Monday, August 25, 2025

Aulas (40-55)

Aula 40 e 43 (10 [1.ª, 2.ª, 3.ª] e 17/nov [2.ª, 3.ª]) Revisão de características de Fernando Pessoa (ortónimo).

«Autopsicografia» (p. 27), de Fernando Pessoa, e responde:

1. Na 1.ª quadra é apresentada uma tese. Identifica-a e explica-a, considerando: a dor fingida pelo poeta (no poema)/a dor sentida pelo poeta (na vida real); o paradoxo presente nos vv. 3-4.

«______________» é a tese apresentada no poema. Significa que o poeta finge uma dor que não coincide com a dor sentida na _____. A dor escrita é uma invenção, uma transfiguração, criada pela _______.

2. A 2.ª quadra refere-se à sensação/sentimento que o poema provoca nos leitores. Explicita o que sentem os leitores, considerando o jogo: «as duas (dores) que ele (o poeta) teve» / «a dor lida» / «a (dor) que eles não têm».

Os leitores sentem uma dor que não é a que o poeta sentiu, nem a que ele _______, mas que é a sua não-dor.

3. Experimenta interpretar as metáforas contidas na última estrofe, na qual se estabelece a dicotomia «razão»/«coração» (intelecto/emoção). Relaciona essa dicotomia com a tese apresentada na 1.ª estrofe.

A última estrofe apresenta, metaforicamente, a relação entre ______ e _____. O coração é um comboio de corda, regulado pelas __________. A razão é uma realidade à parte, mas estimulada (entretida) pelo ___________.

4. Interpreta agora o título do poema, considerando os três constituintes da palavra: auto + psico + grafia.

Tendo em conta o significado de cada um dos elementos que compõem o título, «autopsicografia» remete para . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .

5. Analisa a estrutura formal do poema.

O poema é constituído por três _____, de versos ______ (também designados versos de «_____ maior»), com o esquema rimático ______ (portanto, em rima ______).

6. Expõe a teoria do «fingimento poético» apresentada neste poema.

De acordo com o poema, a criação poética assenta no _______, na medida em que um poema não diz o que o poeta _______, mas aquilo que imagina a partir do que anteriormente sentiu. O poeta é um fingidor, porque escreve uma ________ fingida, fruto da razão e da imaginação, e não a emoção sentida pelo coração, que apenas chega ao poema transfigurada, na tal emoção ________ poeticamente, imaginada. Quanto ao _______, apenas sente a emoção que o poema lhe suscita, que será diferente da do próprio poema. A poesia, a arte, é a intelectualização da ________.

«Isto» (p. 30), também do ortónimo, e responde, usando as frases já começadas:

1. Na 1.ª estrofe, o poeta opõe a «imaginação» (razão) ao «coração» (emoção). Qual deles utiliza?

Ao escrever, o poeta usa ________.

2. Na 2.ª estrofe, compara todas as suas emoções (sonhos, vivências, ausências, perdas) a um «terraço». Como interpretas essa comparação?

As emoções são semelhantes a _______________.

3. Nesse terraço de emoções, o poeta procura «outra coisa» — a emoção estética. Qual o verso que a refere?

«. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .. . . . . . .».

4. Para encontrar essa emoção estética, como escreve o poeta? Sobre que escreve? (Interpreta os quatro primeiros versos da última estrofe.)

O poeta escreve distanciado daquilo que sentiu anteriormente («__________»), sem _______ («livre do meu enleio»).

5. Mostra a ironia presente neste poema.

O último verso é irónico, . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .. . . . . . .

6. Analisa a estrutura formal do poema.

O poema apresenta grande regularidade formal: são três estrofes de cinco versos (isto é, três _______), de ___ sílabas métricas, com o esquema rimático _________ (portanto, de rima __________ e _________).

7. Estabelece a relação entre os poemas «Isto» e «Autopsicografia».

Os poemas «Autopsicografia» e «Isto» têm como tema comum o _________. Neles, o poeta expõe o seu conceito de poesia enquanto intelectualização da ______.

Completa o ponto 1 de «À letra», na p. 29:

1. Relê os versos finais de «Autopsicografia» (p. 27) e atenta na forma verbal destacada: «Gira, a entreter a razão, / Esse comboio de corda / Que se chama coração.» Completa as frases seguintes com a forma do verbo «entreter», no tempo e no modo indicados entre parênteses.

a. As dores reais do poeta ___________ (pretérito imperfeito do indicativo) a razão.

b. Espero que os versos «fingidos» ___________ (presente do conjuntivo) os leitores.

c. Eu sempre me __________ (pretérito perfeito simples do indicativo) com a obra pessoana.


[Questionário de gramática]

Não uses o manual nem nenhum outro material para além desta folha e de lápis ou caneta. Em todos os casos, deves escrever um dos termos que ponho entre parênteses no enunciado. Não é obrigatório que estejam representados nas frases todos esses termos. (Se não souberes, evita escrever ao calhas.)

Versão com Quenda a chutar mal

Classifica quanto ao processo irregular de formação de palavras (extensão semântica, empréstimo, truncação, amálgama, sigla, acrónimo, onomatopeia):

Kamela (< Kamala + camela)

 

dossiê (< fr. dossier)

 

Santi (< Santiago)

 

IVA (pronunciado iva)

 

vírus [informática] < vírus

 

zumbir (< do som do inseto a esvoaçar)

 

Ota (< Otamendi)

 

domótica (< domos [‘casa’] + informática)

 

SLB (pronunciado esseelebê)

 

Classifica quanto ao valor aspetual (genérico, perfetivo, imperfetivo, habitual, iterativo):

Quenda chutou mal.

 

O King é o herói da aldeia.

 

O King costuma seguir a dona por toda a parte.

 

Olímpia andava a passear pelos campos.

 

Olímpia tem revelado, cada fim de semana, múltiplos sinais de Alzheimer.

 

Fernando Pessoa bebia aguardente.

 

Classifica quanto à modalidade (deôntica, epistémica, apreciativa):

O Benfica já não deve apurar-se para a próxima fase da Champions.

 

Segundo as medidas de coação aplicadas, o rapaz que matou a mãe não pode sair da instituição.

 

Ufa! Tanta gramática!

 

Fernando Pessoa nasceu em 1888.

 

Tens de estudar mais os valores modais.

 

Classifica quanto à função sintática os constituintes sublinhados (sujeito, vocativo, modificador apositivo do nome, modificador restritivo do nome, complemento do nome, complemento do adjetivo, predicado, complemento direto, complemento indireto, complemento oblíquo, agente da passiva, predicativo do sujeito, predicativo do complemento direto, modificador do grupo verbal, modificador de frase):

Fábio Loureiro fugiu para Marrocos.

 

Os jornalistas elegeram Dembélé bola de ouro.

 

Desenlacemos as mãos.

 

Delegados e subdelegados nomearam representante suplente dos alunos o Francisco.

 

A alteração do futebol do Benfica é mérito de Lukebakio.

 

Em Chaves, um cão matou uma criança.

 

A Cova da Moura, que visitei há anos para fazer inquéritos dialetológicos, é pacata.

 

Li que a rapidez do automóvel trouxe novos estímulos.

 

Estão aí as intercalares.

 

Mourinho, que os fãs admiram, usa a Uber Eats.

 

A falecida avó do menino, que era de Faiões, também era muito boa pessoa.

 

Fernando Valente, o principal suspeito, pode ser acusado até final do mês.

 

Quatro dos golos foram marcados por Gyökeres.

 

Estou certo de que a próxima edição será um sucesso.

 

Os alunos ultrapassaram-me na chegada ao bloco.

 

A Amorim os sportinguistas desejam muitas felicidades.

 

A tia faleceu, porque tinha um duende no peito.

 

O afilhado de Marco Paulo ficou podre de rico.

 

Na Europa consideram-nos muito simpáticos.

 

Não tremas, Terra, porque não queremos mais um terremoto.

 

 

Versão com advogado de Sócrates a renunciar

Classifica quanto ao processo (irregular) de formação de palavras (extensão semântica, empréstimo, truncação, amálgama, sigla, acrónimo, onomatopeia):

chave [‘solução’] < chave, ‘instrumento que abre portas, cofres, etc.’

 

TAP (pronunciado tape)

 

ronrom (< do ruído da traqueia do gato)

 

Mana (< Manaen)

 

nega (< negativa)

 

Chalanix (< Chalana + Asterix)

 

ateliê (< fr. atelier)

 

TPC (pronunciado tepecê)

 

espanglês (< espanhol + inglês)

 

Classifica quanto ao valor aspetual (genérico, perfetivo, imperfetivo, habitual, iterativo):

Pessoa fazia traduções em firmas de amigos.

 

Em Faiões, a criança foi atacada pelo cão.

 

A Judiciária está a investigar a morte da criança.

 

A família costumava visitar os avôs sempre que possível.

 

Esta raça de cães tem ocasionado todas as semanas notícias tristíssimas.

 

A cadela é do avô do menino.

 

Classifica quanto à modalidade (deôntica, epistémica, apreciativa):

É uma tristeza estudarem tão pouco!

 

A renúncia do advogado de Sócrates deve ser uma estratégia da defesa.

 

A juíza não pode pactuar com estas manobras dilatórias.

 

Traz-me o facalhão, Heliodoro.

 

No dia 20 a escola faz quarenta e quatro anos.

