Tuesday, September 07, 2021

Aula 110-111

Aula 110-111 (18/mar [1.ª, 3.ª]) Correção do questionário de compreensão sobre apreciação crítica de Clara Ferreira Alves (cfr. Apresentação).

O quadro seguinte resume os Processos fonológicos (também chamados, por vezes, fenómenos, ou acidentes, fonéticos). Os exemplos que pus são quer da variação geográfica e social do português, quer da diacronia (dentro do português e do latim ao português). No manual, a p. 4 do anexo ocupa-se desta matéria.

Como vimos nas duas entrevistas recuperadas em «Diz que é uma espécie de magazine...», as palavras atuais também sofrem alterações fonéticas, tal como aconteceu ao longo do percurso entre latim e português do século XXI. Vai lendo e completando.

* = forma incorreta || arc. = forma arcaica (antiga) || pg. = português || ingl. = inglês || étimo latino

de

para

houve

que podemos descrever assim

pílula

*pírula

dissimilação

evita-se a semelhança que havia entre dois sons. Neste caso particular, um dos sons [l] passou a __.

fizeram-lo (arc.)

fizeram-____

_____

ao contrário do que acontece na dissimilação, na assimilação um som aproxima-se das características dum som vizinho. Por exemplo, o pronome (lo) passa a ligar-se ao verbo por uma consoante nasal (n), porque assim se assemelha ao som nasal da última sílaba do verbo.

_____

*câmbria

metátese

houve a transposição do i da primeira sílaba para a segunda (há uma metátese quando um som muda o seu lugar dentro da palavra).

crudu

cruu (arc.)

_____

síncope é a perda de um som a meio da palavra. Neste caso, uma consoante que havia na palavra latina «crudu», -d-, desapareceu na palavra portuguesa arcaica «cruu» (que aliás, depois, ainda evoluiria para «cru»).

cruu (arc.)

cru

crase

a crase é a contração de vogais num único som.

a + a; a + as

à; às

_____

a contração da preposição «a» com o _____ definido «a» e «as» é a crase mais frequente.

tio

*tiu

sinérese

tal como a crase, a sinérese também contrai duas ____, só que tornando as duas vogais num ditongo (neste caso: i-o > iu).

sic

si (arc.)

_____

apócope é a perda de um som ou sílaba finais. No exemplo, a palavra latina «sic» veio a dar «si» (que, depois, evoluiu para sim).

Alandroal

*Landroal

aférese

aférese é a perda dos sons do _____ de uma palavra.

você

_____

esta pronúncia pode acontecer no Brasil.

portanto

*ptanto

_____

o autarca que ouvimos não pronunciava um som a meio da palavra.

precisamente

*samente

_____

o médico que ouvimos omitia o início do advérbio.

______

*iguinorante

epêntese

a epêntese é o desenvolvimento de um som a meio da palavra. Neste caso, a vogal inserida, i, desfez um grupo que não é natural no português, gn, criando uma sequência mais conforme ao nosso padrão (estas epênteses são comuns no Brasil).

pneu

*peneu

_____

de novo um grupo de consoantes demasiado erudito (-PN-) a ser desfeito pela inserção de uma vogal (em Portugal, produzimos um e; os brasileiros podem inserir um i [*pineu]).

______

*céquisso (no pg. do Brasil)

epêntese

aqui o par de consoantes desfeito foi o que existia escondido na letra <x>, os sons ks.

sport (ingl.)

esporte

_____

o desenvolvimento de um som no início da palavra é uma prótese. Os brasileiros costumam fazer esta adaptação aos empréstimos começados por s- seguido de consoante (snob > esnobe), enquanto em Portugal é mais comum a manutenção da sequência estrangeira (snob).

mora

amora

_____

a palavra portuguesa que descendeu da palavra latina _____ tem um som inicial que não havia no seu étimo.

alguidar

*alguidare

_____

a paragoge é o desenvolvimento de som no final da palavra. É comum na pronúncia alentejana.

estar

*______

_____

a não ser em situações formais, raramente dizemos a primeira sílaba das formas do verbo «estar» (na escrita temos de ter cuidado!).

ski (ingl.)

esqui

_____

na adaptação do anglicismo ao português acrescentou-se um som no _____ da palavra.

