.
A partir de 409 d.C., os romanos
foram sendo vencidos pelos _____, quando os povos germânicos começaram a chegar
à Península. Como possuíam uma civilização menos organizada, adotaram a língua
dos vencidos, mas introduziram-lhes palavras da sua língua — ______ germânico.
No século VIII, a Península foi
invadida pelos _____. Os povos cristãos refugiaram-se a norte, nas Astúrias e,
a partir daí, lutaram durante séculos, contra a presença árabe, numa luta que a
História registou com o nome de _______ cristã. Muitas palavras árabes
entraram, então, na língua dos cristãos — _______ árabe.
Quando Portugal nasceu como
nação, em 1143, no noroeste da Península Ibérica falava-se uma língua românica
já muito afastada do latim: o ________. Com a independência do _______, essa
língua foi evoluindo de forma diferente em Portugal e na Galiza.
O português nasceu oficialmente
no _______, com a lei de D. Dinis que obrigava ao uso do português e não do
latim em todos os livros e documentos oficiais. Os mais antigos textos em
português são a Notícia de Fiadores (1175), o Testamento de Afonso II
(1214) e a Notícia de Torto (1211-1216).
O português foi evoluindo em
três períodos: o português ______ (séculos XII-XV); o português _______
(séculos XVI-XVIII); o português ______ (a partir do século XIX).
O desenvolvimento trazido pela expansão,
no século XVI, refletiu-se na língua, pois foram necessárias novas palavras
para designar aspetos da nova realidade. Foram sobretudo os escritores e os
cientistas que foram ao latim literário buscar as palavras que enriqueceram o
português, de uma forma culta e sofisticada: os _______.
Ao mesmo tempo, com a expansão,
muitas palavras oriundas da língua dos povos dos diversos continentes chegaram
ao português, vindas de _______, da América, da Ásia.
Fernão Lopes esteve ativo como escritor no século XV e a esse
século pertencem os factos que nos relata.
No documentário, usa-se a metáfora «as Crónicas [de Fernão Lopes] são um livro que é um país».
Em 1383, D. Fernando morreu e deixou a filha, D. Beatriz,
casada com um rei catalão, D. Gerard Piquê.
D. Leonor, viúva de D. Fernando, apoia a subida ao trono de D.
João, de Castela.
Fernão Lopes terá nascido em Lisboa e na década em que
decorrem estes acontecimentos que nos relata.
Durante a revolução de 1383-85, o povo estava a favor de D.
Zelensky, que preferia a D. Putin.
Depois de estudar, Fernão Lopes tornou-se taberneiro, na
Taberna dos Tombos, sendo nomeado guarda-mor em 1418.
Em 1434 é nomeado cronista-mor do reino, por D. Duarte, que o
encarrega de escrever a história dos reis de Portugal.
Ao longo de vinte anos, Fernão Lopes terá cumprido esse objetivo,
mas só chegaram até nós as crónicas de D. Pedro, D. Fernando e D. João.
A Crónica de D. Pedro,
segundo António Borges Coelho, é a «meno rica» historiograficamente, mas é
fabulosa do ponto de vista literário.
O caso dos amores de D. Inês de Castro é-nos relatado na Crónica de D. Fernando.
Da relação de Pedro e Inês nasceram Dinis e João, mas, antes,
já Pedro e Constança tinham gerado o legítimo Fernando.
D. Pedro teve ainda outro filho João, de uma outra senhora.
Fernão Lopes, trata D. Fernando, cognominado «o feioso»,
elogiosamente.
O povo gostava de Leonor Teles, mulher de Fernando, a quem
chamava «princesa do povo».
D. Beatriz casou com D. João I, de Castela, com onze anos.
Quando D. Leonor é regente, há quatro candidatos ao trono: D.
Beatriz, D. João, D. Dinis, D. João (Mestre de Avis).
D. João, Mestre de Avis, é convencido a matar o alegado amante
da rainha-viúva, Andeiro; e corre por Lisboa a notícia de que estavam a matar o
Mestre no Terreiro do Paço.
O Bispo foi morto porque o povo achava que estava ao lado dos
castelhanos.
No ano seguinte, 1385, o rei de Castela cercaria Lisboa.