 

Classifica quanto à função sintática os constituintes sublinhados (sujeito, vocativo, modificador apositivo do nome, modificador restritivo do nome, complemento do nome, complemento do adjetivo, predicado, complemento direto, complemento indireto, complemento oblíquo, agente da passiva, predicativo do sujeito, predicativo do complemento direto, modificador do grupo verbal, modificador de frase):

Abriguem-se, alunos, porque vem aí um exercício de prevenção.

 

Designaram Joana Domingues representante dos alunos no Conselho Geral.

 

A tradução de poemas é sempre um grande desafio.

 

Georgina só agora regressou do hospital.

 

Os dragartos acharam Bruno Lage uma ótima escolha.

 

Dentro de poucos dias começam umas pequenas férias.

 

As cheias em Barcelona preocupam-nos.

 

Há cada vez mais mulheres interessadas em praticar longboard dancing.

 

O homem que matou a sua companheira não sabe o que lhe passou pela cabeça.

 

Olha que são só dois douradinhos.

 

Matilde Mourinho, que é joalheira, casou-se em Azeitão.

 

Mourinho, que os fãs adoram, encomenda muita coisa pela Uber Eats.

 

Filomena Silva, a tia da grávida da Murtosa, passou dias e dias sem dormir.

 

Porque há eleições para a AE, a escola está barulhenta.

 

O orçamento de estado foi aprovado pela maioria dos deputados.

 

Na prisão de Vale de Judeus, os telemóveis são mais que muitos.

 

Ao Sporting só pagam a cláusula.

 

A grávida da Murtosa continua desaparecida.

 

Abraço-te por mais este bom resultado.

 

Vem sentar-te comigo.

 


 

Aula 41-42 (11 [1.ª, 2.ª], 13/nov [3.ª]) 

No Secundário (10.º ano), o estudo dos Lusíadas centra-se em dois aspetos, para além da revisão da estrutura da obra: (i) mitificação do herói; (ii) reflexões do Poeta. Na aula de hoje faremos uma síntese das estratégias usadas para a mitificação do herói.

Eis a parte B do Grupo I do exame de 2019, 2.ª fase. O texto era constituído pelas estâncias 26 a 29 do canto VI de Os Lusíadas. Resolve só a pergunta 5 e, se tiveres tempo, depois, a 6.



4. Explicite as estratégias argumentativas utilizadas por Baco (estâncias 27 e 28) para convencer Neptuno, Oceano e os outros deuses marinhos a serem seus aliados.

. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .

5. Apresente dois aspetos distintos que, na estância 29, evidenciem a mitificação do herói, fundamentando cada um deles com uma transcrição pertinente.

[Resposta a 5 [para ajudar, fica esta «tradução» da estância 29:

“Vistes que, com extraordinária ousadia, [os homens, como Ícaro,] já tentaram voar pelo céu.

Vistes a sua tresloucada audácia, arriscando-se ao mar com velas e com remos.

Vistes, e quotidianamente as estamos vendo ainda, tais soberbas e insolências dos mortais, que receio venham a ser, dentro de poucos anos, deuses do mar e do céu, enquanto que nós desceremos à categoria de simples homens.”]:

. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .

6. Complete as afirmações abaixo apresentadas, selecionando da tabela a opção adequada a cada espaço. Na folha de respostas, registe apenas as letras e o número que corresponde à opção selecionada em cada um dos casos.

Nestas estâncias, são utilizados alguns recursos expressivos frequentes em Os Lusíadas: na expressão «peito oculto» (v. 3), está presente uma      a)     ; a apóstrofe ocorre, por exemplo, em        b)       .

a)

b)

1. personificação

1. «o mar irado» (v. 10)

2. anástrofe

2. «padre Oceano» (v. 13)

3. metáfora

3. «fracos e atrevidos» (v. 24)

4. comparação

4. «humanos» (v. 32)

https://www.rtp.pt/play/p4460/e808293/1986

Completa depois de vermos partes do episódio 1 da série 1986, criada por Nuno Markl e realizada por Henrique Oliveira, e de lermos umas estâncias de Os Lusíadas, de Camões:

Os Lusíadas

1986

Herói é ______. São os portugueses, incluindo, no plano da viagem, os navegantes, com destaque para Vasco da Gama, e, no plano da ______, os reis e outros famosos que praticaram atos gloriosos.

Herói é individual. É ______, que alterna entre o plano do sonho, em que se imagina em situações heroicas, e o plano da ______, em que sofre frustrações e é chamado à razão pelas outras personagens, quando acorda.

Sujeito e personagens mitificam o herói

Protagonista «automitifica-se»

Os portugueses vencem, com audácia e destemor, perigos que o poeta vai superlativando. No canto V, o _____ assinala essa superação (o gigante diz terem sido os portugueses os únicos que o venceram).

Tiago imagina-se um herói à imagem do protagonista de Amanhecer Violento, capaz de alvejar o seu opositor em defesa da heroína (que se percebe ser ______, ainda que caracterizada como nas aventuras do filme a que se alude).

Logo na Proposição o sujeito poético considerara os feitos que relataria superiores aos narrados nas ______ antigas. É frequente a comparação com outros heróis míticos (por exemplo, na Dedicatória a D. Sebastião — cfr. p. 311, canto I, est. 18 —, os portugueses são identificados com os _______).

Além da emulação através de figuras do cinema e da música, Tiago tem em conta também uma referência de ordem ______ (tendo-lhe sido aconselhados os Contos do Gin Tonic, de Mário-Henrique Leiria, decide que não se pode comportar passivamente, como fazia, com maus resultados, a ______ de um dos textos).

Os discursos de Vasco da Gama ao Rei de ______ (cantos III-IV) e de Paulo da Gama ao Catual (VII) servem para recordar atos heroicos dos portugueses fora do eixo da viagem, convencendo-nos, e aos ouvintes indígenas, da excelência dos _______.

A canção referida ironicamente por Marta, «_______ Boy», saída em 1985, da banda italiana Baltimora, e que estaria na moda à época em que decorre a ação, leva o protagonista a imaginar-se no centro das atenções, desta vez enquanto vedeta _______.

Os deuses reconhecem o valor dos portugueses. _______ interessa-se por eles, protege-os, defende-os perante Júpiter e há de recompensar a sua bravura com a Ilha dos Amores. Já _____ receia ver-se vencido pelos portugueses.

Na sua vontade de corresponder a um perfil heroico (aliás, «cool»), Tiago gaba-se de ser ____. Marta acabará por aceitar o oferecimento de Tiago para essas funções, o que será a única _______ recebida pelo herói.

A Ilha dos Amores (IX-X) é o prémio que simboliza a imortalidade do herói épico. Os marinheiros são aí elevados à condição de deuses, convivendo com as ______, que os procuram _______, ainda que fingindo fugir-lhes.

Em sonho, Tiago imagina que _______, num cenário que lembra o que se diria adequado à Ilha dos Amores (ou a anúncio de champôs), o procura _______, embora, na situação real, se limite a passar por ele no bloco B.

Vai até à p. 134 do manual. Usando, a certa altura, o termo «mitificação do herói», escreve um comentário em que te reportes quer às estâncias 145-146 do canto X dos Lusíadas quer à letra de «Os Lusíadas» dos Anaquim. Faz, pelo menos, uma citação de cada um dos textos. A caneta.

Os Lusíadas (Anaquim)

Este é o nosso triste fado
Do vamos andando e do pobre coitado
Velha canção em que a culpa é do estado
Por ser o espelho do reinado

 

E a história por mais do que uma vez
Foi mais cruel que a de Pedro e Inês
Levou-nos o que tanta falta nos fez
Sem deixar razões ou porquês

 

Temos fuga ao fisco, estradas de alto risco
Temos valiosos costumes e tradições
Que eu não percebo se nos maldizemos
Quais as razões

 

Temos chico-espertos, burlas e protestos
Temos tantos motivos para sorrir
Que eu nem imagino qual será a desculpa
Que vem a seguir

 

Gosto tanto deste país
Só não entendo o que o faz feliz
Se é rir da miséria de outros quando a vemos
Ou chorar da nossa própria quando a temos

 

Gosto tanto deste país
Só não entendo quando ele se diz
Senhor do futuro maduro, duro mas seguro
E eu juro que ainda não o vi

 

Os queixumes, sei-os de cor
Endereçados a nosso senhor
Intercalados com suspiro ou dor
De um bom sofredor

 

Dentro de momentos seguem-se os lamentos
Não há dinheiro para os medicamentos
Não há dinheiro para tanto sustento
Tão longe vão outros tempos

 

Gosto tanto deste país
Só não entendo o que o faz feliz
Se é rir da miséria de outros quando a vemos
Ou chorar da nossa própria quando a temos

 

Gosto tanto deste país
Só não entendo quando ele se diz
Senhor do futuro maduro duro mas seguro
Eu juro que ainda não o vi

. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .

[Solução para comentário em torno de Anaquim, «Os Lusíadas» & Luís de Camões, Os Lusíadas, canto X, 145-146:]

Quer as estâncias dos Lusíadas (canto X, ests. 145-146) quer a letra da canção dos Anaquim transmitem a deceção dos respetivos sujeitos poéticos, desiludidos com o estado da sociedade portuguesa, numa decadência ilustrada com «fuga ao fisco, estradas de alto risco», «chico-espertos, burlas», «não [haver] dinheiro para medicamentos», etc. (na canção) e sintetizada na afirmação de que a pátria «está metida / No gosto da cobiça e na rudeza / Dhũa austera, apagada e vil tristeza» (145, vv. 6-8).

