Monday, September 06, 2021

Aula 99R-99

Aula 99R-99 (3 [3.ª]; 15/mar [1.ª]) No sketch que vamos ver ficam salientadas as três variedades (ou variantes) do português (europeia, brasileira, africana[s]), mas também a variação dialetal dentro do território do português europeu; o assunto será, portanto, a variação geográfica. Este assunto está tratado, mas incompletamente, na p. 6 do anexo do manual.

Em «Padre que não sabe fazer pronúncia» (série Meireles), o protagonista é um seminarista que, segundo o padre seu orientador, não consegue ter a pronúncia devida. Deves estar atento às pronúncias que o candidato a padre vai tentando e ir completando o primeiro quadro:

Pronúncia ideal para um padre

da Beira, da Guarda.

pronúncia das sibilantes: «[ch]otaque»;

2.ª pessoa do plural: «percebeis».

Pronúncias tentadas pelo seminarista

_________

ditongações: «t[ua]dos» (todos); bê por vê: «Co[b]ilhã»; léxico: «carago».

_________

alongamento das vogais finais: «padriii»;

nasalizações: «v[ã]mos».

_________

supressão do –r final: «dançá» (dançar); vogais átonas pouco reduzidas: «chap[á]» (chapa); léxico: «meu chapa».

_________

vogais átonas mais abertas.

_________

paragoge e vogais menos reduzidas: «rêzar[e]» (rezar).

Estas pronúncias — «sotaques» — representam ora as zonas geográficas a que pertencem falantes de língua portuguesa ora, em um caso, a influência que uma diferente língua materna tem sobre a pronúncia do português. Dividamo-las em três tipos:

Pronúncia ...

Casos no sketch

de determinada variedade regional (dialeto)

beirão; ______; ______.

de variante do português (europeia, sul-americana, africana)

 

______; _______.

reveladora de a língua materna do falante não ser o português

 

_________.

Completa o texto sobre a origem e evolução do português com as palavras a seguir. (O texto, que é do Caderno de atividades, tem ingenuidades que procurarei esclarecer quando o corrigirmos. Esta matéria está também tratada nas pp. 2-3 do anexo do manual.)

romanização / línguas / árabes / século XIII / Condado Portucalense / África / substrato / antigo / clássico / contemporâneo / bárbaros / superstrato (duas vezes) / latinismos / romanos / latim vulgar / Reconquista / galego-português / língua românica / latim / línguas românicas / francês / Ibérica / latim literário

O português é uma _____, pois deriva do ____. Outras _______ são o castelhano, o catalão, o galego, o ______, o italiano, o romeno, o sardo.

A Península _____ foi ocupada pelos _____ a partir de 218 a.C.. Soldados, colonos e mercadores trouxeram a sua língua, o latim, tal como os hábitos, a cultura e as leis. Falavam um latim popular — _______ —, distinto do latim das classes cultas — _____. O português deriva do latim vulgar.

Antes da _____, os povos peninsulares falavam outras línguas — sobretudo o celta — e, embora os vencidos tenham adotado a língua dos vencedores, transportaram para o latim termos dessas _____ autóctones. O latim foi ganhando novas palavras oriundas da língua celta que se falava na Península — _______ celta.

A partir de 409 d.C., os romanos foram sendo vencidos pelos _____, quando os povos germânicos começaram a chegar à Península. Como possuíam uma civilização menos organizada, adotaram a língua dos vencidos, mas introduziram-lhes palavras da sua língua — ______ germânico.

No século VIII, a Península foi invadida pelos _____. Os povos cristãos refugiaram-se a norte, nas Astúrias e, a partir daí, lutaram durante séculos, contra a presença árabe, numa luta que a História registou com o nome de _______ cristã. Muitas palavras árabes entraram, então, na língua dos cristãos — _______ árabe.

Quando Portugal nasceu como nação, em 1143, no noroeste da Península Ibérica falava-se uma língua românica já muito afastada do latim: o ________. Com a independência do _______, essa língua foi evoluindo de forma diferente em Portugal e na Galiza.