Segue-se uma versão
simplificada do célebre trecho do capítulo 11 da Crónica de D. João I, de Fernão Lopes,
Do alvoroço que foi na cidade cuidando que
matavam o Mestre,
e como lá foi Álvaro Pais e muitas gentes
com ele
O pajem do Mestre, que
estava à porta, como lhe disseram que fosse pela vila, segundo já era
percebido, começou de ir rijamente a galope, em cima do cavalo em que estava,
dizendo altas vozes, bradando pela rua:
— Matam o Mestre! Matam o
Mestre nos paços da rainha! Acorrei ao Mestre que matam!
E assim chegou a casa de
Álvaro Pais, que era dali grande espaço.
As gentes que isto ouviam
saíam à rua ver que coisa era. E, começando de falar uns com os outros,
alvoroçavam-se nas vontades e começavam de tomar armas, cada um como melhor e
mais asinha podia.
Álvaro Pais, que estava
prestes e armado com uma coifa na cabeça, segundo usança daquele tempo,
cavalgou logo à pressa, em cima de um cavalo que anos havia que não cavalgara,
e todos seus aliados com ele, bradando a quaisquer que achava, dizendo:
— Acorramos ao Mestre,
amigos! Acorramos ao Mestre, ca filho é de el-rei D. Pedro!
E assim bradavam ele e o
pajem, indo pela rua.
Soaram as vozes do ruído
pela cidade, ouvindo todos bradar que matavam o Mestre. E, assim como viúva que
rei não tinha, e como se lhe este ficara em logo de marido, se moveram todos
com mão armada, correndo à pressa para onde diziam que se isto fazia, para lhe
darem vida e escusar morte.
Álvaro Pais não quedava de
ir para lá, bradando a todos:
— Acorramos ao Mestre,
amigos! Acorramos ao Mestre que matam sem porquê!
A gente começou de se
juntar a ele e era tanta, que era estranha coisa de ver. Não cabiam pelas ruas
principais e atravessavam lugares escusos, desejando cada um de ser o primeiro;
e, perguntando uns aos outros «quem matava o Mestre?», não minguava quem
respondesse que o matava o conde João Fernandes, por mandado da rainha.
E, por vontade de Deus,
todos feitos de um coração, com talente de o vingar, como foram às portas do
paço, que eram já cerradas, antes que chegassem, com espantosas palavras,
começaram de dizer:
— Onde matam o Mestre? Que
é do Mestre? Quem cerrou estas portas?
Ali eram ouvidos brados de
desvairadas maneiras. Tais aí havia que certificavam que o Mestre era morto,
pois as portas estavam cerradas, dizendo que as britassem para entrar dentro, e
veriam que era do Mestre ou que coisa era aquela.
Uns deles bradavam por
lenha e que viesse lume, para porem fogo aos paços e queimar o traidor e a
aleivosa. Outros se aficavam pedindo escadas para subir acima, pera verem que
era do Mestre. E em tudo isto era o ruído tão grande, que se não entendiam uns
com os outros, nem determinavam nenhuma coisa. E não somente era isto à porta
dos paços, mas ainda ao redor deles por onde homens e mulheres podiam estar. Umas
vinham com feixes de lenha, outras traziam carqueja para acender o fogo,
cuidando queimar o muro dos paços com ela, dizendo muitos doestos contra a
rainha.
De cima, não minguava quem
bradasse que o Mestre era vivo e o conde João Fernandes morto. Mas isto não
queria nenhum crer, dizendo:
— Pois se vivo é,
mostrai-no-lo e vê-lo-emos.
Então os do Mestre, vendo
tão grande alvoroço como este, e que cada vez se acendia mais, disseram que
fosse sua mercê de se mostrar àquelas gentes; de outra guisa poderiam quebrar
as portas, ou lhes pôr o fogo; e, entrando assim dentro por força, não lhes
poderiam depois tolher de fazer o que quisessem.
Ali se mostrou o Mestre a
uma grande janela que vinha sobre a rua, onde estava Álvaro Pais e a mais força
de gente, e disse:
— Amigos, pacificai-vos, ca
eu vivo e são sou, a Deus graças.