Não se esquecem os poetas, porém, de mitificar os seus heróis e Portugal, o que se nota particularmente no elogio dos portugueses dirigido a D. Sebastião no dístico final da estrofe 146 («Olhai que sois [...] / Senhor só de vassalos excelentes») e, na canção, ainda que em clave talvez irónica, na repetição do verso «Gosto tanto deste país».

Aliás, o título da canção, «Os Lusíadas», também tem de ser lido como ironia, uma vez que toda a letra é antiépica, recusa a glória que os verdadeiros Lusíadas tiveram como meta enaltecer.

 

 

Aula 44 (13 [1.ª], 14/nov [2.ª, 3.ª]) Correção de questionário de gramática.

Versão com Quenda a chutar mal

Kamela (< Kamala + camela)

amálgama

dossiê (< fr. dossier)

empréstimo

Santi (< Santiago)

truncação

IVA (pronunciado iva)

acrónimo

vírus [informática] < vírus

extensão semântica

zumbir (< do som do inseto a esvoaçar)

onomatopeia

Ota (< Otamendi)

truncação

domótica (< domos [‘casa’] + informática)

amálgama

SLB (pronunciado esseelebê)

sigla

 

Quenda chutou mal.

perfetivo

O King é o herói da aldeia.

genérico

O King costuma seguir a dona por toda a parte.

habitual

Olímpia andava a passear pelos campos.

imperfetivo

Olímpia tem revelado, cada fim de semana, múltiplos sinais de Alzheimer.

iterativo

Fernando Pessoa bebia aguardente.

imperfetivo

 

O Benfica já não deve apurar-se para a próxima fase da Champions.

epistémica

Segundo [..], o rapaz [...] não pode sair da instituição.

deôntica

Ufa! Tanta gramática!

apreciativa

Fernando Pessoa nasceu em 1888.

epistémica

Tens de estudar mais os valores modais.

deôntica

 

Fábio Loureiro fugiu para Marrocos.

complemento oblíquo

Os jornalistas elegeram Dembélé bola de ouro.

predicativo do complemento direto

Desenlacemos as mãos.

predicado

Delegados e subdelegados nomearam representante suplente dos alunos o Francisco.

predicativo do complemento direto

A alteração do futebol do Benfica é mérito de Lukebakio.

complemento do nome

Em Chaves, um cão matou uma criança.

modificador do grupo verbal

A Cova da Moura, que visitei há anos para fazer inquéritos dialetológicos, é pacata.

complemento direto

Li que a rapidez do automóvel trouxe novos estímulos.

complemento direto

Estão aí as intercalares.

sujeito

Mourinho, que os fãs admiram, usa a Uber Eats.

modificador apositivo do nome

A falecida avó do menino, que era de Faiões, também era muito boa pessoa.

sujeito

Fernando Valente, o principal suspeito, pode ser acusado até final do mês.

modificador apositivo do nome

Quatro dos golos foram marcados por Gyökeres.

agente da passiva

Estou certo de que a próxima edição será um sucesso.

complemento do adjetivo

Os alunos ultrapassaram-me na chegada ao bloco.

complemento direto

A Amorim os sportinguistas desejam muitas felicidades.

complemento indireto

A tia faleceu, porque tinha um duende no peito.

modificador do grupo verbal

O afilhado de Marco Paulo ficou podre de rico.

predicativo do sujeito

Na Europa consideram-nos muito simpáticos.

complemento direto

Não tremas, Terra, porque não queremos mais um terremoto.

vocativo

Versão com advogado de Sócrates a renunciar

chave [‘solução’] < chave, ‘instrumento que abre portas, cofres, etc.’

extensão semântica

TAP (pronunciado tape)

acrónimo

ronrom (< do ruído da traqueia do gato)

onomatopeia

Mana (< Manaen)

truncação

nega (< negativa)

truncação

Chalanix (< Chalana + Asterix)

amálgama

ateliê (< fr. atelier)

empréstimo

TPC (pronunciado tepecê)

sigla

espanglês (< espanhol + inglês)

amálgama

 

Pessoa fazia traduções em firmas de amigos.

imperfetivo

Em Faiões, a criança foi atacada pelo cão.

perfetivo

A Judiciária está a investigar a morte da criança.

imperfetivo

A família costumava visitar os avôs sempre que possível.

habitual

Esta raça de cães tem ocasionado todas as semanas notícias tristíssimas.

iterativo

A cadela é do avô do menino.

genérico

 

É uma tristeza estudarem tão pouco!

apreciativa

A renúncia do advogado de Sócrates deve ser uma estratégia da defesa.

epistémica

A juíza não pode pactuar com estas manobras dilatórias.

deôntica

Traz-me o facalhão, Heliodoro.

deôntica

No dia 20 a escola faz quarenta e quatro anos.

epistémica

 

Abriguem-se, alunos, porque vem aí um exercício de prevenção.

vocativo

Designaram Joana Domingues representante dos alunos no Conselho Geral.

predicativo do complemento direto

A tradução de poemas é sempre um grande desafio.

complemento do nome

Georgina só agora regressou do hospital.

complemento oblíquo

Os dragartos acharam Bruno Lage uma ótima escolha.

predicativo do complemento direto

Dentro de poucos dias começam umas pequenas férias.

sujeito

As cheias em Barcelona preocupam-nos.

complemento direto

Há cada vez mais mulheres interessadas em praticar longboard dancing.

complemento do adjetivo

O homem que matou a sua companheira não sabe o que lhe passou pela cabeça.

modificador restritivo do nome

Olha que são só dois douradinhos.

complemento direto

Matilde Mourinho, que é joalheira, casou-se em Azeitão.

sujeito

Mourinho, que os fãs adoram, encomenda muita coisa pela Uber Eats.

complemento direto

Filomena Silva, a tia da grávida da Murtosa, passou dias e dias sem dormir.

modificador apositivo do nome

Porque há eleições para a AE, a escola está barulhenta.

modificador do grupo verbal

O orçamento de estado foi aprovado pela maioria dos deputados.

agente da passiva

Na prisão de Vale de Judeus, os telemóveis são mais que muitos.

modificador do grupo verbal

Ao Sporting só pagam a cláusula.

complemento indireto

A grávida da Murtosa continua desaparecida.

predicativo do sujeito

Abraço-te por mais este bom resultado.

complemento direto

Vem sentar-te comigo.

predicado

 

A parte B do Grupo I da prova de exame de Português mais recente (2024, 2.ª fase) aproveitava uma ode de Ricardo Reis. (A parte A do mesmo Grupo I usava um texto de A Cidade e as Serras, de Eça de Queirós; a parte C — ou item 7 — pedia uma «breve exposição» em que se compararia uma pintura de René Magritte e o texto da parte A.)

PARTE B

Leia o poema e as notas.

 

As rosas amo dos jardins de Adónis1,

Essas volucres2 amo, Lídia, rosas,

               Que em o dia em que nascem,

               Em esse dia morrem.

5             A luz para elas é eterna, porque

Nascem nascido já o sol, e acabam

               Antes que Apolo3 deixe

               O seu curso visível.

Assim façamos nossa vida um dia,

10           Inscientes4, Lídia, voluntariamente

               Que há noite antes e após

               O pouco que duramos.

Ricardo Reis, Poesia, edição de Manuela Parreira da Silva, Lisboa, Assírio & Alvim, 2000, pp. 13-14.

NOTAS

1 Adónis – jovem da mitologia grega, símbolo de beleza masculina.

2 volucres – efémeras.

3 Apolo – deus grego do sol.

4 Inscientes – ignorantes.

* 4. Explicite a importância da referência aos elementos da natureza para o desenvolvimento do pensamento do sujeito poético.

. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .

[Solução possível:

As rosas representam a efemeridade da vida. São «volucres» (v. 2), pois, «em o dia em que nascem» (v. 3), morrem, pelo que ilustram o carácter transitório da existência. Por outro lado, uma vez que «nascem nascido já o Sol» (v. 6) e perecem antes que ele se ponha, «a luz para elas é eterna» (v. 5), o que deve inspirar os humanos a aproveitarem moderadamente a vida, conscientes da sua finitude, semelhante à de «um dia» (v. 9) das rosas.

O curso diurno do sol representa a duração da vida: para a rosa, um dia; para o ser humano, uma passagem efémera («O pouco que duramos» v. 12).]

* 5. Explique os quatro últimos versos do poema, tendo em conta o ideal de vida defendido pelo sujeito poético.

. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .

[Solução possível:

Face à constatação da efemeridade da vida, o sujeito poético aconselha Lídia a que viva o momento presente («Assim façamos nossa vida um dia» v. 9), de acordo com o princípio epicurista do carpe diem, único caminho para a felicidade e para a ausência de dor, assumindo uma atitude de indiferença face à passagem do tempo, num esforço de autodisciplina. Exorta-a a assumir uma atitude deliberada de aceitação da efemeridade da vida e da inevitabilidade da morte («há noite antes e após / O pouco que duramos» vv. 11-12).]

6. Complete as afirmações abaixo apresentadas, selecionando a opção adequada a cada espaço. Na folha de respostas, registe apenas as letras – a) e b) – e, para cada uma delas, o número que corresponde à opção selecionada.