______

*segundária

sonorização

este erro, que vejo em redações, comprova a tendência para, em certos contextos, as consoantes surdas passarem a sonoras.

Completa esta cábula do que estivemos a ver (pode ser útil a p. 4 do anexo):

Processos fonológicos

adição (inserção de sons)

no princípio: _______

no meio: _______

no final: _______

supressão (perda de sons)

no princípio: _______

no meio: _______

no final: _______

alteração (mudança de sons)

aproximação, em termos de semelhança, a um som vizinho: _______

diferenciação relativamente a um som vizinho: ______

contração de duas vogais numa só: ______

contração de duas vogais num ditongo: ______

passagem de uma consoante surda a sonora: _______

evolução para um som palatal: palatalização

transformação de uma consoante em vogal: vocalização

enfraquecimento de uma vogal em posição átona: redução vocálica

transposição

passagem de um som para outro ponto da palavra: _______

Itens com funções sintáticas em exames nacionais dos últimos tempos

2019, 1.ª fase

[trecho do texto que era usado:]

Temos de ser capazes de perceber que tal e tal caminho não nos conduzem na direção ambicionada, ou que tal e tal combinação de palavras, cores ou números não se aproxima da visão intuída na nossa mente. Recordamos com orgulho os momentos em que os nossos inspirados Arquimedes gritam «Eureca!» no banho; somos menos propensos a recordar os muitos mais momentos em que eles, como o pintor Frenhofer da história de Balzac, olham para a sua obra-prima desconhecida e dizem: «Nada, nada!... Não terei produzido nada!».]

6. Identifique as funções sintáticas desempenhadas pelas expressões:

a) «de palavras, cores ou números» (linhas 17 e 18);

b) «os momentos em que os nossos inspirados Arquimedes gritam “Eureca!” no banho» (linhas 18 e 19).

6. a) __________; b) __________

2019, 2.ª fase

[trecho do texto que era usado:]

Esta é uma pergunta minha também. O meu desejo. E aqui, sentado a esta mesa cheia de papéis, escrevo isto comovidamente.

[...] não via a Gija desde os cinco anos, portanto há cerca de vinte e de súbito ela estava ali, no meio das tais pessoas a olharem, gorda, de cabelos brancos e (como se explica isto?) soube logo que aquela pessoa era ela.

6. Identifique as funções sintáticas desempenhadas pelas expressões:

a) «de papéis» (linha 16);

b) «que aquela pessoa era ela» (linha 29).

6. a) _________; b) _________

2018, 1.ª fase

[trecho do texto que era usado:]

Assim, o termo ganhou uma extensão invulgar que as metáforas ainda alargaram mais. Ora, em semântica, é regra fundamental que o significado é o uso. Dito de outro modo: para se saber o que significa uma palavra ou uma expressão, analisa-se o contexto em que é usada. E, santo Deus!, quão vastos são os contextos de «saudade» na nossa cultura. Usa-a o fado em letras sobre amores destroçados que recordam momentos de idílio em comum;

6. Identifique as funções sintáticas desempenhadas pelo pronome relativo «que»:

a) na linha 20;

b) na linha 24.

6. a) _________; b) _________

2018, 2.ª fase

[trechos do texto que era usado:]

[...] Não consegue, sobretudo, fazer despontar nos indivíduos uma chama que vá além do mero bem-estar, um ideal que supere o horizonte de uma melhor distribuição dos rendimentos.

[...] É certo que estas coisas ainda existem, mas são condenadas e combatidas como nunca o foram no passado.

6. Identifique as funções sintáticas desempenhadas pelas expressões:

a) «dos rendimentos» (linhas 14 e 15);

b) «que estas coisas ainda existem» (linha 27).

6. a) _________; b) _________

Relanceia os cinco poemas de Eugénio de Andrade na p. 200. Escreve texto em prosa (literária) — narrativo, descritivo, conversacional — que inclua um verso de cada um dos poemas. Cada verso ficará sublinhado no teu texto, que não tem de ter uma conclusão (pode tratar-se de um excerto de narrativa maior), mas deve parecer natural. Só a maiúscula inicial dos versos pode ser alterada (para minúscula).

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TPC — Em Gaveta de Nuvens, revê ‘Processos fonológicos’, lendo capítulo de gramática e ficha corrigida n.º 13 do Caderno de Atividades.

 

 

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