Thursday, August 23, 2018

Os Maias 15



Leonor (11.º 9.ª)
Leonor (Bom (-)) Pontos fortes Aspetos técnicos e bom gosto (há facilidade, intuição estética, criatividade, originalidade, noção de como se faz cinema). Por exemplo, há competência na realização e montagem, estão bem pensadas e executadas as cenas de ligação, com boas representação de Leonor (e de outra colega), enfim, o filme «vê-se bem»,  a vertente ‘cinema’ foi conseguida; falta mais investimento na parte ‘mostrar conhecimento da obra’ (diria que o conselho exibido no último slide é também apropriado à autora, embora até perceba que a intenção era mesmo fazer auto-ironia). Aspetos melhoráveis Em termos mais estritamente escolares, há sobretudo leitura em voz alta, já que o texto do diário pouco altera o que vem no livro (como se se a autora se refugiasse em aspetos de forma-arte, em que esteve muito bem, mas tivesse descartado o conteúdo mais queirosiano). A corrigir: falta acento em «capítulo», logo no início; no slide final, Os Maias tem de ficar em itálico (ou sublinhado, se não houver itálico; mas deve reconhecer-se que, no princípio do filme, o título aparecia bem grafado); «tivera uma irmã que morrera[,] de dois anos» (seria melhor: tivera uma irmã, de dois anos, que morrera» ou «que morrera com apenas dois anos»); «um diário, que tem aqui coisas escritas» (que surpresa, um diário com texto!); «Sédan» não pode ser pronunciado à inglesa, é um topónimo de língua francesa ([sêdã], lido sem que haja tónica especificamente na penúltima sílaba, mas, de certo modo, como aguda).


Madalena (11.º 4.ª)
Madalena (Bom (-) ou Bom-/Bom(-)) Pontos fortes Justaposição de dois narradores (Carlos e Ega), para assim cobrir todo o capítulo. Estratégia de usar mensagens escritas (aliás de diferentes meios contemporâneos: facebook, twitter, etc.), que alternam com a narração, permitindo que, embora o filme assente na verdade sobre simples relatos (e relativamente idênticos aos do original de Eça), se consiga conferir ao trabalho variedade e ritmo. Leitura em voz alta muito segura. Asseio técnico (som, montagem). Aspetos melhoráveis Teria evitado os slides googlados que ilustram o que vai sendo dito (mesmo quando exigiram até algum tratamento posterior da autora, com sinaléticas adicionadas); ao contrário, os das mensagens escritas reproduzidas são muito pertinentes, é claro. A corrigir (na primeira mensagem): «*espavoniar» (pavonear/espaventar).

Margarida & Pedro (11.º 3.ª)

Pedro & Margarida (Muito Bom (-)) Pontos fortes Transposição para a época contemporânea através de criação de um Alta definição com Maria Eduarda. O pastiche está muito bem concebido e executado (texto, que não se limita a integrar o enredo do livro mas faz a sua «translação» para o novo contexto, televisivo e do XXI; representação; montagem, que faz que o ritmo se aproxime bastante do do programa-fonte). Já salientei representação (sobretudo a de Margarida, que desempenha excelentemente o seu papel; Pedro tem menos texto, o que se compreende porque é assim mesmo no programa cujo formato estavam a imitar, mas também segue o perfil do apresentador, naturalmente mais apagado e, no entanto, insinuando o mesmo tom intimista usado por D. O.). Aspetos melhoráveis A corrigir: «covardia» (é preferível «cobardia»; a forma «covardia» existe também, mas tem sabor ora arcaico ora regional ora diastrático).

Henrique (11.º 2.ª)

Henrique (Bom (-)) Pontos fortes Criação de monólogo de um jornalista de jornal tabloide para abordar o enredo do capítulo no que se refere à difamação engendrada por Dâmaso. Foi bem imaginada a situação; o texto consegue ser irónico, ancorando-se quer na crítica ao jornalismo moderno quer na personalidade de Salcede. Representação, ou leitura expressiva, boa também. Capacidades técnicas. Aspetos melhoráveis Slides inseridos (googlados) prejudicam a coerência do todo, embora perceba que muitos deles sejam espécie de comentário exterior do autor e, com efeito, tenham humor. A corrigir: «*em que águas anda-se a meter» («em que águas se anda a meter», porque ser uma estrutura subordinada impede a ênclise, obrigando a que o pronome fique antes do verbo); «satisfatoriamente aceito a sua proposta» («com satisfação»; «satisfatoriamente» tem outro sentido, o de ‘razoavelmente’, ‘aceitavelmente’); «*preocupar sobre a qualidade de vida dos meus filhos» («preocupar com a» ou «preocupar quanto à»); «*algo que lhe apenas vai chamar» («algo que apenas lhe vai chamar»); «que recebo esse merecimento» («que recebo o reconhecimento desse mérito»).

Carolina (11.º 2.ª)
Carolina (Suficiente/Suficiente (-)) Pontos fortes Leitura em voz alta mostra facilidade (não parece ter sido muito preparada, mas percebe-se que Carolina consegue ser expressiva, quando é preciso, embora devesse ser menos rápida). No texto criado há apartes ao relato principal, fora do texto de Eça e em linguagem coloquial, que foram bem pensados. Aspetos melhoráveis Houve pouco investimento neste trabalho (imagem quase única e nem mesmo essa original; texto também acaba por seguir muito o do próprio livro de Eça, apesar das tais pequenas inserções que elogiei). A corrigir: num dos slides iniciais, falta acento em «página».

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