No poema apresentado, constata-se o classicismo da poesia de Ricardo Reis, nomeadamente através do recurso à _______ [a)], nos versos 7 e 8. O carácter moralista da poesia deste heterónimo pessoano é indiciado pelo uso de verbos conjugados na primeira pessoa do modo conjuntivo, como ocorre _______ [b)]

a)

b)

1. perífrase

2. hipérbole

3. metonímia

1. no verso 12

2. no verso 1

3. no verso 9

 

 

Aula 45-46 (18 [3.ª], 21 [1.ª], 22/nov [4.ª]) 

Abordaremos ainda outra subdivisão temática que é costume considerar no estudo de Fernando Pessoa ortónimo: os poemas que revelam a nostalgia da infância. Vejamos na p. 45 «Pobre velha música». Lê o poema, verso a verso, e preenche:

v. 1

Neste verso, podemos notar a ______ adjetivação que qualifica «música». Além disso, como acontece geralmente quando os adjetivos precedem os nomes, pelo menos «pobre» não tem aqui o seu sentido mais objetivo (denotativo), antes adquire um valor subjetivo (________), talvez próximo de ‘infeliz’, ‘saudosa’ (na verdade, não sei bem).

v. 2

O «por que» não pode ser confundido com a conjunção subordinativa causal «________». Com efeito, equivale a «por qual [agrado]», sendo o «que» um determinante relativo. No outro dia, exemplifiquei a mesma situação com «por que motivo» ou «por que razão».

v. 3

«lágrimas» não rima com «música». Ou seja, a rima desta quadra não é completamente _______, é A-B-C-B, só os vv. 2 e 4 rimam, como é habitual nas quadras verdadeiramente populares.

v. 4

Embora feche a frase, «Meu olhar parado» desempenha a função sintática de _______ (ou seja, há um leve hipérbato, uma vez que a ordem mais natural da frase seria com o sujeito à cabeça: «Meu olhar parado enche-se de lágrimas»).

v. 5

Nota que é «Recordo» (não é «Relembro, como vocês diriam). O mais interessante é o complemento direto «outro ouvir-te», com um _______ (e pronome) a servir de nome.

v. 6

O «te» é complemento ______ (na 3.ª pessoa, teríamos «a» ou «o», não «lhe»). Verifiquemos a métrica: este verso é _________. (Tem em conta que «te ou» conta como uma só sílaba: «t’ou».) Todos os versos do poema são de redondilha menor.

v. 7

«Nessa minha infância» parece acolher a possibilidade de o poeta ter tido _______ infâncias, o que talvez remeta para a distinção entre a infância vivida efetivamente, mas com o poeta inconsciente da felicidade que ela lhe poderia trazer, e aquela que ele agora racionaliza (no fundo, fictícia). Isto lembra-nos outros tópicos do ortónimo: a ‘dor de pensar’ e o ‘________ artístico’.

v. 8

O referente do termo anafórico «ti» é «________». (Já agora: podemos dizer que o «te» do v. 5 faz parte da mesma cadeia anafórica.)

v. 9

Em «ânsia tão raiva», o que há de original é usar-se um _____ («raiva») quando se esperaria um adjetivo («______»).

v. 10

Neste verso o complemento direto («aquele outrora») integra um determinante («aquele») e um ______ («outrora»). Usa-se um advérbio como se fosse um nome.

v. 11

Provavelmente, neste verso alude-se à impossibilidade de conjugar _____ e sentimentos espontâneos (que levava o poeta a invejar gatos e ceifeiras). O paradoxo é o de que só se pode ser feliz se não se souber que se está a ser feliz.

v. 12

«Fui-o outrora agora» é um verso que, em termos das regras de coesão e coerência, seria reprovado. Mas, é claro, o valor de um texto literário está mesmo na originalidade com que são quebradas essas regras. O sujeito poético assume que, no presente, quando racionaliza uma felicidade que não sabe se, no _____, sentiu efetivamente, é feliz (decerto nos termos do que estipulou no chamado ‘fingimento artístico’).

Relanceia, à esquerda, «Pedrouços» (p. 44) e o esquema que explica estoutro texto de nostalgia da infância.

Escreve a função sintática ao lado dos segmentos que fui sublinhando, da letra de «A Paixão (segundo Nicolau da Viola)» (Rui Veloso, Mingos & Samurais, 1990).

«A Paixão (segundo Nicolau da Viola)»

(Carlos Tê / Rui Veloso-Carlos Tê)

Tu eras aquela que eu mais queria    ________

Para me dar algum conforto e companhia    ________

Era só contigo que eu sonhava andar

Para todo o lado e até quem sabe talvez casar

 

Ai o que eu passei só por te amar

A saliva que eu gastei para te mudar

Mas esse teu mundo era mais forte do que eu    ______

E nem com a força da música ele se moveu

 

Mesmo sabendo que não gostavas

Empenhei o meu anel de rubi

P’ra te levar ao concerto que havia no Rivoli    ______

 

E era só a ti que eu mais queria

Ao meu lado no concerto nesse dia    ______   ______

Juntos no escuro de mão dada a ouvir

Aquela música maluca sempre a subir

Mas tu não ficaste nem meia hora

Não fizeste um esforço p’ra gostar e foste embora

 

Contigo aprendi uma grande lição

Não se ama alguém que não ouve a mesma canção    ______

 

Mesmo sabendo que não gostavas    ______

Empenhei o meu anel de rubi

P’ra te levar ao concerto que havia no Rivoli    ______

 

Foi nesse dia que percebi

Nada mais por nós havia a fazer

A minha paixão por ti era um lume

Que não tinha mais lenha por onde arder    ______

 

Mesmo sabendo que não gostavas

Empenhei o meu anel de rubi

P’ra te levar ao concerto que havia no Rivoli    ______

Lido «O avô e o neto» (p. 42), explica a dimensão narrativa do poema, delimitando os momentos do episódio relatado e mostrando como a nostalgia da infância é tratada.

. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .

Escreve frases introduzidas por «Lembro-me que», que reportem um episódio, um simples incidente, bom ou mau, possivelmente insignificante, mas que ficou registado para sempre na tua memória. (Cfr. frases de Luís Maio — na Fugas —, no estilo que pretendo.)

Lembro-me que ... .

Lembro-me que ... .

Lembro-me que ... .

Lembro-me que ... .

Lembro-me que ... .

Lembro-me que ... .

 

TPC — Volto a pedir para leres o que escrevi em «Como vai ser o "Projeto de leitura"», para me poderes dizer alguma coisa sobre o assunto.

 

 

Aula 47 (17 [2.ª, 3.ª], 18/nov [1.ª]) A Parte B do Grupo I da prova nacional de Português do ano passado (2024, 1.ª fase) usou um texto de Álvaro de Campos que tem que ver com a nostalgia da infância (que já conhecemos quer no ortónimo quer, precisamente, em Álvaro de Campos).

PARTE B

Leia o poema.

Depus a máscara e vi-me ao espelho...

Era a criança de há quantos anos...

Não tinha mudado nada...

 

É essa a vantagem de saber tirar a máscara.

5             É-se sempre a criança,

O passado que fica,

A criança.

 

Depus a máscara, e tornei a pô-la.

Assim é melhor.

10           Assim sou a máscara.

 

E volto à normalidade como a um términus de linha.

Álvaro de Campos, Poesia, edição de Teresa Rita Lopes, Lisboa, Assírio & Alvim, 2002, p. 514.

*4. Explique a importância da máscara na construção da dualidade do sujeito poético, tal como é apresentada ao longo do poema.

*5. Depois de tirar a máscara, o sujeito poético opta por tornar a pô-la.

Justifique essa opção, com base em dois aspetos significativos.

6. Considere as afirmações seguintes sobre o poema.

I. O ato de se ver ao espelho sugere o desejo de autoconhecimento por parte do sujeito poético.

II. O sujeito poético anseia voltar a viver o seu tempo de infância.

III. A coexistência de versos longos e de versos curtos contribui para o ritmo do poema.

IV. O recurso às reticências, no verso 3, indicia a frustração sentida pelo sujeito poético.

V. No texto, evidenciam-se características da linguagem poética de Álvaro de Campos, como a liberdade formal e o uso de anáforas.

Identifique as três afirmações verdadeiras. Escreva, na folha de respostas, os números que correspondem às afirmações selecionadas.

Depois de vermos parte do segundo episódio de O Programa do Aleixo, série 2, na linha sob os constituintes destacados identifica a função sintática que desempenham.

Na Rússia, uma mulher sobreviveu ao ataque de um urso polar.

________                                              _____________________

 

Os ursos polares são os branquinhos,  Busto.

                                       ____________     ____

 

Como os ursos são branquinhos, toda a gente lhes quer fazer festinhas.

                                                                                    ___                  ________

 

Ø [Eu]                        Sempre soube que os ursos polares eram os mais perigosos.

Sujeito (subentendido)                       _________________________________

 

O Busto julga-se     mais biólogo do que os outros.

                         ___     ______________________

 

Diz-me o nome da tua rede wireless para eu me ligar à internet.

       ___                                                    _____________________

 

O nome que eu tinha era «BrunoAleixo2000» e a internet estava lenta.

               __________                                                                                ____

 

Olha, chegou o Bussaco.

                      _________

 

Os ursos polares não caem em truques básicos.

______________                ________________

 

Fui para o Polo Norte   a pé.

      _____________    ____

 

Eu acho que a minha prima deve ser boa.

              __________________________

 

O Nélson acha a prima    boa.

                         _______    ___


        Classifica as orações sublinhadas:

O prometido é devido (Carlos Tê / Rui Veloso)

Naquele trilho secreto,

Com palavras santo e senha,

Eu fui língua e tu, dialeto,

Eu fui lume e tu foste lenha.

