Aulas (3.º período, 1.ª parte [confinamento em abril]: 89-96)
Aula 89-90 (5 [1.ª], 6 [5.ª, 2.ª, 4.ª], 7/abr [3.ª]) Introdução ao 3.º
período (os
autores do 3.º período); aspetos narratológicos de Amor de Perdição (ver
Apresentação).
Questionário de compreensão de texto inicial («Introdução») de
Amor de Perdição (pp. 192-193),
respondido na Classroom:
Tem o livro aberto nas pp. 192-193. Vai lendo e escolhendo a
melhor alínea de cada item.
[Vejamos o trecho no cimo
da p. 192, em fundo azul, de Ângela Fernandes.]
A ensaísta defende que, ao começar o romance com transcrição
de registos das cadeias da Relação do Porto, Camilo
a) nega a veracidade do
que vai contar, remetendo apenas para o testemunho de textos judiciais antigos.
b) reforça a factualidade
da narrativa e antecipa o desfecho, a condenação de Simão.
c) inculca que o resultado
da sentença — o degredo de Simão — foi injusto.
d) visa situar a história
que contará no espaço de uma prisão e assinalar a crueldade da pena.
Para Ângela Fernandes,
a) o julgamento de Simão
foi injusto.
b) o romance de Camilo é
injusto.
c) Amor de Perdição pretende mostrar que a condenação de Simão não foi
justa.
d) Camilo foi injusto ao
condenar Simão.
[Passemos agora, no terço
inferior da p. 192, a texto já de Amor de
Perdição, o começo do livro (= texto 6, «Introdução»).]
Nas ll. 1-2, o narrador é
a) Camilo Castelo Branco e
omnisciente.
b) homodiegético, identificável
com Simão.
c) homodiegético.
d) Simão Botelho.
Nas ll. 3-8, transcreve-se
a) o que disse Simão.
b) documento da responsabilidade
de Filipe Moreira Dias, que identifica um preso.
c) o que escreveu Camilo
Castelo Branco ao entrar na Cadeia da Relação.
d) texto do filho de
Domingos José Correia Botelho e Dona Rita Preciosa Caldeirão Castelo Branco.
[Já na p. 193:]
A nota à margem «Foi para a Índia em 17 de março de 1807» (l.
10) teria sido escrita por
a) Filipe Moreira Dias.
b) alguém da cadeia mesmo
que já não Filipe Moreira Dias.
c) Simão Botelho.
d) Camilo Castelo Branco.
À data da entrada na
cadeia, Simão tinha
a) menos de dezasseis
anos.
b) dezoito anos.
c) dez aninhos.
d) vinte anos.
Em «Não seria fiar
demasiadamente na sensibilidade do leitor» (l. 11), «na sensibilidade do leitor»
desempenha a função sintática de
a) complemento do nome.
b) complemento oblíquo.
c) complemento direto.
d) complemento indireto.
No parágrafo correspondente
às ll. 13-19, o narrador mostra-se
a) irónico.
b) sinceramente
compungido.
c) irritado.
d) alegre.
Em «dos braços de mãe» (l.
15), «de mãe» desempenha a função sintática de
a) complemento do
adjetivo.
b) complemento do nome.
c) complemento oblíquo.
d) sujeito.
No parágrafo constituído
pelas ll. 20-21, o narrador tem como narratários (isto é, destinatários da narração)
a) homens e mulheres, portugueses
e portuguesas, não os tratando de modo discriminatório.
b) homens e mulheres,
considerando estas, ironicamente, como seres capazes de se emocionar com
histórias inventadas.
c) talvez prioritários as
leitoras, que considera as únicas suscetíveis de se sensibilizarem com o
destino de Simão.
d) homens e mulheres, discriminando-os,
pois que considera irem ser tocados, em grau diferente, pela história de Simão.