O português nasceu oficialmente no _______, com a lei de D. Dinis que obrigava ao uso do português e não do latim em todos os livros e documentos oficiais. Os mais antigos textos em português são a Notícia de Fiadores (1175), o Testamento de Afonso II (1214) e a Notícia de Torto (1211-1216).

O português foi evoluindo em três períodos: o português ______ (séculos XII-XV); o português _______ (séculos XVI-XVIII); o português ______ (a partir do século XIX).

O desenvolvimento trazido pela expansão, no século XVI, refletiu-se na língua, pois foram necessárias novas palavras para designar aspetos da nova realidade. Foram sobretudo os escritores e os cientistas que foram ao latim literário buscar as palavras que enriqueceram o português, de uma forma culta e sofisticada: os _______.

Ao mesmo tempo, com a expansão, muitas palavras oriundas da língua dos povos dos diversos continentes chegaram ao português, vindas de _______, da América, da Ásia.

Ouvidos os primeiros dez minutos do episódio da série ‘Grandes livros’ acerca das obras de Fernão Lopes, à esquerda destes períodos escreve V(erdadeiro) ou F(also).

Fernão Lopes esteve ativo como escritor no século XV e a esse século pertencem os factos que nos relata.

No documentário, usa-se a metáfora «as Crónicas [de Fernão Lopes] são um livro que é um país».

Em 1383, D. Fernando morreu e deixou a filha, D. Beatriz, casada com um rei catalão, D. Gerard Piquê.

D. Leonor, viúva de D. Fernando, apoia a subida ao trono de D. João, de Castela.

Fernão Lopes terá nascido em Lisboa e na década em que decorrem estes acontecimentos que nos relata.

Durante a revolução de 1383-85, o povo estava a favor de D. Zelensky, que preferia a D. Putin.

Depois de estudar, Fernão Lopes tornou-se taberneiro, na Taberna dos Tombos, sendo nomeado guarda-mor em 1418.

Em 1434 é nomeado cronista-mor do reino, por D. Duarte, que o encarrega de escrever a história dos reis de Portugal.

Ao longo de vinte anos, Fernão Lopes terá cumprido esse objetivo, mas só chegaram até nós as crónicas de D. Pedro, D. Fernando e D. João.

A Crónica de D. Pedro, segundo António Borges Coelho, é a «meno rica» historiograficamente, mas é fabulosa do ponto de vista literário.

O caso dos amores de D. Inês de Castro é-nos relatado na Crónica de D. Fernando.

Da relação de Pedro e Inês nasceram Dinis e João, mas, antes, já Pedro e Constança tinham gerado o legítimo Fernando.

D. Pedro teve ainda outro filho João, de uma outra senhora.

Fernão Lopes, trata D. Fernando, cognominado «o feioso», elogiosamente.

O povo gostava de Leonor Teles, mulher de Fernando, a quem chamava «princesa do povo».

D. Beatriz casou com D. João I, de Castela, com onze anos.

Quando D. Leonor é regente, há quatro candidatos ao trono: D. Beatriz, D. João, D. Dinis, D. João (Mestre de Avis).

D. João, Mestre de Avis, é convencido a matar o alegado amante da rainha-viúva, Andeiro; e corre por Lisboa a notícia de que estavam a matar o Mestre no Terreiro do Paço.

O Bispo foi morto porque o povo achava que estava ao lado dos castelhanos.

No ano seguinte, 1385, o rei de Castela cercaria Lisboa.

Segue-se uma versão simplificada do célebre trecho do capítulo 11 da Crónica de D. João I, de Fernão Lopes,

Do alvoroço que foi na cidade cuidando que matavam o Mestre,

e como lá foi Álvaro Pais e muitas gentes com ele

O pajem do Mestre, que estava à porta, como lhe disseram que fosse pela vila, segundo já era percebido, começou de ir rijamente a galope, em cima do cavalo em que estava, dizendo altas vozes, bradando pela rua:

— Matam o Mestre! Matam o Mestre nos paços da rainha! Acorrei ao Mestre que matam!