 

Fomos guerras e alianças,   ____________________

Tratados de paz e pessangas,

Fomos sardas, pele e tranças,   ...............................................

Popeline, seda e ganga.

 

Recordo aquele acordo,

Bem claro e assumido:

Eu trepava um eucalipto   _____________________

E tu tiravas o vestido.   _____________________

 

Dessa vez, tu não cumpriste

E faltaste ao prometido;

Eu fiquei sentido e triste.

Olha que isso não se faz:                                             _______________

Disseste que, se eu fosse audaz,                                         ________________

Tu tiravas o vestido.   ...........................................

O prometido é devido.

 

Rompi eu as minhas calças,   ______________________

Esfolei mãos e joelhos

E tu reduziste o acordo   _______________________

A um montão de cacos velhos.

 

Eu, que vinha de tão longe    __________________________

(do outro lado da rua),

Fazia o que tu quisesses   _________________________

Só para te poder ver nua.

 

Quero já os almanaques   __________________________

Do fantasma e do patinhas,

Os falcões e os mandrakes.

Tão cedo, não terás novas minhas.


TPC — Vai relanceando a ficha corrigida sobre frase complexa.

 

 

Aula 48 (18 [1.ª], 24 [2.ª], 28/nov [3.ª]) Correção dos «Lembro-me». Assistência a declamações de «Nêspera» e «Exageros», de Mário-Henrique Leiria, por Mário Viegas.

Já conheces textos «deambulatórios». Lemos poemas de Cesário Verde em que o sujeito poético vai observando o contexto e refletindo sobre ele, ou pensando em si próprio, à medida que passeia pela cidade. Alberto Caeiro também poderia escrever textos assim, ainda que observando paisagens campesinas (e evitando refletir muito ou, pelo menos, dizendo-nos que não refletiria).

Podemos criar texto no mesmo estilo, de quem vai andando (e pensando), mas em prosa — ou em prosa quase poética.

Cada período deve ter mais uma palavra que o anterior. Um dos critérios para aferir qualidade do resultado é não se perceber que havia algum constrangimento formal. Exemplo:

Passeio. Melhor, divago.  Erro sem destino. Vou não sei aonde. Esta Lisboa que observo assusta-me. E, no entanto, conheço-a desde criança.

. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .

 

               Classifica quanto à função sintática os segmentos sublinhados:

Antes Dela [aliás, porque não pode haver contração: de ela] Dizer Que Sim (Bárbara Tinoco)

 

Ele não sabe o nome dela

Tem medo de perguntar

Ela é como atriz de novela   _________________________________

Que ele gosta de ver sonhar

 

Ela não sabe o nome dele

Tem medo de perguntar

E, se as promessas coradas   _________________________________

Foram bebida a falar,

 

E ele não contou

Mas ela não escondeu

Com quem a noite passou,    _________________________________

Jura ela o seu Romeu

 

Ele quer mais

Ela também

Talvez por isso nesse dia

Ele foi vê-la à luz do dia   _________________________________

 

Ele gosta das formas dela   _________________________________

E ela diz que ele tem bom ar

O mundo finge não saber   _________________________________

Que ele não é rapaz de fiar

 

Ela tem um novo sorriso

Mas medo de o partilhar   _________________________________

Ele gosta mais do que é preciso

De a desafiar

 

Ele, que sabia de cor   _________________________________

As moças mais fáceis,

Engates mais rascas;

 

Ela, que ficava em casa fechada   _____________________________

Com medo de ser

Só mais um rabo de saias;

 

Ele agora diz que a ama,   _________________________________

Dormem juntos só a dormir

Gosta dela de pijama

E ela de o corrigir…

Ela agora diz que o ama,

Dormem juntos só a dormir,

Gosta dele desarmado,

E ele de a ver despir.

 

E as velhinhas, na cidade,

Sussuram no meu tempo não era assim,

Oh onde já se viu dois enamorados,

Com cara de parvos,

Antes de ela dizer que sim.

 

Mas ele ainda se lembra,

De descer aquelas escadas,

Ganhar coragem, perguntar,

E como raio tu te chamas.

Ela fingiu-se de irritada,

Ofendida pela trama,   ________________________________

Reuniu coragem para o amar,   ____________________________

Perguntou e tu como raio te chamas.

 

 

 

Aula 49-50 (24 [1.ª], 28/nov [2.ª, 3.ª]) Correção de comentário a «O avô e o neto» ou de textos deambulatórios.

[Solução possível para comentário a «O avô e o neto»:

               O poema configura uma narrativa, uma vez que recria um episódio com personagens (avô e neto), as suas ações e as suas falas.

               É possível delimitar dois momentos: as três primeiras estrofes centram-se na reação emotiva do avô, «ao ver o neto a brincar» (v. 1); as três seguintes focam essencialmente o neto e a naturalidade da sua brincadeira e das suas palavras.

               O sujeito poético narra uma situação ilustrativa da nostalgia da infância. O avô, «ao ver o neto a brincar» (v. 1), sente uma tristeza motivada pelas saudades do seu tempo de criança e deseja poder voltar a esses momentos (vv. 3-6). Ao recordar o passado, lembra a tristeza inocente que advinha da desconstrução dos seus castelos de brincar. Associam-se, assim, uma tristeza presente relativa ao passado e a recordação de uma tristeza vivida nesse passado.

               A fala do neto revela a inocência típica das crianças, ao pensar que o choro do avô se deve à queda da construção. ]

Vamos conhecer mais uma «linha temática» das que se têm convencionado para o estudo de Fernando Pessoa em nome próprio (isto é, ortónimo) e que no manual vem designada como ‘sonho e realidade’ (pp. 38-41).

Na p. 38, lê «Às vezes, em sonho triste».

As estrofes são {escolhe, mas no futuro terás de saber de cor estes nomes} dísticos / tercetos / quadras / quintilhas / sextilhas / setilhas / oitava / novena ou nona / décima.

Quantas rimas diferentes há em cada estrofe? Há ______, exceto no caso da terceira estrofe, em que teríamos um esquema rimático __-__-__-__-__.

Vê, no entanto, este detalhe do manuscrito de Pessoa e propõe uma nova decifração do v. 13 do poema (ou v. 3 da estrofe em causa), tendo em conta o esquema rimático mais esperável:



O verso que Pessoa efetivamente escreveu foi . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .

Faz a divisão em sílabas métricas do verso que corresponda ao teu número de pauta (se fores de 21 em diante, subtrai vinte, escolhendo o v. 1, depois o v. 2, etc.); e classifica o verso em termos de métrica: . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .

Responde às perguntas 1 a 4 no manual, completando as respostas que já pus.

1. Ao longo do poema, o sujeito poético descreve um «país» imaginado. Comprova o carácter idealizado desse lugar.

Ao longo do poema, descreve-se um «país» _______, que existe apenas «em sonho triste» (v. 1) e como resposta aos «desejos» (v. 2) do ______ poético. Trata-se de um espaço sem existência ____, acessível apenas nos momentos de «longínquo divagar» (v. 15).

2. Seleciona a opção de resposta adequada para completar as afirmações. [Vê as alíneas com as alternativas no manual]:

O vocabulário utilizado no texto contribui para acentuar o carácter onírico do local descrito. Assim, o advérbio «longinquamente» (v. 3) assinala ______ entre a existência concreta do «eu» e o «país» sonhado, cuja irrealidade é reforçada através do adjetivo _____.

3. Explicita o modo como é vivida a passagem do tempo, tendo em conta a segunda estrofe do poema.

De acordo com a segunda estrofe, a experiência da passagem do tempo é marcada pela espontaneidade ou ______ — «Vive-se como se nasce / Sem o querer nem saber» (vv. 6-7) — e pela _____ cíclica da vida — «O tempo morre e renasce / Sem que o sintamos correr.» (vv. 9-10). Deste modo, tratando-se de um tempo circular, não-linear, não há consciência da sua _______.

4. Identifica o recurso expressivo presente no verso 17 — «É uma infância sem fim.» — e relaciona o seu valor com as características do «país» descrito ao longo do poema.

A ______, associando a existência no país onírico a uma «infância» ilimitada, resume o ambiente de felicidade e de ingenuidade que o sujeito poético imagina, num espaço/tempo marcado pela ______ de pensamentos e pela inocência próprios da meninice.

Usaremos a prova de exame de 2019 (1.ª fase), que aproveitava um texto igualmente «catalogado» como sobre ‘sonho e realidade’. Responde aos três itens que constituíam a Parte A do Grupo I — no caso do item 2 podes aproveitar na tua resposta o que, nos «Critérios de classificação», se recomendava como tópicos alegáveis, ainda que, de qualquer modo, tenhas de compor essa síntese em texto e possas acrescentar ideias tuas.

Bem sei que há ilhas lá ao sul de tudo

Onde há paisagens que não pode haver.

Tão belas que são como que o veludo

Do tecido que o mundo pode ser.

 

5             Bem sei. Vegetações olhando o mar,

Coral, encostas, tudo o que é a vida

Tornado amor e luz, o que o sonhar

Dá à imaginação anoitecida.

 

Bem sei. Vejo isso tudo. O mesmo vento

10           Que ali agita os ramos em torpor

Passa de leve por meu pensamento

E o pensamento julga que é amor.

 

Sei, sim, é belo, é longe, é impossível,

Existe, dorme, tem a cor e o fim,

15           E, ainda que não haja, é tão visível

Que é uma parte natural de mim.