E tanta era a turvação
deles e assim tinham já em crença que o Mestre era morto, que tais havia aí que
aperfiavam que não era aquele; porém, conhecendo-o todos claramente, houveram
grande prazer quando o viram, e diziam uns contra os outros:
— Oh, que mal fez! Pois que
matou o traidor do conde, que não matou logo a aleivosa com ele! Credes em
Deus: ainda lhe há de vir algum mal por ela. Olhai e vede que maldade tão
grande! Mandaram-no chamar onde ia já de seu caminho, para o matarem aqui por
traição. Oh aleivosa! Já nos matou um senhor e agora nos queria matar outro!
Leixai-a, ca ainda há mal de acabar por estas cousas que faz.
E sem dúvida, se eles
entraram dentro, não se escusara a rainha de morte, e fora maravilha quantos
eram da sua parte e do conde poderem escapar.
O Mestre estava à janela e
todos olhavam contra ele, dizendo:
— Ó senhor! Como vos
quiseram matar por traição! Bendito seja Deus, que vos guardou desse traidor!
Vinde-vos, dai ao demo esses paços, não sejais lá mais!
E, em dizendo isto, muitos
choravam com prazer de o ver vivo.
Vendo ele então que nenhuma
dúvida tinha em sua segurança, desceu a fundo e cavalgou com os seus,
acompanhado de todos os outros, que era maravilha de ver. Os quais, mui ledos
ao redor dele, bradavam, dizendo:
— Que nos mandais fazer,
senhor? Que quereis que façamos?
E ele lhes respondia, mal
podendo ser ouvido, que lho agradecia muito, mas que por então não havia deles
mais mister.
Imagina-te
jornalista do século XIV. Escreve a notícia correspondente ao episódio que
Fernão Lopes relata em «Do alvoroço […]», incluindo: título apelativo; subtítulo
(que complementa o título); um parágrafo curto (só um período) com o lead
(informações essenciais acerca do acontecimento: Quem? O quê? Quando? Onde?);
dois parágrafos de corpo da notícia, com informações sobre as causas (Porquê?)
do acontecimento e as suas circunstâncias (Como?).
. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
. . . . . . . .
Classifica
as orações sublinhadas:
Não há estrelas no céu
(Rui Veloso)
Não há
estrelas no céu a dourar o meu caminho:
Por mais
amigos que tenha, sinto-me sempre sozinho. ____________
De que
vale ter a chave de casa para entrar,
Ter uma
nota no bolso pr’a cigarros e bilhar?
A
primavera da vida é bonita de viver:
Tão
depressa o sol brilha, como, a seguir, está a chover. ___________
Para mim
hoje é Janeiro, está um frio de rachar,
Parece
que o mundo inteiro se uniu pr’a me tramar!
Passo
horas no café, sem saber para onde ir:
Tudo à
volta é tão feio, [que] só me apetece fugir. ______________
Vejo-me à
noite ao espelho, o corpo sempre a mudar;
De manhã
ouço o conselho que o velho tem pr’a me dar. ___________
A
primavera da vida é bonita de viver:
Tão
depressa o sol brilha, como a seguir está a chover. ___________
Para mim
hoje é Janeiro, está um frio de rachar,
Parece
que o mundo inteiro se uniu pr’a me tramar!
Vou
por aí, às escondidas,
A
espreitar às janelas,
Perdido
nas avenidas
E
achado nas vielas.
Mãe,
o meu primeiro amor
Foi
um trapézio sem rede;
Sai
da frente, por favor,
[Que]
estou entre a espada e a parede. ____________
Não
vês como isto é duro: ___________
Ser
jovem não é um posto,
Ter
de encarar o futuro
Com
borbulhas no rosto.
Porque
é que tudo é incerto?
Não
pode ser ser sempre assim.
Se
não fosse o Rock and Roll, ____________
O
que seria de mim?
A
primavera da vida é bonita de viver:
Tão
depressa o sol brilha como, a seguir, está a chover.
Para mim
hoje é Janeiro, está um frio de rachar;
coordenada assindética
Parece que
o mundo inteiro se uniu pr’a me tramar! ___________
Não
há estrelas no céu,
estrelas
no céu,
....
TPC — Lê
a ficha do Caderno de atividades
sobre orações (27, Coordenação e subordinação), cuja versão corrigida porei em Gaveta de Nuvens.
#
<< Home