E assim chegou a casa de Álvaro Pais, que era dali grande espaço.

As gentes que isto ouviam saíam à rua ver que coisa era. E, começando de falar uns com os outros, alvoroçavam-se nas vontades e começavam de tomar armas, cada um como melhor e mais asinha podia.

Álvaro Pais, que estava prestes e armado com uma coifa na cabeça, segundo usança daquele tempo, cavalgou logo à pressa, em cima de um cavalo que anos havia que não cavalgara, e todos seus aliados com ele, bradando a quaisquer que achava, dizendo:

— Acorramos ao Mestre, amigos! Acorramos ao Mestre, ca filho é de el-rei D. Pedro!

E assim bradavam ele e o pajem, indo pela rua.

Soaram as vozes do ruído pela cidade, ouvindo todos bradar que matavam o Mestre. E, assim como viúva que rei não tinha, e como se lhe este ficara em logo de marido, se moveram todos com mão armada, correndo à pressa para onde diziam que se isto fazia, para lhe darem vida e escusar morte.

Álvaro Pais não quedava de ir para lá, bradando a todos:

— Acorramos ao Mestre, amigos! Acorramos ao Mestre que matam sem porquê!

A gente começou de se juntar a ele e era tanta, que era estranha coisa de ver. Não cabiam pelas ruas principais e atravessavam lugares escusos, desejando cada um de ser o primeiro; e, perguntando uns aos outros «quem matava o Mestre?», não minguava quem respondesse que o matava o conde João Fernandes, por mandado da rainha.

E, por vontade de Deus, todos feitos de um coração, com talente de o vingar, como foram às portas do paço, que eram já cerradas, antes que chegassem, com espantosas palavras, começaram de dizer:

— Onde matam o Mestre? Que é do Mestre? Quem cerrou estas portas?

Ali eram ouvidos brados de desvairadas maneiras. Tais aí havia que certificavam que o Mestre era morto, pois as portas estavam cerradas, dizendo que as britassem para entrar dentro, e veriam que era do Mestre ou que coisa era aquela.

Uns deles bradavam por lenha e que viesse lume, para porem fogo aos paços e queimar o traidor e a aleivosa. Outros se aficavam pedindo escadas para subir acima, pera verem que era do Mestre. E em tudo isto era o ruído tão grande, que se não entendiam uns com os outros, nem determinavam nenhuma coisa. E não somente era isto à porta dos paços, mas ainda ao redor deles por onde homens e mulheres podiam estar. Umas vinham com feixes de lenha, outras traziam carqueja para acender o fogo, cuidando queimar o muro dos paços com ela, dizendo muitos doestos contra a rainha.

De cima, não minguava quem bradasse que o Mestre era vivo e o conde João Fernandes morto. Mas isto não queria nenhum crer, dizendo:

— Pois se vivo é, mostrai-no-lo e vê-lo-emos.

Então os do Mestre, vendo tão grande alvoroço como este, e que cada vez se acendia mais, disseram que fosse sua mercê de se mostrar àquelas gentes; de outra guisa poderiam quebrar as portas, ou lhes pôr o fogo; e, entrando assim dentro por força, não lhes poderiam depois tolher de fazer o que quisessem.

Ali se mostrou o Mestre a uma grande janela que vinha sobre a rua, onde estava Álvaro Pais e a mais força de gente, e disse:

— Amigos, pacificai-vos, ca eu vivo e são sou, a Deus graças.