 

Sei tudo, sei, sei tudo. E sei também

Que não é lá que há isso que lá está.

Sei qual é a luz que essa paisagem tem

20          E qual a rota que nos leva lá.

Fernando Pessoa, Poesia do Eu, edição de Richard Zenith, 2.ª ed., Lisboa, Assírio & Alvim, 2008, pp. 314-315.

1. Nas três primeiras estrofes, o sujeito poético descreve um lugar idealizado. Apresente duas características desse espaço e exemplifique cada uma delas com uma transcrição pertinente.

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2. Explique o conteúdo dos versos 3 e 4 e relacione-o com a temática pessoana em evidência no poema.

[tópicos nos «Critérios de classificação», sobre o item 2:

Devem ser abordados os tópicos seguintes, ou outros igualmente relevantes:

comparação entre a beleza das ilhas e o «veludo», para sugerir a suavidade/a felicidade que o mundo pode proporcionar, se existir harmonia/se a tessitura dos seus elementos for harmoniosa;

enquadramento na temática do sonho e da realidade, na medida em que as ilhas imaginadas permitem ao sujeito poético vislumbrar um mundo de plenitude a que, no entanto, só pode aceder através do sonho. ]

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3. Explicite dois sentidos das anáforas e das suas variantes (versos 1, 5, 9, 13, 17 e 19), tendo em conta o desenvolvimento temático do poema.

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[copiar:

As anáforas «Bem sei» (vv. 1, 5, 9) sublinham a certeza de que o espaço descrito é um espaço de felicidade, mas também de que, sendo fruto do sonho, é inacessível.

Já nas estrofes finais, a repetição de «Sei» (vv. 13, 17, 19), aliás ele próprio reforçado («Sei, sim», v. 13; «Sei, sei, sei tudo», v. 17»; e «sei também», v. 17), realça a afirmação de que o sonho é inerente à essência do sujeito poético.]

TPC — Lê esta ficha corrigida sobre Os Lusíadas.

 

 

Aula 51 (27 [1.ª], 28/nov [2.ª], ?/dez [3.ª]) Vamos ver as partes B e C do Grupo I da prova de exame de 2023 (1.ª fase). A parte A apresentava três itens (1, 2, 3) todos com escrita e sobre dois textos de José Saramago (um de O ano da morte de Ricardo Reis; e outro de Memorial do Convento); esses três itens, de interpretação dos textos, eram para responder por todos os alunos, independentemente de terem estudado nas suas escolas O ano da morte ou o Memorial.

Parte B

Leia o poema e as notas.

                              Quem vê, Senhora, claro e manifesto1

               o lindo ser de vossos olhos belos,

               se não perder a vista só em vê-los,

               já não paga o que deve a vosso gesto2.

 

5                            Este me parecia preço honesto;

               mas eu, por de vantagem merecê-los,

               dei mais a vida e alma por querê-los,

               donde já me não fica mais de resto.

 

                              Assi que a vida e alma e esperança

10           e tudo quanto tenho, tudo é vosso,

               e o proveito disso eu só o levo.

 

                              Porque é tamanha bem-aventurança3

               o dar-vos quanto tenho e quanto posso

               que, quanto mais vos pago, mais vos devo.

Luís de Camões, Rimas, edição de A. J. da Costa Pimpão, Coimbra, Almedina, 1994, p. 125.

Notas

1 claro e manifesto – de forma clara e incontestável. | 2 gesto – rosto. | 3 bem-aventurança – grande felicidade.

* 4. Explicite, com base em dois aspetos significativos, o modo como o sujeito poético reage à figura feminina evocada no poema. Fundamente a sua resposta com transcrições pertinentes.

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[Solução possível:

O sujeito poético mostra fascínio pela beleza da Senhora, refletida nos seus olhos, ideia patente em «o lindo ser de vossos olhos belos, / se não perder a vista só em vê-los» (vv. 2 e 3).

A veneração pela amada leva o poeta a explicitar submeter-se-lhe, como fica evidente na entrega total do sujeito poético («tudo quanto tenho, tudo é vosso» – v. 10).

Note-se ainda a felicidade do sujeito poético, que deriva da sua entrega plena à amada («é tamanha bem-aventurança / o dar-vos quanto tenho e quanto posso» – vv. 12 e 13).]

* 5. Considere as afirmações seguintes sobre o soneto.

(A) O sujeito poético dirige-se à Senhora através de uma apóstrofe.

(B) A expressão «perder a vista» (verso 3) é usada com sentido metafórico.

(C) O sujeito poético arrepende-se de desejar algo cujo preço elevado o impede de saldar a                dívida.

(D) O poema ilustra o estilo engenhoso do poeta, nomeadamente no último terceto, quando recorre à antítese e ao paralelismo alcançado através do jogo de palavras.

(E) Entre a Senhora e o sujeito poético existe uma relação de igualdade.

Identifique as duas afirmações falsas.

6. Selecione a opção que completa corretamente a frase seguinte.

               Na segunda quadra, o sujeito poético pretende enfatizar

(A) a sua entrega incondicional, a fim de ser merecedor de admirar a beleza singular dos olhos da Senhora.

(B) o seu descontentamento por ter de pagar o «preço honesto» exigido a quem contempla a Senhora.

(C) o contraste entre o preço a pagar para contemplar a Senhora e a bem-aventurança que alcança.

(D) a ideia de que, ao dar a vida e a alma para ser merecedor da beleza da Senhora, se iguala aos outros.

PARTE C

Leia a cantiga de amor a seguir transcrita, tendo em vista o estabelecimento de uma comparação com o soneto camoniano apresentado na Parte B desta prova.

               A dona que eu am’e tenho por senhor

               amostrade-mi-a, Deus, se vos en prazer for1,

                              senom dade-mi2 a morte.

 

               A que tenh’eu por lume3 destes olhos meus

5             e por que choram sempr’, amostrade-mi-a, Deus,

                              senom dade-mi a morte.

 

               Essa que vós fezestes melhor parecer

               de quantas sei, ai, Deus!, fazede-mi-a veer4,

                              senom dade-mi a morte.

 

10           Ai Deus! que mi a fezestes mais ca mim amar5,

               mostrade-mi-a, u6 possa com ela falar,

                              senom dade-mi a morte.

Cantigas Medievais Galego-Portuguesas, Vol. I, edição de Graça Videira Lopes, Lisboa, Biblioteca Nacional de Portugal, 2016, pp. 151-152.

Notas

1 amostrade-mi-a, Deus, se vos en prazer for – mostrai-ma, Deus, se vos agradar. | 2 dade-mi – dai-me. | 3 lume – luz. | 4 fazede-mi-a veer – fazei-me vê-la. | 5 mi a fezestes mais ca mim amar – fizeste com que eu a amasse mais do que a mim próprio. | 6 u – onde.

* 7.        Escreva uma breve exposição na qual compare os poemas das partes B e C quanto às ideias expressas.

A sua exposição deve incluir:

uma introdução;

um desenvolvimento no qual explicite um aspeto em que os poemas se aproximam e um aspeto em que os poemas se distinguem;

uma conclusão adequada ao desenvolvimento do texto

[ Indicações do IAVE para os classificadores:

Relativamente a cada aspeto, deve ser abordado um dos tópicos seguintes, ou outro igualmente relevante.

Os poemas aproximam-se, na medida em que:

− ambos os sujeitos poéticos revelam uma profunda devoção pelas suas senhoras, o que se evidencia no facto de o sujeito poético do soneto de Camões descrever a amada como aquela a quem deu «a vida e alma e esperança / e tudo quanto tenho, tudo é vosso» (vv. 9 e 10), enquanto o sujeito poético da cantiga de amor descreve a amada como a luz dos seus olhos (v. 4) / aquela que ama mais do que a si mesmo (v. 10) / aquela a quem serve / presta vassalagem (v. 1);

− ambos os sujeitos poéticos enaltecem as damas por quem estão apaixonados, destacando a sua beleza, o que está patente no facto de o sujeito poético do soneto de Camões descrever a «Senhora» como alguém cujos olhos belos fascinam quem a vê («o lindo ser de vossos olhos belos, / se não perder a vista só em vê-los» – vv. 2 e 3), enquanto o sujeito poético da cantiga de amor descreve a amada como um ser criado por Deus, que a fez a mais bela de todas as mulheres (vv. 7 e 8).

Os poemas distinguem-se, na medida em que:

− no soneto, o sujeito poético exprime comprazimento na entrega total de si à dama, o que se evidencia, por exemplo, nos versos 7 e 8 («dei mais a vida e alma por querê-los, / donde já me não fica mais de resto.») e nos versos 12 e 13 («é tamanha bem-aventurança / o dar-vos quanto tenho e quanto posso»), enquanto, na cantiga de amor, o sujeito poético expressa o seu sofrimento amoroso (coita d’amor), pedindo a Deus que lhe dê a morte, se não puder ver a amada (vv. 2 e 3, 5 e 6, 8 e 9) ou com ela falar (vv. 11 e 12);

− no soneto, o sujeito poético faz referência aos olhos femininos para enfatizar a beleza da «Senhora», como se constata em «Quem vê, Senhora, claro e manifesto / o lindo ser de vossos olhos belos» (vv. 1 e 2), enquanto, na cantiga de amor, o sujeito poético se refere aos seus próprios olhos para evidenciar o seu sofrimento devido à ausência da amada, como se verifica em «destes olhos meus / e por que choram sempr’» (vv. 4 e 5) ]

Escreve a introdução:

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[cópia de um modelo de solução:]

A lírica camoniana de escola clássica, em que se incluem os sonetos, revela uma atitude de adoração do sujeito poético pela mulher amada que nos recorda a que, talvez ainda mais hiperbolicamente, exibiam  os trovadores medievais nas suas cantigas de amor. (Ao contrário, muitas composições do Camões mais tradicional parecem pertencer à linhagem das cantigas de amigo, com o seu ambiente de maior proximidade entre apaixonados.)