«Amou, perdeu-se, e morreu
amando» (l. 22) sintetiza a vida de Simão Botelho, herói romântico de Amor
de Perdição. Se quiséssemos formular uma síntese semelhante para Manuel de
Sousa Coutinho, era acertado escrever
a) «Amou, perdeu-se, morreu
e deixou de amar, viveu de novo».
b) «Amou, perdeu-se, e
morreu amando».
c) «Nunca amou, perdeu-se,
e viveu amando».
d) «Não amou, perdeu-se, encontrou-se,
morreu amando».
«Essa» (l. 25) é
a) uma anáfora que tem
como termo antecedente «a mulher [...]
misericórdia» (ll. 23-25).
b) anáfora de «a minha
leitora» (l. 25).
c) palavra homónima de
«Eça».
d) catáfora de «história»
(l. 23).
Os segmentos «a minha leitora»
e «a carinhosa amiga de todos os infelizes» (l. 25) são
a) modificadores
restritivos do nome.
b) modificadores apositivos
do nome.
c) sujeito.
d) complemento direto e
predicativo do complemento direto.
Os períodos das ll. 23-25
e 25-26 são, enquanto recursos estilísticos (ou expressivos),
a) hipérboles.
b) metáforas.
c) interrogações
retóricas.
d) ironias.
«aquelas linhas» (l. 30)
remete para
a) «Chorava, chorava!» (l.
29).
b) todo o parágrafo das
ll. 23-28.
c) «Amou, perdeu-se, e
morreu amando» (l. 22).
d) a citação feita nas ll.
3-8 (p. 192).
A palavra «verão» (l. 31),
em termos de classificação de classe, é
a) verbo (futuro do
indicativo de «ver»).
b) verbo (futuro do
indicativo de «vir»).
c) verbo (presente do
indicativo de «var»).
d) nome (significando
‘estação do ano que antecede o outono e sucede à primavera’).
Em «A tempo verão se é
perdoável o ódio» (l. 31), a oração subordinada substantiva completiva «se é
perdoável o ódio» desempenha a função sintática de
a) sujeito.
b) predicado.
c) complemento direto.
d) complemento oblíquo.
Em «se é perdoável o ódio»
(l. 31), «o ódio» desempenha a função sintática de
a) complemento direto.
b) complemento oblíquo.
c) sujeito.
d) complemento indireto.
Em «das sentenças que eu
aqui lavrar contra a falsa virtude de homens» (l. 33), «que» é o
a) complemento direto.
b) complemento oblíquo.
c) sujeito.
d) complemento indireto.
Nas duas últimas linhas
(ll. 33-34), o narrador anuncia ir
a) defender a sua honra,
em tribunal, contra a falsa virtude dos que se lhe opuserem.
b) criticar a hipocrisia
dos homens que, por questões de honra, atuem barbaramente.
c) lavrar sentenças em
defesa da sua honra, contra os homens falsos e sem virtude.
d) atacar os que, por sua
honra, atuem contra a virtude, como bárbaros.
Vimos início do filme Amor de Perdição realizado em
1943 por António Lopes Ribeiro (só até 4 minutos e cinquenta segundos):
Correção do questionário sobre a «Introdução»
(cfr. Apresentação).
A
«Introdução» de Amor de Perdição visa dar o pretexto para, a partir do
presente do narrador (1861, na cadeia da Relação, no Porto), inserir uma
narrativa «encaixada» passada meio século antes e que vai ocupar todo o resto
do livro (logo a partir do início do cap. I).
Nesta
«Introdução» (pp. 192-193) há dez linhas que servem para dar conta de um
documento encontrado; e segue-se, nas ll. 11-34, uma espécie de síntese da
história encaixada que vai ser relatada a propósito dessa descoberta. Depois,
no cap. I, começa a história encaixada, passada meio século antes.
