Saturday, August 29, 2020

Aula 37-38

 

Aula 37-38 (20 [4.ª], 24 [5.ª, 2.ª], 25/nov [3.ª, 1.ª]) Quanto aos textos inspirados em bandas sonoras, o aspeto que, por vezes, falhou foi haver alusões a contextos musicais (referindo ou não explicitamente a banda sonora) — por exemplo, mencionar-se um dado instrumento ou um concerto. Outras falhas têm que ver com ortografia ou sintaxe (e estão marcadas nas vossas folhas; no caso do 11.º 5.ª, vejam a cópia no PDF em anexo — desculpem-me irem os textos de todos em conjunto, mas não creio dever haver sigilo entre trabalhos da mesma turma; a ordem é a da pauta). Vejam-se agora os trailers dos filmes cujas bandas sonoras aproveitámos:

As páginas 386-388 do manual tratam de Coerência, que estudámos na última aula, e de Coesão textual, que abordaremos agora.

Especificamente sobre a coesão textual, a tabela a seguir agrupa erros (encontrados em escritos de turmas do 11.º ano) que exemplificam o incumprimento dos vários mecanismos a que devemos recorrer. Na coluna do meio, corrigirás o que retirei de redações e que evidencia alguma falha nas estratégias que tornam os textos coesos. (A seguir à tabela vai a minha correção, comentada oralmente, mas não deixes de experimentar tu preencher as lacunas, ainda que sem insistires demasiado em caso de dúvida.)

Coesão frásica

trecho agramatical

trecho corrigido

fonte do problema

conhecido pelo o nome

conhecido ___ nome

 

ortografia

à [á] tempos encontrei o José

__ tempos encontrei o José

o facto de haverem nomes portugueses

o facto de ___ nomes portugueses

 

concordância

o grupo mais numeroso dos apelidos vêm de

o grupo mais numeroso dos apelidos ____ de

prefiro isto do que aquilo

prefiro isto _____

 

 

 

regência

os políticos aperceberam-se que

os políticos aperceberam-se ____

a convicção que Lionel era bom médico

a convicção ____ Lionel era bom médico

o aspeto que chamei a atenção

o aspeto _____ chamei a atenção

a parte que mais gostei

a parte ____ mais gostei

chamou a filha de «Maria Albertina»

chamou a filha «Maria Albertina»

o rei Jorge VI que era gago, tinha de discursar

o rei Jorge _______ tinha de discursar

 

 

função sintática (e pontuação que implica)

«Maria Albertina» cantada agora pelos Humanos foi escrita por Variações

«Maria Albertina» __________ foi escrita por Variações

como por exemplo a telefonia

_______ a telefonia

Coesão interfrásica

terminou o discurso continuando a

terminou o __________ a

 

 

 

 

reconhecimento de subordinação ou coordenação

 

A letra foi criada por Variações, e a música foi modernizada pelos Humanos

A letra foi criada por ________ a música foi modernizada pelos Humanos

Sendo que

[Frase anterior], sendo que

Pois o rei gaguejava.

___________

Estando o rei cada vez mais gago.

Estando o rei cada vez mais gago, [subordinante]

o facto da Albertina ter uma filha

o facto ___ Albertina ter uma filha

apesar do rei sofrer de gaguez

apesar ____ rei sofrer de gaguez

Concluindo,

Ou seja,

Como já referi,

Hoje em dia,

Nos dias de hoje,

Na minha opinião,

 

ø

 

 

 

banalização de articuladores

 

Direi então que

_______

Coesão temporal

Bertie não discursou no Natal mas, antes, falou em Wembley

Bertie não discursou no Natal mas, antes, ______ em Wembley

 

 

correlação dos tempos verbais

Antes de ter conhecido Lionel, Bertie experimentou várias terapias

Antes de ter conhecido Lionel, Bertie _______ várias terapias

não falava com Lionel meses

não falava com Lionel ___ meses

Não acho que será correto

Não acho que ____ correto

modo exigido pela negativa

Agrada-me que escolheste um bom nome

Agrada-me que ________ um bom nome

modo exigido pela subordinação

Coesão referencial

O surgimento da rádio foi o azar de Bertie. Porém, ele venceria a rádio

O surgimento da rádio foi o grande azar de Bertie. Porém, ________

anáfora e elipse

António Variações critica o novorriquismo nos nomes. António Variações refere a

_________ critica o novorriquismo nos nomes. António Variações refere a

catáfora

Bertie ficou angustiado. Ele falara pouco mais do que

Bertie ficou angustiado. Falara pouco mais do que

______

O filho de Jorge V era pai de Elisabeth e Margaret. Ele tinha aquelas duas filhas

