Os Maias 12
Beatriz B.
& Carolina D.
(11.º 9.ª)
Carolina D. &
Beatriz B. (Bom -) Pontos fortes Parte visual do trabalho
(bom gosto no grafismo, capacidade técnica) — é, enfim, uma boa solução, que,
como digo a seguir, foi um pouco desperdiçada em termos de texto. Leitura em
voz alta é clara, embora não tão perfeita como ambas as autoras seriam capazes
de fazer. Aspetos melhoráveis Texto não
acompanha a qualidade das imagens (parece-me seguir-se mais o resumo do
capítulo ou informações demasiado genéricas do que haver leitura da obra; há
alguns erros de redação; e eu pedira que evitassem a simples síntese do enredo).
A corrigir: «*do Celorico de *Bastos» (de Celorico de Basto); «estavam
presentes *Condessa» (estavam presentes a Condessa); «*Sousa de Neto» (Sousa
Neto); «teve de esperar [...] *para a chegada de Carlos» (teve de esperar [...]
pela chegada de Carlos; teve de esperar [...] que Carlos chegasse); «*pensa
oferecer-lhe uma de campo ao Craft» (3.08; [não percebo o que se pretendia
dizer: ‘pensa oferecer-lhe uma casa de campo comprada a Craft’?); «*preocupava-lhe
que acabassem as visitas» (preocupava-o que acabassem as visitas); «*e que
estavam destinados» (e que estavam destinados um ao outro). Poderá inferir-se
da sequência cerca de 0.40 que Maria Eduarda chegou a Lisboa vinda do Brasil, quando, na verdade, veio de França.
João S.
& Pedro T.
(11.º 2.ª)
Pedro T. & João S.
(Bom+/Muito Bom-, não longe de Muito Bom-) Pontos fortes Transposição do enredo de
Os Maias para um formato diferente (o
de um programa humorístico atual, que aliás inclui depois outro formato que
também se teve de adaptar) foi concebida e executada com saber
tecnológico, intuição estética ou artística, criatividade e, certamente, não pouco
trabalho. Inteligência no texto criado (fundado numa muito boa compreensão do
original), rigor nos diálogos reproduzidos (oralmente e nas legendas). Aspetos melhoráveis Nos diálogos, as
leituras em voz alta não são tão fluentes quando poderiam ser (embora se deva
louvar a busca de expressividade, talvez tenha havido aquele ligeiro excesso de
velocidade que advém de estarmos ansiosos ao ler em público). A corrigir: «de
cair o queixo» (de fazer cair o queixo); «é quando a pergunta se existe
literatura em Inglaterra» (é quando pergunta se existe literatura em Inglaterra).«Só
houvera» está no original de Eça porque o trecho transpõe fala para discurso indireto livre,
mas, usando-se agora diálogo propriamente dito, ter-se-ia de recorrer a «Só
houve»; pelas mesmas razões, em vez de «existira», seria «existiu», por «conseguira»,
«conseguiu», por «era ser», «é ser». Pronúncia dos nomes próprios franceses
«Thiers» (deveria ser aproximadamente [tiê]) e «Zola» ([zôlá]).
Margarida & Mikhaelly
(11.º 4.ª)
Mikhaelly
& Margarida (Bom + a caminho de Bom+/Muito Bom-) Pontos fortes Transposição para o nosso
século, que aliás não se ateve apenas ao simples enredo do capítulo, antes
mostrou conhecimento de todo o livro e seu enquadramento na história da literatura,
bem idealizada e executada. Texto muito inteligente e bem escrito (articulam-se
boa compreensão do livro, cultura geral, criatividade). Representações das duas
atrizes (boa a de Margarida, também bastante aceitável a de Mikhaelly —
inicialmente, hesitante, mas, progressivamente, com mais à-vontade, sobretudo no
papel de Dâmaso). Pontos melhoráveis
Não se ter conseguido evitar programa com marca de água (no entanto, houve tentativas
nesse sentido, o que já desculpa as autoras). A corrigir: pronúncia de «telespe[k]tadores»
(o som /k/ já não se costuma dizer, o que, note-se, não é uma consequência do acordo
ortográfico).
Beatriz (11.º 3.ª)
Beatriz (Bom, ou mesmo Bom (+)) Pontos fortes Boa relação entre
o vídeo (cena atual no âmbito dos amores Maria Eduarda / Carlos) e Os Maias: transposição, que revela, ao
mesmo tempo, conhecimento do capítulo e perceção fina do discurso e sociedade atuais
— de tal como que, sendo trabalho que cumpre bem o seu objetivo escolar,
consegue valer mesmo independentemente desse objetivo. Muito boa representação
(nada fácil, porque durante imenso tempo, sozinha em cena). Aspetos melhoráveis Extensão demasiada
(uma das condições do cinema é a síntese, o cinema dá-nos a vida real por
amostragem; neste filme, temos a vida em tempo real), o que acaba por,
injustamente, banalizar um pouco um conjunto que é subtil e sofisticado. A corrigir
(embora se tenha de reconhecer que, como se procura imitar a oralidade, a
sintaxe esperável é mesmo esta): «*O homem que eu gosto» (o homem de que eu gosto);
ao contrário, «um sorriso rasgado no rosto» ou «extremamente + adj.» parecem-me pouco naturais no
discurso de quem fala ao telefone.
Francisco (11.º 4.ª)
Francisco (Bom (-)) Pontos fortes
Intuição para cinema/teatro (visível nos elementos de caracterização, nos
adereços, em capacidades de representação, mesmo quando se vê também que faltou
tempo para se decorar o texto). Conceção: ideia simples mas que se revela eficaz
(desfile de personagens, que deixam depoimentos). Aspetos melhoráveis Representação precisava de ser mais ensaiada. Texto
também teria de ser mais elaborado (creio que se baseia muito nas sínteses de
manuais/sebentas).
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