Depois de vermos o trecho de Último a sair, em que as ações de Bruno Nogueira ficam nos antípodas do código do amor cortês na lírica medieval, completa a tabela com as seguintes palavras (aqui desordenadas):

ator / trovador / sussurrar / Bruno / desejo / religiosa / proximidade / voyeurismo / regra / elogia / assediar / honestidade / intervêm / intervém / nobres / inacessível

Cantigas de amor

Último a sair, episódio Bruno-Sónia

O sujeito poético é um trovador, que se dirige à sua «senhor», que não ______ e é um ser sobretudo idealizado, incorpóreo.

Bruno Nogueira é quem inicia o diálogo, mas tanto o homem (Bruno) como a mulher (Sónia Balacó) ______.

Ambiente é palaciano, o «eu» (trovador) e a dama são _____. Origem das cantigas de amor é provençal (lembre-se que a primeira dinastia portuguesa tinha ascendentes franceses), ao contrário das cantigas de amigo, provavelmente autóctones.

Contexto imita o de um reality show, supondo-se que as personagens em causa se comportam como jovens ______ e modelo-atriz.

Amor é mais aspiração do que experiência sentimental; tudo está sujeito a convenções; ______ respeita a senhor[a] a quem presta vassalagem amorosa, à maneira cavaleiresca.

______ não se coíbe de fazer propostas bastantes explícitas, mais físicas do que espirituais, e trata a sua colega sem qualquer reserva ou delicadeza.

Pretende-se prolongar o estado de tensão, sem chegar ao fim do ______.

Bruno não resiste a seduzir Sónia sob os lençóis, mesmo quando se supunha ficarem apenas a ______.

_______ da senhor[a] não poderia ser posta em causa, não havendo quaisquer alusões impróprias, sem se sair nunca da esfera espiritual; a «mesura» implicava que não se poderia suspeitar da identificação da amada.

Bruno não se preocupa em preservar a imagem de Sónia, o seu estratagema passa mesmo por aproveitar o ______ do público, o que implicava expor ao máximo a sua relação com a amada.

O sujeito poético, o trovador, superlativa a senhor[a], que elogia com devoção quase _______.

Sem grande sentido do charme, Bruno é várias vezes desagradável com Sónia, que deprecia mais do que _______.

distância entre trovador e a senhor[a], que lhe é _______.

Haveria ________ máxima entre amante e amada, se dependesse apenas de Bruno.

Fidelidade é outra ______ imposta ao trovador.

Bruno, assim que Sónia se lhe esquiva, vai _______ Luciana e Débora.

 

 

Aula 52-53 (2 [1.ª, 2.ª], 4/dez [3.ª])




Os itens que se seguem tratam de crónica de Luís Filipe Borges, «Muda de vida», do filme Clube dos Poetas Mortos e de conteúdos dados ou revistos há pouco tempo. Não recorras ao manual nem a outras fontes. Circunda a melhor alínea de cada item.

O rapaz choroso que é referido no primeiro parágrafo era conduzido por um

a) professor e advogado.

b) encenador profissional.

c) economista e professor.

d) economista e advogado.

 

O «miúdo de quinze anos» (cfr. primeiro parágrafo) é

a) um rapaz conhecido do autor.

b) o próprio narrador, mais novo.

c) o destinatário do texto.

d) o protagonista desta crónica.

 

O uso do presente do Indicativo nos primeiros parágrafos («Estamos»; «chora»; «vai»; etc.) resulta de

a) simultaneidade entre ato de enunciação e o que se relata (o enunciado).

b) esse tempo verbal poder adequar-se à expressão do futuro.

c) intenção de se exprimir aspeto imperfetivo da ação.

d) vontade de se dar um facto passado como se fosse presenciado na atualidade.

 

«Não é o que está a pensar, chiça» (1.º parágrafo, ll. 4-5) previne

a) inferência de que o aluno era «graxista».

b) conjetura de que o professor tivesse batido no aluno.

c) que os leitores pensem que o aluno tinha reprovado.

d) possibilidade de se julgar estar em causa um ato pedófilo.

 

Na terceira linha do segundo parágrafo, «prof» é um exemplo de

a) sigla.

b) acrónimo.

c) truncação.

d) amálgama.

 

«Oh Captain, my Captain» (terceiro parágrafo) é uma citação

a) inventada no filme Clube dos Poetas Mortos.

b) de verso de Walt Whitman.

c) de fala de peça de Shakespeare.

d) de trecho de Álvaro de Campos.

 

Em «o considero meu mestre» (fim do 2.º período do quarto parágrafo), os constituintes sublinhados são, respetivamente,

a) sujeito, complemento direto.

b) complemento indireto, complemento direto.

c) complemento direto, predicativo do complemento direto.

d) complemento oblíquo, complemento direto.

 

«Ontem o professor telefonou-me» (1.º período do quinto parágrafo), em termos de tempo e de aspeto, indica

a) simultaneidade e aspeto perfetivo.

b) posterioridade e aspeto iterativo.

c) anterioridade e aspeto perfetivo.

d) anterioridade e aspeto imperfetivo.

 

«Continuo a tratá-lo assim» (2.º período do quinto parágrafo) implica

a) simultaneidade e aspeto imperfetivo.

b) anterioridade e aspeto imperfetivo.

c) simultaneidade e aspeto perfetivo.

d) posterioridade e aspeto habitual.

 

Ainda no começo do quinto parágrafo, o 2.º período — «Continuo a tratá-lo assim, artigo definido em destaque, embora ele mo desaconselhe» — significa que o professor

a) lhe pedia para o tratar sem artigo.

b) lhe pedira para usar tratamento mais informal.

c) lhe pedira que o tratasse por tu.

d) preferia o uso de «stor» ao uso, mais académico, de «professor».

 

«artigo definido em destaque» (5.º parágrafo) traduz que, para o narrador, aquele professor

a) não se confunde com os outros.

b) é o mais definido.

c) é o mais indefinido.

d) é um entre vários.

 

Na l. 9 da segunda coluna (portanto, no quinto parágrafo), na oração subordinada adjetiva relativa restritiva «que publica de quando em vez», «que» desempenha a função sintática de

a) sujeito.

b) modificador restritivo do nome.

c) complemento direto.

d) complemento oblíquo.

 

«apercebo-me de que o tempo é maleável» (no final do quinto parágrafo) alude à circunstância de

a) o narrador facilmente se transportar para o passado.

b) o protagonista ser capaz de desenvolver diversíssimas atividades.

c) se ter esbatido a diferença etária entre as duas personagens.

d) a personagem estar disposta a mudar radicalmente vida.

 

Em «Previsível o professor nunca foi, graças a Deus» (último período do sexto, e penúltimo, parágrafo), «previsível» desempenha a função sintática de

a) modificador de frase.

b) predicativo do sujeito.

c) complemento direto.

d) predicativo do complemento direto.

 

No sétimo, e último, parágrafo, em «E, quando desligo o telefone, sou outra vez o miúdo de 15 anos [...]», a vírgula após a conjunção «e»

a) está incorreta.

b) está correta, porque isola-se depois uma oração subordinada temporal.

c) está correta, porque fazemos realmente uma pausa a seguir à conjunção.

d) está incorreta, porque não estabelecemos qualquer pausa entre as duas conjunções («e» e «quando»).

 

«quando desligo o telefone» desempenha a função sintática de

a) oração.

b) modificador de frase.

c) modificador de grupo verbal.

d) complemento oblíquo.

 

Neste mesmo sétimo parágrafo, o narrador revela

a) saudade dos tempos de adolescente.

b) indecisão quanto à melhor forma de ajudar um amigo.

c) tristeza quanto ao que o destino trouxera ao ex-professor.

d) angústia por ter estragado uma amizade de tantos anos.

 

Os anseios do professor de Economia, bem como os dos alunos de Clube dos Poetas Mortos, obedecem a uma perspetiva

a) epicurista (à Reis; ou à Caeiro).

b) estoica (à Reis).

c) inconformista.

d) futurista.

 

Na interpretação original, horaciana, de «Carpe diem» — que é a seguida por Ricardo Reis —, o conselho a dar ao professor seria

a) o no título do texto: «Muda de vida».

b) «Arrisca, que a vida são dois dias».

c) «Tudo vale a pena se a alma não é pequena».

d) «Deixa-te estar, vive o melhor possível a tua situação atual».

 

«Esta aposta pode correr mal» — frase que invento — exemplifica a modalidade

a) apreciativa.

b) epistémica (valor de probabilidade).

c) deôntica (valor de permissão).

d) deôntica (valor de obrigação).

 

Classifica os que quanto à classe de palavra (pronome relativo; conjunção completiva). No caso dos pronome relativos, diz a função sintática que desempenham.

Gosto de ti (Luísa Sobral)

 

Gosto de ti, dos pés aos cabelos,

Da ponta dos dedos até à ponta do nariz.