Cria
um texto de 150-180 palavras que inclua
(i)
relato do encontro do narrador (homodiegético) com algum testemunho (convém que
não seja um registo da cadeia) que levará a que se conte uma história;
(ii)
síntese/comentário a essa narrativa encaixada que se vai contar;
(iii)
início — apenas uma linha ou duas — do cap. I (o início da tal narrativa que a
descoberta do testemunho fez que o narrador quisesse contar).
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TPC — Decide sobre obra de
Eça a ler e vai avançando (pus PDF, aqui e aqui, de ambos os livros para
poderes escolher melhor, mas aconselho que leias depois em livro propriamente
dito). Logo que voltemos às aulas presenciais, iremos fazendo questionários sobre
o que já terás então de ter lido.
Aula 91-92 (7 [1.ª], 8 [3.ª, 2.ª, 5.ª], 9/abr [4.ª]) Ainda sobre «Palavra de estimação» (ver Apresentação).
Assistência a catorze minutos iniciais do episódio
sobre Amor de Perdição na série
‘Grandes Livros’:
Camilo escreveu Amor de
Perdição em quinze meses.
A novela chegou ao público em 1862.
«Amou, perdeu o campeonato por causa do Moreirense e morreu
amando» é como o narrador resume a história.
Para Isabel Rocheta, quer o subtítulo quer a introdução são
elementos que aproximam a novela da própria vida do autor.
Annabela Rita diz que Camilo encontrou na cadeia o registo da
prisão de Simão, segundo ela seu tio-avô.
Em 1849, Camilo apaixona-se por Ana Flácida, que tem dezassete
aninhos.
Em 1856, Camilo torna-se conhecido com a publicação de Onde está a D. Felicidade?
Para Aníbal Pinto de Castro, em Onde está a felicidade? captou um dos ingredientes mais importantes
do século XIX, o dinheiro.
Pinto de Castro alude também ao endinheiramento dos «brasileiros
de torna-viagem».
Em 1858, no Porto, vão-se comentando as relações adulterinas
de Camilo e Ana Plácido.
Pinheiro Alves tenta negociar o fim da relação, disposto a receber
a mulher de volta.
Em 1859 o marido enganado leva o caso à justiça: Ana Plácido é
acusada de adultério e Camilo de copular com mulher casada.
Ana e Camilo foram presos quando, precisamente, estavam a copular,
portanto, em flagrante delito.
António Trabulo considera que, ao escrever Amor de Perdição, Camilo publicitou a
sua prisão.
Para José Manuel Oliveira, a publicação de Amor de Perdição teve também um objetivo
de procurar influenciar o seu próprio julgamento.
Camilo não «passou a lima sobre os defeitos» nas edições
posteriores da Amor de Perdição.
Para Isabel Rocheta, o êxito da obra não foi imediato, mas
dever-se-á também, no futuro, aos seus aspetos realistas.
Ana Maria Magalhães salienta o caráter popular, porque
emocional, da obra.
João Bigotte Chorão diz-nos que Camilo tinha na sua biblioteca
livros de Pedro Mexia.
João Bigotte Chorão considera que Camilo, desta vez, não se
«derramou» excessivamente em comentários fora da ação.
(Correção. Ver na Apresentação)
O texto 7, na p. 195,
é o começo do cap. I de Amor de Perdição. O narrador traça a biografia de Domingos Botelho, o pai do
herói do livro, Simão Botelho. Embora verosímeis, são parágrafos levemente irónicos,
quase caricaturais. Domingos Botelho tem características de personagem
original.
Focando-te nos três primeiros parágrafos — precisamente, os da
p. 195 —, cria biografia de personagem ficcionada (mas verosímil) suscetível de caricatura, nascida no séc. XX.
Mantém três parágrafos (cfr. p. 195) —
1.º — nomes, casamento, dados do cônjuge e de ascendentes
2.º — namoro, retrato um pouco caricatural
3.º — vocação (especialidade) — e, grosso modo, sistema de coesão
temporal.
