Os Maias 14
Diana (11.º 4.ª)
Diana
(Bom -/Bom(-)) Pontos fortes Boa leitura em voz alta (clara
e no ritmo certo; só «de certeza» foi dito com demasiada rapidez) e bom texto (Carlos,
em carta a Maria Eduarda, faz retrospetiva do enredo, a pretexto de uma
pensamentos prospetivos: como teria sido se...). Aspetos melhoráveis Alcance do enredo abordado ultrapassa o que se
passa efetivamente no capítulo 14 (Guimarães só revela parentesco de Carlos e
Maria Eduarda no cap. XVI), mas não sei se foi propositada esta prolepse ou se
resultou de algum lapso. Imagens da Suíça são bonitas mas repetidas e,
sobretudo, acabam por constituir um cenário que não se articula com o texto (ou
seja: mais do que filme, temos um áudio com uma ilustração por trás, não googlada, é certo, mas um tanto desligada). Quanto a
mim, houve alguma economia de meios relativamente ao que a Diana conseguiria
fazer.
Soraia (11.º 9.ª)
Soraia (Suficiente-) Pontos fortes Percebe-se que, se
tivesse dedicado a este trabalho um mínimo de tempo (era a tarefa mais
importante do período!) e se estivesse mais dentro do livro que era para se ter
lido, Soraia tinha capacidades criativas e técnicas para fazer um trabalho interessante (é positivo
que não tenha deixado de fazer o trabalho, mas vê-se que faltou o investimento
que uma tarefa destas tem de ter). Ideia de criar biografia eguiana transposta
para os nossos dias era boa (mas há pouca ligação com o perfil de João da Ega,
não sentimos que este Ega seja um correspondente contemporâneo do de Eça). Aspetos melhoráveis Leitura em voz alta
pouco preparada. No texto, vários problemas de sintaxe ou de léxico (por exemplo:
«*[...] Estados Unidos, onde lá [...]» — o «onde» e «lá» não são compatíveis,
ambos são anáforas de ‘Estados Unidos’; «*fica num vale onde a única coisa que
por lá existe» manifesta o mesmo problema; «ir viver para a natureza» seria «ir
viver mais em comunhão com a natureza»; «deveu-se ao facto de que já teve uma
vida agitada» seria «deveu-se ao facto de que já tivera uma vida agitada»); enfim,
haveria que demorar mais tempo, reler e emendar (últimos segundos parecem quase
improvisados no momento, em vez de escritos).
Inês C.
& Teresa
(11.º 3.ª)
Teresa
& Inês C. (Muito Bom (-)) Pontos fortes Todo o pastiche-paródia (a
imitação é realista mas não deixa de resultar caricatural, por isso ‘pastiche e
paródia’) implica noção apurada das características de uma, digamos, Eça TV
(conhecimento dos tiques da informação televisiva dos nossos dias e leitura
atenta das duas obras de Eça). Inteligência no modo como resolveram o problema
de tratar simultaneamente Os Maias e A Ilustre Casa de Ramires. Muito trabalho
e atenção, sempre criativa, aos pormenores (e, naturalmente, domínio técnico —
embora eu admita que esse domínio terá advindo sobretudo da diligência de
resolver os problemas que se punham, logo, do tal rigor e empenho em fazer
bem). Faria só dois reparos à execução de tantas boas ideias: Inês, que representa
quase sempre bem, por vezes não olha rigorosamente em frente, como fazem os
locutores ao lerem o teleponto; à representação de Teresa na estrada de Ramilde
falta talvez mais ensaio (ou espontaneidade e descaramento?). Aspetos melhoráveis A linguagem nem sempre
se adaptou idealmente às contingências da passagem para o século XXI e aos
registos de cada subgénero televisivo (exemplos: em vez de «Castro Gomes» seria
talvez «um cidadão extra-comunitário, de nome Castro Gomes»; também boa parte
da intervenção de Gonçalo parece mais de discurso escrito do que de depoimento oral
em direto: «valentão de N.», por exemplo, implica assumir a distância de um
narrador que não seja quem depõe). A corrigir: nas legendas que transcrevem a introdução
de Sofia Barros ao Telejornal, o segmento «e a história da criada que descobriu
um escândalo de adultério» deveria estar a seguir a ponto e vírgula (para
manter o paralelismo com o resto da enumeração — ou seja, o facto de usarmos a
conjunção copulativa não nos exime de manter a pontuação que hierarquiza o
resto da lista) e, já agora, Juliana não «descobriu um escândalo de adultério»,
descobriu um adultério escandaloso ou, até melhor, descobriu um adultério cuja divulgação
resultará num escândalo; na legenda cerca de 2.53, «na qual» tem de ser
antecedido de uma vírgula, já que não é restritivo; «*para confrontar Carlos» (para
confrontar Carlos com...).
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