E tanta era a turvação deles e assim tinham já em crença que o Mestre era morto, que tais havia aí que aperfiavam que não era aquele; po­rém, conhecendo-o todos claramente, houveram grande prazer quan­do o viram, e diziam uns contra os outros:

— Oh, que mal fez! Pois que matou o traidor do conde, que não matou logo a aleivosa com ele! Credes em Deus: ainda lhe há de vir algum mal por ela. Olhai e vede que maldade tão grande! Mandaram-no chamar onde ia já de seu caminho, para o matarem aqui por traição. Oh aleivosa! Já nos matou um senhor e agora nos queria matar outro! Leixai-a, ca ainda há mal de acabar por estas cousas que faz.

E sem dúvida, se eles entraram dentro, não se escusara a rainha de morte, e fora maravilha quantos eram da sua parte e do conde poderem escapar.

O Mestre estava à janela e todos olhavam contra ele, dizendo:

— Ó senhor! Como vos quiseram matar por traição! Bendito seja Deus, que vos guardou desse traidor! Vinde-vos, dai ao demo esses paços, não sejais lá mais!

E, em dizendo isto, muitos choravam com prazer de o ver vivo.

Vendo ele então que nenhuma dúvida tinha em sua segurança, desceu a fundo e cavalgou com os seus, acompanhado de todos os outros, que era maravilha de ver. Os quais, mui ledos ao redor dele, bradavam, dizendo:

— Que nos mandais fazer, senhor? Que quereis que façamos?

E ele lhes respondia, mal podendo ser ouvido, que lho agradecia muito, mas que por então não havia deles mais mister.

Imagina-te jornalista do século XIV. Escreve a notícia correspondente ao episódio que Fernão Lopes relata em «Do alvoroço […]», incluindo: título apelativo; subtítulo (que complementa o título); um parágrafo curto (só um período) com o lead (informações essenciais acerca do acontecimento: Quem? O quê? Quando? Onde?); dois parágrafos de corpo da notícia, com informações sobre as causas (Porquê?) do acontecimento e as suas circunstâncias (Como?).

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Classifica as orações sublinhadas:

Não há estrelas no céu

(Rui Veloso)

 

Não há estrelas no céu a dourar o meu caminho:

Por mais amigos que tenha, sinto-me sempre sozinho. ____________

De que vale ter a chave de casa para entrar,

Ter uma nota no bolso pr’a cigarros e bilhar?

 

A primavera da vida é bonita de viver:

Tão depressa o sol brilha, como, a seguir, está a chover. ___________

Para mim hoje é Janeiro, está um frio de rachar,

Parece que o mundo inteiro se uniu pr’a me tramar!

 

Passo horas no café, sem saber para onde ir:

Tudo à volta é tão feio, [que] só me apetece fugir.  ______________

Vejo-me à noite ao espelho, o corpo sempre a mudar;

De manhã ouço o conselho que o velho tem pr’a me dar. ___________

 

A primavera da vida é bonita de viver:

Tão depressa o sol brilha, como a seguir está a chover.  ___________

Para mim hoje é Janeiro, está um frio de rachar,

Parece que o mundo inteiro se uniu pr’a me tramar!

 

Vou por aí, às escondidas,

A espreitar às janelas,

Perdido nas avenidas

E achado nas vielas.

 

Mãe, o meu primeiro amor

Foi um trapézio sem rede;

Sai da frente, por favor,

[Que] estou entre a espada e a parede.  ____________

 

Não vês como isto é duro:  ___________

Ser jovem não é um posto,

Ter de encarar o futuro

Com borbulhas no rosto.

 

Porque é que tudo é incerto?

Não pode ser ser sempre assim.

Se não fosse o Rock and Roll,  ____________

O que seria de mim?

 

A primavera da vida é bonita de viver:

Tão depressa o sol brilha como, a seguir, está a chover.

Para mim hoje é Janeiro, está um frio de rachar;  coordenada assindética

Parece que o mundo inteiro se uniu pr’a me tramar!  ___________

 

Não há estrelas no céu,

estrelas no céu,

....

TPC — Lê a ficha do Caderno de atividades sobre orações (27, Coordenação e subordinação), cuja versão corrigida porei em Gaveta de Nuvens.

 

 

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