Personagem terá nascido no
século XX (pode ser da geração dos vossos pais ou da geração dos avós); é
improvável que seja um nobre;
Não se devem repetir expressões do original (o vosso texto
pode, e deve, ser paralelo, equivalente, mas sem usar as mesmas frases); extensão
será próxima da do original (entre 210-240 palavras); descarregar ainda durante
a aula; apontar para cerca de trinta minutos.
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Na p. 197, responde ao ponto 5 de Educação
literária, completando:
A. = ______;
B. = ______;
C. = ______;
D. = ______.
Ainda na p. 197, no item 2.
de Gramática, resolve a correspondência,
associando as expressões (1-6) aos processos
de coesão (a-f):
1. = ___; 2. = ___; 3. = ___; 4. = ___; 5. = ___; 6. = ___.
Assistiremos a versão de Amor
de Perdição de António Lopes Ribeiro, 4.50-12.10:
TPC — Vai lançando as emendas no texto sobre a palavra de estimação
que devolvi hoje (para o poderes descarregar em breve: devo abrir um espaço só
para essas reformulações; porei então também a nota da primeira versão).
Aula 93-94 (12 [1.ª], 13 [5.ª, 2.ª. 4.ª], 14/abr [3.ª]) Se necessário, relendo o texto na p. 201 (texto 9; cap. I, excerto 3), completa o esquema que constitui o item 2. de Educação literária, já p. 202:
1. = __; 2. = __; 3. = __; 4. = __; 5. = __.
Assistimos a trecho do filme Amor de Perdição, de António Lopes Ribeiro (primeiro: 11,30 a 15,45;
depois: 15.45-18):
Vai lendo, a meio da p. 203, a azul, «O herói
romântico». Sobre o herói romântico [isto é, o herói
segundo o Romantismo], podes ler os verbetes nas pp. 398-399 («herói»), 399-400
(«romantismo») ou, a azul, na p. 209, «A obra como crónica da mudança social».
herói romântico ≠ herói de um romance (ou de uma paixão) = herói da escola
Romântica
Escreve sobre Simão enquanto
herói romântico. Faz alguma citação de Amor de Perdição (recorrendo ao texto da p.
201). A certa altura, deves aludir a Manuel de Sousa Coutinho, que também tem
traços característicos do herói romântico. A caneta.
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[exemplo de resposta:
Simão apresenta o temperamento característico de um herói
romântico. É um jovem rebelde e marginal, instável, capaz de se revoltar contra
as regras impostas pela sociedade. Segundo o irmão, que teme o seu «génio sanguinário»
(p. 201, l. 7), «convive com os mais famosos perturbadores da academia, e corre
de noite as ruas [de Coimbra] insultando os habitantes e provocando-os à luta»
(ll. 7-8). O seu caráter excecional, de quem não receia o conflito nem se sujeita
às normas, surpreende Domingos Botelho, que admira a bravura do filho (l. 9).
Não se resguarda no contexto social privilegiado a que
pertence. Em Viseu é na «plebe [...] que escolhe amigos e companheiros» e,
irreverente, troça dos pergaminhos dos Caldeirões (l. 22). Orientado por
sentido de justiça, defende um criado e, sempre sem freios, parte «muitas
cabeças», quebra «todos os cântaros» (ll. 31-32). Determinado por valores de
liberdade, em Coimbra divulgará os ideais da Revolução Francesa (cap. 2).
Faltaria referir outras características românticas de Simão — o
individualismo, a luta por um amor ideal (convenientemente, contrariado pela
família), a honradez —, que ficarão evidentes nos capítulos seguintes.