 

Gosto de ti, de cada pestana,

Da pele, que é cama | _______

Das constelações que eu fiz. | _______

 

Gosto de ti e sinto até dores no peito,

Mas é só feitio, não defeito,

É amor a transbordar.

Gosto de ti

E, quando se gosta assim,

Só nos dá para cantar.

 

Gosto de ti, das tuas bochechas,

Sei que foram feitas para beijar devagar. | _______

 

E gosto de ti, dos tornozelos,

Até dos cotovelos, que não são fáceis de amar. | _______

 

Gosto de ti e sinto até dores no peito,

Mas é só feitio, não defeito,

É amor a transbordar.

Gosto de ti,

Gosto só porque sim, porque é tão bom gostar.

Compara a abordagem ao tema do amor na letra da canção de Luísa Sobral com a atitude que vimos na cantiga de amor e no soneto de Camões estudados na última/penúltima aula. Refere dois aspetos distintivos.  

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Depois de vermos o passo de O último a sair, completa com valor temporal (anterioridade, simultaneidade, posterioridade), valor aspetual (perfetivo, imperfetivo, habitual, iterativo, genérico) e valor modal (epistémico, deôntico, apreciativo).

Frases de O último a sair«Terapia de relaxamento»

v  a  l  o  r  e  s

temporal

aspetual

modal

Aprendi em Algés uma técnica de relaxamento à base de peixe.

______

______

XXXXXX

Isto é só malucos, meu, fogo!

______

______

______

Não posso explicar antes [ser à base de peixe].

simultaneidade

XXXXXX

______

Fecha os olhos, vai respirando.

______

______

______

deôntico (obrigação)

Estás a sentir?

______

imperfetivo

XXXXXX

Não andamos aqui a mandar com uma sardinha uns aos outros.

______

______

XXXXXX

Com uma dourada é que é!

XXXXXX

XXXXXX

______

Andaram a mexer no armário dos medicamentos...

______

______

XXXXXX

Eu estou parvo, de certeza absoluta.

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______

______

Tens de tomar a raia de oito em oito horas.

______

______

______

Estragou a raia.

______

______

XXXXXX

Porque isto está a afetar-me mesmo!

______

______

______

______

Resolve «Praticar», 1, na p. 329. [Circunda a alínea certa:] (A) | (B) | (C) | (D).

TPC — (i) Volto a falar das leituras de livros. O que se pretende é que leiam várias obras. Portanto, assim que já tenham lido a que me anunciaram, deviam ir logo pensando em outra leitura. Por outro lado, quem ainda não me disse nada deve fazê-lo. (ii) Vou abrir tarefa na Classroom para lançarem, passada a computador e já com as minhas emendas, a crónica que estiveram a rever hoje em aula. Não acrescentem texto, nem recorram a IA ou net. (iii) Não esqueçam a leitura dos dois contos que lhes pedi lessem sem falta: «George» (nas pp. 148 a 153 do manual), de Maria Judite de Carvalho e o conto «Sempre é uma companhia» (nas pp. 173 a 179 do manual), de Manuel da Fonseca.

 

 

Aula 54 (4 [1.ª], 5/dez [3.ª, 2.ª]) Explicação sobre «texto de opinião».

No exame de 2020 (época especial), no grupo III saiu o enunciado que se segue. Responde-lhe, mas só em dois parágrafos, correspondentes aos dois argumentos (e exemplos). Não farás, portanto, a introdução (eu já pus um exemplo de como poderia ficar a introdução) nem a conclusão (que teria extensão semelhante à da introdução).

Os exemplos a que recorrerás deverão ser de personagens de «Sempre é uma companhia», de Manuel da Fonseca, e/ou de «George», de Maria Judite de Carvalho. Se não tiveres lido os contos, como fora pedido, recorrerás a outras personagens de qualquer outra ficção, literária, de preferência — assumindo-se, porém, que falhaste quanto à leitura do(s) conto(s).

Esta tarefa é para ser feita com o manual fechado; e a tinta.

GRUPO III

Será que as personagens de ficção constituem apenas uma fonte de entretenimento ou podem também contribuir para o nosso autoconhecimento e para um mais profundo entendimento do mundo?

Num texto de opinião bem estruturado, com um mínimo de duzentas e um máximo de trezentas e cinquenta palavras, defenda uma perspetiva pessoal sobre a questão apresentada.

No seu texto:

– explicite, de forma clara e pertinente, o seu ponto de vista, fundamentando-o em dois argumentos, cada um deles ilustrado com um exemplo significativo;

– utilize um discurso valorativo (juízo de valor explícito ou implícito).

Com efeito, a literatura serve também para conhecermos outros mundos, convivermos com psicologias diferentes da nossa ou em que nos revemos. Essa interpretação de tudo o que nos rodeia através da ficção e das suas personagens proporciona a cada leitor um melhor autoconhecimento, fá-lo aprofundar o modo como entende a vida.

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Aula 55 (5 [2.ª, 3.ª], 9/dez [1.ª]) Correção do questionário sobre a crónica «Muda de Vida».

«Tabacaria» é um dos mais importantes poemas de Álvaro de Campos. Vamos ouvi-lo em trechos lidos por vários declamadores. De cada um dos recitadores ouviremos apenas uma parte do poema, de modo a conhecermos o conjunto todo mas por diferentes cinco leitores, quase todos atores.

A ordem dos declamadores segue, ascendente e aproximadamente, a sua idade (que o respeitinho é muito bonito). Note-se que já morreram João Villaret, Mário Viegas e Antônio Abujamra. O vencedor será convidado a assistir ao hastear da bandeira no dia da Escola Secundária José Gomes Ferreira em 2026 (exceto se já tiver falecido).

Declamador

Verso ou expressão destacável (por serem expressivos)

Valores

João Grosso

 

 

Mário Viegas

 

 

Sinde Filipe

 

 

Antônio Abujamra

 

 

João Villaret

 

 

JOÂO GROSSO [sem vídeo disponível aqui]

[versos finais do longo «Tabacaria»:]

[...]

 

Mas um homem entrou na Tabacaria (para comprar tabaco?),

E a realidade plausível cai de repente em cima de mim.

Semiergo-me enérgico, convencido, humano,

E vou tencionar escrever estes versos em que digo o contrário.

 

Acendo um cigarro ao pensar em escrevê-los

E saboreio no cigarro a libertação de todos os pensamentos.

Sigo o fumo como uma rota própria,

E gozo, num momento sensitivo e competente,

A libertação de todas as especulações

E a consciência de que a metafísica é uma consequência de estar mal disposto.

 

Depois deito-me para trás na cadeira

E continuo fumando.

Enquanto o Destino mo conceder, continuarei fumando.

 

(Se eu casasse com a filha da minha lavadeira

Talvez fosse feliz.)

Visto isto, levanto-me da cadeira. Vou à janela.

 

O homem saiu da Tabacaria (metendo troco na algibeira das calças?).

Ah, conheço-o: é o Esteves sem metafísica.

(O Dono da Tabacaria chegou à porta.)

Como por um instinto divino o Esteves voltou-se e viu-me.

Acenou-me adeus gritei-lhe Adeus ó Esteves!, e o universo

Reconstruiu-se-me sem ideal nem esperança, e o Dono da Tabacaria sorriu.

Fernando Pessoa, Poesias de Álvaro de Campos, Lisboa, Ática, 1944 (imp. 1993)

Como alguém já disse, Álvaro de Campos é o «duplo extrovertido de Pessoa». Estas características encontram-se quer em poemas de Campos quer em textos ortónimos:

Atitude de autoanálise

Tédio existencial

Inadaptação à vida

Evocação nostálgica da infância

Associação da inconsciência à felicidade

Oposição sonho-realidade

Dor de pensar

Na coluna à direita dos versos de «Tabacaria», escreve a característica que cada um deles pode ilustrar (vá lá, não escrevas abreviadamente, escreve por extenso):

Versos de «Tabacaria»

Motivos Campos & Ortónimo

«Não sou nada. / Nunca serei nada. / Não posso querer ser nada.» (vv. 1-3)

Tédio existencial

«Olha que não há mais metafísica no mundo senão chocolates. / Olha que as religiões todas não ensinam mais que a confeitaria» (vv. 46-47)

 

«Que sei eu do que serei, eu que não sei o que sou? / Ser o que penso? Mas penso ser tanta coisa!» (vv. 33-34)

 

«Fiz de mim o que não soube, / E o que podia fazer de mim não o fiz» (vv. 59-60)

 

«Falhei em tudo. / Como não fiz propósito nenhum, talvez tudo fosse nada» (vv. 25-26)

 

«Come chocolates, pequena» (v. 44)

 

«À parte isso, tenho em mim todos os sonhos do mundo» (v. 4)

 

«Estou hoje vencido, como se soubesse a verdade.» (v. 14)

 

«Não, não creio em mim» (v. 40)

 

«Se eu casasse com a filha da minha lavadeira / Talvez fosse feliz» (vv. 92-93)

 

«Estou hoje dividido entre a lealdade que devo / À Tabacaria do outro lado da rua, como coisa real por fora, / E à sensação de que tudo é sonho, como coisa real por dentro» (vv. 22-24)

 

«Mas eu penso e, ao tirar o papel de prata, que é de folhas de estanho, / Deito tudo para o chão, como tenho deitado a vida» (vv. 50-51)

 

«Deito tudo para o chão, como tenho deitado a vida» (v. 51)

 

«Pudesse eu comer chocolates com a mesma verdade com que comes» (v. 49)

 

 

 

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