Os Maias 16
Beatriz
Pinto & Leonor
(11.º 5.ª)
Leonor & Beatriz P.
(Muito Bom (-) ou mesmo quase Muito Bom) Pontos fortes Capacidade (e, decerto,
muito trabalho) para replicar o estilo cinematográfico (aliás, neste caso, televisivo).
Conseguiu-se essa excelente imitação através do ritmo narrativo, muito veloz,
que resulta da sucessão de pequenas cenas, em cenários diferentes, separadas por
depoimentos de comentário ao que se está a relatar (típicos das séries congéneres),
tudo montado proficientemente (legendas, grafismo, ambiente sonoro). Além
disso, houve igualmente que fazer a «translação» da intriga do século XIX para o
contexto do nosso tempo (atualização da linguagem; referências a novos objetos
e locais). A própria distribuição de vários papéis por duas atrizes apenas
contribui para essa sensação de diversidade e rapidez inerentes à televisão do
século XXI. Para que fosse esta a aparência final, teve de haver boa escrita do
guião, planificação das filmagens, ensaios de representação, saber técnico. Aspetos melhoráveis Por vezes, texto
está tão bem decorado (ou bem lido), que sai demasiado seguido, sem as pausas
que fazemos na vida real (como se a expressividade se tornasse automática).
A corrigir: «*iria-lhe partir o coração» (ir-lhe-ia); «Como é que é suposto eu
contar tal coisa a Carlos?» seria mais «Sendo suposto [necessário] que o faça,
como é que vou contar isto ao Carlos?»; «Maria Eduarda Maia» é preferível a
«Maria Eduarda da Maia» (a primeira forma é a que surge sempre no livro, salvo
erro); nas referências finais, falta uma letra em «Leonor».
Marianas (11.º 9.ª)
Marianas
(Bom+/Muito Bom- ou mesmo quase Muito Bom-)) Pontos fortes O trailer/filme de
promoção de série é um género que implica seleção das informações mais
chamativas, criatividade na forma de apresentar os destaques, ritmo na
construção dessa espécie de narrativa concentrada (que incluirá também momentos
de aparente apaziguamento, sabiamente intercalados na euforia maioritária). Quanto
a estas exigências, as autoras estiveram muito bem, o que inclui o plano
textual, a locução, a representação, a originalidade das abordagens (como
costuma suceder nos trailers, há mini-narrativas que, encadeadas, dão ideia da
história que se pretende publicitar, e as Marianas souberam idealizar muito bem
esses segmentos, tratando de que transpusessem para a nossa época, sempre com
ironia, o enredo de Os Maias). É
claro que, por outro lado, este subgénero (trailer, pequeno documentário de
promoção), enquanto recurso decisivo da indústria do cinema e da televisão, nos
foi habituando a uma sofisticação enorme (efeitos visuais e de som rebuscados, montagem
muito pensada e cortada quase segundo a segundo), difícil de replicar por quem não
tem os meios e o saber técnico dos profissionais do cinema/publicidade (mostraram, mesmo assim, ter boa intuição de como se faz a pós-produção de
um filme destes; diferença mais notória será a do fundo musical). Aspetos melhoráveis
A corrigir: «mal-entendidos»
(julgo que se ouve «*maus entendidos»; ora, o singular é «mal-entendido», o
advérbio «mal» não pode ser flexionado, logo...); «fazer uma
questão» (preferível: «pôr uma questão»; «fazer uma pergunta»).
Ângelo
& Pedro P.
(11.º 2.ª)
Pedro
P. & Ângelo (Bom-) Pontos fortes Naturalidade da
transposição para o nosso tempo dos diálogos Guimarães-Vilaça e Ega-Vilaça (linguagem
verosímil, representação convincente, se bem que Ângelo, a certa altura, esteja quase a rir). Capacidade técnica, bom acabamento do filme. Adereços (cuidado
havido em escolher instrumentos de escrita, suporte, faca, cofre, que, com
efeito, poderiam ser os da época e de Os
Maias). Aspetos melhoráveis
Tendo em conta que se trata de trabalho por dois autores, esperar-se-ia mais tempo
de discurso oral (tempo total foi de 3.47, o que já era pouco para dois
elementos, mas até aos 2.15 não há falas...). No original, foi com Ega que o Guimarães
falou e a quem entregou o cofre; e é Ega que procura Vilaça aquando da sua
hesitação em contar tudo a Carlos (admito que a troca fosse propositada, porém,
e que tivessem noção do que está no livro). Nas legendas dos créditos, til de
«João» ficou na primeira sílaba.
Francisca (11.º 4.ª)
Francisca
(Bom+/Muito Bom- ou quase Muito Bom-) Pontos fortes Foco nos dilemas de Ega
permite concentrar num discurso único uma série de alusões ao capítulo, e à
obra, intercalando trechos de ironia original (assentes na boa escrita da
autora). Muito boa representação (salvo erro, facilitada pela fragmentação do
monólogo em vários pequenos «takes», depois eficientemente justapostos).
Estilização gráfica (quer a relativa ao tratamento da imagem na pós-produção do
filme, quer logo na caracterização de personagem e nos adereços — fui confirmar
que as máquinas de escrever surgem ainda no quartel final de século XIX, ainda que, é
claro, tivessem aparência diferente da que vemos no vídeo). Bom gosto e boa
técnica. Aspetos melhoráveis Texto
acaba por não se afastar muito do do original, exceto nos inteligentes comentários
irónicos/disparatados. A corrigir: «É um estimado amigo» (preferível: «é um
amigo estimado»).
Adriana (11.º 9.ª)
Adriana
([É difícil definir uma classificação, porque o tempo mínimo não foi atingido; mas o trabalho revela boas capacidades]) Pontos fortes Transposição para o nosso
tempo dos acontecimentos no livro relativos a este capítulo feita com
inteligência (sarau no Teatro da Trindade-noite na discoteca «Mil Amores»; cofre-pen;
etc.). Introdução, não sendo necessária, acaba por ser útil e foi bem escrita e
bem lida. Representação de Adriana (nem tanto a da colega que colaborou). Bom
domínio técnico. Aspetos melhoráveis
Não se ter atingido tempo mínimo. Há oscilação das formas de tratamento: ora na
2.ª pessoa («tu») ora na terceira.
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