O destemor em enfrentar os mais poderosos, com uma atitude reveladora
de coragem e até de certa irracionalidade — a espontaneidade dos puros —,
lembra-nos o temperamento de um herói escolhido pelo romântico Garrett, Manuel de
Sousa Coutinho, que não hesita em incendiar o seu palácio para não se submeter
aos que representavam o poder. Também não é indiferente que os protagonistas de
Frei Luís de Sousa e de Amor de Perdição tenham a chancela dos
registos documentais, sendo ambos personagens que os autores podem dizer históricas,
como acontece tantas vezes nas narrativas do Romantismo.]
Ouviremos um trecho do cap. II de Amor de Perdição, para completares, na
p. 204, 1:
Simão — a) idade: __ anos; b) rejeitava as companhias da __; c)
permanecia mais tempo em __; d) encerrava-se no __; e) refugiava-se na __; mostrava-se
mais introvertido.
Teresa — f) idade: __ anos; g) posição social: ___ e bem-nascida; h)
caracterização: dotada de seriedade e maturidade incomuns na sua idade;
obstáculos — i) litígios entre Albuquerque e Botelho, devido a uma
sentença desfavorável do juiz.
TPC — Não deixes de ir começando leitura de obra de Eça.
Aula 95-96 (14 [1.ª], 15 [3.ª, 2.ª, 5.ª], 16/abr [4.ª]) Em termos de Amor de Perdição ficáramos no cap. 2, no momento em que Simão conhece e se apaixona por Teresa (e se dá uma mudança nele). E ficáramos no momento em que ...
Veremos agora os minutos
18-27 da versão de António Lopes Ribeiro:
E a sequência, já na
versão de Manoel de Oliveira (só os primeiros dois minutos):
Já lemos a «Introdução»
de Amor de Perdição (está no manual, pp. 192-193). Também está no manual
o capítulo 1 (pp. 195-196, 198-200, 201), que lemos ou relanceámos. Os capítulos
2 e 3 não estão no manual, mas ouvimos excertos do capítulo 2. E vimos ou
vamos ver trechos que nas adaptações em filme correspondem a estes dois
capítulos.
De qualquer modo,
resumamos (uso as sínteses numa «sebenta» de Carlos Reis):
Capítulo 2: Simão estuda em Coimbra,
adere às ideias da Revolução Francesa e continua a mostrar o seu caráter conflituoso.
Entretanto, tendo regressado a Viseu, apaixona-se por Teresa e muda o seu
comportamento: abandona a vida agitada e as «companhias
da ralé». O
amor por Teresa (que lhe corresponde) é contrariado por Tadeu de Albuquerque.
Simão parte para Coimbra e, deixando a boémia, troca cartas com Teresa; numa
delas, toma conhecimento de uma «peripécia que
forçara a filha de Tadeu de Albuquerque a escrever aquela carta de
pungentíssima surpresa para o académico».
Capítulo 3: a surpresa é a notícia
de que Tadeu quer casar a filha com o primo Baltasar Coutinho. Sendo evidente «o ódio de um [Tadeu] e o
desprezo de outro
[Domingos, pai de Simão]», os amores dos dois jovens são violentamente
contrariados. Mas Teresa opõe-se à vontade do pai: não casará com Baltasar
Coutinho e sujeita-se, por isso, a entrar num convento. Todavia, tal não é
necessário: Teresa promete «julgar-se morta
para todos os homens, menos para seu pai».
Lê as pp. 169-171 do
manual (é um passo de Viagens na minha terra, de Almeida Garrett).
Lê e relanceia crónicas de
«Fugas dos leitores» (do suplemento «Fugas», do Público). Os linques que
pus são de sete colegas de anos anteriores (Pedro, Ana, Tomás, Teresa, Inês,
Afonso, Marta); e estão também ficheiros com sete crónicas recentes (de
leitores que não conheço).
Escreve texto ao mesmo
estilo, de crónica de viagem. Texto deverá ter, para já, entre 400 e 500
palavras. Será descarregado antes da próxima aula.
TPC —Vai lendo, pelo menos,
os primeiros capítulos de A Ilustre Casa de Ramires ou de Os Maias.
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