O filho de Jorge V era pai de Elisabeth e Margaret. _____ tinha aquelas duas filhas

correferência não anafórica

O rapaz [de] que o pai era Jorge V

O rapaz _____ pai era Jorge V

pronominalizações diversas

O século passado, onde nasceu a telefonia,

O século passado, _____ nasceu a telefonia,

Coesão lexical

a citação que faz Jorge V

a _________ que faz Jorge V

 

pertinência do termo

o cartoon demonstra

o cartoon _______

o cronista fala que

o cronista _______ que

A rádio acabava de surgir. Foi a rádio que

A rádio acabava de surgir. Foi a _______ que

sinonímia

a escolha dos nomes mostra que os portugueses têm pouca criatividade. Essa não originalidade

a escolha dos nomes mostra que os portugueses têm pouca criatividade. Essa ________

 

antonímia

A rádio acabava de surgir. Foi a rádio que

A rádio acabava de surgir. Foi _____ ________ que

hiperonímia

coisas do género

[termo mais específico]

_________

Vê, e ouve, esta correção da tabela (que ficou mais demorada, e arastada sobretudo, do que gostaria que tivesse ficado):

Do quadro sobre Coerência — propositadamente infringida em sketches da série Lopes da Silva — que começáramos na última aula faltava-nos completar estas filas (com relevância, não redundância, não contradição): [11.º 5.ª: nas folhas da aula de hoje, repeti, no final de tudo, essa parte do quadro; podes ires escrevendo aí ou usando a tabela completa da aula anterior]

Sabes onde há gajas boas?

A insistência na pergunta inicial, até nos cansarmos de tanta repetição e da ênfase na bondade das «gajas», é uma infração ao princípio da _______. Atenta-se também contra o princípio da _______, porque a pergunta implicava que quem a fazia soubesse a resposta, o que, inesperadamente, não sucede.

Chamada por engano

Na conversa entre jornalista e senhora da Venda Nova falha sobretudo o princípio da _____, na medida em que a interlocutora insiste em fazer pedidos («dispensava-me o seu bidé?») que não servem o objetivo do telefonema (falar do Iraque), estão à margem do tópico central.

Conversa na esplanada

Os amigos não se interessam pela história do indivíduo que tem uma alface de estimação: desviam-se para outro assunto («É o Edmundo?»; «São 4h34») ou não percebem o que está a ser defendido («há alfaces tenrinhas»; «se fosse uma alface lisa»). Infringem o princípio da _______.

Bomba a bordo

O insólito resulta de comissário e comandante agirem como se não detivessem um saber comum (‘bombas não são desejáveis’), o que viabiliza a interação com o bombista.



As reações à ereção da estátua do Padre António Vieira (referidas no trecho de episódio do Governo Sombra que acabaste de ouvir), a recente polémica acerca da criação de um Museu das Descobertas (o nome deixaria transparecer uma posição de superioridade do povo colonizador) ou a discussão acerca da necessidade de devolver objetos artísticos trazidos para os museus europeus nos séculos passados são alguns dos casos reveladores de que a maneira como se vê a história dos povos pode moldar-se à evolução de juízos ideológicos. [Em aula, referi também escritores e cineastas cuja obra passou a ser proscrita por editoras ou distribuidoras depois de conhecidos aspetos do s[eu percurso de vida (Céline, Woody Allen, James Franco); livros que saíram do cânone por conterem abordagens consideradas agora racistas (alguns dos álbuns de Tintin; a série dos Tom Sawyer); e lembrámos também o que acontecera a premiados recentes quando foram descobertos pecados políticos de juventude (o Nobel Peter Handke; o Camões Vítor Aguiar e Silva).]

Escreve texto de opinião (na p. 364 explica-se este género) que aborde o mesmo assunto, a nossa relação com testemunhos do passado (históricos, literários, religiosos, de tradições), especialmente com os que contendam com modos de pensar hodiernos. [11.º 5.ª: cerca de 150 a 200 palavras; nas outras turmas ficou para completar em casa; sugiro que, sem pressas (nas outras turmas o processo ainda vai demorar mais uma aula porque só me trazem depois), descarreguem na Classroom o vosso texto, em Word ou, se manuscrito, mesmo em imagem — que eu consiga ler...]

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TPC — Em «Coerência e coesão textuais» (Gaveta de Nuvens), lê a parte sobre ‘Coesão’ (as páginas iniciais, sobre coerência, podes olhá-las com menos atenção); no manual, as pp. 386-388 tratam dos mesmos assuntos. Relanceia a ficha ‘Texto e textualidade’ (coerência e coesão) no Caderno de Atividades (pp. 32-33), que reproduzirei já com soluções.

 

 

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